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FARMACOCINÉTICA Profª Dra. Bianca Arnone Medicamento ou Droga: “Toda substância contida em um produto farmacêutico, empregado para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a que se administra e que tem por finalidade prevenir, diagnosticar e tratar enfermidades.” (OMS) “Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico (Lei nº 5.991, de 17/12/73). É uma forma farmacêutica terminada que contém o fármaco, geralmente em associação com adjuvantes farmacotécnicos.” (ANVISA, RDC nº 135 de 29/05/2003) Nome do medicamento nome químico: descreve a estrutura atômica ou molecular da substância. nome genérico (não registrado): dado por uma organização oficial, a United States Adopted Names Council (USAN). nome comercial (registrado ou de marca): escolhido pela companhia farmacêutica que fabrica o produto. Princípio ativo: é a substância do medicamento que provoca ação terapêutica. Genérico: é o medicamento que possui o mesmo princípio ativo, as mesmas características e a mesma ação terapêutica que um de marca, pesquisado e desenvolvido por outro laboratório farmacêutico, normalmente multinacional, cuja patente já está vencida. Similar: é uma medicamento que “copia” os chamados remédios de marca, propondo-se a manter equivalência terapêutica com os mesmo. Efeitos colaterais • Representam os sinais e sintomas que ocorrem nas doses terapêuticas recomendadas, estando relacionados às propriedades farmacológicas do fármaco. • Conclui-se, portanto, que o efeito colateral é previsível durante a administração dos fármacos. Assim, a escopolamina, a qual é um antiespasmódico devido às suas ações anticolinérgicas, ocasiona retenção urinária como efeito colateral. Reação adversa • consiste em resposta nociva, indesejada e não intencional do organismo frente ao fármaco administrado em doses terapêuticas. • Os antinflamatórios não esteróides, como é o caso do diclofenaco, mesmo administrados em doses terapêuticas promovem hemorragia gástrica. Posologia • Trata-se da substância ativa prescrita pelo médico em quantidade por administração, a via pela qual o medicamento será administrado e frequência. A ação de fármacos no organismo depende, basicamente, de três etapas distintas: 1- Fase Farmacêutica: consiste na fase de disponibilidade farmacêutica do fármaco ao organismo. - As características físico-químicas do fármaco, bem como da forma farmacêutica são determinantes nesta fase para que o fármaco desempenhe seu efeito biológico. 2- Fase Farmacocinética: compreende a absorção, a distribuição, o metabolismo ou biotransformação e a excreção do fármaco e de seus subprodutos de biotransformação do organismo 3- Fase Farmacodinâmica: esta fase estuda os processos que envolvem a interação do fármaco e/ ou subprodutos nos locais de ação do organismo. Ação do fármaco Impressão causada pela substância num órgão, tecido ou em todo organismo. Ação qualitativa: atividade local: este fármaco não precisa ser absorvido pelo organismo para atuar (ex. uso tópico) atividade geral: etiotrófica: age contra o agente que provoca a doença (ex. antibióticos). eletiva: atua eletivamente num determinado local do organismo, ou seja, atua de preferência em determinados setores. Ação quantitativa: levemente modificadora: ação passa desapercebida energética útil: concorre para a cura do doente. nociva: é prejudicial ao doente. Efeito do fármaco É a exteriorização da sua ação. Aplicação da injeção de adrenalina Acelera o ritmo cardíaco Força contrátil do músculo cardíaco Contrai os vasos Efeito benéfico: aumento de pressão arterial Efeito adverso: palidez, sudorese e cefaléia occipital ou suboccipital Ação do fármaco Interações drogas-nutrientes Efeito das drogas Efeitos terapêuticos ou colaterais das medicações Estado nutricional Dieta, uso de suplementos, estado nutricional Toxicidade de uma droga Eficácia de uma droga INTERAÇÕES DROGAS-NUTRIENTES Dose da droga administrada Concentração da droga na circulação sistêmica Concentração da droga no local de ação Droga nos tecidos de distribuição Droga metabolizada ou excretada Efeito farmacológico Resposta clínica Toxicidade