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Apostila COMPLETA de Microbiologia

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FESO
Medicina Veterinária
Microbiologia
Por: Giselle Keller El Kareh de Souza
2004
Índice
Introdução: Bactérias									pág. 02
Método de Gram: Bactérias Gram - e Gram +						pág. 02
Flagelos											pág. 04
Meios de cultura										pág. 04
Esterilização ≠ desinfecção									pág. 06
Fenômeno da transformação, conjugação, transdução						pág. 08
Mutação											pág. 09
Coleta de material e exame									pág. 10
Antibiograma										pág. 10
Uso de antibióticos									pág. 11
Reações de hipersensibilidade ou alérgica							pág. 12
Vias de contaminação									pág. 13
Mecanismos de resistência do hospedeiro							pág. 13
Manifestações radiológicas									pág. 13
Toxóide											pág. 13
Mecanismo de ação da sulfa								pág. 14
Antibióticos	(classificações)								pág. 14
Mecanismos envolvidos na patogenia bacteriana						pág. 17
Mecanismos de virulência bacteriana								pág. 18
Porta de entrada de bactérias								pág. 18
Mecanismos de escape das defesas do hospedeiro						pág. 18
Mecanismos de ação dos antibióticos							pág. 19
Estafilococos										pág. 19
Estreptococos										pág. 22
Enterococos										pág. 24
Bacillus											pág. 24
Clostridium										pág. 26
Corynebacterium										pág. 27
Listeria											pág. 28
Erysipelothrix										pág. 28
Mycobacterium										pág. 29
Neisseria											pág. 32
Treponema										pág. 32
Leptospira										pág. 33
Borrelia											pág. 35
Riquetsia										pág. 36
Erlichia											pág. 36
Clamidia											pág. 36
Brucella											pág. 37
Enterobactérias										pág. 38
Pseudomonas										pág. 41
Pasteurella										pág. 42
Yersinia											pág. 42
Klebsiela										pág. 43
Cogumelos										pág. 43
Microbiologia
Bactérias – possuem em torno de 0,3 a 20µ. Podem ter a forma de cocos (esférica), bacilos, espiralados e vibrio:
Cocos: são grânulos esféricos, que podem ser encontrados sozinhos ou em grupos. Se dividem em:
Estafilococos – formam um cacho de uvas. Ex: Staphylococcus aureus.
Estreptococos – cocos dispostos em forma de cadeia longas ou curtas
Diplococos – cocos dispostos em duplas, normalmente envoltos por uma cápsula. Exs: Streptococcus pneumoniae (agente etiológico da pneumonia), Neisseriae gonorrhoeae, N. meningitidis, Branamella catharralis.
Bacilos: possuem o comprimento maior que a largura. Exs: Salmonela, Brucella, Shigella, Proteus, Bacillus. Quando o bacilo apresenta a extremidade truncada (reta), pertence ao gênero Bacillus: Bacillus anthracis, B. cereus. A Brucella é um cocobacilo, pois é tão pequeno que quase não se identifica a largura e o comprimento.
Espiralados: em espiral. Exs:
Treponemas – Possui as extremidades horizontais (retas). Não pode ser visto em microscopia ótica comum pois são menores que 0,2µ. Ex: T. pallidum – patogênico apenas em humanos, causando a sífilis; T. cuniculii – causa trematose em coelhos.
Leptospira – Possui as extremidades em ganchos. Também não são evidenciados na microscopia ótica comum, e são altamente móveis. A leptospirose não nos permite fazer um prognóstico. As vezes o animal parece ter se recuperado, tem uma recaída e morre. Outros quase morrem e se recuperam.
Borrelia – É maior que os outros dois gêneros (maior que 0,2µ), sendo evidenciada na microscopia ótica comum. Ex: B. anserina.
Vibrio: apresenta flagelo. Ex: V. cholerae.
As bactérias podem ser classificadas por sua morfologia (classificação fenotípica), por seu genótipo, características hereditárias (classificação genotípica) e por suas características analíticas (análise da parede celular, lipídios totais, proteínas totais, tipagem enzimática).
Método de Gram
	Divide as bactérias em dois grupos principais: as Gram positivas e as Gram negativas.
