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Lesões Vermelhas

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PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 
ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 
 
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LESÕES AVERMELHADAS 
 
ERITROPLASIA (Eritroplasia de Queyrat) 
 Do mesmo modo que a leucoplasia, a eritroplasia é definida como uma placa vermelha que 
não pode ser diagnosticada clínica ou patologicamente como qualquer outra condição. O termo 
"eritroplasia" foi originalmente usado por Queyrat, para descrever uma lesão vermelha pré-
cancerígena que se desenvolve no pênis. A eritroplasia oral é clínica e histopatologicamente 
semelhante ao processo genital. Quase todas as eritroplasias verdadeiras mostram displasía 
significativa, carcinoma in situ ou carcinoma espinocelular invasivo. A causa da eritroplasia é 
desconhecida, mas se presume que seja a mesma do carcinoma de espinocelular oral. A prevalência 
da entidade clínica eritroplasia oral é desconhecida, mas a leucoplasia foi observada com freqüência 
77 vezes maior que a eritroplasia em um grande estudo populacional. A média de incidência anual 
para o carcinoma oral in situ microscopicamente comparado, foi de 1,2 por população de 100.000 
indivíduos (2 homens e 0,5 mulheres), de acordo com uma investigação. Essa entidade também 
pode ocorrer associada com a leucoplasia e tem sido encontrada em uma grande proporção de 
carcinomas orais invasivos em estágio inicial. Apesar da eritroplasia ser menos comum que a 
leucoplasia, há um potencial muito maior de descoberta, na biópsia, de displasia significativa ou do 
desenvolvimento de malignidade invasiva. 
 
Características Clínicas 
 A eritroplasia é predominantemente uma doença de homens mais velhos, com um pico de 
prevalência aos 65-74 anos de idade. O soalho da boca, a língua e o palato mole sãos os locais mais 
comuns de envolvimento, e lesões múltiplas podem estar presentes. A mucosa alterada apresenta-se 
como uma mácula ou placa eritematosa bem-demarcada. com uma textura macia e aveludada. É 
normalmente assintomática e pode estar associada a uma leucoplasia adjacente. A mucosite, 
candidose ou lesões vasculares podem imitar clinicamente a eritroplasia, sendo a biópsia 
freqüentemente necessária para que se possa distingui-las. 
 
Características histológicas 
 Cerca de 90% das lesões eritroplásicas representam histopatologicamente a displasia 
epitelial grave, carcinoma in sítu ou carcinoma espinocelular superficialmente invasivo. O epitélio 
mostra ausência de produção de queratina e é freqüentemente atrófico, mas pode ser hiperplásico. 
Esta falta de queratinização, especialmente quando combinada com o adelgaçamento epitelial, 
permite que a micro-vasculatura subjacente se mostre, daí a coloração vermelha. O tecido 
conjuntivo subjacente freqüentemente apresenta inflamação crônica. 
 
Tratamento e Prognóstico 
 As lesões vermelhas na mucosa oral, especialmente aquelas no soalho oral, bem como no 
ventre e parte lateral da língua, devem ser vistas com desconfiança, e a biópsia deve ser feita. Se 
uma fonte de irritação puder ser identificada e removida, a biópsia de tal lesão poderá ser retardada 
por duas semanas, para dar tempo que uma lesão inflamatória clinicamente semelhante possa 
regredir. Tal como a leucoplasia, o tratamento da eritroplasia é guiado pelo diagnóstico definitivo 
obtido por biópsia. As lesões exibindo displasia significativa devem ser completamente removidas 
ou destruídas pelos métodos usados para a leucoplasia. Entretanto, é melhor preservar a maior parte 
da amostra para exame microscópico, por causada possibilidade de que um carcinoma invasivo 
focal não tenha sido percebido no material de biópsia inicial. A recorrência e envolvimento 
multifocal da mucosa oral são comuns com a eritroplasia; logo, o acompanhamenlo em longo prazo 
é sugerido para os pacientes tratados. 
 
PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 
ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 
 
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LÍNGUA GEOGRÁFICA (GLOSSITE MIGRATÓRIA BENIGNA) 
 A língua geográfica é uma condição benigna comum, que afeta principalmente a língua. É 
freqüentemente detectado no exame de rotina da mucosa oral. A lesão ocorre em 1 a 3% da 
população. As mulheres são afetadas com mais freqüência que os homens em uma razão de 2: 1. Os 
pacientes podem ocasionalmente consultar um profissional de saúde, se notar a aparência incomum 
de sua língua ou se a mucosa lingual se tomar sensível a comidas quentes ou apimentadas, como 
resultado do processo. Mesmo sendo o eritema migratório documentado há vários anos, sua 
etiopatogênese ainda é desconhecida. Alguns investigadores sugerem que o eritema migratório 
ocorre com maior freqüência em indivíduos atópicos, aumentando, assim, a possibilidade de que ele 
represente uma hipersensibilidade a um fator ambiental. Além disso, foi relatado, recentemente, que 
as lesões do eritema migratório, nos pacientes do sexo feminino, parecem aumentar e diminuir de 
forma previsível com terapia contraceptiva oral, sugerindo que fatores hormonais podem ser 
relevantes. 
 
Características Clínicas 
 As lesões características do eritema migratório são vistas nos dois terços anteriores da 
mucosa do dorso da língua. Elas se apresentam como zonas de eritema múltiplos e bem-
demarcados, concentrados na ponta e bordas laterais da língua. Este eritema se deve à atrofia das 
papilas filiformes, e tais áreas atróficas são tipicamente cercadas, pelo menos parcialmente, por uma 
borda em forma de serpentina, amarelo-esbranquiçada e levemente elevada. O paciente que está 
consciente do processo freqüentemente relata que as lesões aparecem rapidamente, resolvem-se 
dentro de poucos dias ou semanas, e, em seguida, instalam-se em uma área completamente 
diferente. Freqüentemente, a lesão surge como uma pequena mancha branca, que, em seguida, 
desenvolve uma zona atrótica eritematosa central e cresce centrifugamente. Muitas vezes, os 
pacientes com a língua físsurada também são afetados com o eritema migratório. Alguns pacientes 
podem ter apenas uma lesão solitária, mas isto não é comum. As lesões normalmente são 
assintomáticas, embora uma sensação de queimação ou sensibilidade a comidas quentes ou 
apimentadas possa ser notada, quando as lesões estão ativas. Apenas raramente, a sensação de 
queimação é mais constante e grave. 
Muito raramente, o eritema migratório pode ocorrer em locais da mucosa oral além da língua. 
Nestes casos, a língua é quase sempre afetada; entretanto, outras lesões desenvolvem-se na mucosa 
jugal, mucosa labial e, com menos freqüência, no palato mole. Tais lesões tipicamente não 
produzem sintomas, podendo ser identificadas por suas bordas amarelo-esbranquiçadas em forma 
de serpentina, que circundam uma zona eritematosa. Estas características devem prevenir a 
confusão com condições, como a candidose e eritroplasia. 
 
Características Histopatológicas 
 Se uma amostra de biópsia da região periférica do eritema migratório for examinada, um 
padrão histopatológico característico poderá ser observado. A hiperparaqueratose, espongiose, 
acantose e alongamento das cristas interpapilares epiteliais são vistos. Além disso, coleções de 
neutrófilos (abscessos de Munro) são observadas no epitélio; linfócitos e neutrófilos envolvem a 
submucosa. O infiltrado neutrofílico intenso pode ser responsável pela destruição da porção 
superficial do epitélio, produzindo, assim, uma mucosa atrófica e avermelhada, à medida que a 
lesão progride. Como estas características histopatológicas são reminiscentes de psoríase, isso é 
chamado de mucosite psoriasiforme 
 
Tratamento e Prognóstico 
 Geralmente, nenhum tratamento é indicado para os pacientes com eritema migratório. 
Assegurar ao paciente que a condição é completamente benigna é freqüentemente a única atitude 
necessária. Raramente, os pacientes podem reclamar de sensibilidade ou uma sensação de 
PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP 
ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 
 
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queimação tão grave que atrapalha seu estilo de vida. Nestes casos,os corticosteróides tópicos 
podem dar alívio quando aplicados sobre a área lesional. 
 