Eficácia ABSORÇÃO DISTRIBUIÇÃO As interações drogas-nutrientes podem ser divididas em dois tipos: interações farmacodinâmicas Afetam a ação farmacológica da droga. interações farmacocinéticas Afetam a movimentação da droga para dentro, por toda parte ou para fora do corpo. FARMACOCINÉTICA X FARMACODINÂMICA Avalia o que o organismo faz com o fármaco: absorção do fármaco distribuição do fármaco biotransformação eliminação do fármaco Relação dose-concentração Avalia o que o fármaco faz no organismo: mecanismo de ação efeitos bioquímicos efeitos fisiológicos Relação concentração-efeito Determinam a rapidez e o tempo levado para a droga aparecer no órgão alvo A resposta e a sensibilidade determinam a magnitude do efeito de determinada concentração FARMACOCINÉTICA Administração, Distribuição e Eliminação dos fármacos Administração Absorção Distribuição Eliminação Rins Depuração renal: eliminação da droga inalterada na urina Fígado Biotransformação do composto original em um ou + metabólitos e/ou excreção da droga inalterada na bile Biotransformação Administração Pela boca (via oral) Vantagens: mais conveniente, segura e barata. Absorvidos pelo trato gastrointestinal Vantagem: Seguro/Econômico Desvantagem: Patologias do sistema digestivo, pH gástrico e presença de alimentos/absorção VIA ORAL Por injeção: - sob a pela (via subcutânea): a agulha é inserida por baixo da pele. Depois de injetada, a droga chega aos pequenos vasos e é transportada pela corrente sanguínea. - É utilizada para muitos medicamentos protéicos, como a insulina, que poderiam ser digeridos no trato gastrointestinal se fossem tomados pela boca. Farmacocinética - no músculo (via intramuscular): é preferível à via subcutânea quando há necessidade de maiores volumes do medicamento. É utilizada uma agulha mais comprida. - na veia (via intravenosa) : pode ser mais difícil que as demais, especialmente em pessoas obesas. Seja em dose única ou em infusão contínua, é o melhor modo de administrar medicamentos com rapidez e precisão Via sublingual: - absorção direta pelos pequenos vasos sanguíneos ali situados. Atinge a circulação geral, sem passar através da parede intestinal e pelo fígado - utilizado para pessoas que não podem tomar o medicamento por via oral em razão de náuseas, impossibilidade de engolir ou alguma restrição à ingestão (p.ex. após cirurgia). Instilados no olho (via ocular): Aplicados à pele para efeito local (tópico) para efeito sistêmico (transdérmica) aplicação de um emplastro à pele penetração na pele corrente sanguínea liberação lenta e contínua (horas ou dias) irritação da pele Por borrifação dentro do nariz (via nasal) dentro da boca (inalação) Sublingual: Absorção através de pequenos vasos sangüíneos. Exemplo: Nitroglicerina (Angina) Retal: Uso em quadros de vômitos, tratamento local ou inconscientes. Evita 1ª Passagem (Fígado): Fármacos (Veia Cava Inferior) Supositórios: absorção irregular e irritação local. IV – Intravenosa: não pode ser: hemolítica,cáustica, não coagular as albuminas, não produzir embolia ou trombose, não conter pirogênio. Aplicação: Deve ser administrada lentamente e com monitorização constante IM - Intramuscular Tópica – (mucosa, pele e olho) Intra-arterial Intraperitoneal Absorção Pulmonar VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Concentração - Pico 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 20 30 60 120 180 minutes co nc en tra tio n IV Oral Rectal PROCESSOS FARMACOCINÉTICOS (Resumo) Absorção É o processo do movimento da droga do local da administração para a corrente sanguínea. Este processo é dependente de: via de administração; da substância química da droga e a sua capacidade de cruzar membranas biológicas; da taxa de esvaziamento gástrico (para drogas administradas oralmente) e movimento gastrointestinal; da qualidade da formulação do produto. O alimento, componentes alimentares e suplementos nutricionais podem interferir no processo de administração. Quando a droga é administrada oralmente. ABSORÇÃO Fonte: http://www.fotosearch.com/u13132187 Passagem da droga do seu local de aplicação até a corrente sangüínea. Fatores Envolvidos da Absorção: Concentração