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Resumo De Direito Penal I

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RESUMO DE DIREITO PENAL I 
CONCEITO E FINALIDADE: 
 A infração penal pode ser conceituada segundo três critérios distintos: formal, material e analítico.
a) Pelo critério formal (ASPECTO FORMAL), a infração penal é aquela definida pelo direito positivo, que corresponde ao fato ao qual a ordem jurídica associa a sanção penal como conseqüência.
 b) Segundo o conceito material (ASPECTO SOCIOLOGICO), infração penal é a conduta humana que gera lesão ou perigo a um interesse penalmente relevante. O conceito material enfatiza a proteção ao bem jurídico. 
c) Pelo conceito analítico, decompõe-se a infração penal em suas partes constitutivo-fato típico, antijurídico e culpável.
a) Conduta humana (não há crime sem conduta humana – ação ou omissão)
 b) Tipicidade – conseqüência do princípio da legalidade. A tipicidade cria o mandamento proibitivo, prevendo abstratamente as condutas puníveis.
 c) Antijuridicidade. (Contrariedade formal e material ao direito
 d) Culpabilidade. Antigamente concebido como dolo e culpa, atualmente é concebido como um juízo de censura sobre o agente.
Direito Penal - é o conjunto de normas, condensadas num único diploma legal, que visam tanto a definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de sanção para os imputáveis e medida de segurança para os inimputáveis, como também a criar normas de aplicação geral, dirigidas não só aos tipos incriminadores nele previstos, como a toda legislação penal extravagante, desde que esta não disponha expressamente de modo contrário. 
Finalidade do Direito penal – É proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade (ou essenciais ao individuo e a comunidade) 
Direito Penal Objetivo – é o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança, bem como todas as outras que cuidem de questões de natureza penal, estejam ou não codificadas.
Direito Penal Subjetivo – é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Judiciário. É O PRÓPRIO JUS PUNIENDI. 
 Direito de punir estatal está limitado no modo, pois deve respeito aos direitos e garantias fundamentais como, por exemplo, o devido processo legal. Encontra limites no  espaço (PRINCIPIO DA TERRITORIALIDADE), pois, em regra, aplica-se a lei penal aos fatos praticados no território brasileiro. No tocante ao limite temporal, o direito de punir do Estado não é eterno, e a prescrição é o melhor exemplo desta limitação, sendo a perda da pretensão punitiva ou executória em razão do decurso do tempo. 
Modelo penal Garantista 
é aquele conjunto de vínculos e regras racionais impostos a todos os poderes do estado na tutela dos direitos de todos representa o único remédio para os poderes selvagens. Isso é tutelar os direitos contra irracionalidade dos poderes contra o arbítrio. Os direitos fundamentais direitos humanos constitucionalizados adquirem, portanto, a função de estabelecer o objetivo e os limites do direito penal nas sociedades democráticas. 
Direito penal do inimigo 
Criminologia - Ciência empírica que estudar o crime, a pessoa do criminoso da vitima e o comportamento da sociedade. Objeto “o crime enquanto fato ‘ 
POLITICA CRIMINAL - Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade. OBJETO: O crime enquanto valor.
AS VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
A noção de “velocidades do Direito Penal” foi idealizada por Jesuás-María Silva Sánchez. Trabalha com o tempo que o Estado leva para punir o autor de uma infração penal, mais ou menos grave.
 (Á) 1º a velocidade enfatiza as infrações penais mais graves, punidas com penas privativas de liberdade, exigindo, por este motivo, um procedimento mais demorado, que observa todas as garantias penais e processuais penais.
 (B) 2° velocidade relativiza, flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais célere, mas, em compensação, prevê como consequência jurídica do crime sanção não privativa de liberdade (penas alternativas). ' 
(C) 3° velocidade do Direito Penal, mesclando-se as duas anteriores. Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1º velocidade), permitindo, para determinados crimes (tidos como mais graves), a flexibilização com eliminação de direitos e garantias constitucionais (2a velocidade), caminho para uma rápida punição. O Estado responde de forma intensa (nem sempre sinônimo de justiça) e célere. Essa velocidade está presente na condução do Direito Penal do Inimigo. 
 ILICITO PENAL 
CRIME / CONTRAVENÇÃO PENAL 
CRIME – FATO TIPICO 1° PRIVATIVA DE LIBERDADE 
 + 
 ILICITO 2° Restritiva de direito 
 + 
 Culpável 3° Multa 
I – NORMA PENAL 1. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL
NORMA PENAL- A proibição e o mandamento que vêm inseridos na lei são reconhecidos como normais penais espécies do gênero e normas jurídicas que na definição que são aquelas cuja execução é garantida por uma sanção externa e institucionalizada.
NORMAS PENAIS SERIAM:
Espírito De Lei 
Proibição + Ação+ dever de não agir 
Mandamento + omissão + dever de agir 
3. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS
Existem diversas classificações das normas penais, sendo que a mais importante pode ser feitas de acordo com o seguinte critério:
a) leis penais incriminadoras! É a proibição ou mandamento contido na lei . é aquela que define um crime e impõe uma sanção : 
Exemplo: artigo 155 do código penal 
b) Normas penais não-incriminadoras – subdividem-se em três modalidades:
 Normas permissivas (definem casos de exclusão de ilicitude ou de culpabilidade de certas condutas típicas)
Normas penais finais, complementares ou explicativas (enunciam conceitos e delimitam o âmbito de sua aplicação)
Normas Justificantes é aquela utilizada para viabilizar a tipicidade de alguns fatos como fazem os artigos 14 II e o artigo 29 do código penal o tentativa e a participação ( em sentido estrito ) seriam condutas atípicas não fossem tais normas . Causas excludente de ilicitude 
NORMA PENAL EM BRANCO – OU PRIMARIAMENTE REMETIDAS – É uma norma penal incriminadora cujo conteúdo está incompleto. A leitura do tipo, por si só, não dá certeza da existência do crime, sendo necessário analisar outro ato normativo para completar a norma. 
