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Latim/Imprimir 1 Latim/Imprimir Latim Animação mostrando a extensão do Império Romano em alguns anos. O Latim é uma língua do ramo itálico da família Indo-Européia. Pertence ao grupo centum e era falada pelo povo da antiga Roma. É uma língua altamente flexional e, em conseqüência disso, tem uma grande flexibilidade na ordem das palavras. Inicialmente um dialeto itálico falado na região do Lácio (VETVS LATIVM, entre o rio Tibre, o curso baixo do rio Ânio, a cadeia dos Apeninos, o território dos Volscos e o Mar Tirreno), o Latim tornou-se uma língua importante à medida em que os seus falantes (os romanos) ganhavam destaque na região. Com as expansões militares de Roma e a conseqüente importância alcançada pelo Império Romano, tornou-se uma espécia de língua universal do mundo ocidental, mantendo sua importância mesmo depois da queda do Império. A língua se expandiu juntamente com o Império Romano (ver mapa ao lado), apesar de que nas regiões orientais o Grego continuasse predominando. O Latim perdurou até depois da queda do Império Romano. A Igreja Católica o tem como língua oficial até hoje. Obras literárias e teológicas em Latim foram escritas durante toda a Idade Média. Vários cientistas e filósofos modernos (Descartes, Newton, Leibniz etc.) escreveram obras originalmente em Latim. Até hoje ele é usado em alguns termos jurídicos, na taxonomia dos seres vivos e outras questões de nomenclatura científica. Do Latim derivam as línguas românicas: Português, Espanhol, Catalão, Italiano, Francês, Romeno, Galego, Occitânico, Sardo, Romanche, etc. Latim/Imprimir 2 Períodos Reconhecem-se os seguintes períodos da língua: • Pré-clássico, do século VII a.C. ao século II a.C. • Clássico, do século II a.C. ao século II d.C. • Latim Vulgar, incluindo o período patrístico, do século II ao V d.C. • Período Medieval, do século VI ao século XIV. •• Do século XV até agora. O livro O objetivo deste livro é tornar-se um método de latim utilizável em cursos universitários. Autodidatas também poderão usá-lo. Neste caso, há a seguinte sugestão ao estudante, para trabalhar cada lição: 1.1. Leia, se possível, duas vezes o vocabulário da lição. Procure memorizá-lo, mas fique à vontade para consultá-lo sempre que for necessário. 2.2. Leia o corpo da lição. Ela trará explicações gramaticais e exemplos, sempre que possível, retirados de originais latinos, adaptados ou não. 3.3. Faça os exercícios. Eles são importantes para a fixação dos conteúdos. 4.4. Confira suas respostas com a correção fornecida. Esta página é um esboço de línguas. Ampliando-a você ajudará a melhorar o Wikilivros. Existem três formas de pronúncia na língua latina: •• a pronúncia eclesiástica ou italiana; usada pela igreja •• a pronúncia clássica (reconstruída); elaborada a partir de estudos sobre a pronúncia de povos próximos. Acredita-se que seja a que mais se aproxima da pronúncia praticada na antiguidade. •• a pronúncia portuguesa; usada nas escolas do Brasil e em Portugal apenas para fins didáticos. Pronúncia clássica O latim só tinha letras maiúsculas. As minúsculas são utilizadas pela primeira vez na Idade Média. A pronúncia é por sílabas, muito parecida com o português. As vogais podem ser longas ou curtas. Na evolução do latim para o português as vogais longas tornam-se fechadas e as vogais breves tornam-se abertas. A, letra chamada em latim A, quando longo mais ou menos como em levar, quando breve como em chazinho B, BE, como em barco C, CE, sempre como em carro (também em -CE-, -CI-). Arcaicamente, o C também podia ser um G (cfr. CAIVS e GAIVS) D, DE, como em deixar E, E, quando longo como em dedo, quando breve como em vetar F, EF, como em fevereiro G, GE, sempre o g português em gato (também em -GE-, -GI-; nos -GUE-, -GUI- o u é pronunciado, como semivogal) H, HACCA, só os falantes muito cultos aspiravam o H (como o inglês hen) mesmo na época clássica, para a maioria era mudo na altura I, I, quando longo como em ruído, quando breve como em enorme Latim/Imprimir 3 J: esta letra não existia em latim clássico, foi criada na Idade Média para fazer diferença entre o i vogal e o i consonântico para o que muitos i latinos foram evoluindo K, KA, como o C latino; arcaicamente havia uma diferença entre C e K, mas perdeu-se e o K só ficou nalgumas palavras: KARTHAGO (mas também CARTHAGO), KALENDA... muitas delas emprestadas da língua grega; L, EL, como em levar M, EM, como em muito, não nasaliza as vogais anteriores a ele N, EN, como em nome O, O, quando longo como em toda, quando breve como em mormente P, PE, como em português Q, QV, sempre antes do u semivogal, -QV-. A diferença é clara em, p.ex. CVI e QVI: em CVI o u é vogal e tónico, "cú-i", em QVI o u é semivogal e o i é o tónico, "kwí" R, ER, possivelmente como em caro, ou talvez como em carro (rr não uvular, mas alveolar, o "clássico" europeu e como se pronúncia ainda nas zonas rurais de Portugal, em África ou na Galiza), talvez ambos dois segundo regras similares às do português S, ES, possivelmente como em só T, TE, como em tempo (t do padrão europeu) V, V, nunca como o v português, sempre é vogal ou semivogal: quando vogal longo, como em miúdo, quando vogal breve como em surdo, quando semivogal como em mau. É semivogal quando diante de outra vogal, como em SOLVO ou QVARTVS. Na Idade Média, o V minúsculo grafava-se "u", o "u" afinal foi utilizado só para o som vogal e "v" para o consonântico (como no português); X, EX, "gs" ou "ks", segundo a palavra (LEX-LEGIS, gs; DUX-DUCIS, ks) Y, YPSILLON, como o u francês ou o ü/ue alemão, a letra é grega e não latina (este som não existe em latim), mas empregou-se para empréstimos do grego; Z, ZETA, como o z alemão, aproximadamente "ts", também para empréstimos do grego; Há também estes dígrafos para empréstimos gregos: CH, como o j espanhol ou o ch alemão; também aparece em palavras latinas, nelas é talvez um K levemente aspirado, é dizer, K+H, (PVLCHER, LACHRIMA) ou apenas um simples K PH, aproximadamente como um P aspirado (PHILOSOPHIA) RH, como o R ou RR (RHETOR, RHOMBVS) TH, como em inglês thin ou o c/z espanhol da península As letras para os empréstimos gregos tendiam a ser pronunciadas com os sons mais próximos do latim, assim o Y pronunciava-s I ou V, o Z como S, CH como K, TH como T, PH como F, etc. As letras das consoantes podem ser duplas, BB, CC, DD, FF, GG, LL, MM, NN, LL, PP, RR, SS, TT, mesmo a vogal VV (MORTVVS)... a pronúncia é como duas letras separadas em sílabas diferentes, ILLE é "IL-LE" (ou um L mais longo), têm valor fonológico, p.ex. ANVS, "A-NVS", "(mulher) velha", não é, nem se pronúncia como ANNVS, "AN-NVS", "ano", SVMVS, "SV-MVS", "nós somos", não tem a ver com SVMMVS, "SVM-MVS", "o mais alto". Arcaicamente, as vogais longas por vezes eram escritas como duplas, nos tempos da República com um acento grave (APEX), e no Império com algo parecido a um acento agudo. Mas nunca foi universal nem unanimemente aceite. Na Idade Média, sobretudo nos livros de aprendizagem, adotou-se o costume de grafar as vogais longas com um tracinho acima (mácron), e as breves com um u pequeninho (bráquia). Há ditongos e tritongos (muito raros), AE, AV, EI, EV, OE, OI, VI, e pronunciavam-se com os sons correspondentes, mas muito cedo foram evoluindo para outros sons, p.ex. AE passou a ser pronunciado como um E aberto, OE como E fechado, AV como o "ou" (ow) português, etc. Latim/Imprimir 4 Há estes grupos consonânticos: BL, BR, CL, CR, DR, FL, FR, GL, GN, GR, PL, PR, SC, SCR, SGR, SP, SPL, ST, STR, TR, a pronúncia deles é a união dos sons, mas fazem parte duma única sílaba: DRV-SVS, GNA-TVS; qualquer outro caso as consonantes fazem parte de sílabas diferentes: AR-TIS, MOR-TEM, PROP-TER, OM-NI-A Hoje o latim é escrito empregando letras maiúsculas e minúsculas segundo as regras universais, e utilizando a diferença na escrita do u vogal e consonântico, u/v, isto é, mortuuse não MORTVVS ou unum e não VNVM, mas cave (de CAVE) e não caue (em geral: v sempre entre vogais). O emprego do i/j fica à vontade mas dentro duma coerência (ou é utilizado o j, ou não é). As sílabas em latim são abertas se terminam em vogal, fechadas se em consoante. Uma sílaba é breve se aberta e contém uma vogal breve: fu-ga, do-mi-na, ou quando vai diante doutra vogal (ainda que tiver uma vogal longa ou um ditongo): au-re-us, om-ni-a. A sílaba é longa se fechada ou contém uma vogal longa. No latim não há palavras oxítonas, exceto as poucas que perdem uma vogal final: educ (edúc, de educe), illic (il-líc, de illice). As palavras com duas sílabas são paroxítonas: unda (únda), rosa (rósa). Se houver mais de duas sílabas: são paroxítonas se a penúltima sílaba é longa, amicus (amícus), frumentum (fruméntum). Também se a última sílaba é uma partícula enclítica, fratresque (fratrésque, mas frâtres), reginave (regináve, mas regína). Em todos os demais casos são proparoxítonas: dominus (dóminus), agricola (agrícola). Há palavras átonas, proclíticas ("colam" por diante) ou enclíticas (por trás). As enclíticas puxam para si o acento: Inter (átona) +homines (hómines) = interhomines (interhómines); ipse (ípse) + met (átona) = ipsemet (ipsémet). Mas se não era considerada composta (como em português "porém" ou "decerto", p.ex.), não acontecia: itaque (ítaque, "então"), itaque (ita+que > itáque, "e assim"). Pronúncia eclesiástica ou italiana Durante a Idade Média o latim era pronunciado segundo as regras fonéticas da língua mãe do falante. Assim, na Galiza e Portugal era falado ao jeito "português", em Castela doutro diferente ("à espanhola"), nos países de língua catalã e occitana de mais outro, na Lombardia, na Itália, na França, na Escandinávia, nos países germânicos e eslavos, etc., cada