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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE MACEIÓ (CESMAC) FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS (FACET) A P O S T IL A D E A P O S T IL A D E A P O S T IL A D E A P O S T IL A D E M E T O D O L O G IA M E T O D O L O G IA M E T O D O L O G IA M E T O D O L O G IA C C C C IE N T ÍF IC A IE N T ÍF IC A IE N T ÍF IC A IE N T ÍF IC A Professora: ftÇwÜt `ftÇwÜt `ftÇwÜt `ftÇwÜt `ööööÜv|t wx fÉâét VtÜàtåÉÜv|t wx fÉâét VtÜàtåÉÜv|t wx fÉâét VtÜàtåÉÜv|t wx fÉâét VtÜàtåÉ sandracartaxo@cesmac.com.br Maceió/AL Agosto/2009 O MÉTODO O MÉTODO O MÉTODO O MÉTODO CIENTÍFICOCIENTÍFICOCIENTÍFICOCIENTÍFICO Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 2 SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ..................................................................... 5 2 A METODOLOGIA CIENTÍFICA E A UNIVERSIDADE .................................. 6 3 A COMUNICAÇÃO GLOBAL - MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE ESTUDO E APRENDIZAGEM .................................................................................................... 10 3.1 A LEITURA ............................................................................................................. 10 3.1.1 O que é ler? .......................................................................................................... 10 3.1.2 Alcance da leitura: ............................................................................................... 10 3.1.3 Tirando proveito da Leitura ............................................................................... 11 3.1.4 Recomendações: ................................................................................................... 12 4 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ........................................................... 17 4.1 TIPOS DE CONHECIMENTO ................................................................................ 18 4.1.1 Conhecimento Empírico, ou vulgar, ou senso comum ..................................... 18 4.1.2 Conhecimento Filosófico ..................................................................................... 19 4.1.3 Conhecimento Teológico ..................................................................................... 20 4.1.4 Conhecimento Científico ..................................................................................... 20 5 SISTEMATIZAÇÃO DO ESTUDO ......................................................................... 23 5.1 ESQUEMA ............................................................................................................... 23 5.2 RESUMO .................................................................................................................. 24 5.2.1 Resumo Indicativo ............................................................................................... 24 5.2.2 Resumo Informativo ............................................................................................ 25 5.2.3 Resumo Crítico ..................................................................................................... 25 5.3 FICHAMENTO ........................................................................................................ 27 5.4 SEMINÁRIO ............................................................................................................ 28 5.4.1 Tarefas em Grupo ................................................................................................ 29 5.4.2 Tarefas Individuais .............................................................................................. 29 5.5 ARTIGO CIENTÍFICO ............................................................................................ 29 5.5.1 Estrutura do Artigo ............................................................................................. 30 5.5.2 Corpo do Artigo ................................................................................................... 30 5.6 PAINEL .................................................................................................................... 31 5.6.1 Tamanho do Painel .............................................................................................. 31 5.6.2 Seqüência para apresentação de dados do Painel ............................................ 32 5.6.3 Corpo do Painel .................................................................................................... 32 6 CITAÇÕES E NOTAS DE RODAPÉ ...................................................................... 33 6.1 CITAÇÃO ................................................................................................................. 33 6.1.1 Citação Direta ..................................................................................................... 33 6.1.2 Citação Indireta .................................................................................................. 34 6.1.3 Citação de citação ............................................................................................... 34 6.2 NOTAS DE RODAPÉ .............................................................................................. 36 6.2.1 Apresentação das Notas de Rodapé .................................................................... 36 6.2.2 Tipos de Notas de Rodapé ................................................................................... 36 Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 3 7 REFERÊNCIAS – FORMAS DE ENTRADA ........................................................ 37 7.1 REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO ............................................................ 37 7.2 ESPECIFICAÇÕES E ORDEM DOS ELEMENTOS ............................................ 38 7.2.1 Livros com 01 autor ............................................................................................. 38 7.2.2 Livros com dois e três autores ........................................................................... 39 7.2.3 Livros com mais de três autores ........................................................................ 39 7.2.4 Capítulo de livro .................................................................................................. 39 7.2.5 Tese/Dissertações/Monografias ......................................................................... 40 7.2.6 Autor Entidade (órgãos governamentais, empresas, associações, congressos, seminários, etc). ........................................................................................................... 40 7.2.7 Autoria desconhecida .......................................................................................... 41 7.2.8 Legislação ............................................................................................................ 41 7.2.9 Periódicos: Artigo de Revista, Boletim e outros .............................................. 42 7.2.10 Artigo de Revista com Autor ............................................................................. 42 7.2.11 Artigo de revista sem autor ............................................................................... 42 7.2.12 Dicionário ........................................................................................................... 43 7.2.13 Artigos de Jornal ............................................................................................... 43 7.2.14 Artigosem autor ................................................................................................ 43 7.2.15 Documento de Eventos ..................................................................................... 44 7.2.16 Trabalhos apresentados em eventos ................................................................ 44 7.2.17 Referências de documentos eletrônicos .......................................................... 44 7.2.18 Artigo de Revista eletrônica ............................................................................. 45 7.2.19 Artigo de Revista eletrônica não assinada (sem autor) .................................. 45 7.2.20 E-mail (não recomendado dada a informalidade) .......................................... 45 8 ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIOS ................................. 46 8.1 DEFINIÇÕES E ESTRUTURA ............................................................................... 46 8.1.1 Relatório ............................................................................................................... 46 8.1.1.1 Estrutura do Relatório ......................................................................................... 46 8.1.1.2 Definição dos componentes da Estrutura do Relatório ...................................... 