NORMA PENAL EM BRANCO em sentido amplo, homogêneas ou de complementação homóloga: quando a norma que complementa seja da mesma fonte legislativa da norma penal em branco. Seu complemento é um ato normativo do poder legislativo ( a lei). Ex: art. 327 (conceito de funcionário público) c/c art. 312 do CP. Ex: art. 237 do CP c/c 1521 do Código Civil (conceito de impedimentos).
NORMA PENAL EM BRANCO em sentido estrito ou heterogênea: São aquelas que encontram o seu complemento em uma fonte legislativa diversa daquela que a editou. Ex: para saber o que é droga, precisamos da Portaria da ANVISA – elaborada pelo Poder Executivo e não pelo Legislativo. Ex: art. 269 do CP – o Ministério da Saúde é quem define as doenças. OBS:
TIPOS PENAIS ABERTO: é aquele cujo preceito primário também está em aberto e precisa de complementação, porém essa complementação deriva da DOUTRINA e não da lei. Ex: os crimes culposos. 
TIPOS PENAIS IMPERFEITOS: são tipos em que não há uma previsão clara sobre a sanção imposta no crime. Ex: art. 304, o preceito secundário está em aberto. 
ART.304 é exemplo de norma penal em branco no preceito primário e imperfeita no secundário. 
OBS 2: Majoritariamente é aceito que as normas penais em branco não ferem o Princípio da Legalidade pois a conduta proibida está definida em lei e o complemento é um elemento do tipo previsto em lei. 
LEI PENAL:
PRECEITO PRIMÁRIO: hipótese legal ou fática. É a parte que descreve a conduta que por ação ou omissão se realizada levará a aplicação de uma pena. 
PRECEITO SECUNDÁRIO– Consequência ou efeito jurídico. É o setor que tem como função descrever qual é a pena a ser imposta pelo sujeito que realizou a conduta descrita no preceito primário. Há duas espécies de punição: pena privativa de liberdade, restritivas de direito e multa – art. 32 do CP. 
FONTES DO DIREITO PENAL
Quando estudo fontes do direito penal, eu estudo a origem, o lugar de onde vem e como se exterioriza a norma jurídica. É esse o estudo das fontes do direito penal. São duas as espécies de fontes do direito penal:
Fonte MATERIAL – quando se fala em fonte material, a referência que se faz é à fonte de produção. Isto é, o órgão encarregado de criar direito penal, o ente encarregado de criar o direito penal
Fonte FORMAL – quando se fala em fontes formais, a referência que se faz é às fontes de revelação, ou seja, a forma de exteriorização do direito penal. Atenção: a fonte material seria a fábrica, a fonte formal, o veículo de revelar o que lá é fabricado
As fontes formais são tradicionalmente classificadas em:
Imediata: a lei é a única fonte formal imediata do direito penal
 Mediata: abrange os costumes e os princípios gerais de direito. 
Fonte Formal Imediata –
 Lei 
Constituição Federal,
Os Tratados e convenções internacionais de direitos humanos,
 Jurisprudência.
A lei
(Única capaz de regular a infração e a sua pena – é exclusiva na criação de crimes e cominação de penas); permanece figurando como fonte formal imediata, sendo o único instrumento normativo capaz de criar infrações penais (crimes e contravenções penais) e cominar sanções (pena ou medida de segurança).
A Constituição Federal situa-se no rol das fontes imediatas. Muito embora a lei detenha a exclusividade no tocante à criação das infrações penais e das respectivas sanções, não se pode deixar de constatar que a Carta Magna nos revela direito penal, estabelecendo alguns patamares abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir.
Crime Hediondo
É o crime considerado de extrema gravidade. Em razão disso, recebe um tratamento diferenciado e mais rigoroso do que as demais infrações penais. É considerado crime inafiançável e insuscetível de graça, anistia ou indulto.
Crime Ambiental
 São considerados crimes ambientais as agressões ao meio ambiente e seus componentes (flora, fauna, recursos naturais, patrimônio cultural) que ultrapassam os limites estabelecidos por lei. Ou ainda, a conduta que ignora normas ambientais legalmente estabelecidas mesmo que não sejam causados danos ao meio ambiente. 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- los para os presentes e futuras gerações 
Art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
Primeira entende ser impossível que a pessoa jurídica pratique crime e que seja responsabilizada penalmente, pois isso equivaleria à responsabilidade penal objetiva, repudiada pelo ordenamento jurídico pátrio (“societas delinquere non potest”). 
Segundo entendimento é no sentido de que a pessoa jurídica pratica crime ambiental, por previsão constitucional e legal (Lei 9.605/98), logo pode ser responsabilizada penalmente – a CF/88 pode excepcionar-se a si mesma (“societas delinquere potest”).
TERCEIRO orientação, adotado pelo STJ, é o de que a pessoa jurídica não pode praticar crime, mas pode ser penalmente responsabilizada nas infrações contra o meio ambiente, pois em verdade há responsabilidade penal social. Para esta corrente, há de terceira o princípio da dupla imputação, ou seja, jamais a pessoa jurídica pode aparecer na ação penal de forma isolada, mas deve sempre estar junto com a pessoa física responsável pelo ato criminoso.