um segundo o seu próprio sistema fonético e empregando fonemas alheios ao latim original. A Igreja tentou tardiamente unificar pelo menos no seu seio todas as pronúncias para lograr uma língua litúrgica unificada, com bem pouco sucesso. Pronúncia das vogais: Os ditongos ae e oe são sempre pronunciados como a vogal e aberta Pronúncia das consoantes: Pronúncia do C: Como o ch de alguns dialetos do norte de Portugal ou da língua galega, antes de i e de e Como o tch da palavra tchau Pronúncia do G: Como dj Exemplo: Regina (rainha) lê-se /redjina/ Pronúncia do R: Como o r da palavra caro Esta página é um esboço de línguas. Ampliando-a você ajudará a melhorar o Wikilivros. Latim/Imprimir 5 Pronúncia Reconhecem-se dois sistemas de pronúncia para o Latim: Pronúncia Tradicional A pronúncia tradicional não tem basicamente uma norma definida. Em geral, corresponde à pronúncia do Italiano, mas varia de acordo com o país. No Brasil, por exemplo, pronuncia-se da mesma maneira que se pronuncia o Português. Suas principais características são: • C: pronunciado como africada (/'K''/, /ʦ/) ou como sibilante (/s/) diante de E, I, Æ e Œ'. • G: pronunciado como africada (/ʤ/) ou como fricativa palatal (/ʒ/) diante de E, I, Æ e Œ. • H: sempre é muda. • S: pronunciado como /z/ quando vem entre vogais • SC: diante de E, I, Æ e Œ, pronunciada como uma fricativa palatal (/ʃ). • Æ e Œ: pronunciados como /ɛ/ (aberto) e /e/ (fechado), respectivamente. Exemplos: CAESAR, pron. /'sɛsaɾ/, /'sɛzaɾ/, /'ʦɛsaɾ/, /'ʦɛzaɾ/, /'ʧɛsaɾ/, /'ʧɛzaɾ/ MANCIPIVM, pron. /man'ʧipium/, /man'ʦipium/, /man'sipium/ Pronúncia Restaurada A pronúncia restaurada é resultado de pesquisa lingüística com o objetivo de se reconstruir a pronúncia do período clássico da língua. Principais características: • C: pronunciado sempre como oclusiva velar (/k/). • G: pronunciado sempre como oclusiva velar (/g/). • H: aspiração leve, semelhante ao spiritus asper do Grego. • S: sempre com pronúncia não-vozeada (/s/). • SC: pronunciado como uma simples seqüência de /s/ e /k/. • Æ ou AE: ditongo /aj/ • Œ ou OE: ditongo /ɔj/ Exemplos: CAESAR, pron. /'kajsaɾ/ MANCIPIVM, pron. /man'kipium/ Alfabeto O alfabeto latino clássico consta das seguintes letras: A B C D E F G H I L M N O P Q R S T V às quais se acrescentam os símbolos Æ e Œ para a representação dos ditongos AE e OE, respectivamente. As letras K Y Z são usadas na grafia de palavras oriundas do Grego. As letras J e U foram criadas tardiamente para se distinguir, na escrita, entre o I e o V vogal e semivogal. O Latim propriamente dito não utiliza nenhum acento. Porém, em obras didáticas, costuma-se colocar um acento sobre as vogais para indicar sua duração. As vogais longas são representadas com o acento conhecido como MACRON: Ā Ē Ī Ō Ū; e as vogais breves são marcadas com a BRACHIA: Ă Ĕ Ĭ Ŏ Ŭ. A análise sintática é um elemento fundamental para a leitura de um texto latino, isso porque a forma das palavras (substantivos, adjetivos, pronomes e numerais) indica a função sintática que elas ocupam e vice-versa. Ou seja, em latim, a morfologia indica a sintaxe. Em latim, a função sintática de um nome não depende de sua posição na frase, Latim/Imprimir 6 como em português. Ela é indicada pelo caso, noção que será tratada no próximo capítulo. Para uma correta análise sintática (e tradução) da frase, é preciso identificar a forma de cada palavra, delas deduzir seu sentido e, finalmente, "montar" o sentido de toda a frase. Em primeiro lugar, analisam-se os verbos, o núcleo da oração; em segundo, os nomes. Nesse módulo se fará uma revisão de algumas funções sintáticas de acordo com as definições tradicionais das gramáticas, pois esse conhecimento é necessário em latim. Caso o estudante já esteja familiarizado com a análise sintática em português poderá, sem prejuízo, saltar esse módulo, embora nunca seja demais uma revisão. Em primeiro lugar, o que é uma oração? A oração pode ser definida como um enunciado que se estrutura ao redor de um verbo. O verbo é a palavra que indica ação, estado, mudança de estado, fenômeno da natureza, acontecimento e desejo, entre outras coisas. Como em português, o verbo pode ter o seu sentido completo, sendo chamado intransitivo, ou incompleto. Nesse caso, se seu complemento vier precedido de preposição ele será chamado de transitivo indireto; se não vier, de transitivo direto. Eis algumas funções sintáticas: Sujeito O sujeito é tradicionalmente definido pelas gramáticas como o ser que pratica a ação, sobre o qual se faz uma declaração, se informa, se interroga ou a quem se dá uma ação. O sujeito pode ser simples ou composto. Em latim não há orações com sujeito indeterminado ou sem sujeito. Exemplo: • O menino lê alguns livros. O sujeito da frase à cima é o menino, que pratica a ação. Neste caso é um sujeito simples. Objeto O objeto é o complemento do verbo. Se o objeto completar um verbo transitivo indireto, ele será chamado de objeto indireto e virá regido, isto é mediado, por uma preposição; mas se ele completar um verbo transitivo direto, será chamado objeto direto. Predicativo do sujeito O predicativo do sujeito é um tipo de complemento do sujeito que fica no predicado. Nesse caso, o verbo precisa ser de ligação, ou seja, destituído de significação. O predicativo caracteriza o sujeito Adjunto adnominal O adjunto adnominal é o termo da oração que qualifica, especifica, determina ou indertemina um substantivo. Adjunto adverbial O adjunto adverbial por sua vez, faz o mesmo que o adjunto adnominal só que em relação ao verbo, ou seja, é o termo da oração que vem junto ao verbo e o modifica. Vocativo O vocativo é um termo independente dentro da oração, pois não está ligado nem ao sujeito, nem ao predicado. O vocativo tem a função de chamamento de uma pessoa. Exemplo de vocativo: João, escuta o que te dizem! Neste caso, João é o vocativo. Latim/Imprimir 7 Aposto Um aposto é uma explicação, uma caracterização de alguma outra palavra, geralmente encontrando-se entre vírgulas. Exemplo: O Amazonas, o maior rio brasileiro, é um verdadeiro mar de águadoce! A expressão "o maior rio brasileiro" é o aposto. Exemplo •• O garoto procurava alguns poemas. •• Sujeito: "garoto" (sujeito simples) •• Predicado: "procurava alguns poemas" (predicado verbal) •• verbo: "procurava" (verbo transitivo) •• Objeto: "alguns poemas" (objeto direto) Declinação é um tipo de flexão que palavras das classes substantivo, adjetivo, pronome, numeral e artigo (esta última inexistente no Latim) sofrem em virtude da função sintática que exercem. O latim possui cinco declinações, que se dividem em sete casos básicos cada, que para serem corretamente declinados, deve-se decompor a frase e analisá-la sintaticamente. As declinações são identificadas pelo genitivo singular, que corresponde, respectivamente a "ae", "i", "is", "us", "ei". A declinação permite que as orações latinas sejam estruturadas das mais diversas formas, diferentemente do Português onde a estrutura geral das orações é sujeito-verbo-objeto. Isto obriga o latinista a atentar-se à declinação das palavras para compreender corretamente as frases. Por exemplo, alguém desatento às declinações poderia interpretar a seguinte frase "Philosophum non facit barba." como "o filósofo não faz a barba", sendo que o correto é "A barba não faz o filósofo". Nominativo Indica o sujeito e predicativo do sujeito. homo - [o] homem (ex: homō ibi stat - o homem está de pé aí) Genitivo Expressa posse, matéria ou origem (fonte). Geralmente indica o adjunto adnominal restritivo. hominis - de [o] homem (ex: nōmen hominis est Claudius - O nome do homem é Claudius) Dativo Indica quem sofre a ação, o objeto indireto da oração. hominī - para/a [o] homem [como objeto indireto] (ex: hominī donum dedī - eu dei um presente ao homem) Latim/Imprimir 8 Acusativo Expressa o objeto direto do verbo. hominem - [o] homem [como objeto direto] (ex: hominem vidi - Eu vi o homem.) Ablativo Indica separação ou os meios pelos quais uma ação é efetuada. homine - [o] homem (ex:sum altior homine(sing) hominae(plural) - sou mais alto que o homem) Vocativo Usado na comunicação direta para chamar o interlocutor. É o mesmo vocativo da língua portuguesa.Indica apelo, chamado. Locativo Indica tempo ou lugar no qual a ação é efetuada. Consiste em um caso mais marginal no Latim com uso muito restrito: nomes de cidades, ilhas pequenas e algumas outras palavras. É idêntico ao genitivo (na 1ª e 2ª declinação no singular), ao dativo (na 1ª e 2ª no plural e na 3ª declinação) e ao ablativo (na 4ª e 5ª declinação). Obs:. O Locativo foi Muito usado no latim antigo. Esta página é um esboço de línguas. Ampliando-a você ajudará a melhorar o Wikilivros. Lição 1: Cogito, ergo sum. Vocabulário | Exercícios | Correção | Apêndice Cogito, ergo sum. (Renatus Cartesius) Verbos. O verbo SVM (Esse) Um verbo é uma palavra que expressa uma ação, um fato; algo que se possa dizer que algo ou alguém faz. Os verbos, em latim, apresentam diversas flexões, isto é: mudam sua forma para indicar diversas características da ação que expressam. Flexões Uma flexão do verbo é a de número: • Vir sum. Eu sou um homem. • Homines sumus. Nós somos pessoas. O número indica se a ação do verbo se refere a um único agente (caso em que o verbo está no singular) ou a mais de um (o verbo, então, se apresenta no plural). Das frases acima, a primeira está no singular, a segunda, no plural. Outra flexão é a de pessoa: • Vir sum, mulier es. Eu sou um homem, tu és uma mulher. • Cartesius homo est. Descartes é um ser humano. A pessoa verbal indica se o verbo se refere à pessoa que fala (primeira pessoa: sum), àquela com quem ela fala (segunda pessoa: es) ou a qualquer outra pessoa ou coisa (terceira pessoa: