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Algumas Evidências de Eficácia da Terapia Assistida por Animais em Idosos Demenciados Institucionalizados

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
INSTITUTO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
ALGUMAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA DA TERAPIA 
ASSISTIDA POR ANIMAIS EM IDOSOS 
INSTITUCIONALIZADOS DEMENCIADOS 
 
 
EDUARDA NAIDEL BARBOZA E BARBOSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2012 
EDUARDA NAIDEL BARBOZA E BARBOSA 
 
 
 
 
ALGUMAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA DA TERAPIA ASSISTIDA POR 
ANIMAIS EM IDOSOS DEMENCIADOS INSTITUCIONALIZADOS 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia 
da Universidade Federal do Rio de Janeiro para 
obtenção de título de Formação em Psicologia. 
Professor Orientador: Profª Drª Rosinda 
Martins Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2012 
EDUARDA NAIDEL BARBOZA E BARBOSA 
 
 
 
 
ALGUMAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA DA TERAPIA ASSISTIDA POR 
ANIMAIS EM IDOSOS DEMENCIADOS INSTITUCIONALIZADOS 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como pré-requisito 
para obtenção de título de Formação em 
Psicologia, submetida à aprovação: 
 
 
 
 
 
 
 
Rosinda Martins Oliveira 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro, dezembro de 2012 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente agradeço a Deus por me oferecer e conduzir nos melhores caminhos. Por 
ter me mostrado que, mesmo nas fraquezas e dificuldades, se estivermos com fé e boa 
vontade, ele não nos deixará desvirtuar e nos dará força para vencer qualquer obstáculo. 
Aos meus pais, grandes incentivadores da minha caminhada e orgulhosos pela trajetória 
acadêmica que tracei. Espero que eu possa levar seus ensinamentos de vida, de 
profissionalismo para a minha e consiga ser a melhor que eu puder para que outras 
pessoas se espelhem em mim. 
À minha supervisora de estágio, professora Cristina Maria Duarte Wigg, a qual me 
apresentou a maravilhosa área da Neuropsicologia e com a qual trabalhei por 3 anos, 
entre estágio e monitorias. Sinto-me muito feliz por ter feito parte do NEPEN e 
contribuído, mesmo que minimamente, para a melhoria de vida das famílias atendidas 
pelo serviço. 
À minha orientadora de TCC, professora doutora Rosinda Martins Oliveira, que, por 
meio de suas aulas, tornou-se um exemplo de profissional a ser seguido. Agradeço-a por 
ter entendido e trabalhado em meu primeiro trabalho acadêmico, transformando-o no 
último e, além disso, ter me apresentado ao grupo que só tem a acrescentar em minha 
vida profissional, permitindo que eu alcançasse mais um objetivo: o mestrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Pets greet their human companions 
enthusiastically on the worst days; they do 
not notice bad hair; they forgive mistakes; 
and they do not need to talk things 
through.” 
 (Froma, 2009 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARBOSA, Eduarda Naidel Barboza e. Algumas Evidências de Eficácia da Terapia 
Assistida por Animais em Idosos Demenciados Institucionalizados. Monografia 
(Graduação em Formação de Psicólogo) – Instituto de Psicologia da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. 
 
O presente trabalho tem, por objetivo, apresentar resultados de estudos sobre uso de 
Terapia Assistida por Animais (TAA) com idosos demenciados, discutindo os limites e 
alcances da metodologia utilizada. Os estudos a respeito do impacto, sobre pacientes, 
das interações com animais, vêm crescendo em número e qualidade ao longo dos anos. 
Percebeu-se que esse contato poderia refletir em melhoras no campo da saúde. Com o 
avançar da idade, a saúde torna-se uma grande preocupação e diferentes métodos para 
mantê-la ou melhorá-la são desenvolvidos. Na demência muitos comprometimentos são 
vistos, além das mudanças normais do envelhecimento, entre eles alterações 
comportamentais, alimentares e de humor. Há evidências de melhora desses 
comprometimentos, com o uso da TAA aplicada a idosos demenciados 
institucionalizados, apesar das restrições metodológicas dos estudos existentes. A 
despeito das evidências da eficácia desta Terapia e dela ser bastante difundida ao redor 
do mundo, no Brasil ainda há muita resistência por parte dos profissionais de saúde e 
ainda faz-se necessário incrementar seu estudo e aplicação. 
 
___________________________________________________________________ 
Palavras-chave: terapia assistida por animais, idosos, demência. 
 
Sumário 
Algumas evidências de eficácia da Terapia Assistida por Animais em Idosos 
Demenciados Institucionalizados 
 
 
APRESENTAÇÃO 8 
1. ENVELHECIMENTO 10 
 1.1 DEMOGRAFIA 10 
 1.2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS 11 
 1.3 SUBJETIVIDADE 14 
 1.4 ASPECTOS BIOLÓGICOS E COGNITIVOS 17 
1.5 ASPECTOS NUTRICIONAIS 19 
2. TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS 20 
 2.1 INTRODUÇÃO 20 
 2.2 ORIGEM 20 
 2.3 APLICAÇÃO 22 
 2.4 ANIMAIS 24 
 2.5 ATIVIDADES DA TAA 24 
 2.6 EFEITOS 25 
 2.7 CUIDADOS E COMPLICAÇÕES 27 
3. TAA NA DEMÊNCIA 29 
 3.1 INFLUÊNCIA DA TAA NO HUMOR E NO COMPORTAMENTO DE IDOSOS 
DEMENCIADOS INSTITUCIONALIZADOS 29 
 3.2 INFLUÊNCIA DA TAA NA NUTRIÇÃO DE IDOSOS DEMENCIADOS 
INSTITUCIONALIZADOS 32 
4. CONCLUSÃO 34 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Com o aumento da população idosa observado em todo o mundo, inclusive no 
Brasil que, espera-se que ocupe a 6ª posição entre os países com maior número de 
idosos, a ocorrência de doenças relacionadas ao envelhecimento também vem 
aumentando (LOPES & BOTTINO, 2002). Uma das mais frequentes é a demência. 
Os idosos demenciados, com o passar dos anos e a evolução da doença, se 
tornam cada vez mais limitados e, muitas vezes, a família não consegue cumprir o papel 
de cuidadora. Quando isso ocorre, muitas vezes,ele torna-se um paciente 
institucionalizado. A institucionalização pode acentuar efeitos negativos das mudanças 
biológicas, subjetivas e cognitivas, decorrentes do envelhecimento e da própria 
demência (OLIVA et cols, 2010). 
A Terapia Assistida por Animais (TAA) voltada para uma faixa etária mais 
avançada tem a finalidade de promover saúde. Além de envolver questões relacionadas 
com sentimentos e emergência de lembranças da infância, introduz também estimulação 
tátil e motora, a partir do contato físico por meio de carícias e exercícios psicomotores 
(ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). No contexto dessa terapia, os animais 
são considerados companheiros e facilitadores do trabalho realizado com o paciente, 
atuando como um suporte psíquico. 
Este trabalho relata algumas pesquisas científicas referentes aos efeitos da 
utilização da TAA em idosos demenciados institucionalizados. O Capítulo 1 trata das 
mudanças decorrentes do envelhecimento nos aspectos subjetivos, psicossociais, 
biológicos e cognitivos. O Capítulo 2 apresenta a TAA, em termos da sua origem, 
estado atual e perspectivas futuras. No Capítulo 3 são apresentados estudos sobre a 
eficácia da TAA sobre as mudanças no comportamento, humor e nutrição decorrentes 
da combinação de envelhecimento, demência e institucionalização. No quarto e último 
Capítulo, é feita uma análise crítica dos métodos e procedimentos utilizados nos estudos 
e a discussão acerca do que pode ser feito com essa técnica futuramente. 
10 
 