47 8.1.1.2.1 Resumo ............................................................................................................. 47 8.1.1.2.2 Sumário ............................................................................................................ 47 8.1.1.2.3 Introdução ........................................................................................................ 47 8.1.1.2.4 Desenvolvimento .............................................................................................. 48 8.1.1.2.5 Conclusão ......................................................................................................... 48 8.1.1.2.6 Referências ..................................................................................................... 48 8.1.1.2.7 Apêndice (se houver) ....................................................................................... 48 8.1.1.2.8 Anexos (se houver) .......................................................................................... 48 8.1.1.2 Digitação do Documento – segundo a NBR 14724/2005 .................................. 49 8.1.1.3 Estilo e Orientação para Redação ...................................................................... 49 8.1.2 Relatório de Estágio Supervisionado .................................................................. 50 8.1.2.1 Introdução .......................................................................................................... 51 8.1.2.2 Histórico e descrição da Empresa ...................................................................... 51 8.1.2.3 Relato das Atividades desenvolvidas ................................................................. 52 8.1.2.4 Carga Horária ...................................................................................................... 52 8.1.2.5 Tecnologias Utilizadas ....................................................................................... 52 8.1.2.6 Equipamentos e Dispositivos Utilizados ............................................................ 52 8.1.2.7 Resultados Obtidos ............................................................................................. 52 8.1.2.8 Análise dos Resultados ....................................................................................... 53 8.1.2.9 Propostas e soluções para resolução de problemas ............................................ 53 Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 4 8.1.2.10 Conclusão .......................................................................................................... 53 8.1.2.11 Referências ....................................................................................................... 53 9 A PESQUISA .............................................................................................................. 54 9.1 CONCEITO .............................................................................................................. 54 9.2 TIPOS DE PESQUISA ............................................................................................. 54 9.2.1 Quanto à Natureza ............................................................................................... 55 9.2.2 Quanto aos Objetivos ........................................................................................... 55 9.2.3 Quanto aos Procedimentos .................................................................................. 55 10 O PROJETO DE PESQUISA ................................................................................. 57 10.1 O QUE É O PROJETO DE PESQUISA? .............................................................. 57 10.2 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA ..................................................... 57 10.2.1 Tema ou Assunto – Responde à pergunta O Quê? ......................................... 58 10.2.2 Problema ............................................................................................................ 58 10.2.3 Hipóteses ............................................................................................................ 58 10.2.4 Justificativa ......................................................................................................... 59 10.2.5 Objetivos ............................................................................................................. 59 10.2.5.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 60 10.2.5.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 60 10.2.6 Marco Teórico de Referência ou Referencial Teórico ................................... 60 10.2.7 Metodologia ........................................................................................................ 61 10.2.8 Cronograma ....................................................................................................... 61 10.2.9 Referências .......................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 62 ANEXO A – MODELO DE CAPA ............................................................................. 63 ANEXO B – MODELO DE FOLHA DE ROSTO ..................................................... 64 ANEXO C – MODELO DE FOLHA DE APROVAÇÃO ......................................... 65 ANEXO D – MODELOS DE TEXTO PARA FOLHA DE ROSTO ....................... 66 Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 5 1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Objetivos: Apresentar a Disciplina Metodologia Científica, sua importância para dotar o aluno de ferramentas para elaboração de trabalhos acadêmicos. Apresentar os conceitos de Método, Metodologia e Metodologia Científica. Situar a Metodologia Científica na Universidade. De acordo com Mattasoglio Neto1, Metodologia é algo que falta ao aluno ingressante no Ensino Superior. Talvez esta seja sua maior deficiência, até mesmo maior que a do domínio do conteúdo específico das diversas disciplinas do Ensino Médio. Ele afirma que esta falta de visão de uma metodologia de trabalho,está relacionada à falta de visão da construção do conhecimento, o que dificulta ao estudante participar ativamente do seu processo de aprendizagem e, consequentemente, desenvolver plenamente sua futura atividade profissional. Sendo assim, a disciplina Metodologia Científica assume grande importância no Ensino Superior como forma de orientar os alunos a sistematizar seus estudos na busca e apreensão do Conhecimento, bem como elaborar trabalhos acadêmicos em conformidade com as Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É importante destacar que a presente Apostila não tem a pretensão de abranger todos os assuntos relacionados à Metodologia Científica, cabendo ao aluno buscar, em livros sugeridos na Referência apresentada ao final, maior aprofundamento dos temas abordados. A Apostila está subdivida em Aulas, onde serão apresentados os conteúdos que serão abordados durante todo o semestre e trata-se de instrumento indispensável às aulas, como forma de direcionar o estudo. Serão efetuadas 02 Avaliações de Aprendizagem e, caso o aluno não alcance a média, será feita 01 Avaliação de Reposição e/ou Final, em conformidade com o Calendário Oficial da FACET. A Primeira Avaliação de Aprendizagem será aplicada tomando por base um Texto, que será indicado oportunamente, onde será solicitado ao aluno que elabore um Resumo e um Esquema do mesmo, nos moldes das orientações metodológicas apresentadas em aulas. A Segunda Avaliação de Aprendizagem será a apresentação e defesa de um Pré- projeto de Pesquisa e de um Relatório de Filme. A Avaliação de Reposição será composta por questões abertas, referentes ao conteúdo do Semestre Letivo. 1 Professor da Escola de Engenharia Mauá - São Caetano do Sul Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 6 2 A METODOLOGIA CIENTÍFICA E A UNIVERSIDADE Objetivos: Refletir sobre a importância da Disciplina Metodologia Científica nos cursos de graduação. De acordo com Guedes (1997, p. 61), O papel fundamental das universidades é ajudar na passagem do saber espontâneo para o saber científico. O saber popular tradicional não dá conta dos fenômenos do mundo atual que se encontra numa construção mediatizada pelas teorias científicas, consequentemente, distante da percepção ingênua. Um homem do senso comum passaria a vida toda olhando para uma cachoeira sem jamais imaginar que a água está desenvolvendo um trabalho, que o trabalho que a água realiza gasta energia e, muito menos, que a energia em potencial do alto de uma cachoeira pode ser transformada em energia elétrica e transmitida para exercer força e luz para as indústrias e para as cidades. Esse raciocínio é próprio de quem dispõe de um mínimo de elementos teóricos para enxergar o mundo. Sendo assim alguns pontos deverão ser observados para entender a importância da Metodologia científica na Universidade e quais as vantagens em utilizá-la adequadamente: a) Deve ser entendida como um elemento facilitador da produção do conhecimento, uma ferramenta capaz de auxiliar o entendimento do processo de busca de respostas e o adequado posicionamento das perguntas importantes sobre o que se ignora. b) Auxiliar na formação profissional do estudante buscando formar um profissional competente que saiba ler crítica e analiticamente o seu cotidiano. c) Considerando-se a universidade como centro de saber, como uma instituição preocupada com a qualificação do ensino, com o rigor da aprendizagem e com o progresso da ciência, ela terá na metodologia científica um valioso ajudante quanto ao desenvolvimento de capacidades e habilidades do universitário. d) Deve apresentar diretrizes para a formação paulatina de hábitos de estudos científicos já que a pesquisa e a reflexão devem constituir-se em objetivos principais da vida universitária. