Buscar

a violencia domestica (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �4�
	A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SUAS IMPLICAÇÕES NA VIDA ESCOLAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Susane Barbosa Cugnier
Prof. André Bazzanela
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Pedagogia (PED 3791) – Trabalho de Graduação
08/07/10
RESUMO
Este trabalho realizado por meio de pesquisa bibliográfica e de campo está fundamentado num vasto referencial teórico e busca diagnosticar, identificar, analisar e compreender, a violência doméstica e suas implicações na vida escolar das crianças e adolescentes das escolas públicas, localizadas em bairros de maior índice de exclusão social. A escola alvo do estudo de campo localiza-se, no bairro Imaruí, no município de Itajaí. É perceptível que violência está presente no dia a dia, e também no cotidiano escolar. Muitas vezes de forma velada, pois poucos são os registros encontrados na literatura. Encontramos, porém, muitos registros desta violência nas páginas policiais. Autores de estudos significativos na área da violência pontuam sobre a relevância estruturante da educação rumo às transformações sociais, à inclusão social, ao protagonismo juvenil. Outras interpretações e considerações apontam para o fato de que desconhecemos a violência e suas conseqüências, principalmente a violência social na escola. Busco estudar representações parciais dela, e compreendê-la e assim chegar mais próximo da provável realidade. Apresento reflexões sobre a importância do papel da família, da comunidade e da escola, enquanto instituição formal de educação na formação do ser humano. Apontarei algumas formas de prevenção da violência e ações que induzem à construção diária da paz. Não é intenção deste estudo divergir ou concordar com qualquer corrente teórica, filosófica ou até mesmo com dados que podem ser sazonais, mas, reforçar e evidenciar, chamar a atenção para este mal, sempre presente no ambiente educacional e toda a conflitualidade social . 
 
Palavras-chave: Violência doméstica. Violência social. Ambiente educacional. 
 
1 INTRODUÇÃO
 O tema “A violência doméstica e suas implicações na vida escolar da criança e do adolescente” foi amplamente estudado a partir de pesquisa bibliográfica com autores consagrados em educação e cidadania planetária, com relevantes estudos permeando a violência e suas conseqüências na vida de crianças, adolescentes e jovens. Foi realizada uma pesquisa exploratória, junto a alunos, familiares e profissionais da educação, com intuito de identificar e quantificar com dados de amostragem, sob forma de questionários e entrevistas, alguns níveis de violência na clientela alvo do estudo, neste caso, alunos da Escola Básica Arnaldo Brandão, bairro Imaruí, no município de Itajaí, Santa Catarina. 
 Esta escola foi escolhida devido ao fato de estar inserida no mapa da exclusão social, como pertencente a uma das comunidades de maior índice de risco e vulnerabilidade social no nosso município.
 A linha de pesquisa que aborda este tema é: “Ensino e cidadania planetária”, pois aponta para princípios de tolerância na convivência social, bem como padrões comportamentais, temas socioculturais na escola, protagonismo juvenil, a participação da escola na vida da comunidade, e vice-versa. Esta linha temática reflexiona sobre o compromisso e a responsabilidade da emancipação do ser humano, na responsabilidade de educar para o futuro, nas noções de pertencimento ao grupo social, e na construção da cidadania ativa.
 A princípio, três eixos foram considerados nesta pesquisa: 
O papel da família na educação e o modelo de família atual.
A violência na família e na sociedade.
 As conseqüências (sinais) da violência na vida escolar das crianças e adolescentes.
A violência está presente no dia-a-dia de cada um de nós. Ela é explícita em todo o mundo e no nosso país, estado e município. Este fato é perceptível e vivenciado também no cotidiano escolar. É uma violência real, visível, quer seja física ou emocional. Visível também são suas conseqüências, suas marcas. Será esta violência, que é presenciada no ambiente escolar um reflexo e uma continuidade da violência vivenciada no lar, no seio da família? É perceptível que ela está inserida nas famílias em maior ou menor escala. E qual é o modelo atual de família? De que forma isto contribui para o aumento da violência doméstica? 
São questionamentos que pulsam em cada um de nós. Não podemos ficar inertes, como expectadores de um caos humano, deplorável. Este tema é motivador e urgente. Urgente é o seu diagnóstico. Urgente são a intervenção e a descoberta de novos caminhos para adquirir novos hábitos. Hábitos de cultivar a paz. De construir uma cultura de paz e assim combater e enfrentar a violência.