É quarto entendimento que vem prevalecendo, sendo que a responsabilidade se dá nos termos do que a Lei de Crimes Ambientais (art. 3º) prevê, ou seja, a pessoa jurídica será responsabilizada penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade, sendo que a responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Racismo
 É a convicção sobre a superioridade de determinadas raças, com base em diferentes motivações, em especial as características físicas e outros traços do comportamento humano. (Art. 5° XLIV CF)
Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos Podem ser definidos como estipulações formais entre dois ou mais Estados, ou ainda, entre outras pessoas de Direito Internacional Público, mediante as quais se cria, modifica ou se extingue uma determinada relação jurídica (art. 5° § 3°cf.) 
Se ratificados por quorum especial, entram com status de emenda constitucional – art. 5º, § 3º da CRFB.
Se ratificados por quorum comum, entram com status supralegal, ou seja, superior à lei. Isso significa que a lei tem que obedecer à Constituição e também aos tratados supralegais. RE 466343
 A jurisprudência adquiriu novos contornos e importância no cenário jurídico-penal, passando a ser fonte imediata reveladora de direito. É o que ocorre de forma evidente com as súmulas vinculantes 
Os princípios, que muitas vezes conduzem absolvição ou redução de pena, constituem também fonte imediata. Note-se, por exemplo, o efeito que a aplicação do princípio da insignificância tem, na condição de excludente da tipicidade material (vide tópico sobre princípios). 
Por fim, os complementos da norma penal em branco seguem a lei, de modo que se incluem também neste rol de fontes imediatas do Direito Penal.
Fontes Formais Mediatas – Fonte formal mediata Dentro desta moderna perspectiva das fontes do Direito Penal, figura como fonte mediata apenas a doutrina. 
FONTE INFORMAL DO DIREITO PENAL (COSTUMES) 
Os costumes são comportamentos uniformes e constantes (elemento objetivo) pela convicção de sua obrigatoriedade (elemento subjetivo). Aparecem como fonte informal do Direito Penal
Contravenção jogo do bicho 
Pirataria 
Casa de prostituição 
Princípios penais.
A) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL (CONSTITUCIONAIS):
Podem ser divididos em quatro grupos:
	Princípios relacionados com a missão fundamental do Direito Penal
	1) princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos;
2) princípio da intervenção mínima.
	
	
	Princípios relacionados com o fato do agente
	 1) princípio da materialização do fato;
2) princípio da legalidade;
3) princípio da ofensividade ou lesividade.
	
	
	Princípios relacionados com o agente do fato
	1) princípio da responsabilidade pessoal;
2) princípio da responsabilidade subjetiva;
3) princípio da culpabilidade;
4) princípio da igualdade;
5) princípio da presunção de inocência ou não-culpa.
	
	
	Princípios relacionados com a pena
	1) princípio da proibição da pena indigna;
2) princípio da humanidade das penas;
3) princípio da proporcionalidade;
4) princípio da pessoalidade ou personalização da pena;
5) princípio da vedação do bis in idem.
1º GRUPO: PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL:
1) PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS: nenhuma criminalização é legítima se não visa evitar a lesão ou o perigo de lesão a um bem juridicamente determinável.
Bem jurídico – conceito – todos os dados que são pressupostos de um convívio pacífico entre os homens, fundado na liberdade e igualdade (Roxin).
Tal princípio impede que o Estado utilize o Direito Penal para a proteção de interesses ilegítimos.
2) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: o Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário (subsidiariedade e fragmentariedade são características da intervençãomínima). Vejamos:
a) subsidiariedade – a sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle – ultima ratio;
b) fragmentariedade – observa somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
	Princípio da Insignificância – desdobramento lógico da fragmentariedade – critérios de aplicação STF/STJ:
1) mínima ofensividade da conduta do agente;
2) nenhuma periculosidade social da ação;
3) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4) inexpressividade da lesão provocada.
Considerações – Jurisprudência:
 Há julgados do STF analisando a realidade econômica do país;
 O STJ analisa o significado do bem jurídico para a vítima;
 O STF admite o princípio da insignificância nos delitos contra a Administração Pública;
 O STJ, em regra, não admite o princípio da insignificância em crimes contra a Administração Pública;
 STF e STJ não aplicam tal princípio no delito de moeda falsa – bem jurídico tutelado é a fé pública;
 Temos decisões no STF e STJ não aplicando o princípio quando se trata de réu reincidente ou criminoso habitual – crítica: a insignificância está no fato e não no agente. Passa a trabalhar com o Direito Penal do Autor. Assim, os antecedentes do agente não devem ser levados em conta no princípio da insignificância, sob pena de restauração do Direito Penal do Autor – posição do TJPR;
 STF e STJ admitem o princípio da insignificância no crime de descaminho. Cuidado: a 1ª Turma do STF, no dia 31/05/11, não aplicou o princípio no crime de descaminho (HC 100.986);
 Não se aplica o princípio da insignificância na apropriação indébita previdenciária (STF). Considera o caráter supra-individuas do bem jurídico.
	Princípio da Bagatela Própria
	Princípio da Bagatela Imprópria
	Não há relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Exclui a tipicidade.
Ex: furto de caneta Bic.
	Apesar de haver relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico, a pena mostra-se desnecessária.