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 7 e) Fornecer os pressupostos do trabalho científico, ou seja, normas técnicas e métodos reconhecidos pelo uso entre cientistas, referentes ao planejamento da investigação científica à estrutura e à aplicação, apresentação e comunicação dos seus resultados. f) Aprendendo a pensar, a pesquisar e formando o seu espírito científico, o universitário estará obtendo conhecimentos novos e ao mesmo tempo construindo-se como ser ativo, integrado à comunidade em que está inserido e participante da história, sendo capaz de colaborar efetivamente na transformação da realidade. O uso adequado da Metodologia permite: a) Descobrir fatores responsáveis pelas ocorrências dos fenômenos; b) Organizar o pensamento para delimitação clara de uma questão: c) Elaborar possíveis respostas para problemas: d) Construir instrumentos objetivos de coleta de dados; e) Tabular, analisar e interpretar dados; f) Extrair conclusões acerca dos dados; g) Preparar a comunicação do processo e dos resultados da pesquisa para difusão à comunidade. Numa visão bastante resumida, pode-se apresentar os conceitos de Método, Metodologia e Metodologia Científica a partir da seguinte figura: Metodologia Científica METODOLOGIA “Estudo dos Métodos”METODO “Conjunto de regras e procedimentos que orienta o trabalho do pesquisador e confere aos seus resultados a confiabilidade científica.” METODOLOGIA CIENTÍFICA “Área de reflexão acerca dos métodos que orientam a investigação sistemática no mundo” Figura 1 - Conceitos Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 8 ���� Para saber mais, leia o artigo a seguir: A Metodologia da Pesquisa Científica como ferramenta na Comunicação Empresarial2 Maria Joaquina Fernandes Pinto é graduada em Filosofia, Teologia e Letras. Tem mestrado e doutorado em Teologia pela PUC-Rio e especialização em Antropologia, Ética e Metodologia da Pesquisa Científica. Professora Titular do Curso de Mestrado e da disciplina de MPC do Curso de Administração - UniFOA O estudo de Metodologia Científica nas universidades raramente é bem aceito pelos alunos. As perguntas cruciais advêm do por que e para que estudar tantas regras, tantos detalhes, indicações rígidas para digitação e formatação do texto, que parecem cercear a liberdade do aluno em pensar e escrever sem nenhuma exigência metodológica. Num mundo marcado pela pressa, pela falta de tempo, pelo tic-tac do relógio, falar de disciplina e de método é realmente desesperador. Acostumamo-nos a um necessário e exacerbado ativismo, a agir como robôs mecanizados, a copiar idéias e posturas - é mais fácil! - e deixamos de lado uma das maiores riquezas humanas que é a capacidade de pensar. O primeiro objetivo da disciplina de Metodologia Científica é resgatar em nossos alunos a capacidade de pensar. Pensar significa passar de um nível espontâneo, primeiro e imediato a um nível reflexivo, segundo, mediado. O pensamento pensa o próprio pensamento, para melhor captá-lo, distinguir a verdade do erro. Aprende-se a pensar à medida que se souber fazer perguntas sobre o que se pensa. (LIBÂNIO, 2001, p. 39). Uma segunda meta a ser alcançada pela Metodologia Científica é aprender a arte da leitura, da análise e interpretação de textos. Vivemos o fenômeno do aluno-copista, que reproduz em suas pesquisas e trabalhos acadêmicos aquilo que outros disseram, sem nenhum juízo de valor, de crítica ou apreciação. Sabemos da dificuldade que a leitura e hermenêutica de um texto apresentam em relação à interpretação de um autor, a sua realintenção e que um texto/palavra é um mundo aberto a ser lido e interpretado - já dizia Wittgenstein - e, exatamente por isso o texto linguagem significa, antes de tudo, o meio intermediário, pelo qual duas consciências se comunicam. Ele é o código que cifra a mensagem (SEVERINO, 2002, p. 49). E um terceiro ponto que norteia o ensino da Metodologia é aprender a fazer, que significa colocar- se num movimento histórico em que o presente assume continuamente uma instância crítica em relação ao passado. Aprender a fazer captando o lado ético de todo agir humano implica um senso de responsabilidade pois quanto mais cuidamos de vislumbrar o futuro nos atos presentes, mais aprendemos a fazer. Aprender a fazer e a pensar não é privilégio de inteligências. Grandes gênios se perderam no encurralamento de seu saber fragmentado e hiperespecializado, desenvolvendo experiências que terminaram em produtos nefastos para a humanidade. Não se pode entender o investimento de inteligências na pesquisa de armamentos de morte, a não ser porque essas pessoas nunca aprenderam a pensar e a fazer. (LIBÂNIO, 2002, p. 43-47). Vemos, portanto, que a Metodologia objetiva bem mais que levar o aluno a elaborar projetos, a desenvolver um trabalho monográfico ou um artigo científico como requisito final e conclusivo de um curso acadêmico. Ela pode levar o(a) aluno(a) à comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento estruturado, plausível e convincente. O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou de pensamento, leva o indivíduo a adquirir hábitos e posturas diante de si mesmo, do outro e do mundo que só têm a beneficiar a sua vida tanto profissional quanto social, afetiva, econômica e cultural. Por método entendemos caminho que se trilha para alcançar um determinado fim, atingir-se um objetivo; para os filósofos gregos metodologia era a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade. 2 Disponível em: <http://www.comtexto.com.br/2convicomcomunicaMariaJoaquina.htm.> Acesso em 02/08/2005, 19:52h. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 9 Ora, as regras e passos metodológicos que são ensinados na universidade, visando à inserção do estudante no mundo acadêmico-científico - que são pertinentes e necessárias - objetivam também, e sobretudo, a criar hábitos que o acompanharão por toda a sua vida, como o gosto pela leitura, a compreensão dos diferentes interlocutores, um espírito crítico maduro e responsável, o diálogo claro e profundo com os outros e com o mundo, a auto-disciplina, o respeito à alteridade e ao diferente, uma postura de humildade diante do pouco que se sabe e da infinidade de saberes existentes, o exercício da ética e do respeito a quem pensa diferente, a ousadia/coragem de expor o próprio pensar. A disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica nas universidades deve ajudar os alunos na experiência de sentirem-se cidadãos, livres e responsáveis, a administrar suas emoções e exercitar o bom senso e a eqüidade. De um modo peculiar, os alunos do Curso de Administração muito se enriquecem quando assimilam bem tudo que foi exposto. Como tantos outros cursos, os alunos de Administração saem da faculdade, cheios de teorias, de idéias para revolucionarem as empresas, levá-las a patamares recordes de lucro e eficiência; acumulam teorias dos mais renomados especialistas em marketing, em controle de qualidade, logística, organização empresarial, enfim, administração pública, reserva de mercado. Deparam-se, muitas vezes, com a questão do método. Por onde começar? Qual o primeiro passa a ser dado? O que é mais urgente? Entre teoria e método há uma grande diferença, ainda que sejam interdependentes. Ambos buscam realizar o objetivo proposto, a teoria pode gerar e dar forma ao método e vice- versa; o método quando alimentado de estratégia, de iniciativa, invenção e arte estabelece uma relação com a teoria capaz de propiciar a ambos regenerarem-se mutuamente pela organização de dados e informações (MORIN apud VERGARA, 1996, p. 335). O método numa empresa ou instituição abre caminhos, aponta ou intui soluções, minimiza tempo e gastos, estimula o diálogo entre opiniões contrárias e/ou diferentes, resgata a postura ética, cria o espírito de participação