1. ENVELHECIMENTO 
1.1 DEMOGRAFIA 
A população idosa encontra-se em crescimento em todo o mundo, mas no Brasil, 
esse processo é recente. Nos países desenvolvidos, esse crescimento aconteceu de 
maneira gradual e coincidiu com as transformações socioeconômicas, não produzindo 
grande impacto sobre a sociedade; já nos países em desenvolvimento, incluindo o 
Brasil, esse crescimento se deu durante profunda crise econômica, agravando 
desigualdades e problemas sociais (DEBERT, 2004). Esse aumento deve-se a diversos 
fatores, dentre eles o aumento da expectativa de vida – isso, a partir de toda uma 
evolução da medicina. 
No século 20, a expectativa de vida da população não ultrapassava os 33 anos, 
enquanto que no século 21, essa média já se encontra nos 68 anos. A descoberta de 
antibióticos, o desenvolvimento de vacinas e a busca de melhorias no estilo de vida, 
promoveram esse “boom” na média de idade. Além disso, a alta taxa de nascimentos e 
fecundidade no passado, seguida da diminuição da mortalidade e, posteriormente, da 
diminuição dessa taxa de nascimentos assim como da baixa mortalidade infantil atual, 
culminaram numa grande população idosa (FREITAS, 2004). Estatísticas mostram que, 
em 2010, o Brasil ocupou a 87ª posição em relação à esperança de vida ao nascer – 
72,64 anos, enquanto o país ocupante da 1ª posição, o Japão, apareceu com 87,20 anos 
(IBGE, 2008); em 2025, o Brasil ocupará a 6ª posição entre os países com população 
mais velha, no mundo. Em 2007, o IBGE contabilizou 14,5 milhões de idosos (apud 
CRUZ, 2009). 
Percebe-se uma grande importância em estudar o envelhecimento a partir da 
demanda crescente em saúde pública (ARGIMON, 2006). No Brasil, vemos esse 
11 
 
envelhecimento concentrado na região sudeste, com sua maioria (55%) sendo formada 
por mulheres, 37% declarando-se analfabetos e 65% dos idosos responsáveis pela 
família. Todo esse contexto representa um alto custo para o Estado, pois envolve o 
pagamento de aposentadorias e o desenvolvimento de políticas públicas envolvendo a 
questão do idoso, que promovam sua saúde e bem-estar (GARRIDO & MENEZES, 
2002). Esses programas devem se basear nas necessidades, preferências, habilidades e 
direitos dos idosos, para que realmente atinjam o seu público alvo (CRUZ, 2009). O 
importante, na atenção ao idoso, é objetivar a manutenção da vida ativa permitindo 
autonomia e independência tanto física, quanto psíquica e social. Para isso, um bom 
estado de saúde do idoso é necessário, além de entusiasmo e prazer naquilo que ele 
realiza (OLIVEIRA & RAMALHO, 2009) Em 1999, a Geriatria foi reconhecida como 
uma especialidade da residência médica pelo Ministério da Educação e Cultura, e foi 
criado o departamento de psicogeriatria na área da saúde mental, pela Associação 
Brasileira de Psiquiatria (GARRIDO & MENEZES, 2002). 
1.2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS 
O processo do envelhecimento não acontece de maneira padrão para todos; depende 
do contexto histórico, social e emocional do sujeito (FERNANDES & GARCIA, 2010). 
As representações sociais do envelhecimento são variadas e, no Brasil, Lopes e Park 
(2007) identificaram 3 momentos históricos no quesito envelhecimento/velhice. Até o 
século XIX o velho era tido como alguém dotado de sabedoria, respeitado pelos seus 
conhecimentos e vivências. A partir do século XX, busca-se negar a condição “velho”, 
disfarça-se com cirurgias, produtos e atividades que promovam o distanciamento desta 
condição. Hoje em dia, há duas maneiras de se olhar o idoso: levando-se em 
consideração o lado negativo, pode-se pensar que a velhice caminha junto de doenças e 
12 
 
morte, apesar dessas duas condições poderem surgir em qualquer idade ou fase do 
desenvolvimento humano; ou levando-se em consideração o lado positivo, o velho deve 
se ver como um velho sim, mas pertencente a mais uma fase da vida, com sua 
subjetividade e disposto a conhecer essa nova condição. Essa postura, frente ao 
envelhecimento, não é semelhante para todos os idosos, pois a construção imaginária, o 
ideal de cada um se faz presente (PY, 2004). 
Dourado e Leibing (2002) discutem os termos "terceira idade" ou "melhor idade", 
que trouxeram uma nova perspectiva, uma nova categorização implícita. Nesse caso, há 
uma oportunidade para aquele que se encontra nessa fase da vida viver antes de 
realmente calçar as pantufas e vestir o pijama. Ainda há tempo de realizações pessoais e 
profissionais, busca do prazer em atividades diferentes e outras inserções produtivas. A 
sociedade apresenta modelos de perfeição e padrões de beleza como passíveis de 
obtenção por qualquer ser humano, seja com cosméticos, exercícios físicos ou 
complexos vitamínicos. No entanto, esta concepção também tem sido estimulada por 
questões de capital, tendo em vista que essa faixa etária apresenta-se como um grupo 
consumidor em potencial. 
Debert (apud DOURADO & LEIBING, 2002) exemplifica 
“a categoria ‘velho’, na percepção dos ‘envelhecidos’ das 
camadas médias e superiores está associada à pobreza, à 
dependência e à incapacidade, o que implica que o velho é 
sempre o outro. Já a noção de ‘terceira idade’ torna-se sinônimo 
dos ‘jovens velhos’, os aposentados dinâmicos que se inserem 
em atividades sociais, culturais e esportivas. Idoso, por sua vez, 
é a designação dos ‘velhos respeitados’. A expressão ‘idoso’ 
designa uma categoria social, no sentido de uma corporação, o 
que implica o desaparecimento do sujeito, sua história pessoal e 
suas particularidades.” 
 