Lipossolubilidade Peso Molecular Grau de Ionização Vascularização Superfície de Absorção Permeabilidade Capilar Ligados aos Medicamentos Ligados ao Organismo Via de Administração, características fisiopatológicas, idade, sexo, peso corporal e raça do paciente. Distribuição Ocorre quando a droga deixa a circulação sistêmica e se desloca para várias regiões do corpo. as áreas corporais de distribuição variam com as diferentes drogas (depende da substância química de da capacidade de cruzar as membranas biológicas); a taxa e extensão de fluxo sanguíneo para um órgão e tecido afetam a quantidade de droga que atinge a área; muitas drogas são altamente ligadas a proteínas plasmáticas (p.ex. albumina). Biotransformação (=metabolismo) Ocorre principalmente no fígado, apesar de outros órgãos contribuírem em menor grau. Ativação da droga (ativar drogas originalmente inativas; alterar perfil farmacocinético; formar metabólitos ativos); Inativação da droga (detoxificar; inativar compostos ativos); Facilitar a excreção (formar produtos mais polares; formar produtos menos lipossolúveis). FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO DOS FÁRMACOS Excreção Ocorre principalmente por via renal, seja por filtração glomerular ou secreção tubular. Em menor grau, as drogas podem ser eliminadas na bile e em outros fluidos corporais. * Em certos casos, uma alteração no pH da urina pode fazer com que drogas que atingiram o túbulo renal retornem à corrente sanguínea (reabsorção tubular). * A dose recomendada de uma droga pressupõe função normal do fígado e rim. Meia vida (t ½) É o tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado fármaco seja reduzida até a metade do seu nível de estado de equilíbrio. EXCREÇÃO: • Urina e fezes são as vias mais comuns de excreção; • Bile, pulmões, leite e suor também são vias de excreção. MECANISMO TUBO CONTORCIDO PROXIMAL- secreção ativa (medicamento livre e ligado) TUBO CONTORCIDO DISTAL GLOMÉRULO FILTRAÇÃO GLOMERULAR ALÇA DE HENLE CANAL COLETOR (medicamento livre) Reabsorção passiva (medicamento lipossolúvel não ionizado) MECANISMO • filtração glomerular ao nível do glomérulo, não permitindo a difusão de compostos de baixo peso molecular, • excluindo as proteínas, principalmente a albumina. MECANISMO • Secreção tubular permitindo a passagem direta de substâncias de células em direção ao tubo onde se forma a urina. • Reabsorção tubular que permite às substâncias que tenham sido filtradas, passar novamente pelas células e desaparecer da urina. • Então um medicamento pode ser filtrado, secretado ou reabsorvido. Excreção renal: • Filtração glomerular e secreção tubular ativa. A excreção renal de metabólitos está diretamente relacionada à capacidade de excreção de creatinina. • Alterações no pH ou no fluxo urinário interferem na excreção renal das drogas. • Variação do pH pode aumentar, por exemplo, a fração da droga não-ionizada, promovendo reabsorção tubular. • O aumento do fluxo diminui o tempo de contato, diminuindo a reabsorção tubular. Excreção pelo trato digestivo: • Tempo de trânsito intestinal. • Alguns metabólitos de drogas excretados na bile são hidrolisados, liberando a droga original, resultando em reabsorção e prolongamento do efeito → circulação enteroepática. Excreção pelo trato digestivo: • É grande a semelhança entre este mecanismo e aquele relacionado à secreção urinária dos medicamentos: - Necessita de um aporte energético. - Pode estar saturado - Pode induzir a fenômenos de competição. Excreção pelos pulmões: • Via principal de eliminação dos anestésicos gerais. • O etanol também, mas não preferencialmente (teste do “bafômetro”). Eliminação Pediátrica • Filtração Glomerular amadurece com a idade, valores dos adultos atingidos pelos 3 anos de idade • Recém-nascido = fluxo sanguíneo renal, filtração glomerular e função tubular diminuídas, o que atrasa a eliminação das drogas • Aminoglicosidos, cefalosporinas, penicilinas = intervalo entre doses superior Princípios Farmacocinéticos • “Steady State”: a quantidade de droga administrada é igual à quantidade de droga eliminada dentro de um intervalo de doses, resultando num plateau ou nivel sérico da droga constante • Drogas com semi-vida curta atingem o “steady state” rapidamente; drogas com semi-vida longa demoram dias a semanas a atingir o “steady state” Exercícios em grupo Questões 1) Um paciente poli traumatizado, em recuperação pós- operatória necessitará para sua recuperação de tratamento medicamentoso e fisioterapia. a)Como o medicamento age? b) Qual a melhor forma de administração? c) Quais as influências exercidas para a ação do medicamento visando o êxito do tratamento total do paciente? 