 
 O objetivo principal deste estudo é diagnosticar, identificar e compreender o perfil da violência doméstica, suas relações e intervenções do dia a dia dos alunos, suas possíveis causas e analisar os dados encontrados, encaminhá-los aos órgãos competentes para contribuir com o processo de implantação de uma cultura de paz.
 Inicialmente, tratarei de contextualizar a violência, bem como suas características, seus conceitos e experiências realizadas no Brasil com Programas Educacionais e/ ou sociais, aplicadosna comunidade escolar e no entorno das mesmas, sendo depois analisadas as relações que o educador estabelece com alunos, que ora atuam como protagonistas desta violência, ora como vítimas da mesma. 
 Na seqüência, serão analisados os resultados da pesquisa de campo, confrontados com o referencial teórico. A realidade encontrada atualmente no universo escolar será abordada, e relativamente mensurada, por meio de gráficos para uma melhor compreensão dos dados obtidos de modo a propiciar a reflexão ao leitor quanto à problemática aqui apresentada. 
 
 Ao final, serão enfatizados os resultados e impactos mais significativos, os ajustes que foram necessários para a finalização da pesquisa, os rumos tomados e as recomendações e encaminhamentos realizados a partir dos resultados obtidos, visando contribuir para a implantação de uma cultura de paz. 
2 VIOLÊNCIA: CONCEITOS E PONDERAÇÕES.
	Os resultados de pesquisas realizadas em diversos países acenderam o alerta vermelho no nosso país. Conforme Werthein (2000, p.121), dados preocupantes foram apresentados e o Brasil ficou em quinto lugar no ranking mundial de taxas de óbito por violência conjunta, tais como suicídio, homicídio, acidentes de transporte, entre outras violências, entre jovens de 15 a 24 anos. Estatística que em nada nos orgulha.
 Afinal, o que é violência? Quais suas múltiplas faces? Como identificá-la? É possível combatê-la? Estas indagações são pontuais e emergentes para a compreensão deste grande mal. A partir de seus conceitos, de suas diversas dimensões e variados enfoques, buscamos uma possível compreensão desta realidade avassaladora.
	Abramovay e Rua (2004, p.22) definem a violência tendo por base alguns conceitos de Johan Galtung, pioneiro em estudos sobre uma cultura de paz, e considera que “violência é tudo que causa a diferença entre o potencial e o atual, entre o que foi e o que é.” Partindo desta definição, as autoras conceituam violência como “toda ação que impede ou dificulta o desenvolvimento.” Entretanto, faz-se necessário abordar diversos conceitos de violência, pois não há senso comum, devido à subjetividade e complexidade do assunto. 
 De acordo com o dicionário Houaiss, violência é definida como ação ou efeito de violentar, empregar a força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra alguém; ato violento, crueldade, força. No sentido jurídico, encontramos no mesmo dicionário o seguinte termo: “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação.
Em relação a este assunto, Soares (2006) considera que “A violência é certa modalidade disciplinada de auto-realização, de produção de si e de relacionamento. É uma modalidade de organizar a experiência da sociabilidade, ainda que acabe dissipando as condições mesmas da sociabilidade.” Sobre esta questão, a Organização Mundial de Saúde, (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis.” 
Abramovay (2002), com alusão ao ambiente educacional, caracteriza a violência em três grupos que são: violência física, simbólica e institucional. A violência física é notória e visível. As violências simbólicas e institucionais geralmente não o são e muitas vezes não são consideradas como tal. Em linha gerais, a violência simbólica se refere aos abusos de poder, agressões verbais, intimidação (bulling) ao passo que a violência institucional diz respeito a marginalização que pode ser exemplificada com a falta de interesse dos professores, diretores e outros profissionais da escola em dialogar escutar ou compreender os alunos.
Nesta perspectiva, percebemos múltiplas formas de violência. O professor Johan Galtung, considera que podemos identificar três tipos de violência: a direta que consiste no uso da força, da palavra e do gesto, com a finalidade de intimidação, de provocar sofrimento, humilhação e desqualificação, ou com o intuito de eliminar outro ou outros. Esta é facilmente reconhecida. A violência estrutural é aquela que se edifica em um sistema social e que se expressa pela desigualdade de oportunidades, de acesso às necessidades básicas tais como educação, saúde, saúde, alimentação, moradia digna, trabalho, cultura e lazer. Temos ainda a violência cultural, que remete a características pontuais de cultura, comunidade e etnia para justificar ou legitimar o uso direto, simbólico ou estrutural da violência, tal como no machismo e no racismo. 