 
O idoso é um “historiador legítimo” detentor de uma experiência de vida e 
saberes únicos, porém muitos se prendem ao medo de perderem a independência e 
13 
 
levarem uma vida vegetativa, de se tornarem inválidos e morrerem (DEBERT, 2004). 
As autoras Lopes e Park (2007), citando Beauvoir, trazem a questão das representações 
sociais como o resultado de diversos aspectos presentes em épocas variadas que, com o 
tempo, vão somando-se ou modificando-se. Para Moscovici, também citado, as 
representações sociais são 
“um corpus organizado de conhecimentos e uma das 
atividades psíquicas graças às quais os homens tornam 
inteligível a realidade física e social, inserem-se num grupoou 
numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os poderes de sua 
imaginação”, 
 
ou seja, algo que pré-existente, já conhecido, acaba sendo incorporado por uma nova 
ideia, sempre em elaboração. A velhice é um objeto múltiplo, cercada por questões e 
problemáticas que devem ser discutidas. Desde criança, há uma produção de 
conhecimento e ela se desenvolve trazendo certos conceitos gravados, mesmo que não 
façam ideia do que aquilo verdadeiramente significa. Elas dão muita importância para o 
físico, o corpo, conseguindo reconhecer um velho pelo aspecto enrugado de seu rosto ou 
pela coluna curvada. Também o tomam como avô e avó, ou seja, entendem que avôs e 
avós necessariamente são velhos e o contrário não é possível (AGRA DO Ó, 2008). 
Um aspecto muito mais importante, mas que nem sempre está em pauta quando 
se fala em envelhecimento, é o peso que se carrega ao chegar a uma determinada idade 
– aos 65 anos, já se considera terceira idade (PY, 2004). A própria sociedade apresenta 
o “envelhecer” como um estágio final, onde o sujeito apenas espera pela morte. Essa 
visão negativa passa por gerações e promove no sujeito pensamentos questionadores, 
como o propósito da vida, já que a morte é algo certo e se faz mais presente com o 
avanço da idade (PY, 2004). Cria-se uma imagem desfavorável do envelhecer, fala-se 
apenas no declínio da produtividade e na inatividade. Uma pesquisa feita com idosos 
saudáveis mostrou que muitos deles não se enxergam na velhice e negam os 
14 
 
estereótipos comuns a essa fase da vida (CRUZ, 2009). Mulheres da classe média e 
homens, acima dos 70 anos também não se consideram velhos (DEBERT, 2004). Fala-
se em etapas intermediárias como meia-idade, aposentadoria ativa e terceira idade, tudo 
para provocar esse afastamento do sujeito envelhecido, de chinelos em casa vendo 
televisão (LOPES & PARK, 2007). 
Em contrapartida, vê-se a preocupação dos indivíduos em chegar à terceira idade 
com saúde, ou seja, em busca de um envelhecimento ativo. Mudanças de hábitos de 
vida (uma alimentação mais saudável, práticas de exercícios, visitas periódicas ao 
médico etc), inserção familiar (fazer com que a família faça parte desse processo), 
inserção social (continuar com atividades básicas diárias) e adequação do ambiente 
(colocação de barras e rampas de acesso) são algumas medidas de promoção de saúde 
frequentes e até propostas pela OMS (CRUZ, 2004). Alguns autores apontam estas 
iniciativas como uma possível tentativa de negar o envelhecimento. 
Mas o modo como cada indivíduo vivencia a velhice não é apenas determinado 
por variáveis de cunho social e histórico (PY, 2004). 
1.3 SUBJETIVIDADE 
A subjetividade se constrói a partir de um agregado de vivências, valores, histórias e 
do que é próprio da subjetividade do indivíduo. O olhar que ele direciona, o significado 
que ele pode dar para a sua situação será decisivo para que ele considere a velhice como 
uma fase de perdas e desistências ou como uma fase de ganhos e impulso para novos 
desafios (PY, 2004). 
Quando se fala em velhice, pensa-se apenas na mudança do corpo do indivíduo. 
Mas, segundo Py (2004), essa mudança repercute em sua subjetividade. O 
envelhecimento traz à tona o medo da morte, tanto para si mesmo, quanto em relação 
15 
 
àqueles por quem se tem afeição. Além disso, ocorre a perda do status do seu papel na 
sociedade e sua imagem refletida no espelho não é mais a mesma. Tudo isso demanda, 
do sujeito, uma reflexão e reorganização de sua condição. 
Muitas vezes, a um contexto de envelhecimento, acrescenta-se o adoecimento. A 
todo um contínuo de perdas – da vitalidade, de prazeres, de um status profissional - é 
somada a perda da saúde (PY, 2004). A velhice traz sofrimento psíquico, seja de 
maneira acentuada ou mais branda, seja na saúde ou em casos de patologia. 
A vida, seguindo o seu curso natural, se dá a partir de um conjunto de experiências 
que levam a um único destino e traz à tona um tabu comum à toda população: a morte. 
O sujeito nasce e, a partir daí, começa a contagem regressiva onde, a velhice, seria uma 
forma de adiar esse fim inevitável, mas nem um pouco aguardada por todos (PY, 2004). 
Algo tão misterioso que é impossível experienciá-lo e transmitir aos outros, apenas 
podemos falar, discutir sobre, a morte surge como algo do coletivo, democrática e 
universal. Todos os campos de estudo, filosofia, biologia e sociologia, têm algo a dizer 
sobre ela, mas ainda assim ela aparece como algo desconhecido e estranho. A velhice 
patológica, acrescida de diversos outros fatores, permite, ao indivíduo, uma maior 
aproximação com a morte e pensa-la como algo real (LOUREIRO, 2008). Esse 
acontecimento tem sentido de acordo com a história de vida e personalidade construídas 
por cada um, sendo assim, não podemos adiantar ou prever como serão suas reações ao 
estar frente a frente com essa possibilidade. A partir do século XX, o culto do corpo 
jovem e belo se faz presente e cada vez mais forte, dando àqueles que não se encaixam 
nesse padrão, um sentimento de não pertencimento à sociedade. O velho se vê decaído, 
feio e, em alguns casos, doente, assimilando estereótipos dados. Essa desqualificação do 
corpo não corresponde ao ideal imaginário levando a um confronto com a estrutura 
narcísica e uma quebra do ideal do ego. O sujeito tem uma ideia de beleza e vida 
16 
 