2) Descreva cada processo que contem a fase da farmacocinética e possíveis fatores que podem interferir. 3- Porque é perigoso a administração medicamentosa em recém- nascidos? FARMACODINÂMICA PRINCÍPIOS DA FARMACODINÂMICA (o que o fármaco faz ao organismo) ligação droga – receptor AÇÃO EFEITO Alterações bioquímicas ou fisiológicas que modificam as funções celulares. Específica: combate diretamente a causa das doenças (ex. antibióticos) Inespecífica: somente alivia as manifestações (ex. analgésicos) Consequência da ação, clinicamente observável ou mensurável. Receptores farmacológicos “Qualquer componente biológico que interage, especificamente, com uma molécula de droga, produzindo um efeito.” AÇÃO Sítios de ação Local de atuação de determinado fármaco. Reversibilidade dos efeitos do fármaco, após rompimento do complexo FR. Ideal para fármacos que atuem nos receptores do nosso organismo. FORÇAS DE INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR FORÇAS DE INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR QUIMIOTERÁPICOS Forças Relativamente mais Fortes Ligações Covalentes Exercem ação tóxica (prolongada) contra organismos patogênicos e outras células estranhas ao nosso organismo. Teoria de Ariëns (1954) – Teoria da atividade intrínseca Para produzir efeito não é necessária somente a formação do complexo F-R. O efeito farmacológico é proporcional à: Afinidade do fármaco pelo receptor para formar o complexo F-R. Atividade intrínseca ( ) é uma medida da capacidade dofármaco em produzir um efeito farmacológico quando ligada ao seu receptor (podendo variar de 0 a 1). Drogas agonistas -Quando a droga ativa ou estimula seus receptores, disparando uma resposta que aumenta ou diminui a função celular. -Possuem as duas propriedades: AFINIDADE (devem ligar-se efetivamente aos seus receptores) e ATIVIDADE INTRÍNSECA (complexo F-R deve ser capaz de produzir uma resposta no sistema-alvo). Agonistas Totais Têm afinidade pelo receptor Produzem efeito máximo ( = 1) Podem produzir efeito máximo ocupando pequeno número de receptores. Mesmo em pequenas doses podem produzir resposta máxima (de acordo com sua eficácia) Agonistas Parciais Têm afinidade pelo receptor NÃO produzem efeito máximo (0< <1) Também são denominados antagonistas parciais, porque impedem que um agonista total se ligue ao receptor desencadeando seu efeito máximo. Drogas antagonistas Quando a droga se liga ao receptor, bloqueia o acesso ou a ligação dos agonistas a seus receptores. São utilizados principalmente no bloqueio ou diminuição das respostas celulares aos agonistas (comumente neurotransmissores) normalmente presentes no corpo. Ex. agonista dos receptores adrenérgicos albuterol (relaxa os músculos lisos dos bronquíolos) - antagonista dos receptores colinérgicos ipratrópio (bloqueia o efeito broncoconstritor da acetilcolina). Apresenta AFINIDADE. Pouca ou nenhuma ATIVIDADE INTRÍNSECA (sua função consiste em impedir a interação das moléculas agonistas com seus receptores). INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR INTERAÇÃO FÁRMACO – RECEPTOR RELAÇÃO ENTRE A DOSE DO FÁRMACO E A RESPOSTA CLÍNICA Potência Refere-se à quantidade de medicamento (expressa em mg) necessária para produzir um efeito, como o alívio da dor ou a redução da pressão sangüínea. Ex. 5mg da droga B alivia a dor com a mesma eficiência que 10mg da droga A. Eficácia Refere-se à resposta terapêutica máxima potencial que um medicamento pode produzir. Ex. Diurético Furosemida elimina muito mais sal e água por meio da urina, que o diurético Clorotiazida. Considerações finais
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