Em relação a estas questões, consideramos que vivemos em um mundo permeado pela violência de forma até mesmo imposta, imperativa. A sociedade, de forma geral, encontra-se preocupada e insegura com o futuro de seus pares.
 
2.1 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
 
 Parto do pressuposto de que uma família bem estruturada é um bom caminho para a cidadania ativa. O papel da família é fundamental para o equilíbrio da humanidade. Encontramos dificuldades na caracterização família, pois vivemos num cotidiano de transformações profundas nesta estrutura familiar e vivenciamos relações familiares mais permissivas.
 O núcleo tradicional, representado por pai, mãe e filho, é ameaçado, e se dissolve, resultando em uma relação onde os papéis não estão bem definidos, e assumir responsabilidades se torna difícil. Os pais não conseguem assumir sua posição, e os filhos não tem referências claras de a quem ouvir, obedecer, e responder. 
	Abordar esta vertente da violência significa entrar num mundo de dor e sofrimento. Milhares de crianças, adolescentes, jovens, mulheres e até mesmo homens, são vitimados por ela. Estes últimos, em menor escala, mas, a violência doméstica é um fenômeno universal, originado a partir de conflitos interpessoais, iniciados geralmente num lugar íntimo, que seria o lar, com pessoas que deveriam desenvolver relações produtivas de amor e respeito um com o outro.
 Considerar o caráter silencioso e dissimulado da violência é relevante para se ler nas entrelinhas, e detectar o grito inaudível de suas vítimas. Ao contrário da opinião de muitos, ela não atinge algum grupo social, religioso, econômico ou cultural específicos, porém, não podemos desconsiderar o aspecto relevante da desigualdade e das injustiças sociais e suas representações.
 Observe que existe uma grande dificuldade de identificar atos de violência doméstica como tais. Ela é agregada ao cotidiano como inevitável e geralmente, banalizada. Torna-se invisível para as vítimas e para a sociedade, pois faltam providências, elucidações, reconhecimentos dos fatos e respaldo para os vitimizados, por meio de familiares e de ações públicas e políticas sociais adequadas. 
 A vítima de violência doméstica sente-se presa ao seu agressor, não visualizando uma saída para a agressão, geralmente por dependência emocional, ou até mesmo financeira. 
 A mensuração da violência doméstica é difícil, pelos fatos relatados aqui. Nosso objetivo de identificá-la na comunidade alvo deste estudo veio de encontro a este ensejo. 
 O Brasil possui poucos dados a respeito das correlações entre violência doméstica e o comportamento violento das crianças e adolescentes. Nesta perspectiva, Meneguel et al (1998) realizou um estudo em duas escolas de Porto Alegre, e identificou uma correlação muito acentuada entre famílias com práticas de graves castigos físicos sobre as crianças e incidentes envolvendo comportamento agressivo de adolescentes. Os jovens apontados como os mais “agressivos” da escola, eram os mais punidos fisicamente no ambiente doméstico pelos pais e cuidadores, do que os percebidos como “não-agressivos.” 
 O Fundo das Nações Unidas para a Infância, a UNICEF estima que cerca de dezoito mil crianças e adolescentes são espancados diariamente no Brasil. A maioria das agressões acontecem no ambiente doméstico. A vítima tem a sua auto estima abalada e é convencidapelo seu agressor de que tem culpa pela agressão sofrida. 
 
 Podemos conceituar violência doméstica como:
 [...] todo ato ou omissão, praticado por pais, parentes ou responsáveis contra crianças e/ou adolescentes que, sendo capaz de causar dano físico, sexual, e/ou psicológico à vítima, implica numa transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, por outro lado, numa coisificação da infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes tem de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. (AZEVEDO E GUERRA, (2001, p.27) 
 Considerando ainda Azevedo e Guerra (2001), que discorrem sobre o assunto e pontuam quatro formas de violência: 
 * Violência física – responde ao emprego de força física no processo disciplinador de uma criança, é toda a ação que causa dor física, desde um simples tapa até o espancamento fatal. Geralmente os principais agressores são os próprios pais. 