est). As duas flexões podem ser combinadas: • Noui sumus. Somos novos. Latim/Imprimir 9 • Parui estis, sed miles et mulier magni sunt. Sois pequenos, mas o soldado e a mulher são grandes. Nestas duas frases, aparecem a primeira, segunda e terceira pessoas do plural; nas duas anteriores, do singular. SVM Além destas, há flexões de voz, tempo e modo. Por enquanto, veremos apenas verbos na voz ativa, no tempo presente e no modo indicativo. Ao se referir a um verbo em latim, se usa a primeira pessoa do singular do presente do indicativo ativo; assim, para se referir ao verbo que vimos estudando, dizemos simplesmente: "o verbo SVM" (lembre-se que a forma maiúscula do u latino é V). Como você já reparou, o verbo SVM estabelece uma identidade entre um sujeito e um predicativo. Se o verbo é usado para expressar uma ação ou fato, o sujeito é aquele ou aquilo a quem essa ação ou fato se refere. Já o predicativo dá uma informação sobre aquilo a que se refere. O verbo SVM liga um sujeito a um predicativo referido a ele, um predicativo do sujeito. É um verbo de ligação. Casos • Cogitant homines. Os seres humanos raciocinam. Há verbos em latim que não são de ligação. Eles podem ser intransitivos, isto é, seu sentido se completa em si mesmo. Um exemplo é a frase acima: nela, o verbo cogitant representa uma idéia que não necessita de um complemento. Acusativo e nominativo • Mulier militem amat. A mulher ama um soldado. • Librum legit uir magnum. O homem lê um livro grande. Outros verbos podem ser transitivos. Nesse caso, virão acompanhados de um complemento. Estas frases são exemplos disso. Nos dois casos, as ações expressas (amat, ama e legit, lê) têm um complemento que indica a "direção", o "alvo", a "meta", o "sentido" da ação verbal. Um complemento que expressa "direção, sentido" vem, em latim, no caso acusativo. Os nomes, em latim, não precisam vir em posições específicas da frase para indicar que são complementos de verbos. Em vez disso, indicam sua função na frase através do caso. O caso é indicado por uma terminação, acrescentada ao final da palavra. O caso do complemento, como dissemos, é o acusativo. Uma forma comum das terminações do acusativo é um M: militem, magnum librum. Há também o caso do sujeito: é o nominativo. Ele não tem uma terminação específica: das palavras vistas até agora, tanto uir e mulier quanto homo e Cartesius estão no nominativo. Concordância • Vidimus magnas urbes. Vemos grandes cidades. Algo importante que você deve ter em mente é a concordância: um sujeito e seu verbo devem estar no mesmo número. Assim, diz-se "homines cogitant", no plural, mas "homo cogitat", no singular. Além disso, um adjetivo (que é uma palavra que expressa uma qualidade de algo) deve estar no mesmo número e caso da palavra a que se refere: magnum librum, no acusativo singular. Aliás, é esta concordância que permite, na frase-exemplo, que se saiba que é o livro, não o homem, que é grande, já que o homem, uir, está no nominativo singular. Ademais, um predicativo concorda com a palavra a que se refere: liber magnus est. A concordância de casos não requer que as palavras assumam a mesma forma. Cada uma flexiona-se de acordo com sua própria declinação, isto é, seu próprio modo de assumir os diferentes casos. Por exemplo, o plural de magnus (nominativo) é magni. Então, diz-se tanto magni libri e magni uiri quanto magni milites e magni homines. Por fim, há a concordância de gênero: a palavra urbs é feminina; seu acusativo plural urbes, então, requer que o adjetivo Latim/Imprimir 10 magnus, ao se aplicar a ele, também esteja no acusativo feminino plural: magnas. Na seqüência... As palavras desta lição encontram-se no Vocabulário. Não se esqueça de fazer os Exercícios e conferir a Correção Uma sistematização da conjugação verbal e da declinação vistas até agora encontra-se no Apêndice. Neste Apêndice à lição 1, sistematizaremos, por meio de tabelas, a declinação e a conjugação vistas até aqui. Declinação Chama-se declinação a flexão de nomes nos diversos casos que podem assumir. Também se conhece por declinação cada um dos cinco grandes grupos em que essas flexões se agrupam. Em termos de gramática histórica, a diferença entre as cinco declinaçõesseria a vogal temática, uma vogal colocada entre a raiz da palavra (podendo ou não ser parte integrante dela) e a terminação própria a cada caso. À época do latim clássico, as transformações da língua já haviam tornado a vogal temática irreconhecível em muitos casos; em tempos posteriores, as declinações acabaram se fundindo e, na maioria das línguas românicas, desaparecendo. Entretanto, ainda que a vogal temática às vezes seja irreconhecível, normalmente se podem detectar as marcas de cada caso. Nos casos já vistos, a marca mais constante é o M do acusativo singular. Caso e número Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta Nominativo singular liber urbs plural libri urbes Acusativo singular librum urbem Das palavras vistas nesta lição, o substantivo uir se flexiona como liber: uir, uiri, uirum. Como urbs se flexionam homo, miles e mulier: homo, homines, hominem miles, milites, militem mulier, mulieres, mulierem Repare que as palavras de uma mesma declinação podem pertencer a gêneros diferentes. Na segunda declinação, tanto "liber" quanto "uir" são nomes masculinos. Já na terceira, enquanto "urbs" e "mulier" são femininos, "homo" e "miles" são masculinos. Ambas estas conjugações apresentarão também nomes neutros, que veremos adiante. Os adjetivos vistos até aqui (magnus, nouus, paruus), se relacionados a um nome masculino de qualquer declinação, seguem a segunda. Assim: magnus miles magni milites magnum militem Latim/Imprimir 11 Conjugação Assim como os nomes assumem diversas formas segundo sua declinação, os verbos também o fazem, segundo sua conjugação. Há quatro conjugações em latim, e nelas a existência de uma vogal temática é mais patente. A primeira conjugação é a do "a" longo, ā. A segunda, do "e" longo, ē. A terceira é a do "e" breve, ĕ. A quarta, do "i" longo, ī. Veremos, por enquanto, apenas o tempo presente do modo indicativo da voz ativa dos verbos. Mais adiante, estudaremos outros tempos, modos e a voz passiva. Neste Apêndice, você terá duas tabelas: a primeira é o paradigma de conjugação para todos os verbos regulares. A segunda serve para indicar a conjugação de um verbo irregular, isto é, que não segue inteiramente o paradigma, o verbo SVM. Há outros verbos irregulares, que serão apresentados mais adiante. Primeira Segunda Terceira Mista (3a./4a.) Quarta Primeira pessoa do singular amo uideo lego Segunda pessoa do singular amas uides legis Terceira pessoa do singular amat uidet legit Primeira pessoa do plural amamus uidemus legimus Segunda pessoa do plural amatis uidetis legitis Terceira pessoa do plural amant uident legunt Repare que, nas três conjugações já vistas, as terminações permanecem as mesmas: Pessoa Terminação 1a. sing. Ō (M) 2a. sing. S 3a. sing. T 1a. pl. MVS 2a. pl. TIS 3a. pl. NT Essas terminações se mantêm no verbo SVM, cuja conjugação apresentamos a seguir. Incluímos o M como desinência porque todos os verbos vão apresentar essa terminação mais adiante, em outros tempos e modos. 1a. sing. SVM 2a. sing. ES 3a. sing. EST 1a. pl. SVMVS 2a. pl. ESTIS 3a. pl. SVNT Latim/Imprimir 12 Lição 2: Ciuis Romanus sum. Vocabulário | Exercícios | Correção | Apêndice Ciuis Romanus sum. (Marcus Tullius Cicero) A Primeira Declinação Chama-se primeira a declinação cuja vogal temática é A. Ela aparece com uma clareza maior do que em outras declinações. • Roma magna urbs est. Incolae Romani sunt. Roma é uma grande cidade. Os habitantes são os romanos. • Puella litteras facit. A menina escreve uma carta. Nas frases anteriores, as palavras Roma, incola, puella e littera pertencem, todas, à primeira declinação. Chegou até o português o fato de palavras terminadas com A tenderem a ser femininas; é o caso de Roma, puella e littera. Além disso, adjetivos como os que você viu na lição 1 (magnus, nouus, paruus) levam as terminações da primeira declinação quando acompanham nomes femininos (de qualquer declinação). É por isto que o adjetivo magnus, que acompanha o feminino urbs, está na forma magna. Entretanto, nem todas as palavras da primeira declinação são femininas. Em geral, as que designam nomes de atividades ou profissões comumente exercidas por homens são masculinas; é o caso de incola. Por outro lado, não há na primeira declinação nomes neutros. Nomes neutros • Paruum templum ciues sacros facit. O pequeno templo torna os cidadãos sagrados. • Milites ad taetra bella semper eunt. Soldados sempre vão a guerras horríveis. Além dos gêneros masculino e feminino, o latim apresenta um terceiro gênero: o neutro. Em geral, não é possível saber o gênero de uma palavra apenas pelo sentido; no entanto, a terminação é um bom indício para reconhecer os neutros. Palavras como templum seguem a segunda declinação (como liber), embora isso por enquanto ainda não seja totalmente aparente. No entanto, assim como o acusativo de liber é librum, o de templum é templum, ou seja, a terminação -VM é a mesma. Vale dizer que isso se aplica a qualquer palavra neutra, mesmo em outras declinações: o nominativo e o acusativo são iguais. Acusativo plural Milites, cum taetras litteras legunt, tum magna arma capiunt. Os soldados, quando lêem as terríveis cartas, apanham as grandes armas. Nesta frase-exemplo, temos os acusativos plurais da primeira declinação e dos neutros da segunda. O sujeito, no nominativo plural, é milites; o acusativo do verbo legunt é taetras tubas. Tuba, palavra feminina da primeira declinação, tem como acusativo plural tubas. Acompanhando tubas temos o adjetivo taetras. O acusativo do verbo capiunt (tomam, pegam, apanham) é magna arma. Arma é uma palavra da segunda declinação, neutra plural; a terminação -A aparece em todos os neutros plurais, de todas as declinações, no nominativo e no acusativo. Aliás, como no singular, o nominativo e o acusativo plural são iguais. Em outras palavras: mais acima temos a palavra bellum, um neutro da segunda. No entanto, por estar no plural, ela aparece como bella; é o mesmo caso do neutro plural arma. As palavras bella e arma, isoladas, poderiam tanto estar no nominativo quanto no acusativo; o contexto é quem nos diz que, em ambas as frases, trata-se do caso acusativo. Latim/Imprimir 13 Predicativo do objeto Como dissemos na lição 1, o predicativo, palavra que dá uma característica a um nome, vem sempre no caso do nome em questão. Havíamos visto predicativos do sujeito, que vinham no nominativo. Porém, na frase "paruum templum ciues sacros facit", temos outro tipo de predicativo. O sujeito é o templo; o objeto, ciues, são os cidadãos. A ação é no sentido de atribuir-lhes uma característica, de torná-los algo: sacros, sagrados. Então, sacros é um predicativo do objeto; como todo predicativo, concorda com seu nome em número e caso; aqui, acusativo plural. Terminações dos adjetivos Repare nas expressões: •• magnum templum •• taetra arma Já vimos adjetivos como magnus; os adjetivos que você está aprendendo nesta lição, Romanus, sacer e taeter, são da mesma classe (a primeira) dos que você conheceu na primeira lição (magnus, nouus, paruus). Estes adjetivos de primeira classe seguem a segunda declinação para o masculino e o neutro, e a primeira para o feminino. Então, teríamos: • Littera sacra est; liber sacer, templum sacrum. As letras são sagradas; o livro é sagrado, o templo é sagrado. • Litteram paruam, librum paruum lego; sed templum uideo magnum. Leio uma letra pequena, um livro pequeno; mas vejo um templo grande. • Mulieres sacrae, uiri taetri, bella taetra. (em latim, pode-se omitir o verbo SVM) As mulheres são sagradas; os homens e as guerras, horríveis. • Sacras mulieres uideo. Viros amant taetros; taetra bella faciunt. Vejo as mulheres sagradas. Elas amam homens terríveis; eles fazem terríveis guerras. Enfim... Estes foram exemplos dos substantivos e adjetivos nos casos e números que você já viu. Conferindo sempre o Vocabulário,não deixe de fazer os Exercícios. Tendo feito a Correção, leia mais no Apêndice, que sistematiza a flexão vista nesta lição. Acusativo de direção Na correção dos exercícios, você viu que muitas vezes não é necessário utilizar a preposição AD para indicar a direção de um movimento. O caso acusativo, sozinho, já indica direção, sentido, como havíamos apontado na lição 1. Por isso, uma frase como "Eo Romam" está completa, perfeita, com significado. Faz parte do estilo dos escritores latinos tentarem ser concisos; assim, quando a preposição é dispensável, eles não a usam. Isso ocasionalmente gera dúvidas na tradução; por exemplo, quando o acusativo de direção é um neutro, ou quando há na frase palavras cujo nominativo e acusativo são iguais. Guie-se pelo princípio de que o sujeito e o verbo sempre vão concordar em número. E também pela lógica; apesar do ditado, não é fácil que a montanha vá a Maomé. Latim/Imprimir 14 Declinação Já vimos que o acusativo singular tem como marca a terminação M. Com as palavras que vimos nesta lição, podemos descobrir duas outras marcas de casos. Certas palavras, especificamente as da primeira e da segunda declinações, têm como marca de plural um I. Ele é visível na segunda: Romanus, Romani. Na primeira, em tempos clássicos, esta terminação, que formava um hiato com a vogal temática A, se fundiu com ela num ditongo. Em outras palavras: antes se diria puellai, algo como "pu-e-lá-i". No tempo de Cícero e César, já se mudara para puellae, com uma pronúncia como "pu-é-lai". Em textos mais antigos, ou em autores que deliberadamente escrevem como os antigos, ainda se encontram as formas com AI. A outra marca, visível em todas as declinações, é a do acusativo plural. É o S, colocado junto à vogal temática - que na segunda era, originalmente, O - ou ao E que serve de vogal de ligação na terceira. Em tempos arcaicos, e com alguma freqüência nos clássicos, esse acusativo plural de terceira aparece como IS (Romanos militis em vez de Romanos milites). Na tabela a seguir, as formas que vimos nesta lição vêm em negrito. Caso e número Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta Nominativo singular littera liber urbs plural litterae libri urbes Acusativo singular litteram librum urbem plural litteras libros urbes Como littera se declinam incola, puella e Roma: incola, incolae, incolam, incolas puella, puellae, puellam, puellas Roma, acusativo Romam (sem plural, claro) Além disto, todos os adjetivos vistos até aqui seguem a primeira declinação se acompanham um nome feminino. Nesta classe de adjetivos, a primeira, se incluem todos os terminados em -VS (como Romanus) e alguns dos que terminam em -ER (como taeter). Em outros casos, bellum, templum e a palavra sempre plural arma se declinarão como liber. Inclusive, haverá muitos substantivos da segunda terminados em -VS (por exemplo, agnus, cordeiro). Por ora, lembre-se das formas dos neutros, no nominativo e no acusativo, idênticos: singular bellum, plural bella singular templum, plural templa (sem singular). Plural: arma Nomes que crescem Como urbs vimos, nesta lição, apenas um nome: ciuis, ciues, ciuem, ciues. Na lição 1, víramos homo, hominem e miles, militem. Estes dois nomes apresentam uma característica muito comum em palavras da terceira: eles "crescem" do nominativo singular para outros casos. O "crescimento" inclui uma consoante, que varia conforme cada palavra, e uma vogal entre a raiz da palavra e esta consoante. A vogal pode mudar (homo -> hominem) ou não (Cicero -> Ciceronem). Um guia para deduzir a forma mais longa dos demais casos a partir da mais curta do nominativo é tentar encontrar uma palavra derivada em português: Nós, da espécie Homo sapiens, somos seres hominídeos. A partir de "homin-" em "hominídeos", deduzimos que o acusativo de homo é hominem. Latim/Imprimir 15 O que é relacionado a um soldado é algo militar, certo? De "militar" tiramos "milit-", raiz do acusativo militem. Conjugação Algo essencial na conjugação latina, que vale repetir, são as terminações de cada pessoa: Pessoa Terminação 1a. sing. Ō (M) 2a. sing. S 3a. sing. T 1a. pl. MVS 2a. pl. TIS 3a. pl. NT Como disséramos, a primeira conjugação tem como vogal temática ā, a segunda ē, a terceira ĕ e a quarta, que ainda não vimos, ī. Entretanto, nesta lição aparecem verbos da chamada "conjugação mista". Em tempos como o presente do indicativo, verbos como capio e facio se conjugam como os da quarta (por exemplo, audio). Vejamos como fica nossa tabela: Primeira Segunda Terceira Mista (3a./4a.) Quarta 1a. sing. amo uideo lego capio 2a. sing amas uides legis capis 3a. sing amat uidet legit capit 1a. pl. amamus uidemus legimus capimus 2a. pl. amatis uidetis legitis capitis 3a. pl. amant uident legunt capiunt Ademais, temos nesta lição mais um verbo irregular, eo. Eis sua conjugação no presente do indicativo: ser ir 1a. sing. sum EO 2a. sing. es IS 3a. sing. est IT 1a. pl. sumus IMVS 2a. pl. estis ITIS 3a. pl. sunt EVNT Latim/Imprimir 16 Nomes romanos Os nomes dos antigos romanos podiam se encaixar em qualquer uma das declinações que vimos até aqui. • Sulla, Sullam; Catilina, Catilinam -> Nomes de homem; normalmente, tratava-se de sobrenomes. Os prenomes da primeira eram femininos: Iulia, Claudia. • Caius, Caium; Lucius, Lucium -> Aqui, são prenomes, da segunda. Normalmente têm a terminação, ainda não vista para substantivos da segunda, -VS. Porém, podem ter a terminação -ER, como no caso do comediógrafo Publius Terentius Afer, conhecido como Terêncio. • Cato, Catonem; Cicero, Ciceronem -> Alguns nomes latinos seguem a terceira. Além disso, é aqui que se incluem a maior parte dos nomes estrangeiros latinizados. Por exemplo, ao falar da divindade egípcia Ísis, os romanos a chamaram Isis, Isidem. Raríssimos nomes, estrangeiros, um deles importantíssimo na história da língua latina após o período clássico, seguem a quarta declinação (que ainda será vista). A partir do acusativo Como você viu, o acusativo plural tem formas como poetas, libros, mulieres. São parecidas com o português, não? Isso porque as palavras portuguesas, especialmente no plural, provêm do acusativo latino. Isto acontece com boa parte das línguas românicas (isto é, derivadas do latim). Já o italiano e o romeno, assim como muitos dialetos relacionados com essas línguas, formam o plural a partir do nominativo: una romana, due romane. Lição 3: Consilium in rem publicam. Vocabulário | Exercícios | Correção | Apêndice Catilina consilium in rem publicam habet. Exitium totae rei publicae cogitat, uitasque omnium Romanorum ferre uult. No século I a.C., período em que viveram autores tidos como "clássicos" como Gaius Iulius Caesar (Júlio César) e Marcus Tullius Cicero (Cícero), houve grandes disputas dentro do Estado romano, que culminaram no fim da República e estabelecimento do Principado, comumente conhecido por Império. Nos anos 60 daquele século, aparentemente houve uma conspiração contra os consules, principais magistrados romanos, envolvendo o senador Lucius Sergius Catilina. Dois dos principais relatos dos eventos que sobreviveram até nossos dias são contrários a Catilina, o que não nos permite ter uma idéia mais imparcial do que realmente se passou. Trata-se das quatro Orationes in Catilinam ("Discursos contra Catilina" ou Catilinárias), de Cícero, e do Bellum Catilinae, de Gaius Sallustius Crispus (Salústio). As frases acima, e as demais desta