e responsabilidade comuns na solução de problemas, no enfrentamento de desafios e na conquista de metas. O(A) administrador(a) de empresas que pauta sua vida por princípios metodológicos adquiridos na universidade adquire possibilidades de pensar e ver para além do que lhe é mostrado e exigido; ele(a) pode levar a empresa a se destacar e até mesmo inovar em áreas específicas, pois aprendeu a traçar metas e objetivos claros, convencidos das hipóteses levantadas, apoiados em referenciais de análise seguros que justificam os argumentos expostos. Tudo isto como fruto de alguém que aprendeu a pensar, aprendeu a ler, analisar e interpretar - não só os textos como a vida - aprendeu, assim, a fazer! Isto também é Comunicação Empresarial! A importância da Metodologia Científica para os(as) alunos(as) dos Cursos de Administração de Empresas consiste, sobretudo, no salto qualitativo que tal prática pode desencadear, ou seja, no aprender a ser. Acreditamos que o mundo acadêmico-científico é uma cartilha - um pouco mais elaborada - para aprender a arte de “com-viver”. E “viver-com” é a arte de ser. Quando assimilarmos no cotidiano da vida, não apenas as regras metodológicas da ABNT e suas infinitas exceções e peculiaridades, com o objetivo de elaborar um trabalho científico de excelência, mas avançarmos, transformando as mesmas regras frias e intelectuais em hábitos que integralizam a pessoa, então, estaremos, também, aprendendo a ser. Entrar nesse processo significa superarmos a tentação de medir tudo em termos de eficiência e de interesses e substituirmos esses critérios quantitativos por intensidade da comunicação, pela difusão dos conhecimentos e das culturas, pelo serviço recíproco e a boa harmonia para levar adiante uma tarefa comum (LIBÂNIO, 2002, p. 85). Esta forma de ver e aprender Metodologia da Pesquisa Científica talvez possa contribuir para um maior desempenho dos professores que se responsabilizam pelo seu ensino, uma melhor aceitação da matéria por parte dos alunos - nem sempre muito receptivos -, e poderá, finalmente, proporcionar uma dinâmica interdisciplinar com as demais matérias visando um ensino eficaz e integrador. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 10 3 A COMUNICAÇÃO GLOBAL - MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE ESTUDO E APRENDIZAGEM Objetivos: Despertar, no aluno, a necessidade de adotar nova postura de estudo, voltada à compreensão e avaliação do material de estudo. Refletir sobre o que é ler e seu significado dentro da universidade. Para Costa et al (2006, p. 19) “a aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal e o estudante deve empenhar-se ao máximo num trabalho individualizado, apoiado no domínio e na manipulação de uma série de técnicas e instrumentos que permitam a sistematização e o sucesso em seus estudos”. A Comunicação Global apresenta alguns questionamentos/etapas que, ao serem respondidos/observados, facilitam o processo de estudo e aprendizagem, como pode-se ver a seguir: 3.1 A LEITURA De acordo com Andrade (1997, p. 15), “aprender a ler não é um tarefa tão simples, pois exige uma postura crítica, sistemática, uma disciplina intelectual por parte do leitor, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática”. 3.1.1 O que é ler? a) Ler significa conhecer, eleger,escolher, decifrar, interpretar; b) Ler significa distinguir dentre as idéias do autor, do texto lido, aquelas que nos são mais importantes, mais significativas, mais sugestivas. 3.1.2 Alcance da leitura: a) Ampliar e aprofundar conhecimentos sobre determinado campo cultural ou científico, Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 11 b) Aumentar nosso vocabulário pessoal e, por conseqüência, c) Comunicarmos nossas idéias de forma mais eficiente d) Constitui-se em um dos fatores mais importantes para o aprendizado de qualquer conteúdo e) Reconhecer os símbolos gráficos do texto; f) Compreender o pensamento do autor; g) Interpretar o pensamento do autor, além de reter (memorizar) suas idéias expostas no texto; h) Valorar, isto é, comparar as informações obtidas na leitura com seus próprios conceitos e sentimentos, a fim de aceitar ou refutar as afirmações do autor 3.1.3 Tirando proveito da Leitura Para que haja efetividade na leitura faz-se necessário ao leitor: a) Atenção – entender, assimilar e apreender; b) Intenção – vontade, interesse; c) Reflexão – observar todos os ângulos; d) Espírito Crítico – avaliar o texto lido; e) Fazer Análise – fracionar o texto; f) Fazer Síntese – sintetizar para reconstruir; g) Ter ritmo – particularidade de cada leitor. h) Sublinhar ou destacar - colocar em destaque as idéias principais e palavras- chaves de um texto: - Fazer uma primeira leitura integral do texto, sem sublinhá-lo; - Em segunda leitura, sublinhar apenas o que é realmente importante: idéias principais, dando destaque às palavras-chave. As palavras sublinhadas devem permitir uma releitura do texto com a continuidade semelhante à leitura de um telegrama; Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 12 - Destacar passagens importantes do texto, com traços na margem, assim como indicar as dúvidas com pontos de interrogação; - Não interromper a leitura ao encontrar palavras desconhecidas. Se após a leitura completa do texto as dúvidas persistirem, o leitor deverá anotá-las para buscar esclarecimentos. i) Fazer Esquema - Fazer um esquema é listar os tópicos essenciais do texto, com a finalidade de permitir ao leitor uma visualização completa do texto. A partir do esquema, é possível estabelecer uma hierarquia das idéias contidas no texto, e destacar as diretrizes que estabelecem sua unidade e coerência. j) Elaborar Resumo - O resumo é a condensação do texto, guardando seus elementos principais. O resumo deve conter os elementos essenciais do texto, tendo-se o cuidado de manter as intenções do autor. k) Efetuar Análise de texto - Analisar significa estudar, decompor, dividir, interpretar. - Analisar um texto é separar os elementos e partes que o compõe até alcançar a "chave" do autor. - É descobrir seu plano e estruturar suas idéias, separando as mais importantes (primárias), que dão significado ao texto, das secundárias, que complementam o sentido do que está escrito. 3.1.4 Recomendações: a) O ato de ler deve ser realizado considerando-se que o leitor deve ser o sujeito da leitura. E, para tal fim, o leitor deve entender o que lê. b) O leitor-sujeito deve compreender, avaliar, discutir e aplicar aquilo que leu; c) O leitor como sujeito da leitura deve estar atento para três pontos fundamentais: - Ter o objetivo de compreender e não apenas memorizar a mensagem contida no texto; Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 13 - Avaliar o texto lido e buscar compatibilidade das idéias expressas pelo autor com a realidade vivida pelo leitor. - Ter uma atitude de constante questionamento, de pergunta, de busca de diálogo com o autor do texto, procurando detectar sua verdadeira intenção. ���� Para saber mais, leia o artigo abaixo: Como Estudar3 Métodos de Estudo Muitas pessoas se dizem "estudantes", mas na verdade desconhecem o verdadeiro sentido da palavra ESTUDAR. Estudar é Trabalhar !!! Não é somente reler um texto na última hora, um dia antes da prova e depois de obter o retorno, em forma de notas baixas, reclamar para si mesmo: - Puxa! Eu estudei tanto!!!! Estudar é ir à procura da Verdade !!! A meta do estudante deve ser: chegar a aprender, enxergar com seus próprios olhos. Quando uma pessoa estuda algo, ela chega a ter uma opinião própria sobre determinado assunto não dependendo de opiniões alheias para tirar suas conclusões. Estudo é trabalho Duro, Penoso e Exaustivo que requer Empenho, Dedicação e Perseverança. Mas afinal de contas: Como estudar????? Existem algumas técnicas que auxiliam o estudante a alcançar seus objetivos. Se estas técnicas forem seguidas, seguramente o sucesso será alcançado e o próprio aluno perceberá que pode ultrapassar seus limites... Fator Externo AMBIENTE O ambiente propício para o estudo deverá ser: � sossegado, 3 Texto disponível em: <http://www.espirito.org.br/portal/artigos/ednilsom-comunicacao/como-estudar.html>. Acesso em 16/08/06. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 14 � com boa iluminação, � sem música, � com uma mesa - somente com os materiais básicos para o estudo para que não haja distração com outras coisas do tipo: fotos, revistas, etc, � uma cadeira confortável (para se manter uma boa postura durante o estudo), � um bom dicionário não pode faltar. Fator Interno MOTIVAÇÃO E AUTO DISCIPLINA "Um homem sem objetivos não sabe para onde vai" Um fator que determina o bom estudo é a vontade de querer saber mais, sem esta vontade o aluno não chegará a nenhum lugar. Para que isto aconteça o aluno deve saber onde quer chegar, enfim, ter os seus objetivos bem definidos!!! A auto disciplina entra aí como um auxiliar do estudante que deve treinar-se para ter domínio sobre a fantasia, imaginação, emoções e impulsos. A constância vence as impressões de falso cansaço que freqüentemente nos assaltam. Planejamento e Organização TEMPO É importante que o aluno separe um tempo para estudar. A escolha deste período é individual, pois cada pessoa tem os seus compromissos pessoais no decorrer da semana. Mas se faz necessário um empenho por parte do estudante para descobrir seus horários vagos e se dedicar ao estudo. 