 * Violência sexual - todo o ato ou jogo sexual entre um ou mais adulto e uma criança e adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente esta criança/adolescente, ou utilizá-lo para obter satisfação sexual. É importante considerar que no caso de violência, a criança e adolescente são sempre vítimas e jamais culpados e que essa é uma das violências mais graves pela forma como afeta o físico e o emocional da vítima.
 * Violência psicológica- é toda interferência negativa do adulto sobre as crianças formando nas mesmas um comportamento destrutivo. Existem mães que sob o pretexto da disciplina ou da boa educação, sentem prazer em submeter os filhos a vexames. Tem necessidade de interromper a alegria de uma criança, utilizando de gritos, queixas, palavrões, chantagem, entre outros, o que pode prejudicar a autoconfiança e auto-estima. 
 * Negligência- negação dos direitos, pode ser considerada também como pouco caso, descuido, ausência de auxílio financeiro. Colocando a criança e o adolescente em situação precária: desnutrição, baixo peso, doenças, falta de higiene.
 As formas de violência podem se sobrepor, uma a outra, tornando os casos mais graves e ainda mais complexos. 
2.2 A VIOLÊNCIA NA ESCOLA E NA COMUNIDADE
 Não é raro, principalmente em grandes cidades, encontrar as escolas com os muros cerrados, cheias de grades, parecendo muralhas, sombrias, numa tentativa errônea de proteção. 
 Dos dilemas antes abordados, este é sem dúvida, um dos mais conflitantes. Neste sentido, Gomes, (2008, p.20) faz as seguintes reflexões:
 Quanto mais se fecham, mais precisam fechar-se. A violência desafia as tentativas de o estabelecimento ser inexpugnável. Não há solução miraculosa, muitas estão fora do alcance da escola. Entretanto verifica-se uma relação entre o significado da escola para a comunidade e o vandalismo. Quanto mais a escola é vista como um bem da comunidade e menos como um bem de um governo, maior é o respeito por ela. Os elos contribuem poderosamente para isso. 
 Discute-se a qualidade da escola, ou a falta dela, o afastamento da família da mesma, o desinteresse do poder público, a depredação do patrimônio escolar, mas principalmente a falta de respeito, e a degradação do ambiente escolar. Uma violência atrás da outra, causando um impacto negativo na sociedade.
 Sob esta ótica, Gomes (2008, p.123), faz as seguintes considerações: 
 Prédios e equipamentos depredados, professores desmotivados e despreparados, anarquia em sala de aula, e viol6encia no interior e ao redor – cria-se e se consolida um círculo vicioso da tragédia: o governo não apóia os professores ganham mal, não vêm dos melhores quadros da juventude, não se preparam nem se dedicam, os pais não se incomodam, os alunos não estudam e desrespeitam a atividade escola e o próprio professor, a degradação atrai o desrespeito, que facilita e incentiva a tolerância com a violência.: com o abandono, o círculo vicioso continua a rodar.
 A escola de qualidade para todos se distancia da realidade quando comparada a estes fatos dos dias atuais. Esta falta de vislumbramento da escola que desejamos e merecemos, nos remota ao que sociólogos e pedagogos já diziam nas primeiras décadas do século passado. Sobre este assunto, Gomes (2008, p. 64) corrobora e diz que “escola é uma arena em que se defrontam grupos e culturas, e por isso, o seu centro deve deslocar-se do ensino e do professor, para a aprendizagem e o aluno”. 
 O autor pontua ainda que como uma das alternativas para superar este quadro o aluno/sujeito, co-autor do processo educacional, se situa como nó de uma rede, onde a escola não é responsável, senão por uma parte da sua socialização. Os grupos de colegas, grupos de conhecidos da rua, em face de complexas mudanças, sobretudo na organização familiar, passam a exercer papel altamente influente, podendo criar uma contracultura, sobretudo entre os alunos menos propensos ao sucesso escolar.