Com o “swab” (torcilhão) coleta-se o material e faz-se um esfregasso na lâmina. Deixa-a secar e procede a coloração:
Cristal violeta ou violeta de genciana – mergulha a lâmina no cristal violeta por 1 minuto;
Lava-se com água;
Cora-se com lugol (iodo 1g + IK 2g) por 1 minuto;
Lava-se com álcool a 75% rapidamente;
Lava-se com água;
Cora-se com fucsina fenicata diluída (1/10) por 20 a 30 segundos;
Lava-se com água;
Seca-se e observa-se com objetiva de imersão (100x), colocando-se uma gota de óleo de cedro (para corrigir a refração do raio luminoso).
Toda bactéria que ficar corada de roxo ou violeta é Gram positiva. As que se coram de vermelho são Gram negativas. A coloração violeta ocorre pela presença de peptideoglicanos nas bactérias. As bactérias Gram positivas são ricas em peptideoglicanos e as Gram negativas são ricas em lipopolissacarídeos.
O peptidioglicano retém a substância iodopararrosanelina, que se formam na reação de cristal violeta com lugol. Com a lavagem com álcool, essa substância é removida, descorando as bactérias Gram negativas que não conseguem armazená-la em seu interior. Com a fucsina, essas bactérias se coram de vermelho.
Outra diferença entre os dois tipos de bactérias é que as Gram+ não apresentam fímbrias (ou pilli), apenas as Gram- as possuem. A função das fímbrias é de fazer adsorsão (acoplamento) e transferência de plasmídio (ADN) para outra bactéria. As fímbrias se encontram em volta de toda a bactéria. É semelhante ao flagelo, só que menor.
A transferência de plasmídio entre as bactérias é muito importante, pois através deste mecanismo ocorre passagem de informação genética. Uma bactéria resistente a um antibiótico pode transmitir um plasmídio, que carreie a informação genética de resistência a esse antibiótico, a uma bactéria sensível a ele, tornando-a resistente. Ex: bactérias resistentes a penicilina são capazes de produzir penicinilase.
Uma antibioticoterapia correta deve associar antibióticos para bactérias Gram+ e Gram-. O uso incorreto de antibióticos pode acarretar na seleção de bactérias resistentes, pois irão eliminar apenas as bactérias sensíveis ao antibiótico, deixando vivas as resistentes a eles.
Antibioticoterapia é diferente de tratamento, pois quando se diz tratamento se refere a todo o tratamento prescrito ao paciente (todos os medicamentos, a dieta, repouso, etc.), enquanto a antibioticoterapia se refere apenas ao uso dos antibióticos.
A bactéria apresenta duas formas: vegetativa e esporolada. Esporolada é a forma resistente e vegetativa é a forma normal.
O esporo pode se formar originado de qualquer parte do corpo da bactéria. Pode ser central, subterminal ou terminal.
Os flagelos podem estar em toda a volta da bactéria (peritríquio), apenas em uma extremidade (anfitríquio) ou em ambas as extremidades (lofotríquio). Quando não possui flagelos, é atríquio.
Repicar é remover bactérias de um meio de cultura e transferir para outro esterilizado, ou seja, montando uma nova cultura. Essas bactérias terão que se adaptar a esse novo meio. Essa fase é chamada de Lag fase. Depois segue uma nova fase, que é a fase de crescimento, chamada de fase exponencial ou logarítmica. Em seguida vem a fase de equilíbrio e depois uma fase de declínio seguida da morte das bactérias. Essas fases juntas são chamadas de curva de crescimento.
A fonte de energia das bactérias é o ATP, conseguido através da glicose, assim como nós.
Meios de cultura
Os meios (substratos) podem ser líquidos, sólidos, ou semi-sólidos.
O substrato básico mais comum (caldo básico) é composto por:
Peptona – 10g
Extrato de carne – 3g
NaCl – 3g
Água destilada q.s.p. – 1000ml
PH – 7,2
Se adicionar 15g de Agar Agar ao meio líquido ele se transforma em sólido, facilitando o isolamento da bactéria. Se adicionar uma dose mais baixa de Agar Agar (3g) o meio líquido se torna semi-sólido. É usado para observar a motilidade das bactérias, pois se introduzir uma agulha contaminada num meio semi-sólido, as bactérias não móveis irão se desenvolver apenasno local onde foram introduzidas pela agulha, mas se forem móveis irão se movimentar e se desenvolver também em torno do local onde foram depositadas.