1. Descobrir os períodos de tempo vagos. 2. Selecionar aqueles períodos do dia em que você se sente mais "disposto"(Ex: há pessoas que trabalham melhor à noite, outros logo ao amanhecer...) 3. Separar pelo menos duas horas para estudo, mas, entre uma hora e outra descansar 15 minutos (saia do ambiente de estudo e faça algo para descansar a mente). Somente em último caso estude mais que estas 2 horas porque é melhor que você tenha 2 horas de estudo por dia com uma certa freqüência ( por exemplo:4 vezes por semana) do que 4 horas em um só dia. Anotações em Sala de Aula As anotações em sala de aula são muito importantes para o estudo, pois elas são pessoais, ou seja, o aluno escreve com suas palavras o que está entendendo da aula, quando nós anotamos algo estamos usando não somente as memórias visual e auditiva. Quando escrevemos algo memorizamos mais! Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 15 � Prepare um caderno para anotaçõesou utilize o próprio caderno da matéria a ser estudada, porque quando fazemos anotações em qualquer folha corremos o risco de perdê- la! � Crie o hábito de rever as anotações quando chegar em casa, ao revê-las podemos relembrar coisas importantes que deixamos de anotar durante a aula. � As anotações também podem ser feitas em forma de "MIND MAPPING" (Mapas Mentais) Obs.: Estas anotações são muito úteis também para serem usadas durante: Palestras, Exposições de Trabalhos, Vídeos, etc. Estudando em Casa Com o hábito saudável de estudar com uma certa constância você nunca estará com muitas matérias "difíceis" para "tentar decifrar"! Tudo será uma grande REVISÃO deixando o estudante mais despreocupado, pois ele tem o domínio da matéria! 1º Passo Ler o conteúdo a ser estudado despreocupadamente. 2º Passo Ler o conteúdo sublinhando o que você está achando mais importante no texto. 3º Passo Fazer um questionário sobre o que foi lido. (lembre-se que este material é seu por isso tente abordar todos os aspectos do texto! (Não seja um traidor de si mesmo!!) 4º Passo Fazer um "Mapa Mental" do material (observando cores diferentes para as ramificações) 5º Passo Se houver exercícios para serem feitos a hora é agora. Depois de ter seguido todos estes passos você não encontrará dificuldades em resolvê-los Dica de Aprofundamento Muitos alunos ficam apenas com o que o professor aborda em sala de aula e por este motivo, muitas vezes, não chegam a compreender o conteúdo. Uma dica legal para que o estudante finalmente se liberte e possa discutir e analisar os fatos com mais profundidade é a PESQUISA. Muitas vezes atitudes simples nos ajudam a ter mais conhecimento sobre fatos e, por este motivo, ser vista como uma pessoa "interessada". Levar para a sala de aula um recorte de jornal, ou de uma revista sobre o tema estudado é um modo simples de aprofundamento. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 16 Quando a matéria requer exercícios, como por exemplo matemática, o estudante deve procurar em livros de outros autores exercícios diferentes, e a partir destes, o próprio aluno poderá criar os seus. Estudando Exatas A matemática sempre foi um "bicho de 7 cabeças" para o estudante. Com a aplicação do estudo sistematizado esta MÁ FAMA deverá sumir! As dicas são basicamente as mesmas: � Prestar atenção às aulas fazendo anotações � Tentar resolver alguns exercícios em sala, formulando assim perguntas para o professor. � Quando chegar em casa: REVISÃO!!! Escreva observações e perguntas, se as tiver. � Pesquisar outros livros é muito importante para o domínio da matéria! Dica "PERGUNTAR É SINÔNIMO DE INTELIGÊNCIA E INTERESSE, POIS QUEM NÃO PERGUNTA É PORQUE PROVAVELMENTE ESTÁ COM A MENTE VOANDO FORA DA SALA DE AULA" Seguindo estes conselhos práticos o estudante, sem sombra de dúvidas, irá alcançar êxito em sua carreira e, é claro, que este êxito se refletirá em boas notas!!!! BONS ESTUDOS!!!!!! Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 17 4 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Objetivos: Apresentar o conceito de Conhecimento e seus diversos tipos. Situar o aluno sobre qual nível de conhecimento adotar na universidade. Para Seabra (2001, p. 13) “o conhecimento tem sua origem no conjunto de informações adquiridas desde a infância, por meio do aprendizado resultante do contato com pais, irmãos, amigos professores, leituras de livros, meios de comunicação, observações, experimentos e reflexões pessoais”. Nesse sentido, Seabra afirma que “conhecer é elucidar a realidade”, sendo que o ato de conhecer é o processo de interação efetuado entre o indivíduo e a realidade, permitindo descobrir a sua forma de ser ou, pelo menos, adquirir respostas provisórias para um problema definido (2001). Para a Epistemologia, disciplina filosófica que tem como objetivo refletir sobre a problematização do conhecimento, este, o conhecimento, é o resultado da relação entre sujeito e objeto. O Homem adquire conhecimento: � Pelo que recebe dos antepassados � Pelas próprias descobertas � Pelas suas investigações A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CONHECIMENTO: é o resultado da relação entre SUJEITO OBJETO CONHECIMENTO: é a apreensão da realidade Figura 2 – A Construção do Conhecimento Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 18 Guedes (1997) conclui: Assim, suas bases fundamentais para reflexão são esses dois elementos do conhecimento. Desenvolvendo o que constitui cada um deles, é possível se entender as possibilidades e os diferentes tipos de conhecimento que o homem constrói para melhor se adaptar ao mundo e para manter a sua sobrevivência (p. 25). 4.1 TIPOS DE CONHECIMENTO No processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre a sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados. Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. A seguir, algumas características desses tipos de conhecimento: 4.1.1 Conhecimento Empírico, ou vulgar, ou senso comum É o tipo de conhecimento comum a todo ser vivo. É superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático, acrítico (ANDER-EGG apud MARCONI e LAKATOS, 2003): a) Superficial - conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas. b) Sensitivo - referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 19 c) Subjetivo - é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos. d) Assistemático - a organização das experiências não visa a uma sistematização das idéias, nem da forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las. e) Acrítico - verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica. 4.1.2 Conhecimento Filosófico Busca respostas para as interrogativas fundamentais da existência, não por meio da crença, numa revelação transcendental, mas mediante o raciocínio lógico. De onde se originou o Cosmos? Existe vida após a morte? Matéria e espírito são inseparáveis? As respostas o homem busca em várias áreas do saber. É valorativo, racional, sistemático, não verificável, infalível e exato. a) Valorativo - seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiênciae não na experimentação. b) Não verificável - os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados nem refutados. c) Racional - consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. d) Sistemático - suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. e) Infalível e exato - suas hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da observação, experimentação. A filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 20 4.1.3 Conhecimento Teológico Busca da compreensão dos fenômenos da natureza imaginando a intervenção de seres sobrenaturais, através da criação de mitos e de dogmas. Apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem sido reveladas pelo sobrenatural, inspiracional e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas. É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino. Suas evidências não são verificadas. Está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. O conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade, do sobrenatural. 