 A falta de preparo e de conhecimento em administrar as diversidades culturais, e o fracasso escolar, afasta ainda mais os menos propensos ao sucesso escolar, estimulando a desordem no ambiente educacional. Estes são os que mais tendem a inclinar-se às violências. Não tem sentimento de pertencer a vida escola e são considerados um estranho no ninho. (GOMES, 2005, p.64)
 Regina Motta Rebello, ex diretora da Escola Básica Arnaldo Brandão, escola alvo deste estudo, atualmente na mesma escola exercendo a função de orientadora educacional, e uma das maiores lideranças locais, conta que nos seus longos anos de trabalho com comunidades com graves índices de exclusão social, vivenciou e vivencia ainda, situações conflitantes e complexas envolvendo famílias, pais e alunos. Casos de violência sexual, física, emocional, negligência, toda sorte de violência em graus elevados. A professora presenciou muita violência entre os alunos, a ponto de precisar de intervenção especializada, algumas vezes imediata, e outras a médio e longo prazo. Não raro, os encaminhamentos são o Conselho Tutelar, a Polícia Civil e/ou Militar, Secretaria da Criança e Adolescente, e até mesmo hospitais, conforme cada situação e a gravidade das mesmas. 
 Conta a professora, que certa vez, foi agredida fisicamente, por um aluno com uma tesoura, cortando sua mão esquerda. O aluno estava sem medicamentos para controle da agressividade. Sua mãe estava internada no Centro de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Marieta Konder Bornhausen, pois havia tentado suicídio. O pai, não morava com a família e não foram buscar os remédios. O menino estava sozinho em casa, que ficava no mesmo terreno que sua tia. 
 
 Relatos como este, infelizmente não são esporádicos, mas freqüentes em várias escolas em nosso município, caracterizando um cenário preocupante. O perfil da comunidade interfere na conduta dentro da escola. 
 
 A pesquisa de campo realizada na Escola Básica Arnaldo Brandão junto a professores, especialistas e toda a equipe escolar, abordou temas bem pontuais no que se refere à violência. Observe a tabela:
QUESTÒES APRESENTADAS A EQUIPE ESCOLAR 
1) De acordo com Abramovay (2002), a violência pode ser definida como “toda ação que impede ou dificulta o desenvolvimento.” Há três grupos de violência mais freqüentes: a física, a simbólica e a institucional. Você já percebeu a violência física marcada em algum aluno de sua sala de aula?
2) Falta de condições de saneamento básico, falta de higiene pessoal, de alimentação e moradia adequada, também são formas de violência. Você observa este fato na sua sala de aula? Quantos alunos em sua sala de aula sofrem com este tipo de violência? 
( ) SIM ( ) NÂO
( ) 0 A 5 ( ) 06 A 10( ) 11 A 15 ( ) MAIS DE 16
3) Você, professor, já foi vítima de violência na sua sala de aula? (por parte dos alunos)
Se a resposta for positiva, identifique o tipo de violência.
( ) violência física ( ) violência verbal ( ) violência emocional (intimidação por atos)
4) A violência está presente no dia a dia de cada um de nós. Ela é explícita em todo o mundo e no nosso país, estado e município. Este fato também é vivenciado no cotidiano escolar. Você já foi vítima de violência por parte de pais, e/ou familiares de seus alunos? ( no ano de 2010)
Se a resposta for positiva, identifique o tipo de violência.
( ) violência física ( ) violência verbal ( ) violência emocional (intimidação por atos)
5) Acreditamos que as interações positivas com o meio, contribuem para o desenvolvimento do ser humano. Você, professor, acredita que por meio da “educação”formal na escola e informal, em casa, a violência pode ser minimizada e até mesmo superada? 
Se a resposta for positiva, justifique.
QUADRO 1 – QUESTÕES APLICADAS NA E.B. ARNALDO BRANDÀO
FONTE: A autora
 A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência, e a Cultura, a UNESCO, realizou diversas pesquisas específicas sobre a juventude, que revelaram o envolvimento de alunos de escolas públicas situadas na periferia de grandes cidades, em situações de violência. Registros de “crimes contra a pessoa”, como ameaça e homicídio, e também “crimes contra o patrimônio”, que são as depredações do prédio da escola, furtos e invasões feitas na sua maioria, por pessoas e membros de gangues da própria comunidade. 
 Fatos como este, se evidenciaram na escola analisada, a partir o ano de 2005, onde recebeu um programa de combate à violência, chamado Escola Aberta. Semelhante ao programa do Ministério da Cultura, coordenado com parceria atuante da UNESCO.
 A pesquisa revelou que a violência está bem presente na comunidade, nos alunos e dentro da escola, alcançando a todos, de formas diversas. 