Ao fazer um exame direto de secreção e, após coloração, constatar a presença de dois tipos de bactérias (uma Gram + e outra Gram -), faz-se a confirmação colocando no meio de cultura T.S.B. por 24 horas. Visualiza-se novamente e constata. Em seguida usa-se a técnica do esgotamento, que consiste em mergulhar a alça no meio e passá-la rapidamente numa placa para que a colônia de bactérias se desenvolva. Leva esse nome porque ao ir passando a ponta da alça pela placa, o número de bactérias vai diminuindo até chegar ao final da passagem da alça pela placa. Conforme a colônia vai se desenvolvendo podemos identificar seu tipo.
Outro meio de cultura usado é o Chapman-Store:
Peptones – 10g
Extrato de carne – 3g
NaCl – 75g
Manita (manitol) – 10g
Vermelho de fenol – 0,025g
Agar Agar – 15g
Água destilada q.s.p. – 1000ml
PH – 7,2
É um meio usado para identificar estafilococos, pois o manitol quando degradado por estafilococos dá como metabólito final ácidos, fazendo com que o substrato, que originalmente é vermelho, fique amarelo, ou seja, se acidificou. Os 75% de NaCl neste meio impedem o crescimento de bactérias Gram -, ou seja, é um meio próprio para Gram +, para estafilococos. É um meio seletivo.
OBS: Infeções purulentas com secreção amarelada geralmente são causadas por estreptococos ou estafilococos. Os estreptococos não se desenvolvem bem no substrato T.S.B., mas os estafilococos sim.
	Para isolar Gram -, usa-se o meio Teague, que é próprio para esse tipo de bactérias. Consiste em um meio semelhante ao caldo básico associado a eosina, azul de metileno e outras substâncias. A eosina e o azul de metileno bloqueiam o crescimento de Gram +.
	Se analisar uma amostra onde há vários tipos de bactérias, usa-se o meio de Thayer Martins, que possui caldo básico, sangue, elementos nutritivos essenciais e V, C, N e T:
Vancomicina – antibiótico – bloqueia o crescimento de Gram +;
Colistina – antibiótico – bloqueia o crescimento de Gram -;
Nistatina – antibiótico – bloqueia o crescimento de leveduras;
Trimetopaim – quimioterápico – bloqueia o crescimento de Gram -.
	Neste meio, apenas a Neisseriae sobrevive, pois ela é resistente a todos os V, C, N e T. É a única bactéria Gram -, diplococos, intra e extracelular e reniforme. Provoca secreção uretral (gonorréia) ou secreção purulenta no liquor (meningite meningocócica).
	Para determinar a quantidade de bactérias por mililitro, usam-se dois tipos de procedimentos:
Diluição em série – dilui 0,1ml de bactérias de um meio contaminado em uma solução salina estéril (1ml) e repete esse procedimento até chegar a proporção de 1 por mil. No fim, terá isolado uma bactéria.
Diluição em placa – coloca-se 1 ml das bactérias na placa e a divide em 4 partes. Conta-se as colônias que se formarem e multiplica por mil.
Prática
	Montamos alguns meios de cultura no laboratório. Ao montarmos os substratos, devemos sempre verificar a quantidade de água que será usada para calcular a quantidade do meio de cultura que teremos que diluir. Por exemplo, num meio de cultura onde se usa 30g para 1 litro, ao usarmos 200ml, devemos usar apenas 6g do meio (regra de três).
	Cada meio é usado para identificar um tipo específico de bactéria.
	Usamos o meio de Levine, que é usado para identificar bactérias entéricas (que se desenvolvem no intestino) Gram -.
Antissepsia – quando se promove a eliminação de bactérias em uma área em um ser vivo.
Desinfeção – quando se promove a eliminação de bactérias em uma área de um objeto inanimado.
Assepsia – é o conjunto de meios e normas usados para evitar que bactérias penetrem em local que não as tenha, ou que não penetrem bactérias diferentes das presentes.
Esterilização – destruição de toda forma de vida em um objeto.
Esterilização é diferente de desinfeção. A esterilização destrói toda forma de vida e a desinfeção elimina apenas as bactérias patogênicas.