Ex: perdão judicial no homicídio culposo.
2º GRUPO: PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE:
1) PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU MATERIALIZAÇÃO DO FATO: o Estado só pode incriminar penalmente condutas humanas voluntárias (fatos). Ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, desejos, por meras cogitações ou estilo de vida (Direito Penal do Fato – repudia-se o Direito Penal do Autor – art. 2º, CP – “por fato”).
Mendicância – contravenção penal – art. 60, LCP – foi revogado por tratar-se de aplicação do D. Penal do Autor.
Vadiagem – deveria ter sido revogada também por espelhar, da mesma forma, o Direito Penal do Autor (art. 59, LCP).
2) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: [tópico próprio ao final – fls. 14]
3) PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE: para que ocorra o delito, é imprescindível lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Acaba reforçando a característica da fragmentariedade. Colocam em cheque os crimes de perigo abstrato.
	Crimes de Perigo
	Abstrato
	Concreto
	O perigo advindo da conduta é absolutamente presumido por lei.
	O perigo advindo da conduta deve ser comprovado.
Questiona-se, assim, a constitucionalidade do crime de perigo abstrato, considerando o princípio da ofensividade.
3º GRUPO: PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO:
1) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL: proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. Não existe no Direito Penal responsabilidade coletiva.
2) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, só podendo ser responsabilizado se foi querido, aceito ou previsível. Não há responsabilidade sem dolo ou culpa.
Exceção – hipóteses de responsabilidade penal objetiva:
a) embriaguez voluntária e completa (actio libera in causa);
b) rixa qualificada – não importa saber quem foi o autor da lesão ou morte.
3) PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: só pode o Estado punir agente imputável com potencial consciência da ilicitude quando dele exigível conduta diversa.
4) PRINCÍPIO DA IGUALDADE: o legislador e o juiz devem tratar todos de maneira igual e os desiguais de forma desigual, na medida da desigualdade (igualdade material, substancial) – art. 24, CADH.
Obs.: o STF, com base no princípio da isonomia, concedeu HC em favor de estrangeiro irregular no país, permitindo a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, no lugar de ficar preso até ser deportado.
5) PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO-CULPA:
 Art. 5º, inciso LVII, CF – “ninguém será considerado culpado”;
Ø art. 8º, § 2º, CADH – afirma a presunção de inocência de forma expressa.
Assim, deste princípio, decorrem três conclusões:
a) qualquer restrição à liberdade do acusado somente se admite após a condenação definitiva (prisão cautelar somente quando imprescindível).
Obs.: art. 312, CPP – expressão “por conveniência” – expressão infeliz – não convive com a característica da imprescindibilidade da prisão cautelar.
b) cumpre à acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu e não este comprovar sua inocência;
c) a condenação deve derivar da certeza do julgador (in dubio pro reo).
4º GRUPO: PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A PENA:
1) PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE PENA INDIGNA: à ninguém pode ser imposta uma pena ofensiva à dignidade humana.
2) PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS: nenhuma pena pode ser cruel, desumana e degradante.
Vale observar que os dois princípios acima configuram desdobramento lógico da dignidade da pessoa humana – art. 5º, CADH.
3) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: desdobramento do princípio da individualização da pena. A pena deve ser proporcional à gravidade da infração penal (sem se desconsiderar as condições pessoais do agente). Deve ser observado em três momentos:
a) legislativo – quando da cominação da pena em abstrato;
b) sentença – aplicação da pena;
c) execução: cumprimento da pena.
4) PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE OU PERSONALIZAÇÃO DA PENA: chamado também de intransmissibilidade da pena – a pena não passa da pessoa do condenado (art. 5º, inciso XLV, CF).
Trata-se de princípio absoluto ou relativo? Há exceções? – 2 correntes:
a) é relativo, admitindo exceção prevista na própria CF, qual seja, a pena de confisco;
b) é absoluto, já que confisco não é pena, é efeito da condenação – é a que prevalece, coincidindo com o art. 5º, § 3°, CADH.
5) PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM – proíbe a dupla punição, processo ou exceção. Possui três significados:
 Processual – ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato (crime);
 Significado material – ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato;
 Execucional – ninguém pode ser executado duas vezes por condenação do mesmo fato.
A lei penal, nem a CF vedam expressamente. Trata-se de um princípio implícito. Mas está expresso no Estatuto de Roma, art. 20 – TPI.
Vejam o exemplo abaixo:
	
	Trata-se do mesmo fato.
	Condenado A por roubo de B.
Pena: 4 anos
	Condenado A por roubo de B.
Pena: 5 anos
STF – duas correntes
a) prevalece condenação mais benéfica (Ministro Luiz Fux);
b) prevalece a condenação do primeiro processo, pois o segundo jamais deveria ter sido instaurado (Ministro Marco Aurélio de Mello). 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Princípio da legalidade ou da reserva legal? – 3 correntes:
 É sinônimo de princípio da reserva legal;
 Não se confunde com o da reserva legal – o princípio da legalidade toma expressão lei no sentido amplo. Reserva legal toma expressão lei no sentido restrito;
 o princípio da legalidade é a soma do princípio da reserva legal com o princípio da anterioridade. É a corrente que prevalece.
- Está previsto no art. 5º, inciso XXXIX, da CF – não há crime sem lei anterior que o defina;
- previsto também no art. 9º, do CADH;
- previsto também no art. 22, do Estatuto de Roma (TPI);
- previsto no art. 1º, do CP – não há crime sem lei (reserva legal) anterior (anterioridade).