eternas, mas a velhice frustra essa ilusão e causa angustia e sentimento de desamparo. 
Este último é vivido a partir do momento em que nascemos, com a perda do espaço 
uterino e se faz presente a cada perda sofrida. Segundo Freud, o desamparo nunca é 
superado, mas serve como uma alavanca que nos impulsiona a buscar novos meios ou 
objetos de afetos (PY, 2004). 
Os não velhos não conseguem compreender a condição do velho, desde a infância e 
até mesmo na vida adulta, e os velhos enxergam-se como responsáveis pela decadência 
de seu corpo e comportamento, assim como promovem um isolamento de si próprios. O 
corpo é denunciador do limite, mas esse limite não precisa ser tosador do que resta ao 
indivíduo. As lembranças estão guardadas e o futuro é uma ampola em movimento, o 
que resta é o presente e o que se pode fazer com ele (DOURADO & LEIBING, 2002). 
O processo de luto aparece como consequente das perdas. Todo o investimento 
libidinal, antes direcionado a um objeto, agora perdido, deve ser direcionado a outro. 
Não de maneira a substituí-lo, mas sim a permitir conhecer outros objetos. Pensa-se que 
a perda em si é o fim, mas ela envolve a busca de algo novo. Segundo Bowlby (apud 
PY, 2004), há quatro fases do luto: o aturdimento, a busca do objeto perdido, 
desorganização, desespero e a reorganização psíquica em maior ou menor grau. Para 
Worden (apud PY, 2004) o sujeito pode responder de quatro maneiras: aceitando a 
realidade da perda, elaborando a dor provocada por ela, ajustando-se à nova 
circunstância provocada pela perda e reposicionando-se emocionalmente e continuando 
com a vida. 
1.4 ASPECTOS BIOLÓGICOS E COGNITIVOS 
O envelhecimento envolve fatores endógenos e exógenos, ocorrendo mudanças 
biológicas, fisiológicas e estruturais (SANTOS et cols, 2009). 
17 
 
Com o passar dos anos, juntamente com o envelhecimento físico, há também o 
envelhecimento biológico, ou seja, há a morte celular (incluindo-se os neurônios) e a 
diminuição da capacidade de regeneração celular (SANTOS et cols, 2009). Este 
processo interage com a história educacional do sujeito no que se refere a etiologia de 
doenças neurológicas degenerativas nesta época da vida. Foi observada maior 
fragilidade para o desenvolvimento de demências por parte de sujeitos com níveis 
educacionais mais baixos, com o avançar daidade. Além disso, pacientes com baixa 
renda também têm essa predisposição maior, devido aos poucos estímulos a que tiveram 
acesso. Assim, o nível educacional e a renda podem ser considerados como fatores 
protetores de preservação das funções cognitivas (MARRA et cols, 2007). 
Na velhice, há uma lentificação da velocidade do processamento mental, 
promovendo uma lentificação global das funções cognitivas. Além disso, parece haver 
uma redução dos recursos atencionais (CHARCHAT-FICHMAN et cols, 2005). No 
entanto, observa-se que os outros processos cognitivos permanecem preservados. Isso 
caracteriza um envelhecimento normal, porém com suas especificidades (STELLA, 
2004). 
Existe uma grande variabilidade no processo de envelhecimento cognitivo. Nos 
últimos 20 anos, vários estudos têm caracterizado que muitos idosos apresentam um 
Comprometimento Cognitivo Leve sem, no entanto, atingir os níveis de 
comprometimento que atendem os critérios diagnósticos de Demência (CHARCHAT-
FICHMAN, OLIVEIRA & FERNANDES, 2011). O comprometimento cognitivo leve, 
muitas vezes observado nos idosos, não é considerado como algo patológico, porém 
para alguns idosos é um estágio intermediário entre o normal e a demência (Alzheimer) 
(HAMDAN & BUENO, 2005). Dez a 15% dos pacientes com esse diagnóstico evoluem 
18 
 
para uma demência, mostrando o quanto é importante que medidas médicas preventivas 
sejam elaboradas nesse estágio (SANTOS et cols, 2009). 
A demência é caracterizada pelo declínio da memória no sujeito além do 
comprometimento de outra função cognitiva, dificultando a realização das atividades da 
vida diária (CARAMELLI & BARBOSA, 2002; ÁVILA & BOTTINO, 2008; 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2003). 
As quatro causas mais frequentes de demência são a Doença de Alzheimer, a 
Demência Vascular, a Demência de corpos de Lewy e Demência do Lobo 
Frontotemporal. A Doença de Alzheimer é caracterizada por degeneração da formação 
hipocampal, região relacionada à memória. Percebe-se nesta doença um declínio da 
memória (inicialmente, a memória episódica), além de desorientação espacial. Essa 
localização pode ser observada através de exames de neuroimagem, como tomografia 
computadorizada (ressonância magnética) (HAMDAN & BUENO, 2005; 
CARAMELLI & BARBOSA, 2002). A Demência Vascular caracteriza-se pela presença 
de danos ao cérebro resultantes de lesões de etiologia vascular (TEIXEIRA & 
CARAMELLI, 2008; CARAMELLI & BARBOSA, 2002). Os sintomas dependem das 
regiões cerebrais lesionadas. A Demência de corpos de Lewy se caracteriza pelo 
acúmulo de corpos de Lewy no córtex cerebral, atingindo diferentes regiões e 
resultando em alterações cognitivas. A Demência Frontotemporal caracteriza-se pela 
degenerescência dos lobos frontais com evolução para atrofia cerebral mais 
generalizada, que resulta em um quadro de demência semântica e alterações do 
funcionamento executivo em seus estágios iniciais. 
1.5 ASPECTOS NUTRICIONAIS 
19 
 
Em idosos saudáveis, é percebida uma diminuição na quantidade de alimentos 
ingeridos, porém, em idosos demenciados, essa diminuição é acentuada e considerada 
como sintoma para o diagnóstico da doença. Com a ingestão de uma quantidade menor 
de comida, consequentemente, há uma baixa ingestão de nutrientes. Estudos observaram 
a mudança de peso em pacientes demenciados associadas à severidade e progressão da 
doença, sendo ele um preditor de mortalidade na demência de acordo com o Instituto 
Nacional de Desordens Neurológicas e Comunicativas e a Associação de Doença de 
Alzheimer/AVC e Desordens Relacionadas (EDWARDS & BECK, 2002). 
Esse contexto influencia na perda da musculatura do idoso, além de promover 
um impedimento na sua estimulação e autonomia. Idosos com uma musculatura mais 
fraca tendem a sofrer mais quedas e a desenvolverem outras doenças, como por 
exemplo, infecções de pele (EDWARDS & BECK, 2002). 
 