O álcool é bactericida a 75%. Acima disso ele é desidratante, mas não é bactericida.
Esterilização:
Processos físicos de esterilização de calor a seco – flambar, estufa (> ou = a 175(C por no mínimo 2h), radiação – raio X, raio gama, raio beta, ultravioleta (a luz ultravioleta não ultrapassa o vidro e os raios X, beta e gama não ultrapassam o chumbo). O problema da radiação é que ela pode provocar mutações e alterações genéticas, o que pode ocorrer por dosagem errada (menor) da radiação.
Processos físicos de esterilização de calor úmido – auto-clave (aparelho que usa pressão para esterilizar) de 20 a 30 minutos – sob pressão, a água vai acima de 100(C e não entra em ebulição, causando desnaturação protéica nas bactérias. Pasteurização – aquecimento entre 70 e 75(C (em média) por em torno de 1h, destrói bactérias patogênicas. A temperatura e a duração do aquecimento dependerão da substância que será pasteurizada. Tyndalização – três aquecimentos consecutivos, com intervalos de 24h entre eles. Isso porque as bactérias esporuladas que não morrem na primeira fervura, quando em repouso por 24h, tendem a voltar a forma vegetativa, ficando vulneráveis e morrendo nas fervuras seguintes.
Processos químicos de esterilização – álcool (a 75% é bactericida), cloro, soda cáustica (óxido de sódio - NaOH), formol. Deve-se sempre, ao usar processos químicos, tomar cuidado com a concentração do produto usado. O cloro é um halogênio, portanto um gás. Na água sanitária está na forma de hipoclorito. O formol (é um gás, aldeído fórmico) se misturar com água e colocar para ferver a 35(C, dentro de uma sala fechada, esteriliza toda ela.
Antissépticos – água oxigenada (oxidante), mertiolate (mas pode causar alergia), permanganato de potássio.
OBS: a amônia (é um gás, está na forma de hidróxido de amônia, NH3) é um antisséptico de vias urinárias.
Desinfetantes – fenol (é um ácido – ácido fênico, portanto não pode ser usado como antisséptico), creolina (octoparameta crezol – é cancerígeno, não deve ser usado como desinfetante de uso contínuo). Água sanitária e cloro podem ser usados como desinfetantes.
OBS: O bacilo Anthrax e o Tétano são exemplos típicos de bactérias que sobrevivem por tempo indeterminado no solo, em forma de esporo e, quando contaminam, voltam a forma vegetativa.
	Colônias podem ser grandes ou pequenas, mucosas, lisas ou rugosas. As lisas normalmente são patogênicas e as rugosas não patogênicas. Cada colônia é originada por uma bactéria, que se reproduz e origina a colônia.
	Nas bactérias, a respiração aeróbia consome muita energia, a respiração anaeróbia consome pouca energia e a fermentação consome muito pouca energia.
Experiência:
	Inoculando (via intraperitonial) pneumococos capsulados num camundongo, o mesmo morria. Inoculando pneumococos sem cápsula num camundongo, ele não morria. Concluiu-se que a virulência do pneumococos estava relacionada a presença da cápsula.
	Fez-se uma cultura de bactérias com cápsula e filtrou-se essa cultura, removendo as bactérias. A esse líquido juntou-se pneumococos sem cápsula, inoculou no camundongo e ele morreu.
	Conclusão: o DNA das bactérias capsuladas (liberados com a morte das mesmas) presente no líquido, se acopla nas bactérias sem cápsula, que adquirem a capacidade de produzi-la.
Fenômeno da Transformação
	É a capacidade que a bactéria possui de adquirir características de outras bactérias, a partir do contato com o DNA das mesmas. Para isso, uma das bactérias precisa ter competência para se ligar a esse DNA.
Fenômeno da Conjugação
	Bactérias Gram – possuem fímbrias (pilli). As fímbrias podem carrear plasmídio (composto por DNA cromossomial ou extra-cromossomial). As fímbrias se localizam em volta de todo o corpo da bactéria. Através do plasmídio, pode-se transmitir características de uma bactéria a outra. Por exemplo: a Escherichia coli é resistentea estreptomicina. Através da fímbria, ela pode transmitir um plasmídio que carregue a informação genética que induz a bactéria a produzir uma enzima, que destrói a estrutura da estreptomicina. Com isso, a bactéria que receber esse plasmídio adquire essa capacidade.