Conceito – constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdade individual.
Fundamentos do princípioda legalidade:
 Fundamento político – exigência de vinculação do Executivo e do judiciário a leis formuladas de forma abstrata – impede o poder punitivo com base no livre arbítrio;
 Fundamento democrático – respeito ao princípio da separação de poderes (o Parlamento deve ser o responsável pela criação de crimes);
 Fundamento jurídico – uma lei prévia e clara possui importante efeito intimidativo.
Princípio da legalidade – destrinchando:
Pergunta: é possível medida provisória em matéria penal? Medida provisória incriminadora está vedada pelo princípio da legalidade. Já no que se refere à medida provisória não-incriminadora a doutrina é divergente – correntes:
 Diante do art. 62, § 1º, inciso I, letra b, CF, conclui-se que a proibição de medida provisória em matéria penal, seja incriminadora, seja não-incriminadora;
 O art. 62, § 1º, inciso I, letra b, CF, deve ser interpretado de modo a proibir a medida provisória incriminadora.
Vejamos a tabela abaixo:
	Art. 62, § 1º, inciso I, letra b, CF
EC 32/01
	Antes
	Depois
	O STF, no RE 254.818/PR, discutindo os efeitos benéficos extintivos da punibilidade trazidos pela MP 1571/97 proclamou sua admissibilidade em favor do réu.
	A MP 417/08 (convertida na Lei 11.706/08) autorizou a entrega espontânea de arma de fogo, afastando a ocorrência do crime de posso ilegal de arma.
Assim, percebe-se a admissibilidade de medida provisória não-incriminadora, em favor do réu.
Subprincípios do Princípio da Legalidade:
1) ANTERIORIDADE – proíbe a retroatividade maléfica – a retroatividade benéfica é garantia fundamental do cidadão;
2) ESCRITA – proíbe-se o costume incriminador, lembrando que é possível o costume interpretativo;
3) ESTRITA – proíbe-se a analogia incriminadora. A analogia benéfica é possível;
4) CERTA – princípio da taxatividade ou da determinação – exige dos tipos penais clareza, ou seja, tipos de fácil compreensão. Proíbe-se tipo incriminador genérico, ambíguo, poroso, de conteúdo incerto – ex: art. 41-B, Estatuto do Torcedor – promover tumulto;
5) NECESSÁRIA – desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima.
E ainda, não confundir:
	Legalidade Formal
	Legalidade Material
	Obediência ao devido processo legislativo – lei vigente não significa lei válida – afirma-se a vigência da lei.
	Respeito aos direitos e garantias fundamentais insculpidos na CF – lei válida – afirma-se a validade da lei.
Pergunta: a norma penal em branco em sentido estrito fere o princípio da legalidade? Existem duas correntes, vejamos:
1c – essa espécie de norma penal ofende o princípio da reserva legal, visto que seu conteúdo poderá ser modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade a seu respeito (fere o fundamento democrático do princípio da legalidade);
2c – essa espécie de norma penal em branco não viola o princípio da reserva legal. Existe um tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do delito (verbo do tipo, objeto do crime, sujeitos, etc.). O que a autoridade administrativa pode fazer é explicitar um dos requisitos típicos dados pelo legislador (explicitar um objeto material). É a corrente que prevalece. 
Lei penal do tempo 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, Cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Como qualquer lei, a lei penal tem o seu momento de criação, vigência e revogação.
I - Considerações introdutórias.
A lei penal nasce, vive e morre.
A regra é tempus regit actum.
II - Princípios da lei penal no tempo.
Irretroatividade da lei penal
Retroatividade da lei mais benigna
III - Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo.
Artigo 2º, parágrafo único do CPB.
Abolitio criminis – lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal.
Novatio legis incriminadora – lei nova que considera crime fato que anteriormente não incriminado.
Novatio legis in pejus - lei posterior, que de qualquer modo agrava a situação do sujeito, não retroagirá (art. 5º, XL, da CF).
Novatio legis in mellius– lei posterior, que descriminaliza ou dê tratamento mais favorável ao sujeito. Não fere o princípio constitucional que preserva a coisa julgada (art. 5º, XXXVI, da CF), pois essa norma constitucional protege as garantias individuais e não o direito do Estado enquanto titular do ius puniendi.
IV - Lei intermediária e conjugação de leis.
Problema interessante surge quanto há uma sucessão de leis penais, e a mais favorável não é nem a lei do tempo do fato nem a última, mas uma intermediária, isto é, uma lei que não estava vigendo nem ao tempo do fato delitivo nem no momento da solução do caso.
A.(1) 1ª corrente = não pode ser aplicada a lei intermediária, pois a lei penal não se refere a ela expressamente, além do que não estava em vigor em nenhum momento essencial – nem do fato nem do julgamento.
A.(2) 2ª corrente = princípios gerais do Direito Penal intertemporal; deve-se aplicar a lei mais favorável.
É possível conjugar os aspectos favoráveis da lei anterior com os aspectos favoráveis da lei posterior.
B.(1) O juiz faria papel de legislador, isso representaria uma 3ª lei. Portanto, para a maioria da doutrina nacional e estrangeira não aceitam essa interpretação.
B.(2) Frederico Marques = “se é permitido escolher o ‘todo’ para garantir tratamento mais favorável ao réu, nada impede que se possa selecionar parte de um todo em parte de outro, para atender a uma regra constitucional que deve estar acima de pruridos de Lógica Formal”.