4.1.4 Conhecimento Científico Estudo da natureza física visando à compreensão de seus fenômenos, a sua classificação e a dominação dela por parte do homem e em seu benefício, usando métodos rigorosos de investigação. É real (factual), contingente, sistemático, verificável, falível, aproximadamente exato. a) Real, factual - lida com ocorrências, fatos, isto é, toda forma de existência que se manifesta de algum modo. b) Contingente - suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. c) Sistemático - saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. d) Verificável - as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 21 e) Falível - em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final. f) Aproximadamente exato - novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o acervo de teoria existente. Lakatos (2003, p. 80) conclui que: [...] estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. Resumindo: TIPO DE CONHECIMENTO MEIO UTILIZADO Empírico Experiência Filosófico Razão Teológico Crença Científico Experimentação ���� Para refletir sobre o assunto, leia o artigo abaixo: CONHECIMENTO E HUMANIZAÇÃO4 Margarida Montejano da Silva RESUMO: Refletir sobre os caminhos trilhados pela humanidade e sobre as implicações da ação do homem no domínio da natureza e na construção de si mesmo é o objetivo desta reflexão. Consciente de que esta apropriação só foi possível graças a ciência e o conhecimento historicamente elaborado e construído coletivamente, torna-se imprescindível uma permanente atitude crítica frente aos desafios que ameaçam o processo de humanização. O ser humano foi, ao longo do tempo, distanciando-se de sua natureza animal e, com isso, aproximando-se da possibilidade de sua humanização. Podemos dizer que, na luta pela sobrevivência, o homem aprendeu a agir sobre a natureza e percebeu que isso lhe trazia prazer e poder sobre os outros animais. Percebeu- se como um feixe de possibilidades num universo a construir. Para alimentar-se e proteger-se dos animais ferozes, o homem primitivo endireitou o corpo, aprendeu a correr do perigo, subiu em árvores, esticou os membros, controlou o fogo e desenvolveu a habilidade motora fina. Viu que isso era bom e que, por conta da precisão do movimento do seu polegar opositor, era possível construir ferramentas. Construiu o arco, a flecha, o facão e, dentre outras construções, registrou suas observações nas pedras e paredes. Construiu a escrita. 4 Disponível em: <https://www.unipinhal.edu.br/ojs/educacao/include/getdoc.php?id=13&article=3&mode=pdf>. Acesso em 16/01/2007. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 22 De uma idéia à outra, inventando aqui e acolá, o homem foi produzindo a história. Com sua capacidade criadora, curiosa e criativa, modificou os espaços naturais e produziu a si mesmo, recriando sua segunda natureza – a cultura. Entendeu que o conhecimento produzido ganhava qualidade à medida que se transformava noutros saberes e foi aí que percebeu que todo conhecimento humano era uma construção coletiva. Que quanto mais pessoas dele se apropriavam, mais qualidade a ele era acrescentada, mais rica e prazerosa tornava-se a vida. Hoje, a humanidade se aperfeiçoa a cada momento e todos os homens da terra gozam dos avanços da ciência e da tecnologia. A consciência do sentido do conhecimento produziu o novo ser do homem, que à guerra, prefere a paz. À ganância, elege a partilha. À escravidão, escolhe a liberdade e, ao grito, opta pelo diálogo. Essa é a sua linguagem e dessa nova consciência sobre o conhecimento se desvela a sua humanização. Essa é a história que gostaríamos de escrever, de contar para os nossos filhos, netos, alunos... De ver registrada em nossas memórias, livros e discos. Mas, as coisas não são bem assim. Sabemos que no processo civilizatório a distribuição do conhecimento não se deu de forma eqüitativa e que tampouco o acesso a ele por todos foi possível. Ao contrário do exposto na “história” acima, o homem se apropriou de maneira indébita da ciência e dos conhecimentos produzidos. Descobriu-se forte com os avanços do conhecimento e percebeu-se mais uma vez dominador. Tomou para si os espaços construídos para a ampliação do conhecimento e os reservou aos seus. Mandou construir cercas, grades e armas para se proteger. Escreveu palavras de ordem e submissão, subserviência e determinismos. Criou mecanismos de ‘educação’ para um mundo cada vez mais individualista, desumano e pobre. Cruel e distante da sua humanização. Não podemos negar que o homem atingiu patamares incalculáveis na história e que, ao desenvolver a cultura, produziu-se a si mesmo. Contudo, neste processo de civilização, percebeu que, além dos benefícios produzidos à humanidade, o conhecimento estava intimamente ligado ao poder e isso lhe possibilitava a idéia de controle e de manutenção de privilégios. Entretanto, sabemos que outros fatores sócio-econômico-políticos foram contribuindo para a tecitura da história. Que as ideologias que enraizaram a ambição, o egoísmo e os individualismos foram tomando lugar na vida humana e hoje se fazem mais presentes do que nunca. A sociedade civilizada, resultado do trabalho humano, mostra acintosamente as riquezas que os homens podem usufruir, ao mesmotempo revela-se contraditória, desigual, colocando à margem das conquistas e dos benefícios do processo civilizatório, a maioria dos seres humanos. O futuro parece certo, definido, claro. Cada coisa e cada um no seu lugar... [...] Sempre recusei o fatalismo. Prefiro a rebeldia que me confirma como gente e que jamais deixou de provar que o ser humano é maior do que os mecanismos que o minimizam. (FREIRE, 1997, p. 130) Optando pela rebeldia que me confirma como gente, concordarmos com o pensamento de Freire - as coisas não estão prontas e nada é em definitivo. O mesmo conhecimento que cumulou o homem de poder e inteligência sobre a natureza e sobre si, dota-nos de consciência sobre os estragos produzidos pela má utilização da ciência e dos conhecimentos produzidos. Mostra-nos a conseqüência dos egoísmos e das ganâncias humanas e nos convida a refletir cotidianamente sobre o processo de marginalização do ser do homem. Hoje, as naturezas física e humana se rebelam, clamam pela reflexão sobre o conhecimento e esperam por atos concretos rumo à construção de um amanhã mais próximo da nossa humanização. À educação e à arte, o feixe de possibilidades se abre. E, a nós, ávidos de esperança e preocupados com o contar de uma nova história, se apresenta o desafio de escrevê-la sob uma outra perspectiva. A perspectiva da indignação. Provar, com nossa capacidade de transgredir, com nossa rebeldia humana, que o futuro não está dado. Que a vida pode e deve ser melhorada com a nossa luta e que o conhecimento do bem é maior que o conhecimento do poder que ora nos desumaniza. Que a educação e a arte impressas na veia humana possam fazer as perguntas que ainda não foram feitas e provar, num breve tempo, que todos os seres humanos têm condições de construir o conhecimento. Que todo conhecimento humano é sempre uma construção e reconstrução coletiva e que a verdade sobre o conhecimento é sempre uma verdade provisória. Para Jorge Luiz Borges, “não há um instante que não esteja carregado como uma arma” Quem sabe, possamos aprender nas transgressões do momento, que o conhecimento está carregado de nossa humanização e nós, por cegueira, quem sabe, dele ainda não tomamos consciência. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 23 5 SISTEMATIZAÇÃO DO ESTUDO Objetivos: Apresentar os diversos tipos de trabalhos acadêmicos. Destacar sua importância para a pesquisa e para a produção do Trabalho Final de Graduação. Exercitar a elaboração de Resumos, Esquemas, Fichamento. De acordo com Costa et al (2006, p. 15): Quando falamos em dificuldades na produção acadêmica seja a elaboração de sínteses, fichamento, relatórios ou até de uma monografia, não podemos deixar de levar em consideração que estas dificuldades advêm, muitas vezes, da ausência, para muitos, de uma sistemática de estudo realmente eficaz e eficiente. Como elaborar um bom trabalho acadêmico se as leituras necessárias, embora tenham sido feitas, não proporcionaram, de fato, a apreensão do conteúdo tratado? Como escrever bem, com coesão, clareza e boa argumentação, se as leituras que fazemos são superficiais? Dessa forma, considerando que a aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal e o estudante deve empenhar-se ao máximo num trabalho individualizado, apoiado no domínio e na manipulação de uma série de técnicas e instrumentos que permitam a sistematização e o sucesso em seus estudos, apresentamos alguns desses instrumentos que facilitarão a apreensão do estudo. 