 
 
 
 
 
20 
 
2. TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS 
2.1 INTRODUÇÃO 
A Terapia Assistida por Animais (TAA) pode ser considerada como instrumento 
que visa à melhoria da qualidade de vida dos seres humanos, buscando trazer 
benefícios em diversos aspectos, como físico, social e emocional. As últimas 
habilidades que o homem descobriu dos cachorros e gatos, ou seja, animais domésticos 
que estão em maior contato com os humanos, é sua capacidade de proporcionar 
melhoras no campo da psicoterapia, na educação especial e reabilitação (BUIL & 
CANALS, 2012). 
Bussotti e colaboradores (apud PEREIRA & PEDROSO, 2009) definem a TAA 
como 
uma medida adjuvante que proporciona benefícios 
emocionais e espirituais aos pacientes, familiares e a 
própria equipe, reduzindo o impacto e estresse gerados 
pela doença e hospitalização, tendo um forte apelo à 
humanização por melhorar as relações interpessoais e 
facilitar a comunicação. 
 
É conhecida por diversos nomes, entre eles Terapia Assistida por Animais de 
Companhia (TAAC), Terapia Assistida por Cães (TAC) (ARTIME, MARTÍNEZ & 
LLORENS, 2010). 
2.2 ORIGEM 
Há registros bem antigos do uso de animais com pessoas com doenças físicas e 
psíquicas. Relata-se a existência de passeios a cavalos para pessoas com doenças 
incuráveis como parte de terapia já na Grécia clássica (ARTIME, MARTÍNEZ & 
LLORENS, 2010). 
21 
 
Segundo Buil e Canals (2012) e Artime, Matínez e Llorens (2010), William Tuke 
utilizava a TAA desde 1792 no tratamento de doentes mentais. No ano de 1897, os 
animais participavam do tratamento de epiléticos em Bethel - sanatório de Bielfield, 
Alemanha. Já entre 1944 e 1945 foi feito o primeiro registro da TAA com animais de 
companhia, no Centro de Convalescência da Força Aérea Americana, utilizando animais 
na reabilitação os aviadores veteranos de guerra. O psiquiatra Boris M. Levinson foi o 
pioneiro da Psicoterapia Facilitada por Pets (PFP) nos anos 60, quando percebeu que 
crianças com déficit de atenção, problemas de comunicação e transtornos de 
comportamento poderiam ser ajudadas por cães. A partir dessa investigação, começaram 
a surgir diversos estudos trazendo a questão da influência dos animais de companhia na 
saúde humana (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). 
Apesar de ainda não ser muito difundida, a prática de uso de animais em terapias 
não é nova na psicologia. Freud já utilizava esse método para se aproximar de seus 
pacientes. Para facilitar a comunicação, ele costumava atendê-los em seu consultório 
com a presença de seu cachorro e um fato que marcava a integração deste nas consultas, 
é que ele caminhava até a porta quando o tempo do paciente acabava (KAWAKAMI & 
NAKANO, 2002). 
No Brasil a ideia de utilizar gatos como coterapeutas para o tratamento de 
doentes mentais veio da psiquiatra Nise da Silveira, que não aceitava os métodos 
violentos no tratamento psiquiátrico e, em 1946, fundou o Serviço de Terapêutica 
Ocupacional no Rio de Janeiro. A partir de sua atuação surgiram outros projetos que 
utilizam o carisma dos “pets” para o auxílio no tratamento de pacientes hospitalizados, 
deficientes e idosos (PECELIN et cols, 2007). 
22 
 
No mundo, surgem, cada vez mais, associações que lidam com esse tipo de 
terapia. Na Espanha, existem algumas como a Asociación AETANA, Fundación 
Bocaián, Fundación Affinity, Asociación ANTA entre outras (BUIL & CANALS, 2012; 
ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). 
2.3 APLICAÇÃO 
Há duas maneiras de se utilizar o animal com pacientes, a Atividade Assistida por 
Animais (AAA) e a Terapia Assistida por animais (TAA). A Atividade Assistida por 
Animais é caracterizada como uma visitação sem objetivo terapêutico, apenas para 
servir como um tempo de recreação e distração àqueles asiladosou visando apenas à 
interação homem animal (SHIBATA & WADA, 2010). Ela tem o foco em realizar 
atividades voltadas para o benefício motivacional, educacional e recreativo e não há 
medição de progressos ou um acompanhamento profissional (ARTIME, MARTÍNEZ & 
LLORENS, 2010). 
Já a TAA é uma técnica com intuito de promover uma intervenção, ela é estruturada, 
envolve profissionais da área de saúde e possui procedimentos e metodologia. (apud 
PEREIRA & PEDROSO, 2009; SHIBATA & WADA, 2010). Há todo um processo de 
avaliação e medição dos progressos e o animal utilizado é previamente selecionado para 
este fim (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). No presente trabalho, será 
abordada esta última. 
Os métodos de TAA podem se diferenciar de acordo com o tipo de animal utilizado, 
assim como a faixa etária dos pacientes e o ambiente onde ela é aplicada. Os 
estabelecimentos que aplicam essa terapia são bem variados: hospitais, casas de saúde, 
escolas, clínicas de reabilitação e até instituições penais. Entre os profissionais 
23 
 
envolvidos nessa terapia, podemos encontrar: médicos, enfermeiros, psicólogos, 
fisioterapeutas, veterinários, terapeutas ocupacionais, entre outros. 
A necessidade por determinados tipos de profissionais pode variar de acordo com a 
faixa etária dos pacientes atendidos por essa terapia. É essencial salientar que esse 
trabalho deve ser sempre aplicado com a supervisão de profissionais especializados, 
afinal, o animal é apenas um facilitador da relação médico-paciente e não o terapeuta 
em si. Edwards e Beck (2002) comentam que empregados de casas geriátricas, 
envolvidas com esse tipo de terapia, acreditam nos benefícios dessa prática e apoiam os 
profissionais durante a realização da mesma. Atualmente, muitas instituições utilizam 
dessa intervenção como atividade regular há relatos da experiência do aumento da 
comunicação entre enfermeiro e paciente, entre outros benefícios. Através da 
comunicação estabelecida com o paciente, o profissional de saúde poderia compreendê-
lo melhor e identificar seus problemas (KAWAKAMI & NAKANO, 2002). 
A TAA pode ser desenvolvida com diversos grupos, como em programas de 
educação especial (para crianças), centros de acolhimento de menores e prisões, asilos e 
hospitais e clínicas (pacientes em reabilitação, com doenças crônicas, terminais etc) 
(ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). 
2.4 ANIMAIS 
O animal mais utilizado nessa técnica é o cão, devido ao seu histórico de forte 
relação com o homem (PEREIRA & PEDROSO, 2009). A relação homem-animal tem 
se modificado desde os primeiros registros, 30000 anos A.C.. Inicialmente, o papel 
desempenhado pelos animais era de ser útil aos seus donos, caçando e protegendo, 
enquanto que mais recentemente, ele deixou de ser uma aquisição para se tornar, muitas 
vezes, um membro da família (FAURE, 2004). Montagner (apud FAURE, 2004) aponta 
24 
 