Princípio da continuidade
 O princípio da continuidade normativo-típica consiste na situação em que o legislador não tem a intenção de descriminalizar uma conduta, mas altera sua tipificação. É o caso do crime de rapto, que até 2005 existia e depois passou a ser considerado como seqüestro qualificado. Não pode ser confundido com a abolitio criminis, que ocorre quando o legislador tem a clara intenção de descriminalizar o fato típico. É o que ocorreu, por exemplo, com os crimes de rapto consensual, adultério e sedução.
Leis excepcionais e temporais.
Lei temporária Fixa o tempo de vigência 
Leis excepcionais Atende a transitória necessidade 
Artigo 3º do CPB. “(...) aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”.
São leis que vigem por período predeterminado, pois nascem com a finalidade de regular circunstância transitória especial que, em situação normal, seriam desnecessárias.
 Retroatividade e leis penais em branco.
São normas penais em brancas aquelas cujo preceito primário é indeterminado quanto ao seu conteúdo, mas o preceito sancionador é determinado.
Lei penal em branco = o comportamento proibido vem apenas enunciado ou indicado, sendo a parte integradora elemento indispensável à conformação da tipicidade.
A norma penal em branco retroage ou não?
Resp: a norma fundamental permanece, com seu preceito sui generis e sua sanção. A mudança ocorre na norma complementar.
“Só influi a variação da norma complementar quando importe verdadeira alteração da figura abstrata do Direito Penal, e não mera circunstância que, na realidade, deixa subsistente a norma (...)”; (Soler)
Conclusão: as leis penais em branco não são revogadas em conseqüência da revogação de seus complementos. Tornam-se apenas temporariamente inaplicáveis por carecerem de elemento indispensável à configuração da tipicidade.
As leis penais em branco são aquelas de conteúdo incompleto, vago, lacunoso, que necessitam ser complementadas por outras normas jurídicas, geralmente de natureza extra penal. Ex: artigo 28 e 33 da Lei 11.343-06.
Teoria da Territorialidade e Extraterritoriedade. 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensãodo território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Independente da nacionalidade do agente será aplicada a lei penal brasileira quando o crime for cometido no território nacional. Observação: Exceção aos casos em que permite a lei estrangeira em razão de acordo praticado em algum tratado ou convenção internacional. O Artigo 5º do código penal adotou o princípio da territorialidade como regra.
Extensão do Território Nacional – São consideradas extensões do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras públicas ou a serviço do governo, onde quer que se encontrem, também são consideradas extensão no território nacional as aeronaves e embarcações brasileiras mercantes privadas quando se encontrarem no espaço aéreo correspondente ao alto mar local onde nenhuma nação exerce a sua soberania.
 Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo
ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
O artigo 6º usa a Teoria da Ubiqüidade para julgar o LUGAR do crime, pois se considera o local da ação ou omissão ou o momento do Resultado para considerar praticado o crime.
Verifica-se pelo arquivo sexto do código penal a adoção da Teoria da Ubiguidade, poderá ser tido como local do crime tanto o da ação ou omissão (conduta), quanto do resultado.
 
Extraterritorialidade – poderá ser aplicada a lei penal brasileira em crimes ocorrido no exterior se o agente for brasileiro observado os princípios contidos no Art. 7º do CP.
Extraterritorialidade Incondicionada – O Art. 7º Inciso I prevê a hipótese de ocorrência dos crimes previstos no artigo citado, a lei brasileira será aplicada independentemente de qualquer condição. Observação: A Lei Brasileira será aplicada até mesmo se o infrator da norma tiver sido absolvido no estrangeiro.
Extraterritorialidade Condicionada – O Art. 7º Inciso II do código penal dispõe que para aplicação da lei brasileira a crimes ocorridos no estrangeiro, dependerá do preenchimento de alguns requisitos. Crime Cometido por brasileiro em outro país, caso ele consiga retornar ao Brasil não poderá ser extraditado, responderá apenas pelas leis brasileiras. Para a lei brasileira ser aplicada, se faz necessário o concurso das seguintes condições:
Entrar o agente no território nacional. Seja espontaneamente ou por extradição.
Ser o fato punível no país onde for praticado
Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição.
Não ter sido o agente absolvido no exterior ou não ter cumprido pena.
Não ter o agente sido perdoado no estrangeiro ou não estar extinta a punibilidade.
A lei penal brasileira ainda poderá ser aplicada ao crime praticado fora do território nacional por estrangeiro contra brasileiro, se além das condições previstas no Art. 7º do CP, não tiver sido pedida ou negada sua extradição e existir requisição do ministro da justiça.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro
Tempo do Crime.
Teoria da Atividade: segundo a qual se considera praticado o delito no momento da ação ou omissão, aplicando-se ao fato a lei em vigor nessa oportunidade (teoria adotada pelo CPB, artigo 4º);
Teoria do Resultado: segundo a qual se considera praticado o delito no momento da produção do resultado, aplicando-se ao fato a lei em vigor nessa oportunidade;
Teoria da Ubiqüidade ou Mista: segundo a qual o tempo é indiferentemente o momento da ação ou do resultado, aplicando-se qualquer uma das leis em vigor nessas oportunidades. 
SÚMULA 711
A lei penal mais grave aplica se ao crime continuado ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior á cessação da continuidade ou da permanência. 