VARICOSIDADES (Varizes) 
 A varicosidade ou variz é uma veia anormalmente dilatada e tortuosa. A causa exata das 
varicosidades oral é incerta. A idade é um fator importante, porque as varizes são raras em crianças, 
porém comuns em adultos velhos. As varizes não têm sido associadas com hipertensão ou outras 
doenças cardiopulmonares, porém um estudo relatou que pacientes com veias varicosas das pernas 
eram mais propensos a ter varicosidades da língua. 
 
Características Clínicas 
 O tipo mais comum de varicosidade oral é a variz sublingual, que ocorre em dois terços da 
população com mais de 60 anos de idade. As varicosidades sublingual apresentam-se, 
classicamente, como múltiplas bolhas papulares ou elevadas, purpúreoazuladas na borda 
ventrolateral da língua. As lesões, usualmente, são assintomáticas, exceto em raras ocasiões, 
quando ocorre trombose secundária. Com menos freqüência, varizes solitárias ocorrem em outras 
regiões da boca, principalmente nos lábios e na bochecha. Estas varicosidades isoladas, muitas 
vezes, são notadas pela primeira vez após elas terem sofrido trombose. Clinicamente, a variz 
trombosada apresenta-se como um nódulo purpúreo-azulado firme, indolor, que pode parecer um 
fragmento de chumbo abaixo da superfície da mucosa. 
 
Características Histopatológicas 
 O exame microscópico de uma variz revela uma veia dilatada, cuja parede mostra pouco 
músculo liso e reduzido desenvolvimento de tecido elástico. Se ocorrer uma trombose secundária, a 
luz pode conter camadas concêntricas de plaquetas e hemácias (linhas de Zahn). O coágulo pode 
sofrer organização com tecido de granulação, e subseqüente recanalização. Trombos mais antigos 
podem apresentar calcificação distrófica, resultando em formação de um flebólito (phléps = veia; 
líthos = pedra). 
 
Tratamento e Prognóstico 
 As varicosidades sublingual são classicamente assintomáticas, e nenhum tratamento é 
indicado. Varicosidades solitárias dos lábios e mucosa bucal podem ser removidas cirurgicamente, 
para confirmar o diagnóstico, ou devido à formação secundária de trombo. 
 
TRAUMA ORAL DEVIDO A PRATICAS SEXUAIS 
 Embora as práticas sexuais orogenitais sejam ilegais em muitas jurisdições, elas são 
extremamente comuns. Entre os homossexuais masculinos e femininos, a atividade sexual 
orogenital é quase universal. Para casais heterossexuais casados, abaixo dos 25 anos de idade, a 
freqüência tem sido apresentada como tão alta quanto 90%. Considerando a prevalência dessas 
práticas, a freqüência de lesões traumáticas orais associadas é surpreendentemente baixa. 
 
Características Clínicas 
 A lesão mais comumente relatada, ligada a prática do sexo orogenital, é a hemorragia 
palatina submucosa, secundária à felação. As lesões apresentam-se como eritema, petéquia, púrpura 
ou equimose do palato mole. As áreas freqüentemente são assintomáticas e regridem sem 
tratamento dentro de sete a 10 dias. As recorrências são possíveis com a repetição do acontecimento 
incitante. Acredita-se que o extravasamento de eritrócitos seja resultante da elevação da 
musculatura do palato mole e tensão contra um meio de pressão negativa; lesões semelhantes foram 
induzidas pela sucção vigorosa em canudos de beber e copos. Empurrões vigorosos contra o palato 
mole vascular têm sido sugeridos como outra causa possível. As lesões orais também podem 
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ocorrer pela prática da cunilíngua. Ulcerações horizontais do freio lingual têm sido relatadas. A 
medida que a língua é empurrada adiante, o freio esticado fricciona ou raspa as bordas iniciais dos 
incisivos centrais inferiores. A ulceração criada coincide com as bordas dentárias afiadas, quando a 
língua está em sua posição mais para diante. As lesões melhoram em sete a 10 dias, porém podem 
recorrer com as práticas repetidas. Uma hiperplasia fibrosa linear foi descoberta no mesmo padrão, 
em indivíduos que praticam o ato cronicamente. 
 