duas razões pelas quais os donos de animais de companhia justificam sua relação com 
eles (troca de afeição, sentimento de segurança e afastamento da solidão): o animal 
surge como uma substituição de alguém ou alguma coisa perdida, facilitando um 
processo de luto; além disso, ele valoriza e simboliza certo status social. Pessoas com 
dificuldade de se expressar demonstram, muitas vezes, se sentir mais à vontade ao 
interagir com animais (WULLENS, apud FAURE, 2004), que parecem assumir uma 
posição próxima, sem invadir a privacidade do outro (KAWAKAMI & NAKANO, 
2002). 
2.5 ATIVIDADES DA TAA 
Por definição, o trabalho na TAA deve ser fundamentado e dotado de uma 
finalidade terapêutica. Todas as atividades propostas pela intervenção devem ter como 
objetivo, a melhoria do estado do paciente (KAWAKAMI & NAKANO, 2002). 
Dentre estas atividades, podemos destacar a nomeação de filhotes, seguida do 
exercício de chamá-los, estimulando os pacientes com dificuldade na fala e exercitando 
a memória. Antes da visita do animal, é benéfico apresentar uma foto e perguntar 
características do mesmo, além de conversar sobre lembranças do passado às quais ele 
remete (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). 
Acariciar, pentear e jogar bola para o animal tem sido apontadas como atividades 
que promovem a estimulação da coordenação de movimentos (KAWAKAMI & 
NAKANO, 2002). Além disso, esses simples movimentos permitiriam que o indivíduo 
esquecesse seus problemas (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). 
 
 
25 
 
2.6 EFEITOS 
A TAA tem sido aplicada em diversas áreas, com a alegação de promover 
efeitos psicológicos, como redução de estresse, melhoria do humor, aumento da 
autoconfiança e da autoestima, que repercutiriam na saúde física. Muitos autores 
apontam que a primeira e principal melhoria percebida nos pacientes é permitir o 
processo da comunicação interpessoal, seja entre pacientes e profissionais de saúde ou 
entre seus companheiros de instituição (KAWAKAMI & NAKANO, 2002). Pacientes 
que se recusavam a falar ou ter contato com outras pessoas se permitiriam interagir com 
os animais e descobririam que ele não irá julgar ou discriminar, apenas responder aos 
carinhos (FAURE, 2004). 
Dentre os efeitos subjetivos / motivacionais da TAA, apontados na literatura, estão a 
promoção de relaxamento e aumento da motivação, além da diminuição da solidão – o 
que promove a comunicação (SHIBATA & WADA, 2010; FILAN & LLEWELLYN-
JONES, 2006), a melhoria do humor e o aumento da autoconfiança, que resultam do 
bem estar possibilitado pela socialização facilitada pela presença dos animais 
(EDWARDS & BECK, 2002). 
Além disso, aponta-se a promoção da saúde física através de mecanismos básicos de 
ordem motivacional e de ordem física. Os aspectos físicos incluem o aumento do 
estímulo para prática de exercícios e a redução do risco para determinadas doenças, 
como por exemplo, doenças cardiovasculares (EDWARDS & BECK, 2002; SHIBATA, 
2010). O contato com animais aumentaria o número de células de defesa do organismo, 
deixando-o mais resistente a ácaros e bactérias, o que diminuiria a probabilidade do 
desenvolvimento de alergias, além de aumentar o nível de endorfina, minimizando 
efeitos da depressão (KAWAKANI & NAKAMO, 2002). 
26 
 
A eficácia da TAA com diferentes grupos de pacientes tem sido estudada. Filan e 
Llewellyn-Jones (2006) relatam evidências de aceleração na recuperação de pacientes 
hospitalizados a partir das visitas de animais planejadas e, ainda, uma queda relevante 
dos níveis de estresse causados pela internação. Há evidências de que a presença de um 
cão pode melhorar comportamentos sociais, como sorrisos e risos, em pacientes com 
Alzheimer quando o animal está disponível temporariamente ou permanentemente 
(EDWARDS & BECK, 2002). A presença de um animal de estimação dentro de casa 
pode, na maioria das vezes, trazer mais alegria e aconchego para seus moradores. No 
Canadá há dez anos, criou-se o Serviço Nacional do Cão, projeto que disponibiliza cães 
para ajudar as crianças com autismo a se integrarem melhor na sociedade, controlar seus 
impulsos e reduzir certos comportamentos (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 
2010). 
No Brasil, no estudo de Kawakami e Nakano (2002), foram visitadas quatro 
instituições de São Paulo que ofereciam essa abordagem diferenciada e os autores 
relatam que a introdução do animal transformava o comportamento das pessoas, 
aproximando-as e desinibindo-as. Os autores dizem 
vimos nas pessoas deprimidas pela solidão um 
sorriso verdadeiro, nas crianças castigadas pelo 
tratamento a disposição de crianças saudáveis, e pessoas 
com distúrbios genéticos variados superarem suas 
limitações por causa dos animais. 
 
Filan e Llewellyn-Jones (2006) também relatam suas impressões de que pacientescom Alzheimer, que possuem animais de estimação em casa, apresentaram menor 
índice de agressão verbal quando comparados com pacientes que não possuem. 
Nos anos 70, Samuel Corson e Elisabeth Corson desenvolveram um projeto em um 
hospital psiquiátrico com 50 pacientes introduzindo cães e relataram que os pacientes 
27 
 
que possuíam grande dificuldade de comunicar-se e não respondiam ao tratamento 
usual, se tornaram mais independentes e responsáveis no cuidado com os animais. Já na 
década de 80, outro projeto, agora com animais de companhia e 92 pacientes recém-
saídos de uma unidade de cuidados coronários, também mostrou esse aumento da 
comunicação e de uma pré-disposição maior em lutar pela vida (ARTIME, MARTÍNEZ 
& LLORENS, 2010). 
2.7 CUIDADOS E COMPLICAÇÕES 
Apesar de haver estudos que indicam os efeitos positivos da interação homem-
animal em hospitais e clínicas, há alguns cuidados que devem ser tomados para que a 
proposta possa vir a ser benéfica. Shibata e Wada (2010) afirmam que o paciente deve 
ser notificado a respeito e concordar com a técnica antes de ficar exposto ao animal, 
qualquer que este seja, pois experiências passadas, relacionadas a animais, podem não 
ter sido prazerosas, o indivíduo ter medo ou simplesmente não gostar, pode haver 
problemas de saúde envolvidos, como alergias. Além disso, medidas de segurança 
devem ser tomadas para que o idoso não corra risco de receber mordidas e arranhões, 
desenvolvendo infecções. 
Nos casos onde a presença do animal não se faz possível, vê-se a crescente 
utilização de robôs, observando-se, também, certos benefícios (SHIBATA & WADA, 
2010). Mas, nesses casos, a resposta dos pacientes não se faz tão afetuosa e prazerosa na 
integração (FILAN & LLEWELLYN-JONES, 2006). 
Ao introduzir um animal no ambiente médico/hospitalar, deve-se ter em mente que 
o intuito do trabalho é a melhora do paciente, promovendo sempre os cuidados 
veterinários necessários e periódicos para não colocar em risco a vida dos dois 
envolvidos (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). 
28 
 