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está o seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
TEORIA GERAL DO CRIME
1 - Conceito de Crime
A doutrina do Direito Penal tem procurado definir o ilícito penal sob três aspectos diversos. Atendendo-se ao Aspecto Externo, puramente nominal do fato, obtém-se um Conceito Formal; observando-se o Conteúdo do fato punível, consegue-se um Conceito Material ou Substancial; e examinando-se as Características ou Aspectos do crime, chega-se a um Conselho Analítico, como se segue:
Conceito Formal => Crime é a ação ou omissão proibida pela lei, sob ameaça de pena;
Conceito Material=> Crime é a violação de um bem penalmente protegido;
Conceito Analítico=> Crime é o fato típico, ilícito e culpável.
2 - Crime e Contravenção
Segundo a maioria dos penalistas, não há diferença ontológica, substancial, entre o Crime e a Contravenção Não são categorias que se distinguem pela sua natureza, mas realidades que se diversificam pela sua maior ou menor gravidade. A questão residiria na quantidade da infração, não em sua substância.
Adotando o critério quantitativo, o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal dispõe:
(A) Crime=>infração penal a que a lei comina pena de Reclusão ou Detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente, com pena de multa;
(b) Contravenção=> infração penal a que a lei comina, isoladamente, penas de Prisão Simples ou Multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Existe uma corrente, porém, para a qual o crime corresponde às condutas que causam Lesão ou Perigo de Lesão, ao passo que a Contravenção resultaria em Perigo de Lesão
III - Conduta
1 – Conceito
Conduta=> é a ação ou omissão humana consciente dirigida a uma finalidade.
2 - Teorias de Conduta São três as teorias acerca da conduta:
(A) Teoria Causal => ação ou conduta é o efeito da vontade e causa do resultado, consistindo num fazer voluntário que atua sobre o mundo exterior. Essa teoria, orientada pela aplicação das leis naturais ao fenômeno penal, prescinde do exame do conteúdo da vontade para a caracterização da conduta, bastando que se tenha certeza de que o comportamento do agente foi voluntário para imputar-lhe o resultado.
(b) Teoria Social=> é a realização de um resultado socialmente relevante, questionado pelos requisitos do Direitoe não pelas leis naturais.
(c) Teoria Finalista - é a atividade final humana e não um comportamento simplesmente causal. Implica necessariamente numa finalidade.
A direção final da ação tem duas fases:
Interna- ocorre na esfera do pensamento (inclui a escolha do fim, a relação dos meios, aceitação dos efeitos secundários da concretização da ação.
Externo - manifestação da ação dominada pela finalidade.
3 - Ausência de Conduta: Conceito e Casos.
Considerando a Vontade um Elemento da Conduta, evidentemente não há Conduta quando o ato é Involuntário.
Assim, caracteriza-se a Ausência de Conduta nos casos de:
a) Atos reflexos;
b) Coação física irresistível;
c) Estados de inconsciência (sonambulismo, hipnose etc.).
4 - Formas de Condutas: Ação e Omissão
A CONDUTA pode consistir numa Ação ou Omissão.
Crimes Comissivos são os crimes praticados mediante Ação.
3 - Sujeitos Ativam do Crime
É a pessoa que pratica o fato típico. Só o homem (pessoa física) pode ser Sujeito Ativo do crime. A pessoa jurídica não pode ser Sujeito Ativo do Crime.
4 - Capacidades Penais do Sujeito Ativo
Capacidade Penal é o conjunto das condições exigidas para que o sujeito possa tornar-se titular de Direitos e Obrigações no campo do Direito Penal. Nesse sentido, distinguem-se Capacidade Penal e Imputabilidade. Um imputável pode não ter Capacidade Penal se passa a sofrer de doença mental após o delito.
Os mortos, entes inanimados e animais não possuem Capacidade Penal, podendo apenas ser Objeto ou Instrumento do crime.
5 - Sujeitos Passivam do Crime
É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta criminosa.
Duas são as espécies do Sujeito Passivo:
a) Sujeito Passivo Formal=> é o Estado, que, sendo o titular do mandamento proibitivo, é lesado pela conduta do sujeito ativo;
b) Sujeito Passivo Material=> é o titular do interesse penalmente protegido, podendo ser pessoa física, jurídica, o Estado ou uma coletividade destituída de personalidade.
6 - Objetos do crime
É tudo aquilo contra o que se dirige a conduta criminosa, podendo ser:
(A) objeto Jurídico=>é o bem-interesse protegido pela lei penal (p. ex., vida, integridade física, honra, patrimônio, paz pública etc.);
Objeto Material=> é a Pessoa ou Coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Crime comissivo exige uma atividade concreta do agente, uma ação, isto é, o agente faz o que a norma proíbe (ex: matar alguém mediante disparos). O crime omissivo distingue-se impróprio e impróprio (ou impuro).  
Crimes Omissivos são os crimes cometidos mediante omissão.
Omissão é a não realização de um comportamento exigido quando o sujeito tem possibilidade de concretizar.
Assim, a caracterização da Omissão depende de:
a) Dever de agir;
b) Possibilidade de realização da conduta.
De acordo com o disposto no art. 13, § 2º, do Código Penal, existe o dever de agir em três casos distintos, a saber:
a) Quando advém de um mandamento legal específico (Dever Jurídico);
b) Quando o agente, de outra maneira, tornou-se garantidor da não ocorrência do resultado (Dever legal ou Contratual);
c) Quando um ato precedente determina essa obrigação.
Os Crimes Omissivos podem ser:
(A) Crimes Omissivos Próprios - são os crimes praticados com a simples Conduta negativa do agente, independentemente da produção de resultado posterior;
(b) Crimes Omissivos Impróprios ou Comissivos por Omissão- são os crimes em que o agente, mediante Omissão, permite a produção de um resultado. Ex.: a mãe que, pretendendo matar o filho, deixa de alimentá-lo.