Características Histopatológicas 
 Com um indício apropriado de suspeita, a biópsia geralmente não e necessária; entretanto, a 
biópsia foi executada em alguns casos de lesões palatinas secundárias à felação. Tais lesões, 
relacionadas à sucção, revelam acúmulos subepiteliais de células vermelhas do sangue, que podem 
ser extensas o suficiente para separar o epitélio superficial do tecido conjuntivo subjacente. Pode 
ocorrer a degeneração incompleta da camada de células basais epiteliais. O epitélio mostra 
classicamente migração de eritrócitos e leucócitos da lâmina própria subjacente. 
 
Tratamento e Prognóstico 
 Nenhum tratamento é necessário, sendo bom o prognóstico. Nos pacientes que solicitam 
assistência, as petéquias palatinas podem ser prevenidas pelo uso de menos pressão negativa 
evitando o empurrão rigoroso. O aparecimento ocasional da maceração no freio lingual pode ser 
minimizado pela suavização e polimento das bordas incisais ásperas dos dentes inferiores 
adjacentes. 
 
HEMORRAGIA SUBMUCOSA 
 Qualquer um já experimentou uma contusão ao menor trauma. Isto ocorre quando um 
evento traumático resulta em hemorragia e retenção de sangue no interior dos tecidos. Termos 
diferentes são usados, dependendo do tamanho da hemorragia. Hemorragias pequenas na pele, 
mucosa ou serosa são denominadas petéquias. Se uma área ligeiramente maior está afetada, a 
hemorragia é a uma púrpura. Qualquer acumulo acima de 2 cm é uma equimose. Se o acúmulo de 
sangue no interior dos tecidos produz um volume, denomina-se hematoma. 
 O trauma brusco na mucosa oral freqüentemente resulta em formação de hematoma. Menos 
conhecidas são as petéquias e púrpuras que podem aparecer devido à pressão intratorácica 
aumentada, prolongada ou repetida (manobra de Valsalva), associada com atividades, como tosse 
repetida, vômito, convulsão ou o ato de dar à luz. Quando considerar um diagnóstico de hemorragia 
traumática, o clínico deve ter em mente que as hemorragias podem resultar de causas não-
traumáticas, como a trombocitopenia, coagulação intravascular disseminada (CID) e um certo 
número de infecções virais, especialmente a mononucleose infecciosa e o sarampo. 
 
Características Clínicas 
 A hemorragia submucosa aparece como uma zona elevada ou plana não-pálida, com uma 
cor que varia do vermelho ou púrpura ao azul ou negro-azulado. Como seria esperado, as lesões 
traumáticas estão localizadas mais freqüentemente na mucosa labial ou jugal. O trauma facial 
brusco, muitas vezes, é o responsável, porém uma injúria, tão pequena quanto uma mordida na 
bochecha, pode produzir um hematoma ou áreas de púrpura. Uma leve dor pode estar presente. A 
hemorragia, associada à pressão intratorácica aumentada, geralmente localiza-se na pele da face e 
pescoço, e se apresenta como petéquias espalhadas, que desaparecem num período de 24 a 72 horas. 
 
Tratamento e prognóstico 
 Nenhum tratamento é exigido, se a hemorragia não estiver relacionada à doença sistêmica, 
devendo as áreas regredir espontaneamente. Grandes hematomas podem precisar de várias semanas 
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para regredir. Se a hemorragia ocorrer secundariamente a uma desordem subjacente, o tratamento 
deve ser dirigido ao controle da doença associada.

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