 
29 
 
3. TAA NA DEMÊNCIA 
Estudos sobre o uso de TAA em casos de Demência têm investigado 
principalmente seus efeitos sobre o humor, o comportamento e a nutrição, em idosos 
institucionalizados. 
3.1 INFLUÊNCIA DA TAA NO HUMOR E NO COMPORTAMENTO DE 
IDOSOS DEMENCIADOS INSTITUCIONALIZADOS 
McCabe e colaboradores (2002) investigaram o efeito da introdução de um cão 
residente sobre as alterações de comportamento apresentadas por pacientes 
demenciados institucionalizados. Nesse estudo 22 residentes, com idade média de 83,7 
anos, interagiam livremente com um cão, durante 4 semanas. A Nursing Home 
Behavior Problem Scale (NHBPS), escala aplicada antes e depois do período de 
intervenção, mostrou diminuição significativa de transtornos comportamentais 
(agressivo, irracional, sonolento, inapropriado, impróprio e perigoso) no período do dia 
(7h às 15h), embora esta diferença não tenha sido vista no turno da noite (15h às 23h). 
Não houve mudança significativa no uso de medicamentos, quando comparados os 
medicamentos utilizados antes e depois da intervenção. 
 Apesar das evidências da eficácia da TAA com pacientes demenciados, têm sido 
apontadas dificuldades inerentes à interação com animais reais. No Japão, por exemplo, 
tanto hospitais quanto casas geriátricas não costumam aceitar a entrada de animais, 
apesar de conhecerem o trabalho e admitirem os benefícios trazidos pela TAA. Também 
são relatados impactos negativos como reações alérgicas, infecções e mordidas 
(SHIBATA & WADA, 2011). Estas restrições têm motivado a investigação dos efeitos 
do uso de estímulos relacionados a animais ou robôs, em substituição a animais reais. 
Marx e colaboradores (2010) investigaram a diferença no engajamento de 56 residentes, 
30 
 
com média de 87 anos, de duas instituições, com diferentes estímulos relacionados à 
cães: vídeo de filhote, desenho de cão para colorir, cão de pelúcia, cão-robô, cão 
miniatura e cão mediano da raça schnauzer e um poodle standard. Os estímulos foram 
apresentados nessa ordem, um por um, por um mesmo pesquisador. A sessão de 
apresentação da sequencia de estímulos durava cerca de 15 minutos. As emissões 
verbais dos idosos, diante de cada estímulo, foram registradas e classificadas como 
aceite ou recusa. Observou-se maior frequência de atitudes positivas em relação ao cão 
maior, seguida do cão de pelúcia, do vídeo do filhote e do cão robótico (nível de recusa 
22%, 30%, 35% e 36%, respectivamente). Os outros estímulos - o cão médio, cão 
menor e a figura de colorir – promoveram maior recusa (nível de recusa 41%, 45% e 
46%, respectivamente). Pode-se pensar que qualquer estímulo parece ser encarado como 
uma novidade para esses residentes que, normalmente, tem maior parte do seu tempo 
ocioso (cerca de 2/3 do dia), sem companhia ou atividade (22% do tempo sozinho), 
porém, estes dados mostraram que os cães reais promovem um engajamento maior por 
parte dos pacientes. A preferência pelo cão maior pode ser explicada pela maior 
similaridade e popularidade dos cães menores que os tornam comuns; o fator novidade 
sempre é mais engajador (MARX et cols, 2010). 
Banks, Willoughby e Banks (2008) também compararam os efeitos da exposição 
a um cão real e um cão-robô, no tratamento da solidão em idosos asilados. Trinta e oito 
residentes foram divididos em 3 grupos: controle, TAA com cão-robô e TAA com cão 
real. Os sujeitos dos grupos de tratamento receberam a visita individual do cão-robô e 
do cão real, diariamente por 30 minutos, durante 8 semanas. A Escala de Solidão 
UCLA, respondida por todos os participantes, no início e ao final do estudo, mostrou 
melhoria significativamente maior nos níveis de solidão nos grupos de tratamento 
comparados ao grupo controle. Não houve diferença entre os efeitos do cão-robô e do 
31 
 
cão real sobre a solidão. A escala de Apego à Animais de Lexington, aplicada após a 
exposição ao animal real e ao robô, mostrou que houve uma tendência, não significante 
em termos estatísticos, para uma maior aceitação do cão real comparado ao cão-robô. 
Shibata e Wada (2011) investigaram o efeito do uso de um robô interativo e 
autônomo (uma foca chamada Paro) sobre a depressão e o estresse de pacientes e sobre 
o estresse de seus cuidadores. Este tipo de robô age como se respirasse e respondesse 
aos carinhos, estimulando os sentidos visual e tátil dos pacientes A terapia foi 
conduzida de forma a estimular o conhecimento e a experiência das pessoas com 
animais através da interação, trazendo à tona sentimentos relacionados à eles. Paro 
ficava, por uma hora, duas vezes por semana, com aproximadamente 10 pessoas e a 
interação era organizada por 2 cuidadores. Os efeitos foram avaliados pela aplicação aos 
residentes, antes e depois da intervenção, da Face Scale (medida de humor), da escala 
geriátrica de depressão (GDS), de medidas fisiológicas de estresse (hormônios na 
urina). Também foi aplicada uma escala, na equipe de enfermeiros, para avaliar o 
estresse. Houve melhoria no nível de estresse apresentado pelos pacientes e pela equipe. 
Além disso, houve redução dos níveis de depressão e ansiedade nos dias das sessões, 
aumentando a comunicação, socialização e, consequentemente, melhorando o ambiente 
(SHIBATA & WADA, 2011). 
Shibata e Wada (2011) investigaram também os efeitos da TAA com Paro em 
outra instituição, com 28 residentes, com média de 77,5 anos, por períodos mais 
contínuos. Neste caso a interação era livre, com duração de 9 horas e acontecia na área 
pública da instituição, todos os dias, durante um ano. Os participantes foram 
entrevistados para examinar os efeitos psicológicose sociais da introdução do robô no 
pré e pós-experimento e as sessões eram gravadas. Apenas 12 aceitaram participar da 
atividade. Além disso, as mudanças nas reações ao estresse também foram medidas por 
32 
 