IV – DOLO
Dolo=> É a consciência e vontade na realização da conduta típica.
Ao se examinar a Conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalística, é ela um Comportamento voluntário, cuja finalidade é o conteúdo da vontade do autor do fato, ou seja, o fim contido na ação, que não pode ser compreendida sem que se considere a vontade do agente. Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que se quer e pela decisão de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. A vontade é o querer alguma coisa, e o Dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal.
II - FATO TÍPICO
1 - Conceitos:
Em sentido formal é qualquer ação legalmente punível. Essa definição, entretanto, alcança apenas um dos aspectos do fenômeno criminal, é a contradição do fato a uma norma de direito, ou seja, a sua ilegalidade como fato contrário à normal penal.
Ex.: Artigo 121 do Código Penal - Matar alguém.
Em sentido material é aquela que tem em vista o bem protegido pela lei penal.
Ex. O Estado tem o dever de velar pela paz interna, pela segurança e estabilidade coletiva diante dos conflitos inevitáveis entre os interesses dos indivíduos e os do poder constituído.
Em sentido analítico=> é o fato típico, ilícito e culpável.
O Fato Típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca, em regra, um resultado, sendo previsto pela lei como infração penal.
Elementos do fato típico:
(A) Conduta - é toda ação humana
 omissão consciente e dirigida a uma finalidade;
Dolosa ou culposa - inobservância do objeto.
A princípio, punem-se apenas quando há vontade (dolo), porém, como exceção, pune-se quando não há vontade mas há negligência.
(b) Nexo Causal - é a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado;
(c) Resultado- é a modificação do mundo exterior causada pela conduta.
Exemplo: porte ilegal de arma.
(d) Tipicidade- é a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural, concreto e a descrição contida na norma penal incriminadora.
Características:
a) a tipicidade: fato + conduta + resultado
b) a antijuridicidade (ou, mais adequadamente, ilicitude) - contrário às normas jurídicas.
V - CULPA
1 - Conceito
Culpa, em sentido estrito, é a conduta voluntária, que produz resultado ilícito, não desejado, mas previsível, e excepcionalmente previsto e que podia, com a devida atenção, ser evitado.
O teor do art. 18, II, do CP, o crime diz-se culposo "quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia".
2 - Elementos:
São elementos da Conduta:
(A) Conduta Voluntária=>o fato se inicia com a realização voluntária de uma conduta de fazer ou não fazer. O agente não pretende praticar um crime nem quer expor interesses jurídicos de terceiros a perigo de dano. Falta, porém, com o dever de diligência exigido pela norma. A conduta inicial pode ser positiva (p. ex., dirigir um veículo) ou negativa (p. ex., deixar de alimentar um recém-nascido);
b) Inobservância do Dever de Cuidado Objetiva Manifestada Através da Imprudência => a todos, no convívio social, é determinada a obrigação de realizar condutas de modo a não produzir danos a terceiros (cuidado objetivo). Se o agente não cumpriu com o dever de diligência que um homem razoável e prudente teria observado, a conduta é típica, e o causador do resultado será atuado com imprudência, negligência ou imperícia.
c) Previsibilidade Objetiva=>é a possibilidade de antevisão do resultado;
d) Ausência de Previsão => é necessário que o sujeito não tenha previsto o resultado. Previu-se, agiu com Dolo não foi previsto pelo sujeito. Daí falar-se que a Culpa é a Imprevisão do Previsível.
(E) Resultado Involuntário=>sem o resultado involuntário (porque não previsto), não há que se falar em crime culposo;
(f) Tipicidade=>caracteriza-se quando o agente não observa o dever de cuidado objetivo que um homem razoável e prudente, nas mesmas circunstâncias, teria observado.
3 - Espécies de Culpa
Há duas espécies de culpa:
a) Culpa Inconsciente=>o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum, que se manifesta pela imprudência, negligência ou imperícia;
(b) Culpa Consciente=> o resultado é previsto pelo sujeito, que levianamente espera que não ocorra ou que pode evitá-lo.
Coação física irresistível e a moral irresistível 
Coação física irresistível => exclui a própria conduta, a tipicidade, por tirar a voluntariedade do movimento. 
Moral irresistível => exclui a culpabilidade, por tornar conduta diversa inexigível.
 
GarantidorO Garantidor é aquele que tem o dever de agir para evitar um resultado naturalístico. O garante que, podendo, nada faz para impedir que o bem jurídico seja lesionado, tem responsabilidade jurídico-penal e estará incurso nas penas ao delito cominadas.
A previsão legal está no artigo 13, §2º, "a", "b" e "c" do Código Penal.
A primeira figura, prevista na alínea "a", é o que tem a obrigação legal de agir, por exemplo, o bombeiro. 
 Se este profissional, ao ver alguém correndo risco de vida, deixa de agir, e o resultado morte sobrevém, será ele responsabilizado pelo crime de homicídio, e não por omissão de socorro.
A segunda figura, constante da alínea "b", é o que assumiu a responsabilidade de cuidar, por exemplo, a babá.
A alínea "c" inclui no rol de garantidor aquele que criou o risco do resultado por um comportamento antecedente. Um exemplo dado por Rogério Greco é daquele que, num acampamento, depois de acender o fogo para fazer sua comida, não o apaga posteriormente, permitindo que se inicie um incêndio.

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