5.1 ESQUEMA O esquema é um registro gráfico (bastante visual) dos pontos principais de um determinado conteúdo. Não há normas para elaboração do esquema, ele deve ser um registro útil para você, por isso, é você quem deve definir a melhor maneira de fazê-lo. Um bom esquema, porém, deve: a) Evidenciar o esqueleto do texto (ou da aula, do filme, da palestra, etc.) em questão, apresentando rapidamente a organização lógica das idéias e a relação entre elas; Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 24 b) Ser o mais fiel possível ao texto, limitando-se a reproduzir e compreender o conteúdo esquematizado. 5.2 RESUMO Resumir é apresentar de forma breve, concisa e seletiva um certo conteúdo. Isto significa reduzir a termos breves e precisos a parte essencial de um tema. Saber fazer um bom resumo é fundamental no percurso acadêmico de um estudante em especial por lhe permitir recuperar rapidamente idéias, conceitos e informações com as quais ele terá de lidar ao longo de seu curso. Em geral um bom resumo deve ser: a) Breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados secundários; b) Pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto c) Logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser apresentadas em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser compreensível. O resumo tem várias utilizações. Isto significa também que existem vários tipos de resumo. Você irá encontrar resumos como parte de uma monografia, antes de um artigo, em catálogos de editoras, em revistas especializadas, em boletins bibliográficos, etc. Por isso, antes de fazer um resumo você deve saber a que ele se destina, para saber como ele deve ser feito. Em linhas gerais, costuma-se dizer que há 3 tipos usuais de resumo: o resumo indicativo, o resumo informativo e o resumo crítico (ou resenha). 5.2.1 Resumo Indicativo Não dispensa a leitura do texto completo, faz uma referência às partes mais importantes do texto, descrevendo a natureza, forma e objetivo do texto-base, utilizando-se de Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 25 frases curtas. É também conhecido como abstract (resumo, em inglês). Este tipo de resumo apenas indica os pontos principais de um texto, sem detalhar aspectos como exemplos, dados qualitativos ou quantitativos, etc. Um bom exemplo deste tipo de resumo são as sinopses de filmes publicadas nos jornais. Ali você tem apenas uma idéia do enredo de que trata o filme. 5.2.2 Resumo Informativo Também conhecido, em inglês, como summary, este tipo de resumo informa o leitor sobre outras características do texto. Se o texto é o relatório de uma pesquisa, por exemplo, um resumo informativo não diz apenas do que trata a pesquisa (como seria o resumo indicativo), mas informa as finalidades da pesquisa, a metodologia utilizada e os resultados atingidos. Um bom exemplo disto são os resumos de trabalhos científicos publicados nos anais de congressos. A principal utilidade dos resumos informativos no campo científico é auxiliar o pesquisador em suas pesquisas bibliográficas (link para pesquisa bibliográfica). Imagine-se procurando textos sobre seu tema de pesquisa. Quais você deve realmente ler? Para saber isso, procure um resumo informativo de cada texto. 5.2.3 Resumo Crítico Este o tipo de resumo mais solicitados pelos professores. O resumo crítico é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científica ou literária. Quando um resumo crítico é escrito para ser publicado em revistas especializadas, é chamado de Resenha. A resenha (ou resumo crítico) não é apenas um resumo informativo ou indicativo. A resenha pede um elementoimportante de interpretação de texto. Você só fará uma boa resenha se tiver lido um texto ao menos até a quarta etapa de leitura, na classificação sugerida por Antônio Severino. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 26 Por isso, antes de começar a escrever seu resumo crítico você deve se certificar de ter feito uma boa leitura do texto, identificando: a) Qual o tema tratado pelo autor? b) Qual o problema que ele coloca? c) Qual a posição defendida pelo autor com relação a este problema? d) Quais os argumentos centrais e complementares utilizados pelo autor para defender sua posição? Uma vez tendo identificado todos estes pontos, que devem estar retratados no seu esquema do texto, você já tem material para escrever metade do seu resumo crítico. Este material já é suficiente para fazer um resumo informativo, mas, para um resumo crítico, falta a crítica, ou seja, a sua análise sobre o texto. E o que é esta análise? A análise é, em síntese, a capacidade de relacionar os elementos do texto lido com outros textos, autores e idéias sobre o tema em questão, contextualizando o texto que está sendo analisado. Para fazer a análise, portanto, certifique-se de ter: a) Informações sobre o autor, suas outras obras e sua relação com outros autores b) Elementos para contribuir para um debate acerca do tema em questão c) Condições de escrever um texto coerente e com organicidade A partir daí você pode escrever um texto que, em linhas gerais, dece apresentar: a) Nos parágrafos iniciais, uma introdução à obra resenhada, apresentando - o assunto/ tema - o problema elaborado pelo autor - a posição do autor diante deste problema b) No desenvolvimento, a apresentação do conteúdo da obra, enfatizando: - as idéias centrais do texto - os argumentos e idéias secundárias c) Por último, uma conclusão apresentando sua crítica pessoal, ou seja: - uma avaliação das idéias do autor frente a outros textos e autores Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 27 - uma avaliação da qualidade do texto, quanto à sua coerência, validade, originalidade, profundidade, alcance, etc. 5.3 FICHAMENTO “A ficha é um instrumento de trabalho importante para qualquer tipo trabalho científico ou de pesquisa, pois permite acumular um número significativo de material bibliográfico” (COSTA, 2006, p. 21). É uma forma de investigação que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar) todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema. Para isso, é preciso usar fichas que facilitam a documentação e preparam a execução do trabalho. Não só, mas é também uma forma de estudar/assimilar criticamente os melhores textos/temas de sua formação acadêmico- profissional. Um fichamento completo deve apresentar os seguintes dados: a) Indicação bibliográfica – mostrando a fonte da leitura; b) Resumo – sintetizando o conteúdo da obra. Trabalho que se baseia no esquema (na introdução pode fazer uma pequena apresentação histórica ou ilustrativa); c) Citações – apresentando as transcrições significativas da obra; d) Comentários – expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em outros autores e outras obras; e) Ideação – colocando em destaque as novas idéias que surgiram durante a leitura reflexiva. Exemplos: Título: Autor(a): Referência Bibliográfica: Indicado para: FICHA BIBLIOGRÁFICA Referências Importantes/anotações Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 28 5.4 SEMINÁRIO Na visão de Santos (2005), o Seminário é um dos mais conhecidos tipos de atividades acadêmicas e científicas. Tem como suporte a leitura, o estudo, o resumo, a análise de texto, fundamentais para a produção de conhecimento organizado. Pode ser conceituado como uma técnica de pesquisa e pode se desdobrar em atividades de estudos individuais ou em grupos. É um recurso didático-científico bastante dinâmico visto que pode explorar a capacidade de alunos, professores e participantes. Sempre que se realizar um seminário deve-se realizar a avaliação do mesmo pelos seus participantes. Verifica-se: se o conteúdo versou sobre o tema escolhido; se teve unidade, seqüência, equilíbrio; se o tema foi tratado de forma adequada. A avaliação se estende à exposição, verificando se ela foi adequada quanto ao vocabulário, ao controle do grupo e ao uso de recursos didáticos. O objetivo fundamental de um seminário é a apresentação para debate de um estudo aprofundado de uma questão. Isto implica que, para participar de um seminário, deve- se providenciar: Título: Autor(a): Referência Bibliográfica: Indicado para: FICHA DE CONTEÚDO Resumo Citações importantes Comentários Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 29 a) Um estudo aprofundado que não se restrinja às características de um fichamento; b) Um estudo com vistas à comunicação e discussão; c) Um estudo que só pode ser bem debatido se partir de um texto-roteiro, preferencialmente entregue aos demais participantes. Sendo assim, é importante definir algumas tarefas: 5.4.1 Tarefas em Grupo a) problematização do tema (geralmente introduzido pelo professor); b) estabelecimento de um cronograma que preveja: - encontro de grupo para analisar a lista bibliográfica, visando levantamento e seleção de livros; - encontro para discussão da problemática à luz das fichas de leitura dos integrantes do grupo, que já devem ter lido e fichado os textos; - encontro para elaboração de um texto-roteiro para o seminário, que deve ser distribuído aos demais componentes da turma, depois da apresentação; - encontro para operacionalizar a apresentação do seminário (recursos 5.4.2 Tarefas Individuais - elucidação do tema ou do texto (ver sua pare dentro do grupo) - leituras e fichamento - situar sua parte no contexto do grupo 5.5 ARTIGO CIENTÍFICO O artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. O objetivo fundamental de Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 30 um artigo é o de ser um meio rápido e sucinto de divulgar e tornar conhecidos, através de sua publicação em periódicos especializados, a dúvida investigada, o referencial teórico utilizado (as teorias que serviam de base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada, os resultados alcançados e as principais dificuldades encontradas no processo de investigação ou na análise de uma questão. Assim, os problemas abordados nos artigos podem ser os mais diversos: podem fazer parte quer de questões que historicamente são polemizadas, quer de problemas teóricos ou práticos novos. 