lição, são adaptadas ou livremente inspiradas no tema. Como veremos, há alguns tópicos a tratar. Novo vocabulário Para começar, vejamos a tradução das frases acima. • Catilina consilium in rem publicam habet. Catilina tem um plano contra a República. • Exitium totae rei publicae cogitat. Elabora a destruição da República inteira. • Vitas omnium Romanorum ferre vult. Quer tomar a vida de todos os romanos. Aqui temos uma nova preposiçãousada com acusativo, in; uma expressão bastante comum, res publica; e dois verbos irregulares, igualmente comuns. Aqui eles aparecem como "ferre" e "uult", mas, como vimos, a convenção é representar os verbos pela primeira pessoa do singular; você encontrará estes verbos no Vocabulário e num dicionário como fero e uolo, respectivamente. Latim/Imprimir 17 Quarta e quinta declinações • Catilina magnos exercitus in urbem ducit. Catilina conduz grandes exércitos contra a cidade. Nesta lição, concluímos as cinco declinações do latim; as três primeiras abrangem todos os casos de todos os adjetivos, mas para os substantivos é preciso incluir a quarta e a quinta. Uma vez que você as tenha aprendido, poderá identificar a declinação de qualquer nome, e já estará familiarizado com a declinação dos pronomes quando formos estudá-los. A palavra da quarta declinação que aparece nesta lição é exercitus, e a da quinta é res. Eis como se declinam: 4a. singular 4a. plural 5a. sing. 5a. plur. Nominativo exercitus exercitus res res Acusativo exercitum exercitus rem res Gramática O ponto gramatical mais relevante nesta lição é um novo caso do nome. Já víramos o nominativo, o caso do sujeito, e o acusativo, o caso do alvo, destino ou objeto de uma ação. O genitivo é o terceiro caso que estudaremos. Seu nome, uma tradução do grego hê genikê ptôsis, está relacionado com as palavras da terceira declinação gens e genus. O genitivo estabelece entre duas palavras uma relação, que pode ser: • de parentesco: gentes Ciceronis, os familiares de Cícero • de posse ou domínio: exercitus Catilinae, os exércitos de Catilina • de localidade: incolae (nom.) Romae (gen.), os habitantes de Roma Normalmente, a relação estabelecida pelo genitivo pode ser traduzida em português pela preposição DE, como você pode ver nos exemplos acima. A morfologia do genitivo, isto é, suas formas em todas as declinações, pode ser encontrada no Apêndice. Adjetivos de segunda classe • Omnes Romani ciues milites sunt. Todos os cidadãos romanos são soldados. Os adjetivos que víramos até agora haviam sido magnus, nouus, paruus, sacer e taeter. Como foi dito, eles seguem a segunda declinação para o masculino (alguns em -VS e outros em -ER), a primeira (em -A) para o feminino e novamente a segunda (em -VM) para o neutro. Além desses adjetivos de primeira classe, há os de segunda classe. Estes seguem apenas a terceira declinação. Os adjetivos de primeira classe são triformes, isto é, possuem uma forma masculina, uma feminina e uma neutra. Os de segunda classe, por outro lado, são, na maioria, biformes. Ao lado de uma forma neutra, há outra, comum ao masculino e ao feminino. O adjetivo de segunda classe que vimos nesta lição é omnis. Esta é a forma masculina e feminina nominativa singular; seu plural é omnes. O neutro é omne, plural omnia, no nominativo e no acusativo. No genitivo, os três gêneros são iguais: omnis, omnium. Latim/Imprimir 18 O infinitivo Vimos, nas frases desta lição, uma nova forma verbal. Trata-se do infinitivo. O infinitivo em latim é uma forma impessoal, isto é, não tem flexão de pessoa nem número. O significado do infinitivo é o da ação verbal em si, o fato de ela ocorrer. Contraste isto com o sentido do presente do indicativo, que enfatiza a ação realizada por alguém. • Exercitus in Romam ducere bellum est. Conduzir exércitos contra Roma é uma guerra. Por este exemplo fica claro por que o infinitivo é classificado como uma das formas nominais do verbo. Ele funciona como um nome: o sujeito do verbo conjugado, est, é o infinitivo ducere, que faz as vezes de um nominativo na frase. Em outras palavras, o que se constitui em guerra, ou num ato de guerra, é conduzir os exércitos, a ação de os conduzir, não importa por quem seja praticada. Mesmo sendo uma forma nominal, o infinitivo não deixa de ser um verbo. Assim, vem acompanhado de complementos, como uma forma conjugada do verbo viria; no caso, trata-se de exercitus e in Romam, dois complementos de acusativo ligados ao verbo ducere. Observe, no alto da lição, a frase-exemplo Catilina uitas omnium Romanorum ferre uult. Antes de seguir com a leitura, considere: qual é o verbo conjugado desta frase? Ele está na terceira pessoa do singular, e tem portanto a desinência comum a toda terceira do singular. Há algum nominativo na frase? Se houver, ele será o sujeito do verbo que você identificou. Qual deve ser, portanto, a função do infinitivo ferre? A qual dos dois verbos, o que está na forma nominal ou o conjugado, se referem o acusativo e seus genitivos presentes na frase? Após ter refletido, você pode ter chegado à conclusão de que o verbo conjugado é uult, que tem a desinência de terceira pessoa T. Seu sujeito, nominativo, é Catilina. Pela tradução dada, você pode ver que o objeto do verbo, a resposta à pergunta "o que Catilina quer?", é o infinitivo ferre, tomar. É a este infinitivo que estão ligados o acusativo (uitas) e seus genitivos (omnium Romanorum). Tudo isto é para dizer que o infinitivo pode assumir as funções de um nominativo ou de um acusativo. Como declinar uma forma nominal de um verbo em outros casos será visto mais adiante. Coordenação de orações Um aspecto muito importante do estudo do latim é a compreensão da sintaxe (lê-se "sintásse"). Ela se ocupa da forma como se articulam as diversas orações. Uma oração é um elemento básico de qualquer discurso, seja de um orador como Cícero, um poeta épico como Publius Vergilius Maro (Vergílio) ou um comediógrafo como Titus Macchius Plautus (Plauto). Uma oração consiste de um verbo conjugado e tudo o que a ele está direta ou indiretamente relacionado. O que está diretamente relacionado ao verbo é seu sujeito, seu objeto e seus complementos de lugar, de tempo etc. O que lhe está indiretamente associado são os complementos do sujeito e do objeto. Evidentemente, nem toda oração precisa ter todos estes termos; ocasionalmente, até o sujeito é dispensável ("Chove." -> isto é uma oração, em português). Mas o verbo, soberano, sempre está presente. Ele é tão central para o discurso que os gregos o chamavam rhêma, a unidade básica da fala. Se uma oração consiste de um verbo e palavras relacionadas, uma frase, por sua vez, é o conjunto mínimo de sons dotados de significado. Sua representação gráfica é uma seqüência de letras, começando com uma maiúscula e terminando com um sinal de pontuação. Por exemplo, "Psiu!" é uma frase em português. Frases podem conter orações. Esta última que apresentamos não contém nenhuma, pois não possui verbo; "Chove.", que indicáramos acima, é uma frase que contém uma oração. Também é possível que frases agrupem mais de uma oração, neste caso, as orações relacionar-se-ão entre si. São estas relações, num sentido mais estrito, o objeto de estudo da sintaxe. Até agora, vimos uma forma de relação entre orações chamada coordenação. As orações coordenadas se definem pelo fato de poderem ser separadas umas das outras e manter seu pleno sentido. Enquanto no começo da lição apresentáramos as orações unidas, mais adiante as separamos, e elas não perderam seu sentido por isto; assim, são Latim/Imprimir 19 coordenadas. Os vínculos sintáticos entre orações são estabelecidos por palavras conhecidas como conjunções. Um tipo de vínculo de coordenação que pode ser estabelecido é a coordenação aditiva, operada por conjunções aditivas. Nelas, o sentido de uma oração é simplesmente acrescentado ao da outra: • Videmus urbem, et ad urbem imus. Vemos uma cidade, e vamos à cidade. Além da conjunção aditiva et, que você já vira, aparece nesta lição a conjunção enclítica "-que". Uma palavra enclítica, como "-ne", se apóia no final de outra palavra, não existindo sozinha. Ao adicionar "-que" ao fim de uma palavra, ela passa a ser a primeira de um grupo de palavras em coordenação aditiva com as anteriores. Podemos dizer simplesmente: • Mulier puellaque, a mulher e a menina Mas podemos também, como nas frases-exemplodesta lição, ligar duas orações inteiras com um simples "-que". Finis Como sempre, consulte o Vocabulário, faça os Exercícios e, após tê-los corrigido, estude o Apêndice. Declinação Em primeiro lugar, apresentemos as duas novas declinações. Sobre as vogais temáticas, já dissemos que à primeira corresponde o a e à segunda o o. À terceira pode corresponder um i, que aparece no genitivo plural de palavras como gens. A quarta é a declinação em u, e a quinta, em e. Nenhuma das duas declinações que apareceram pela primeira vez nesta lição contém muitas palavras. A quarta, além de nomes masculinos como exercitus, possui femininos também terminados em -us, e uns poucos neutros terminados em -u; na quinta, há apenas duas palavras que os textos remanescentes do latim antigo apresentam em todos os casos, res e dies (dia). As demais palavras são todas femininas. No geral, esta declinação foi absorvida pela primeira ou pela terceira; a quarta, pela similaridade, foi absorvida pela segunda. Além das duas novas declinações, vimos nosso terceiro caso, o genitivo. Como os demais, ele tem uma marca própria. Podemos dizer que o nominativo possui duas marcas: um s no singular (Romanus, urbs, exercitus, res), ausente na primeira, nas palavras da segunda terminadas em -R e em algumas terminações da terceira (Cicero). No plural, sua marca é i nas duas primeiras, e novamente