 Os profissionais pesquisados, mais de quarenta, identificaram vários tipos de violência, ora sofrida pelos alunos, ora por eles. Muitas vítimas também eram protagonistas, em algumas ocasiões. Percebemos com a entrevista, que os dados são insuficientes, e a consolidação dos mesmos, que são dinâmicos, nada estáticos, se faz necessária. Ao entrevistarmos os especialistas da escola, a diretora, e alguns alunos, percebemos um convívio bem estreito e diário com diversos tipos de violência, geralmente mais de um tipo, associados.
 O gráfico abaixo demonstra o resultado dos questionários aplicados na escola entre o mês de junho e julho do corrente ano. Foi analisado o protagonismo na violência.
Q UADRO 2 - ÍNDICE DE VIOLÊNCIA - PROTAGONISTAS
FONTE: A autora
 O gráfico abaixo demonstra os índices das vítimas da violência.
QUADRO 3- ÍNDICE DE VIOLÊNCIA- VÍTIMAS
FONTE: A autora
 Em relação a estas questões, Noleto, (2008, p. 28) destaca uma pesquisa intitulada Violências nas Escolas, que detalhou a extensão dos diversos tipos de violência ocorridos nos colégios públicos. Pesquisa sobre armas na escola com dados coletados em 2003 mostrou que 35% dos alunos da rede pública de cinco capitais- São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto alegre, Belém- e mais o Distrito Federal, já haviam visto armas na escola.
 O Mapa da Violência elaborado por Waiselfisz (2004, p.22, 23) identificou que os jovens são as principais vítimas da violência e, ao mesmo tempo, seus principais autores. Entre 1993 e 2002, os homicídios juvenis, envolvendo pessoas entre 15 a 24 anos, aumentaram 88,6 % e a maior parte dessas mortes ocorreu nas regiões metropolitanas onde as médias são 90% maiores que as nacionais. 
 Iolete Aparecida Zíperer, ex-coordenadora comunitária do Programa Escola Aberta na Escola Básica Arnaldo Brandão entre os anos de 2005 a 2008, relatou que muitas vezes presenciou armas na escola aos finais de semana, durante o Programa. Foi necessário muita conversa e visitas aos envolvidos. Conta que pediu para que os “negócios referentes ao tráfico” ficassem fora da escola, e que colaborassem com o bom andamento do Programa. O resultado imediato foi um clima mais tranqüilo aos sábados. Não é fácil identificar resultados mais profundos, tão pouco mensurá-los, mas a diretora relatou que as perturbações no entorno da escola, envolvendo alunos e ex- alunos diminuíram também no dia a dia escolar.
2.3 MEDIDAS PARA PREVENÇÃO E DIMINUIÇÃO DA VIOLÊNCIA NO AMBIENTE EDUCACIONAL
 Há alguns ideais, por vezes esquecidos, como o respeito à diversidade e a construção da paz. É senso comum entre pesquisadores estudiosos que a paz deve ser um hábito, inserido, inculcado.
 Neste sentido, a UNESCO concebeu um de seus programas mais bem sucedidos, a instituição da “Década Internacional para a Cultura de Paz e Não-Violência para as Crianças do Mundo. É um programa descentralizado, utilizando a estratégia de trabalho em rede, mobilizando instituições não governamentais, sociedade civil organizada, promovendo os objetivos e benefícios do Programa para milhares de pessoas. 
 No Manifesto 2000, também conhecido como Manifesto Pela Paz, o Programa foi implantado e 75 milhões de cidadãos assinaram um compromisso envolvendo seis princípios que norteavam a convivência pacífica e edificante, sustentabilidade ambiental, e justiça social. Estes princípios foram divulgados mundialmente. Adeptos e mais adeptos se formaram, ampliando e fortalecendo esta grande rede cada vez mais. São eles:
Respeitar a vida; 
Rejeitar a violência;
Ser generoso;
Ouvir para compreender,
Preservar o planeta e
Redescobrir a solidariedade.
 Refletindo sobre estas questões, considero que vivemos em uma sociedade não habituada a cultivar hábitos de paz. É uma sociedade tecnocrática, com profundos problemas sociais e ecológicos. Cultivam valores como o consumo desenfreado, o sucesso a qualquer preço, a lógica fria, a competitividade e o “ter para poder ser.” Busca-se, portanto, viver dias melhores no ambiente familiar, na sociedade e no ambiente educacional. Dias de construção de paz, pois, a paz se faz. Não é dada. É ação. É construção. Precisamos sair do campo da idealização, e adentrar no campo da construção.