5.5.1 Estrutura do Artigo O artigo possui a seguinte estrutura: a) Título - Deve compreender os conceitos-chave que o tema encerra, e ser numerado para indicar, em nota de rodapé, a finalidade do mesmo. b) Autor(es) - O autor do artigo deve vir indicado do centro para a margem direita. Caso haja mais de um autor, os mesmos deverão vir em ordem alfabética, ou se houver titulações diferentes deverão seguir a ordem da maior para a menor titulação. Os dados da titulação de cadaum serão indicados em nota de rodapé através de numeração ordinal. c) Resumo e Abstract - Texto, com uma quantidade predeterminada de palavras, onde se expõe o objetivo do artigo, a metodologia utilizada para solucionar o problema e os resultados alcançados. O Abstract é o resumo traduzido para o inglês, sendo que alguns periódicos aceitam a tradução em outra língua. d) Palavras-chave - São palavras características do tema que servem para indexar o artigo, até 6 palavras. 5.5.2 Corpo do Artigo a) Introdução - O objetivo da Introdução é situar o leitor no contexto do tema pesquisado, oferecendo uma visão global do estudo realizado, esclarecendo as delimitações estabelecidas na abordagem do assunto, os objetivos e as justificativas que levaram o autor a tal investigação para, em seguida, apontar as questões de pesquisa para as quais buscará as respostas. Deve-se, ainda, destacar a Metodologia utilizada no trabalho. Em suma: apresenta e delimita a dúvida investigada (problema de estudo - o quê), os objetivos (para que serviu o estudo) e a metodologia utilizada no estudo (como). Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 31 b) Desenvolvimento - Nesta parte do artigo, o autor deve: - fazer uma exposição e uma discussão das teorias que foram utilizadas para entender e esclarecer o problema, apresentando-as e relacionando-as com a dúvida investigada; - apresentar as demonstrações dos argumentos teóricos e/ou de resultados que as sustentam com base dos dados coletados; c) Conclusão - Após a análise e discussões dos resultados, são apresentadas as conclusões e as descobertas do texto, evidenciando com clareza e objetividade as deduções extraídas dos resultados obtidos ou apontadas ao longo da discussão do assunto. Neste momento são relacionadas às diversas idéias desenvolvidas ao longo do trabalho, num processo de síntese dos principais resultados, com os comentários do autor e as contribuições trazidas pela pesquisa. Cabe, ainda, lembrar que a conclusão é um fechamento do trabalho estudado, respondendo às hipóteses enunciadas e aos objetivos do estudo, apresentados na Introdução, onde não se permite que nesta seção sejam incluídos dados novos, que já não tenham sido apresentados anteriormente. d) Referências - Referências são um conjunto de elementos que permitem a identificação, no todo ou em parte, de documentos impressos ou registrados em diferentes tipos de materiais. As publicações devem ter sido mencionadas no texto do trabalho e devem obedecer as Normas da ABNT 6023/2000. Trata-se de uma listagem dos livros, artigos e outros elementos de autores efetivamente utilizados e referenciados ao longo do artigo. 5.6 PAINEL O painel é uma forma de apresentação dos resultados dos trabalhos realizados em torno de um tema. 5.6.1 Tamanho do Painel As dimensões do Painel são: 0,90m (largura) x 1m (altura). Recomenda-se que as ilustrações (fotos, esquemas, tabelas, gráficos e equações) ocupem no máximo 40 % da área total. O texto do painel deverá ser legível a uma distância de pelo menos 2 metros; Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 32 5.6.2 Seqüência para apresentação de dados do Painel a) Nome da Instituição: em letras minúsculas, com as iniciais em maiúsculas e centralizado; b) Título do trabalho: em letras maiúsculas, em negrito e centralizado; c) Nome(s) do(s) autor(es): em letras minúsculas, com as iniciais em maiúsculas e alinhado à margem direita; d) Nome do Orientador: em letras minúsculas, com as iniciais em maiúsculas e alinhado à margem direita; 5.6.3 Corpo do Painel a) Introdução: a importância do assunto deve ser destacada resumidamente na forma de introdução ou equivalente; b) Metodologia: dar uma idéia compacta da metodologia ou forma de abordagem da pesquisa; c) Resultados e discussão: indicar apenas os de maior destaque; d) Conclusões: indicar as principais conclusões, a partir dos resultados obtidos; e) Referências: relacionar em formato resumido, apenas as mais diretamente ligadas ao assunto. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 33 6 CITAÇÕES E NOTAS DE RODAPÉ Objetivos: Orientar para a elaboração de citações na produção de Trabalhos Acadêmicos. A elaboração de citações está disciplinada na NBR 10520:2002. A partir da leitura da documentação existente sobre o assunto estudado, para dar ênfase a certos aspectos abordados, o estudioso usa citações ou pontos de vista de outros pesquisadores ao longo do texto ou em notas de rodapé. Citação é uma "menção de uma informação extraída de outra fonte." (ABNT 2002, p. 1). 6.1 CITAÇÃO É a menção no texto de uma informação colhida de outra fonte. Pode ser direta, indireta e citação de citação. 6.1.1 Citação Direta “Transcrição textual de parte da obra do autor consultado.” (NBR, 10520, p. 2). Podem ser apresentadas de duas formas: até três linhas escreve-se normalmente no texto e vêm entre aspas. Acima de três linhas, devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letras fonte tamanho 10, sem aspas e com espacejamento simples. A indicação de autoria poderá ser inserida no texto em letras maiúsculas e minúsculas ou com letras maiúsculas quando estiverem entre parênteses. a) Exemplo de citação até 3 linhas com autor inserido no texto: Para Minayo (2001, p. 22) “o conjunto de dados quantitativos e qualitativos não se opõem, ao contrário, se complementam”. b) Exemplo de citação até 3 linhas com autor inserido entre parênteses, no final da citação: Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo - versão Agosto/2009 Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET) 34 “O professor universitário precisa de consolidada experiência de pesquisa para bem ensinar; o aluno da universidade precisa de uma vivência de prática investigativa para bem aprender.” (LIMA, 2004, p.18). c) Exemplo de citação com mais de 3 linhas com autor inserido entre parênteses, no final da citação: A ciência é a busca do conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e abrange um conjunto de conhecimentos racionais – certos e prováveis – obtidos segundo determinado método, sendo sistematizados e verificáveis, com a característica adicional de fazerem referência a objetos de uma mesma natureza. (OLIVEIRA, 2003, p. 39). d) Exemplo de citação com mais de 3 linhas com autor inserido no texto: Oliveira (2003, p. 39) ao abordar sobre ciência destaca que a mesma é [...] a busca do conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e abrange um conjunto de conhecimentos racionais – certos e prováveis – obtidos segundo determinado método, sendo sistematizados e verificáveis, com a característica adicional de fazerem referência a objetos de uma mesma natureza. 6.1.2 Citação Indireta É a expressão da idéia contida na fonte citada, sem transcrição, dispensando o uso de aspas duplas. 6.1.3 Citação de citação Consiste na transcrição direta ou indireta de um texto ao qual não se teve acesso ao original. Neste caso, a citação é feita pelo nome do autor original, seguido da expressão apud e do nome do autor da obra consultada. a) Exemplo de citação de citação transcrita de forma direta: Lênin (1999 apud MINAYO, 2001, p.16) diz que “o método é a alma da teoria”. Apostila elaborada pela Professora Sandra Márcia de Souza Cartaxo -
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