s nas demais; na primeira, o ai tornou-se ae, como já vimos. O acusativo tem as marcas mais constantes: m no singular e s no plural. Cabe acrescentar que, à exceção da terceira declinação, em que o E da terminação (milites) é apenas uma vogal de ligação, a vogal que antecede o S no plural é sempre longa: puellās, uirōs, exercitūs, rēs. O genitivo também apresenta marcas. Um i se acrescenta à vogal temática da primeira e da quinta, e faz sumir a da segunda: puellae, uiri, rei; as outras duas seguem o genitivo em s, presente no grego (aretês, andros) e nas línguas germânicas (alemão des Mannes, inglês man's). A marca do genitivo plural é notavelmente constante: um -VM, com ū longo. Aliás, isto corresponde ao genitivo plural grego em -ôn (tôn basileôn). Porém, apenas em nomes da terceira sem vogal temática esta terminação aparece sozinha: militum. A vogal apropriada aparece nos demais nomes da terceira, bem como nos da quarta: omnium exercitŭum. Nas demais, entre a vogal temática e o ū vem um R: incolarum, bellorum, rerum. Sintetizando: Latim/Imprimir 20 Caso e número Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta Nominativo singular littera liber urbs exercitus res plural litterae libri urbes exercitus res Acusativo singular litteram librum urbem exercitum rem plural litteras libros urbem exercitus res Genitivo singular litterae libri urbis exercitus rei plural litterarum librorum urbium exercituum rerum Conjugação Em primeiro lugar, ampliemos nossa tabela de verbos irregulares com os dois que aparecem nesta lição: ser ir levar querer 1a. sing. sum eo FERO VOLO 2a. sing. es is FERS VIS 3a. sing. est it FERT VVLT 1a. pl. sumus imus FERIMVS VOLVMVS 2a. pl. estis itis FERTIS VVLTIS 3a. pl. sunt eunt FERVNT VOLVNT Além desses irregulares, aprendemos nesta lição uma nova forma verbal, o infinitivo. Assim como, no indicativo, a forma que você já conhece é o presente ativo, também as formas vistas ("ferre") são do infinitivo presente ativo. Há infinitivos em três tempos e nas duas vozes; mas isso será visto adiante. O que é importante sobre nosso infinitivo presente ativo é que nele a vogal temática das conjugações aparece com uma clareza cristalina. A terminação comum de todos estes infinitivos é -RE; antes dela, porém, vem sempre a tal vogal. Acompanhe no quadro abaixo: 1a. conjugação 2a. conjugação 3a. conjugação 4a. conjugação Irregulares amāre cogitāre habēre uidēre capĕre ducĕre facĕre legĕre eo: ire fero: ferre sum: esse uolo: uelle Aqui, ao contrário do presente, verbos como capio e facio seguem a terceira declinação. O infinitivo pode ajudar a marcar a diferença entre a segunda e a terceira, que têm ambas um E como vogal temática. Na segunda, o E longo, na penúltima sílaba, é tônico. Em outras palavras: pronuncia-se "habêre", "uidêre" (não se esqueça de que o H é aspirado, e que o E no final da palavra não tem som de I como em português). Por outro lado, o E breve na penúltima sílaba na terceira conjugação faz com que a sílaba tônica seja a antepenúltima. Ou seja: temos "cápere", "dúcere", "fácere", "légere" (muita atenção! C e G são sempre sons velares, isto é, soam como na palavra córrego em português. Nunca como em cinza ou gente). Nos irregulares, as letras dobradas apenas são pronunciadas com maior duração: "fér-re", "és-se", "uél-le". O rr nunca tem o som, por exemplo, do português carro. Os substantivos deste caso geralmente terminam em -a e são tipicamente femininos. As exceções são os substantivos que designam profissões exercidas por homens, tais como "agricola" (fazendeiro) e "nauta" (navegante). O genitivo singular das palavras de primeira declinação tem a terminação -ae. A tabela com o paradigma dessa declinação é: Latim/Imprimir 21 Caso Singular Plural Nominativo —a —ae Genitivo —ae —ārum Dativo —ae —īs Acusativo —am —ās Ablativo —ā —īs Vocativo —a —ae Abaixo há alguns exemplos de palavras dessa declinação. • stella -ae f estrela Caso Singular Plural Nominativo stella stellae Genitivo stellae stellārum Dativo stellae stellīs Acusativo stellam stellās Ablativo stellā stellīs Vocativo stella stellae • lingua, -ae f língua Caso Singular Plural nominativo lingua linguae genitivo linguae linguārum dativo linguae linguīs acusativo linguam linguās ablativo linguā linguīs vocativo lingua linguae • vita, -ae, f Vida Latim/Imprimir 22 Caso Singular Plural nominativo vita vitae genitivo vitae vitārum dativo vitae vitīs acusativo vitam vitās ablativo vitā vitīs vocativo vita vitae " Vitam regit fortuna, non sapientia" (Cícero) [A] sorte, não [a] sabedoria, rege [a] vida. "Non scholae sed vitae discimus" (Seneca) Aprendemos não para a escola, mas para a vida. "Nil sine magno labore vita dedit mortalibus" (Horácio) A vida nada dá aos mortais senão trabalho duro. • scientia, -ae, f ciência, sabedoria, conhecimento Caso Singular Plural nominativo scientia scientiae genitivo scientiae scientiārum dativo scientiae scientiīs acusativo scientiam scientiās ablativo scientiā scientiīs vocativo scientia scientiae "Et ipsa scientia potestas est". (Francis Bacon) E conhecimento em si é poder. Sine scientia ars nihil est. [A] arte [não] é nada sem [a] ciência. A maioria das palavras de segunda declinação são substantivos masculinos com terminação (no nominativo singular) em -us ou -r, ou substantivos neutros com terminação em -um. O genitivo singular de todas termina em -ī. Para as poucas palavras que possuem o caso Vocativo, este é idêntico ao genitivo. • campus, –ī m campo Latim/Imprimir 23 Caso Singular Plural Nominativo campus campī Genitivo campī campōrum Dativo campō campīs Acusativo campum campōs Ablativo campō campīs Vocativo campe campī • puer, -ī m garoto Caso Singular Plural Nominativo puer puerī Genitivo puerī puerōrum Dativo puerō puerīs Acusativo puerum puerōs Ablativo puerō puerīs Vocativo puer puerī Sunt pueri pueri pueri puerilia tractant. Garotos são garotos (e) garotos agem como garotos. • bellum, -ī n guerra Caso Singular Plural Nominativo bellum bella Genitivo bellī bellōrum Dativo bellō bellīs Acusativo bellum bella Ablativo bellō bellīs Vocativo bellum bella "Si vis pacem, para bellum". (Vegetius) Se queres paz, prepara-te para guerra. Peior est bello timor ipse belli. Pior que a guerra é o medo da guerra. Latim/Imprimir 24 "Nec verbum verbo curabis reddere fidusinterpres". (Horácio) Como tradutor, tomarás cuidado para não traduzir palavra por palavra. • verbum, -i n palavra Caso Singular Plural Nominativo verbum verba Genitivo verbī verbōrum Dativo verbō verbīs Acusativo verbum verba Ablativo verbō verbīs Vocativo verbum verba Verbum sapienti satis est. (Uma) palavra é suficiente para o sábio. Verba movent, exempla trahunt. Palavras movem, exemplos compelem. A verbis ad verbera. Palavras ao vento. • deus, ī m (irregular) deus Latim/Imprimir 25 Caso Singular Plural Nominativo deus deī, dī, diī Genitivo deī, dīvi deōrum, deum Dativo deō, dīvō deīs, dīs, diīs Acusativo deum deōs Ablativo deō, dīvō deīs, dīs, diīs Vocativo dīve deī, dī, diī Deorum iniuriae Diis curae. Ofensa aos deuses, problema dos deuses. Vox populi, vox Dei. Voz do povo, voz de Deus. Nas lições A seguir, uma lista das palavras desta declinação vistas em cada lição: Lição 1 Liber m, uir m • Mais o masculino de adjetivos como magnus, nouus e paruus. A terceira declinação contém o maior grupo de substantivos. Os substantivos de terceira podem terminar em -a, -e, -ī, -ō, -y, -c, -l, -n, -r, -s, -t ou -x. Estes consistem em substantivos masculinos, neutros e femininos das mais diversas raízes. O genitivo singular de todas palavras de terceira declinação termina em -is. "Homo homini lupus est". (Thomas Hobbes) [O] homem é [um] lobo para o homem. • homō, -is m humano, homem (no sentido de "ser humano") Latim/Imprimir 26 Caso Singular Plural nominativo homō homin·ēs genitivo homin·is homin·um dativo homin·ī homin·ibus accusativo homin·em homin·ēs ablativo homin·e homin·ibus vocativo homō homin·ēs "Homines libenter quod volunt credunt". (Terentius) [Os] homens acreditam no que querem. "Numero pondere et mensura Deus omnia condidit". (Isaac Newton). Deus criou tudo por número, peso e medida. • omnis m/f, omne n todo/toda/tudo Número Singular Plural Caso \ Gênero M.F. N. MM.FF. NN. Nominativo omnis omne omnēs omnia Genitivo omnis omnis omnium omnium Dativo omnī omnī omnibus omnibus Acusativo omnem omne omnēs omnia Ablativo omnī omnī omnibus omnibus Latim/Imprimir 27 "Patria est communis omnium parens". (Cícero) A pátria é o pai/a mãe comum de todos. "Nihil est ab omni parte beatum". (Horácio) Nada é bom em toda parte. "Non omnia possumus omnes". (Virgílio) Nem todos [nós] podemos tudo. "Sol omnibus lucet". (Petronius) O Sol ilumina a todos. "Non omne quod licet honestum est". (Corpus Iuris Civilis) Nem tudo que é lícito é honesto. Non omne quod nitet aurum est. Nem tudo que brilha é ouro. "Omnes homines dignitate et iure liberi et pares nascuntur". (Declaração Universal dos Direitos do Homem) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Omnia vincit amor. O amor vence tudo. • pāx, pācis f paz Caso \ # Singular Plural Nominativo pāx pācēs Genitivo pācis pācium Dativo pācī pācibus Acusativo pācem pācēs Ablativo pāce pācibus "Pax melior est quam iustissimum bellum". [A] paz é melhor que a guerra mais justa. "Si vis pacem, para bellum". (Vegetius) Se queres paz, prepara-te para guerra. • nox, noctis f noite Latim/Imprimir 28 Caso Singular Plural Nominativo nox noctēs Genitivo noctis noctium Dativo noctī noctibus Acusativo noctem noctēs Ablativo nocte noctibus "Omnes una manet nox". (Horácio) Uma noite espera por todos [A mesma noite espera por todos nós]. • vōx, vōcis f voz Caso Singular Plural Nominativo vōx vōcēs Genitivo vōcis vōcum Dativo vōcī