2.4 EDUCAÇÃO INTEGRAL: TRANSFORMAÇÕES RUMO À QUALIDADE NA EDUCAÇÃO
 Durante um longo período da humanidade, a família tinha o papel quase que exclusivo pela educação dos filhos. No século XX, a escola assumiu a responsabilidade de formar o aluno, enquanto cidadão de direitos e deveres, e a família, recuou nesta tarefa. Já no século XXI, percebemos que a visão industrialista do século passado, foi modificada neste sentido e na necessidade em acompanhar as mudanças que acontecem em velocidade acelerada. 
 As escolas devem ser espaços de aprendizagem dos alunos, também dos docentes, das famílias e da comunidade. Precisa ocorrer a socialização entre outras escolas, trocas de experiências e união de toda a equipe escolar.
 Sob este aspecto, o Projeto Regional de Educação para a América Latina e Caribe, o PRELAC, que tem como objetivo apoiar os países a cumprir a metas de Educação para Todos definidas mundialmente em Dacar, menciona que para mudar a cultura escolar um dos aspectos a considerar é: 
 A abertura das escolas propiciando espaços de comunicação e intercâmbio entre alunos, docentes, famílias e agentes da comunidade. As escolas têm que abrir suas portas à comunidade oferecendo sua infra-estrutura e serviços para realizar atividades recreativas, culturais, e de convivência. Do mesmo modo, as escolas devem participar das atividades que se desenvolvem em seu entorno e participar na tomada de decisões que afetam a comunidade. Requer-se passar de uma escola fechada em seus muros a uma escola conectada com o entornoque a cerca. ( UNESCO-PRELAC, 2007, p.177)
 A partir desta compreensão, pode-se dizer que a integração entre a escola e a comunidade local é fundamental. Integração esta que faz com que a escola, inicie o processo de conquista de uma convivência prazerosa, e o espaço escolar se torne transdisciplinar. Tal integração possibilitará o reconhecimento por parte da escola de suas contradições, imperfeições, possibilidades, desafios e conquistas. Conseqüentemente culminará na reflexão da comunidade escolar e da comunidade local sobre o seu Projeto Político Pedagógico realinhando-o de acordo com as necessidades pontuais. Esta integração é firmada, quando há um gestão democrática, proporcionando uma construção que requer abertura, coragem e competência para lidar com as diferenças, com o inesperado e com o surpreendente. 
 Várias correntes defendem a educação integral que foi reconhecida pela Constituição de 1934, porém, retrocedeu com a Constituição de 1937. A caminhada rumo a conquista de uma educação integral gratuita, de qualidade, para todos, foi longa e árdua e com enfrentamentos divergentes. 
 A educação integral agrega a seus méritos muito mais do que retirar as crianças, adolescentes, jovens do ócio improdutivo e das situações de risco social. Ela procura estabelecer critérios para atender o ser humano por inteiro, e não apenas na sua parcialidade. A palavra integral significa inteiro, completo, total. Precisa integrar políticas em todas as esferas governamentais: municipais, estaduais e federais.
 A lei de Diretrizes e Bases para a Educação, a LDB, prevê nos artigos 34 e 87, o aumento progressivo da jornada escolar pra a jornada em tempo integral. Faltam condições para que isto ocorra, e tão pouco, tem sido viabilizada pelos governantes. Alguns, compreendendo que a educação é prioritária, defenderam e defendem a educação integral como bandeira de políticas públicas, e realizaram diversas ações para galgar esta educação almejada. Cito aqui, Leonel Brizola, governador do Rio de Janeiro que entre outras conquistas neste sentido, implantou os Cieps e Caíques, Centros de Educação Integral e Cristóvan Buarque, Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT-DF, que lutou juntamente com a equipe da UNESCO, na implantação do programa Abrindo Espaços e Escola Aberta. 
 Para que este ideal seja alcançado, é preciso construir mais escolas, adequá-las, usar espaços alternativos próximos à escola, acompanhar as atividades de perto, integrar secretarias, fundações e outras autarquias governamentais. 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade, o seio da família, a comunidade, a escola, são lugares permeados pela violência com lógicas diferenciadas. A imposição do respeito e a conquista do espaço territorial ou emocional por meio da violência são comuns nos dias atuais. 