hormônios na urina. Aqueles pacientes que tiveram uma maior aproximação com Paro, 
também aumentaram a sua aproximação com outros pacientes, além disso, os exames de 
urina mostraram que as respostas dos órgãos vitais ao estresse foram melhoradas no 
período de dois meses. 
 Com relação aos robôs serem utilizados como uma alternativa à TAA, a sua 
comercialização cresceu bastante em países como Japão, Estados Unidos e Dinamarca, 
a qual, inclusive, promoveu um projeto nacional e introduziu mil unidades de Paros 
espalhados em praticamente todas as instituições para idosos no país. Com custo de 4 
mil dólares e durabilidade de 10 anos (SHIBATA & WADA, 2011), a partir de maiores 
pesquisas, pode-se pensar em algo parecido no país. 
3.2 INFLUÊNCIA DA TAA NA NUTRIÇÃO DE IDOSOS DEMENCIADOS 
INSTITUCIONALIZADOS 
 Edwards e Beck (2002) realizaram um estudo para investigar o efeito da TAA 
sobre a nutrição de pacientes com demência institucionalizados. Este experimento 
observou a influência da presença de um aquário, localizado no refeitório de duas 
instituições, sobre a nutrição. Um total de 62 participantes, residentes de 3 unidades 
especializadas em demência, com idade média de 80,1 anos, foram divididos em dois 
grupos: controle/tratamento (45) e tratamento (17). Cada participante, dos dois grupos, 
era pesado todo começo de mês, durante os 4 meses do início da terapia. A dieta dos 
pacientes foi mantida constante em sua composição e a comida era pesada antes e após 
o término das refeições. No grupo de tratamento o aquário foi introduzido por 8 
semanas. No grupo controle/tratamento, inicialmente, foi introduzida, por duas 
semanas, uma paisagem de oceano no refeitório para observar se o efeito da mudança 
no ambiente, por si só, influenciaria as variáreis nutricionais. Em seguida foi feita a 
33 
 
retirada dessa imagem e, duas semanas depois, as variáveis nutricionais foram medidas 
novamente. Finalmente, foi introduzido o aquário, por oito semanas. Nenhuma 
diferença significativa foi observada no período pré e pós-exposição da paisagem, no 
grupo controle/tratamento. De maneira geral, nos dois grupos de tratamento, houve um 
aumento da ingestão de nutrientes no período de exposição ao aquário, que se manteve 
por até seis semanas. Com relação ao peso corporal, houve um aumento significativo 
com relação aos 62 participantes. De modo geral, os residentes passaram a permanecer 
mais tempo no refeitório observando o aquário e ingeriam mais alimentos. 
 
34 
 
4. CONCLUSÃO 
O envelhecimento e, em particular, a demência trazem mudanças psíquicas e físicas. 
Nessa fase da vida, uma série de fatores, somada ao aumento da expectativa de vida 
mais recente, faz com que o idoso se sinta perdido com relação às perspectivas do 
futuro. Seja a partir de crenças pessoais ou de estereótipos impostos pela sociedade, o 
idoso acaba, muitas vezes, por se colocar no papel de um ser doente à espera da morte 
(PY, 2004). Culturalmente, a fragilidade exposta pelas mãos delicadas e o corpo 
encurvado torna-se determinista da condição do idoso e este não pode ocupar nenhum 
outro lugar além da imagem desfavorável que acompanha o processo de envelhecimento 
(AGRA DO Ó, 2008). Depressão (SHIBATA & WADA, 2011; KAWAKANI & 
NAKAMO, 2002), sentimentos de solidão (BANKS, WILLOUGHBY & BANKS, 
2008) e baixa autoestima são constantes nessa fase da vida, principalmente se o sujeito 
encontra-se em um ambiente fora daquele com o qual está acostumado, como uma 
instituição. 
As alterações do humor são acentuadas na presença de doenças e principalmente 
nas demências. A elas somam-se ainda as alterações do comportamento, resultantes 
direta e indiretamente do comprometimento neurológico. Além disso, o prejuízo 
nutricional muito frequente nas demências, acentua os efeitos deletérios das demências 
sobre os indivíduos (PEREIRA, PEREIRA & FERREIRA, 2007; EDWARDS & 
BECK, 2002). 
Estudos sobre o uso de TAA em casos de Demência têm mostrado seus efeitos 
sobre o humor, o comportamento e a nutrição, em idosos institucionalizados. No 
entanto, de modo geral, estes estudos apresentam muitas fragilidades metodológicas. 
Em grande parte dos estudos de TAA as atividades desenvolvidas com os animais e os 
35 
 
protocolos de observação utilizados são pouco especificados, não possibilitando a 
compreensão exata de como as atividades de interação com os animais foram 
desenvolvidas. As evidências são, em grande parte, de atividades ecológicas e com 
pouco material padronizado (WILLIAMS & JENKINS, 2008). Isto contraria a própria 
definição de TAA, que envolveria um planejamento metodológico cuidadoso, com a 
construção de um programa específico voltado para as necessidades particulares do 
paciente, levando em conta o histórico clínico, incapacidades e personalidade (FROMA, 
2009). 
Apesar da pouca especificação das atividades desenvolvidas na TAA com pacientes 
demenciados, alguns estudos já se utilizam de medidas objetivas do comportamento e 
do humor e desenhos experimentais que permitem maior controle de variáveis e a 
mensuração menos parcial dos efeitos das intervenções. 
Para próximos estudos, faz-se necessário analisar questões como a duração da 
interação com o cão e quais as atividades com maior engajamento e resultados em longo 
prazo (MCCABE et cols, 2002). Também é necessário verificar de forma mais 
detalhada as influências no ambiente da instituição e como se dá a mudança na interação 
do paciente demenciado e a equipe (EDWARDS & BECK, 2002). Além disso, a 
duração dos efeitos precisa ser melhor investigada, pois os estudos se baseiam na 
melhora durante a intervenção com os animais e não no efeito duradouro após a sua 
retirada (FILAN & LLEWELLYN-JONES, 2006). 
No Brasil, essa técnica ainda não está tão difundida quanto em outros países, 
como EUA (EDWARDS & BECK, 2002; MARX et cols, 2010), Inglaterra (WILLIAM 
& JENKINS, 2008) e Japão (SHIBATA & WADA, 2011) e sua aplicação mais 
conhecida é a equoterapia, utilizando cavalos para a reabilitação de crianças com algum 
36 
 
tipo de síndrome ou deficiência. O estado de São Paulo detém grande parte dos estudos 
e cursos relacionados a essa abordagem, com projetos e programas voltados para os 
mais diferentes públicos (PEREIRA, PEREIRA & FERREIRA, 2007). 
Como a ocorrência da doença de Alzheimer vem aumentando progressivamente, 
muitos programas com TAA estão voltados para esse grupo de pacientes, 
principalmente quando se leva em conta os benefícios que vem sendo observados 
(ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). Vê-se uma necessidade de maiores 
estudos e investimento nessa prática no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
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