vōcibus Acusativo vōcem vōcēs Ablativo vōce vōcibus Algumas palavras peculiares de 3ª declinação Caso vis força, poder f. sūs, suis porco c. bōs, bovis boi c. Iupitter, Iovis Jupiter m. Singular Plural Singular Plural Singular Plural Singular Nominativo vis vīrēs sūs suēs bōs bovēs Iupitter Genitivo roboris vīrium suis suum bovis bovum Iovis Dativo robori vīribus suī subus bovī bōbus Iovī Acusativo vim vīrēs suem suēs bovem bovēs Iovem Ablativo vī vīribus sue subus bove bōbus Iove Vocativo vis vīrēs sūs suēs bōs bovēs Iupitter Nas lições A seguir, uma lista das palavras desta declinação vistas em cada lição: Lição 1: homo m, miles m, mulier f, urbs f. Palavras latinas de quarta declinação são geralmente palavras masculinas ou femininas terminadas em -us, ou palavras neutras terminadas em -ū. O genitivo singular das palavras de quarta declinação terminam em -ūs. • manus, -ūs f mão Latim/Imprimir 29 Caso Singular Plural Nominativo man-us man-ūs Genitivo man-ūs man-uum Dativo man-ūi man-ibus Acusativo man-um man-ūs Ablativo man-ū man-ibus Vocativo man-us man-ūm Exemplos: "Manus manum lavat". (Petronius) [Uma] mão lava [outra] mão. • cornū, -ūs n chifre Caso Singular Plural Nominativo corn·ū corn·ua Genitivo corn·ūs corn·uum Dativo corn·ū corn·ibus Acusativo corn·ū corn·ua Ablativo corn·ū corn·ibus Vocativo corn·ū corn·ua "Dente lupus, cornu taurus petit". (Horácio) O lobo ataca com os dentes; o touro, com o chifre. Palavras latinas de quinta declinação são geralmente femininas, com algumas exceções como "dies", que só é usada no feminino quando indica um dia especial. No nominativo singular elas terminam em -ēs, e no genitivo singular, em -ēī. As palavras de quinta declinação tem raiz invariável. • diēs, -ēī m dia Caso Singular Plural nominativo di·ēs di·ēs genitivo di·ēī di·ērum dativo di·ēī di·ēbus acusativo di·em di·ēs ablativo di·ē di·ēbus vocativo di·ēs di·ēs Carpe diem. Aproveite o dia. • Observação: Outras palavras de quinta declinação derivam de "dies", tais como "hodies" (hoje) e "meridies" (meio-dia). Latim/Imprimir 30 • rēs, -eī f coisa Singular Plural Nominativo rēs rēs Genitivo reī rērum Dativo reī rēbus Acusativo rem rēs Ablativo rē rēbus "Libertas inaestimabilis res est". (Corpus Iuris Civilis) [A] liberdade é [uma] coisa inestimável. "Fallaces sunt rerum species". (Sêneca) A aparência das coisas é enganosa. Tempos • Presente (praesens) • Futuro (futurum simplex) • Pretérito Imperfeito (imperfectum) • Pretérito Perfeito (perfectum) • Pretérito mais que perfeito (plus quam perfectum) • Futuro Perfeito (futurum exactum) Modos • Indicativo (indicativus) • Subjuntivo (coniunctivus) • Imperativo (imperativus) Vozes • Ativa (activum) • Passiva (passivum) Nas lições Lição 1: Presente do indicativo ativo. Vistos os seguintes verbos, por conjugação: •• Irregular: sum. •• Primeira: amo, cogito. •• Segunda: uideo. •• Terceira: lego. Esta página é um esboço de línguas. Ampliando-a você ajudará a melhorar o Wikilivros. Latim/Imprimir 31 1ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. amō amo 2ªS. amās amas 3ªS. amat ama 1ªPl. amāmus amamos 2ªPl. amātis amais 3ªPl. amant amam Ex: "Odi et amo" (Catullus) Eu [a] odeio e [a] amo. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. dō dou 2ªS. das dás 3ªS. dat da 1ªPl. damus damos 2ªPl. datis dais 3ªPl. dant dão Nemo dat quod non habet. Ninguém dá o que não tem. "Bis dat qui cito dat". (Publilius Syrus) Dá duas vezes quem dá rápidamente. "Cogito, ergo sum". Penso, logo sou. René Descartes Latim/Imprimir 32 Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. cōgitō penso/ cogito 2ªS. cōgitās pensas/ cogitas 3ªS. cōgitat pensa/ cogita 1ªPl. cōgitāmus pensamos/ cogitamos 2ªPl. cōgitātis pensais/ cogitais 3ªPl. cōgitant pensam/ cogitam "Homo cogitat". (Espinosa) [O] homem pensa/ cogita. 2ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. videō vejo 2ªS. vidēs vês 3ªS. videt vê 1ªPl. vidēmus vemos 2ªPl. vidētis vedes 3ªPl. vident vêem Ex: "In alio pediculum, in te ricinum non vides" (Petronius) Tu vêsum piolho no outro, mas não um carrapato em si mesmo. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. habeō tenho 2ªS. habēs tens 3ªS. habet tem 1ªPl. habēmus temos 2ªPl. habētis tendes 3ªPl. habent têm Ex: Crapulam terriblem habeo. Tenho uma terrível ressaca. In dentibus anticis frustrum magnum spiniciae habes. Tu tens um grande pedaço de espinafre nos dentes da frente. Scientia non habet inimicum nisi ignorantem. A sabedoria/ciência não tem outro inimigo além dos ignorantes. Latim/Imprimir 33 "Qui multum habet, plus cupit". Quem muito tem mais deseja. "Non mortem timemus, sed cogitationem mortis". Não tememos a morte, mas os pensamentos de morte. Seneca Habemus Papam. Nós temos um Papa. Nota: Assim como no Português coloquial, "ter" em Latim freqüentemente é usado no sentido de "haver". Exemplos: "Dimidium facti qui coepit habet". (Horácio) Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. timeō temo 2ªS. timēs temes 3ªS. timet teme 1ªPl. timēmus tememos 2ªPl. timētis temeis 3ªPl. timent temem "Qui omnes insidias timet in nullas incidit". (Pubilius Syrus) Aquele que teme todas emboscadas cai em nenhuma. 3ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. dico digo 2ªS. dicis dizes 3ªS. dicit diz 1ªPl. dicimus dizemos 2ªPl. dicitis dizeis 3ªPl. dicunt dizem Ex: Caue quid dicis, quando, et cui. Latim/Imprimir 34 Cuidado com o que dizes, quando e para quem. Numquam aliud natura, aliud sapientia dicit. Nunca a natureza diz algo [alguma coisa] e a sabedoria diz outra. "Laudant illa, sed ista legunt" Aqueles [escritos] são louvados, mas esses são lidos. Martialis Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. lego leio 2ªS. legis lês 3ªS. legit lê 1ªPl. legimus lemos 2ªPl. legitis ledes 3ªPl. legunt lêem Qui scribit bis legit. Aquele que escreve lê duas vezes. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. vincō venço / conquisto 2ªS. vincis vences / conquistas 3ªS. vincit vence / conquista 1ªPl. vicimus vencemos /conquistamos 2ªPl. vincimus venceis / conquistais 3ªPl. vincunt vencem /conquistam Bis vincit qui se vincit in victoria (Publilius Syrus) Vence duas vezes quem se vence na vitória. Fortitudine vincimus. Pela resistência vencemos. Latim/Imprimir 35 4ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. audiō ouço 2ªS. audīs ouves 3ªS. audit ouve 1ªPl. audīmus ouvimos 2ªPl. audītis ouvis 3ªPl. audiunt ouvem Ex: Audio, video, disco. Ouço, vejo [e] aprendo. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. sciō sei 2ªS. scīs sabes 3ªS. scit sabe 1ªPl. scīmus sabemos 2ªPl. scītis sabeis 3ªPl. sciunt sabem "Scio me nihil scire". (Sócrates) Sei que nada sei. "Nihil aliud scit necessitas quam vincere". (Syrus) A necessidade conhece nada além de vencer. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. nesciō ignoro 2ªS. nescīs ignoras 3ªS. nescit ignora 1ªPl. nescīmus ignoramos 2ªPl. nescītis ignorais 3ªPl. nesciunt ignoram "Nomina si nescis, perit et cognitio rerum". (Carl von Linné) Se ignoras o nome, perece a cognição das coisas. "Vincere scis, Hannibal, victoria uti nescis". (Segundo Livy, foi dito a Hanibal por Hasdrubal) Sabes vencer, Hanibal, mas não sabes usar a vitória. "Amor ordinem nescit". (S. Jerônimo) [O] amor ignora [a] ordem. Latim/Imprimir 36 3ª/4ª Conjugação (ou Conjugação Mista) Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. capiō capturo 2ªS. capis capturas 3ªS. capit captura 1ªPl. capimus capituramos 2ªPl. capitis capturais 3ªPl. capiunt capituram Ex: Aquila non capit muscas. [Uma] águia não captura/caça moscas. Parva leves capiunt animas. Coisas pequenas capturam/ocupam as mentes frívolas. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. faciō faço 2ªS. facis fazes 3ªS. facit faz 1ªPl. facimus fazemos 2ªPl. facitis fazeis 3ªPl. faciunt fazem Ex: Occasio facit furem. A ocasião faz o ladrão. "Philosophum non facit barba!" (Plutarco) A barba não faz o filósofo. Sic faciunt omnes. Todos fazem isto. Latim/Imprimir 37 Irregulares "Civis Romanus sum". (Cícero) Sou cidadão Romano. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. sum sou 2ªS. es és 3ªS. est é 1ªPl. sumus somos 2ªPl. estis sois 3ªPl. sunt são Amor est vitae essentia. O amor é a essência da vida. Cur etiam hic es? Por que tu ainda estás aqui? Pulvis et umbra sumus.(Horácio) Somos sujeira e sombra. Tantum eruditi sunt liberi. (Epictetus) Só os educados são livres. Latim/Imprimir 38 Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. eō vou 2ªS. īs vais 3ªS. it vai 1ªPl. īmus vamos 2ªPl. ītis ides 3ªPl. eunt vão "Quia natura mutari non potest idcirco verae amicitiae sempiternae sunt". (Horácio) .Assim como a natureza não pode mudar, as verdadeiras amizades são eternas. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. possum posso 2ªS. potes podes 3ªS. potest pode 1ªPl. possumus podemos 2ªPl. potestis podeis 3ªPl. possunt podem Ex: Te audire non possum. Não posso te ouvir "Nec possum tecum vivere, nec sine te". (Martial) Latim/Imprimir 39 Não posso viver contigo nem sem ti. Potes currere sed te occulere non potes. Podes correr, mas não podes esconder-te. Rex non potest peccare. O rei não pode pecar. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. ferō carrego 2ªS. fers carregas 3ªS. fert carrega 1ªPl. ferimus carregamos 2ªPl. fertis carregais 3ªPl. ferunt carregam Nota: Vários verbos irregulares latinos derivam de fero e conjugam de forma idêntica, por exemplo: • adferō (levar embora) • cōnferō (coleto juntamente, confiro) • offerō (ofereço) • praeferō (carrego antes, prefiro) • referō (carrego de volta, reporto) • trānsferō (transfiro) Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. volō quero 2ªS. vīs queres 3ªS. vult quer 1ªPl. volumus queremos 2ªPl. vultis quereis 3ªPl. volunt querem "Sic volo, sic iubeo". (Juvenalis) Eu quero isto, eu ordeno isto. "Si vis pacem, para bellum". (Vegetius) Se queres paz, prepara-te para guerra. "Homines libenter quod volunt credunt". (Terentius) Os homens acreditam no que querem. Nota: Alguns verbos irregulares latinos derivam de volō: Latim/Imprimir 40 Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. nōlō não quero 2ªS. nōn vīs não queres 3ªS. nōn vult não quer 1ªPl. nōlumus não queremos 2ªPl. nōn vultis não quereis 3ªPl. nōn volunt não querem "Ego nolo caesar esse" (Florus) Eu não quero ser César. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. mālō prefiro 2ªS. māvīs preferes 3ªS. māvult prefere 1ªPl. mālumus preferimos 2ªPl. māvultis prefereis 3ªPl. mālunt preferem Irregulares "Noli turbare circulos meos". (últimas palavras de Arquimedes, segundo os romanos). Não perturbes meus círculos. Latim/Imprimir 41 - Latim Português Infinitivo velle querer Infinitivo Neg. nōlle não querer Imperativo Neg. 2ªS. nōlī não queiras Imperativo Neg. 2ªPl. nōlīte não queirás Para todos os outros verbos, o imperativo negativo é formado pelo verbo em questão no infinitivo antecedido de nōlī\nōlīte. Ex: Noli me tangere. Não me toques. Noli equi dentes inspicere donati. Não olhes para os dentes de um cavalo dado. - Latim Português Imperativo 2ªS. es sê / está Imperativo 2ªPl. este sede / estai Infinitivo esse ser / estar Ex: Brevis esse latoro obscurus fio. Quando tento ser breve, falo obscuramente. - Latim Português Infinitivo ire ir Imperativo 2ªS. ī vai Imperativo 2ªPl. īte ide Ex: Romani ite domum. Romanos, ide para casa! "Ire fortiter quo nemo ante iit". (Star Trek) Ir audaciosamente onde ninguém antes fora. - Latim Português Infinitivo ferre carregar Imperativo 2ªS. fer carrega Imperativo 2ªPl. ferte carregai Imperativo Neg. 2ªS. nōlī ferre não carregues Imperativo Neg. 2ªPl. nōlīte ferre não carregueis • posse - poder • mālle - preferir Ex:Latim/Imprimir 42 Velle est posse. Querer é poder. Regulares •• 1ª conjugação "Si vis amari, ama". (Seneca) Se queres ser amado, ama. - Latim Português Infinitivo amāre amar Imperativo 2ªS. amā ama Imperativo 2ªPl. amāte amai Imperativo Neg. 2ªS. nōlī amāre não ames Imperativo Neg. 2ªPl. nōlīte amāre não ameis •• 2ª conjugação - Latim Português Infinitivo habēre ter Imperativo 2ªS. habē tem Imperativo 2ªPl. habēte tende Imperativo Neg. 2ªS. nōlī habēre não tenhas Imperativo Neg. 2ªPl. nōlīte habēre não tenhais Ex: Commodum ex iniuria sua nemo habere debet. Ninguém deve ter vantagem de seu próprio erro. •• 3ª conjugação Latim/Imprimir 43 - Latim Português Infinitivo dīcere dizer Imperativo 2ªS. dīc diz\dize Imperativo 2ªPl. dīcite dizei Imperativo Neg. 2ªS. nōlī dīcere não digas Imperativo Neg. 2ªPl. nōlīte dīcere não digais Ex: Dic mihi solum facta. Diga-me só os fatos. "Ridentem dicere verum quid vetat?" (Horácio) O que impede o risonho de dizer a verdade? •• 4ª conjugação - Latim Português Infinitivo audīre ouvir Imperativo 2ªS. audī ouve Imperativo 2ªPl. audīte ouvi Imperativo Neg. 2ªS. nōlī audīre não ouças Imperativo Neg. 2ªPl. nōlīte audīre não ouçais Audi et alteram partem. Ouça o outro lado. Te audire non possum. Não posso te ouvir. •• 3ª/4ª conjugação - Latim Português Infinitivo facere fazer Imperativo 2ªS. face faz / faze Imperativo 2ªPl. facite fazei Imperativo Neg. 2ªS. nōlī facere não faças Imperativo Neg. 2ªPl. nōlīte facere não façais "Facilius est multa facere quam diu". (Quintilianus) É mais fácil fazer muitas [coisas] do que [fazer] por um longo tempo. Latim/Imprimir 44 1ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. amābō amarei 2ªS. amābis amarás 3ªS. amabit amará 1ªPl. amābimus amaremos 2ªPl. amābitis amareis 3ªPl. amabunt amarão 2ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. vidēbō verei 2ªS. vidēbis verás 3ªS. vidēbit verá 1ªPl. vidēbimus veremos 2ªPl. vidēbitis vereis 3ªPl. videbunt verão "In lumine tuo, videbimus lumen". (mote da Columbia University) Em tua luz, veremos a luz. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. habēbō terei 2ªS. habēbis terás 3ªS. habēbit terá 1ªPl. habēbimus teremos 2ªPl. habēbitis tereis 3ªPl. habebunt terão "Non habebis deos alienos coram Me". (Vulgata, Exodus 20:3) Não terás outros deuses em desafio a Mim. 3ª Conjugação Latim/Imprimir 45 Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. dīcam direi 2ªS. dīces dirás 3ªS. dīcet dirá 1ªPl. dīcemus diremos 2ªPl. dīcetis direis 3ªPl. dīcent dirão Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. vincam vencerei / conquistarei 2ªS. vincēs vencerás / conquistarás 3ªS. vincet vencerá / conquistará 1ªPl. vincēmus venceremos / conquistaremos 2ªPl. vincētis vencereis / conquistareis 3ªPl. vincent vencerão / conquistarão "In hoc signo vinces". (visão de Constantino) Por este signo vencerás. "Si uno adhuc proelio Romanos vincemus, funditus peribimus!" (atribuída a Pyrrhus de Epirus por Plutarco) Se vencermos os romanos em uma batalha como esta, preceremos completamente. Obs.: O Latim não tem o Futuro do Subjuntivo, sendo usado nestas construções o Futuro do Indicativo. 4ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. audiam ouvirei 2ªS. audēs ouvirás 3ªS. audet ouvirá 1ªPl. audiēmus ouviremos 2ªPl. audirētis ouvireis 3ªPl. audient ouvirão 3ª/4ª Conjugação (ou Conjugação Mista) Latim/Imprimir 46 Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. capiam pegarei 2ªS. capies pegarás 3ªS. capiet pegará 1ªPl. capiēmus pegaremos 2ªPl. capiētis pegareis 3ªPl. capient pegarão Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. faciam farei 2ªS. facies farás 3ªS. faciet fará 1ªPl. faciēmus faremos 2ªPl. faciētis fareis 3ªPl. facient farão Ex: Aut viam inveniam aut faciam. Encontrarei [um] caminho ou farei [um]. "Non facies tibi sculptile neque omnem similitudinem quae est in caelo desuper et quae in terra deorsum nec eorum quae sunt in aquis sub terra". (Vulgata, Exodus 20:4) Não farás para ti esculturas nem semelhança alguma do que está em cima nos ceús, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Irregulares Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. erō serei 2ªS. eris serás 3ªS. erit será 1ªPl. erimus seremos 2ªPl. eritis sereis 3ªPl. erunt serão "Eram quod es, eris quod sum". (epitáfio). Eu era o que tu és, tu serás o que eu sou. Non semper erit aestas. Nem sempre será verão. Si finis bonus est, totum bonum erit. Se o final é bom, tudo será bom. Latim/Imprimir 47 "Medio tutissimus ibis". (Ovídio) Tu irás em maior segurança pelo meio. (Seja moderado). Cum catapultae proscriptae erunt tum soli proscript catapultas habebunt. Quando as catapultas forem por lei proibidas, somente os fora da lei terão catapultas. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. ībō irei 2ªS. ībis irás 3ªS. ībit irá 1ªPl. ībimus iremos 2ªPl. ībitis ireis 3ªPl. ibunt irão Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. poterō poderei 2ªS. poteris poderás 3ªS. poterit poderá 1ªPl. poterimus poderemos 2ªPl. poteritis podereis 3ªPl. poterunt poderão Verbos depoentes são aqueles que têm um significado restrito à voz ativa, mas sua conjugação é típica de outra voz. No Latim, os depoentes tem a conjugação típica da voz passiva. Latim/Imprimir 48 Presente do Indicativo 1ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. opinor penso 2ªS. opinaris/opinare pensas 3ªS. opinatur pensa 1ªPl. opinamur pensamos 2ªPl. opinaminī pensais 3ªPl. opinantur pensam Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. (ad)mīror admiro 2ªS. (ad)mīrāris/(ad)mīrāre admiras 3ªS. (ad)mīrātur admira 1ªPl. (ad)mīrāmur admiramos 2ªPl. (ad)mīrāminī admirais 3ªPl. (ad)mīrantur admiram 2ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. polliceor prometo 2ªS. pollicēris/pollicere prometes 3ªS. pollicētur promete 1ªPl. pollicēmur prometemos 2ªPl. pollicēminī prometeis 3ªPl. pollicēntur prometem 3ª Conjugação Latim/Imprimir 49 Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. sequor sigo 2ªS. sequeris/sequere segues 3ªS. sequitur segue 1ªPl. sequimur seguimos 2ªPl. sequiminī seguis 3ªPl. sequuntur seguem Video meliora proboque deteriora sequor. Vejo o melhor, mas sigo o pior. Non sequitur. Não segue. Não procede. Geralmente usado em lógica para dizer que a conclusão não segue de forma válida as premissas. "Vitiis nemo sine nascitur". (Horácio) Ninguém nasce sem culpa. Latim/Imprimir 50 Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. loquor falo 2ªS. loqueris/loquere falas 3ªS. loquitur fala 1ªPl. loquimur falamos 2ªPl. loquiminī falais 3ªPl. loquuntur falam Res ipsa loquitur. As coisas falam por si próprias. Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. nāscor nasço 2ªS. nāsceris/nāscere nasces 3ªS. nāscitur nasce 1ªPl. nāscimur nascemos 2ªPl. nāsciminī nasceis 3ªPl. nāscuntur nascem 4ª Conjugação Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. mentior minto 2ªS. mentīris/mentīre mentes 3ªS. mentītur mente 1ªPl. mentīmur mentimos 2ªPl. mentīminī mentis 3ªPl. mentiuntur mentem Astra non mentiuntur, sed astrologi bene mentiuntur de astris. As estrelas não mentem, mas os astrologos bem mentem sobre as astrelas. 3ª/4ª Conjugação (Conjugação Mista) Latim/Imprimir 51 Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. gradior caminho 2ªS. graderis/gradere caminhas 3ªS. graditur caminha 1ªPl. gradimur caminhamos 2ªPl. gradiminī caminhais 3ªPl. gradiuntur caminham Vários verbos depoentes de 3ª/4ª conjugação derivam de gradior: • adgredior - aproximo • ēgredior - saio • progredior - progrido / avanço Pessoa/Nº Latim Português 1ªS. morior morro 2ªS. moreris/morere morres 3ªS. moritur morre 1ªPl.
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