Uma visão de mundo, de ser humano padronizado está inculcada na sociedade. Os profissionais envolvidos com o “fazer educacional” classificam e se reportam as pessoas de acordo com esta visão. 
As transformações no núcleo primordial da educação, a família, em muito cooperam para esta desestruturação. Valores como o respeito mútuo, a solidariedade, a tolerância, o amor ao próximo, ao meio ambiente, estão cada vez mais esquecidos dento dos lares. Por outro lado, a escola, preocupa-se, com os conteúdos, e em parte, com a formação do cidadão, porém, não cabe a ela, arcar com o peso desta função. É contraditória esta questão, pois muitas crianças passam mais tempo na escola, do que com a família.
Um grande esforço, conjunto, um grande querer, são necessários para a transformação social. Todos os olhares devem estar voltados a família, a sua estruturação, pois ficou visível, que os comportamentos agressivos das crianças e dos adolescentes, são na sua maioria, frutos do ambiente onde vivem. 
A pesquisa realizada na Escola Básica Arnaldo Brandão, identificou vários tipos de violência dentro do ambiente educacional. Apontou também, algumas lacunas ainda não respondidas. Apesar de vivenciar um programa de combate a violência durante quatro anos, o Programa Escola Aberta, com resultados positivos, conforme relatos da equipe escolar, e de relatórios da Secretaria Municipal de Educação, o índice de perturbações a ordem no entorno e na própria escola, aumentaram nos últimos anos. Fato que merece estudos mais aprofundados.
Acredito que ações preventivas, envolvendo a comunidade local e geral, bem como ações públicas mais efetivas no processo de construção da cidadania, e de uma sociedade menos violenta, são prioritárias. 
Uma mistura de pensamentos, emoções e sensações ocorreram durante a pesquisa. Ora, o sentimento e a constatação de que o problema é muito complexo, e de difícil solução, ora o sentimento de que é tão fácil, se todos juntos, realmente desejarem as mudanças necessárias. Porém, um fato é certo e determinante. A paz é o caminho.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, M. Violência no cotidiano das escolas. Brasília: In: Escola e Violência. Brasília: Unesco, UCB, 2002
ABRAMOVAY, M.; RUAS, M. das G. Violência nas escolas. Brasília: UNESCO, 2002. Disponível em: < http://unesco.org/images/0012/0012/001257/125791porb.pdf > 
 
 
AZEVEDO, Maria Amélia; GUERRA, Viviane Nogueira de Azevedo. Mania de bater: a punição corporal doméstica de crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Editora Iglu, 2001.
 GALTUNG, J. Transcender e transformar: uma introdução ao trabalho de conflitos. São Paulo: Palas Athena editora, 2006.
GOMES, C. A. Dos valores proclamados aos valores vividos: traduzindo os atos e princípios das Nações Unidas e da UNECO para projetos escolares e políticas educacionais. Brasília: UNESCO, 2001. Disponível em: HTTP://unesdoc.unesco.org/images/0012/001236/123621por.pdf 
HOUAISS, Antônio. Novo dicionário Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2009. 
MENEGHEL, S. N.; GIUGLIAN, E. J. ; FALCETO, O. Relações entre violência doméstica e agressividade na adolescência. Cadernos de Saúde Pública, n. 2, p. 327-335, 1998. 
 NOLETO, M, J. Abrindo espaços: educação e cultura para a paz. 3 ed. Brasília: UNESCO, 2004. 
SOARES, L, E. O futuro como passado e o passado como futuro. Brasília: UNESCO, Ministério da Justiça, Instituto Ayrton Senna, 2004. 
WAISELFISZ, J. J. ; Mapa da violência II. Brasília: UNESCO, Ministério da Justiça, Instituto Ayrton Senna, 2000. 
WERTHEIN, J. CUNHA, C. da. ; Fundamentos da nova educação. Brasília: Unesco, 2000. (Cadernos UNESCO Brasil: série educação; 5) Disponível em: < HTTP://unesdoc.unesco.org/images/0012/001297/129766por.pdf> 
UNESCO, Fazendo a diferença: projetos escola aberta para a cidadania no Estado do Rio Grande do Sul. Brasília: UNESCO, 2006.
 
 
_1341685765.xls
_1341681052.xls

Continue navegando