	A conjugação extra-cromossomial ocorre no momento em que a célula está se replicando (cissiparidade). Uma fímbria, que passa a ser chamada de fímbria de fecundação, se liga a outra bactéria e, através da fímbria, transmite um plasmídio extra-cromossomial, que está livre no citoplasma da célula, a esta outra bactéria. Após a transferência, a ligação se desfaz. A bactéria que recebeu o plasmídio adquire a nova característica e a transmitirá a suas células filhas.
	A conjugação cromossomial ocorre na cissiparidade, onde a bactéria transmite suas características cromossomiais a suas células filhas ou a células sensíveis, através das fímbrias – mas neste caso, o plasmídio sai do cromossomo da bactéria (é uma parte deste cromossomo).
	Quando o plasmídio se acopla ao cromossomo (após ser transferido a outra bactéria) ele passa a ser cromossomial e a ter alta freqüência de recombinação (HFL).
Fenômeno de Transdução
	Os vírus só se multiplicam (crescem) em células vivas, não se reproduzem em meios de cultura, como as bactérias.
O vírus se reproduz inoculando seu DNA numa célula. Esse DNA sofre várias replicações até romper a célula, liberando vários vírus. Pode ocorrer de, durante a replicação, a célula sofrer cissiparidade, e nesta divisão, parte de seu DNA pode se unir ao do vírus, originando um vírus com características da bactéria. Esse vírus, ao se ligar a nova bactéria, pode transmitir essa característica, pois seu DNA pode acoplar-se ao da célula (bactéria) e ela adquire a nova característica. Se essa célula não morrer, passará a transmitir essa característica a suas células filhas.
Esse fenômeno de transdução normalmente ocorre em bactérias Gram +.
Mutação
	As mutações podem ocorrer por diversos motivos, como a radiação (raios X, raios gama, etc.) ou produtos químicos. Segundo estudos, a taxa de ocorrência de mutações é de 1 x 10 - índice normal em um grupo de bactérias.
OBS: A bactéria Proteus é um bacilo Gram – e peritríquio.
	A Neisseriae não cresce em meios de cultura para bactérias entéricas Gram-, como o Teague e o Levine, pois esses meios não possuem condições adequadas para que se desenvolvam, pois apesar de ser Gram - não é entérica.
	O meio SS Agar é um meio específico para Salmonela.
	Nos meios TSB e Muller Hinton crescem bactérias Gram + e -.
	No Tioglicolato crescem estreptococos, estafilococos e bastonetes. Se adicionar Azida Sódica, bloqueia o crescimento de estafilococos e bastonetes, ficando específico para o crescimento de estreptococos. Neste meio há resazurina, que se liga com oxigênio. Antes de utilizar o meio, deve-se observar se sua superfície (no frasco onde está armazenado) está rósea. Se estiver, significa que tem oxigênio (que penetra pelo algodão que está tampando o frasco) e deve ser removido antes de se utilizar o meio. Aquece o meio em banho-maria até que a coloração volte ao normal, significando que o oxigênio saiu. Em seguida coloque o frasco no gelo, pois resfria sua temperatura imediatamente, impedindo que o oxigênio retorne. Após este procedimento, o meio está pronto para ser utilizado.
	Bactérias Gram - produzem endotoxinas, que são liberadas com o rompimento da membrana da bactéria (com sua morte, lise).
	Bactérias Gram + produzem e liberam exotoxinas no meio ambiente (estando vivas).
	Só bactérias Gram + são capazes de produzir esporos (esporulação), mas não todas.
	Em meio de cultura, as Gram - não mantém a cápsula, mas as Gram + podem manter.
	A maioria das infecções urinárias é causada por Gram -.
	
Coleta de material e exame
	A quantidade coletada deve ser suficiente para que se obtenham resultados precisos. O material deve ser colhido com cuidado, para evitar falsos resultados. Em uma lesão, a coleta deve ser feita por raspagem do local. Numa pústula, deve-se fazer a antissepsia local, usar uma agulha estéril para romper a pústula e umidecer o swab em solução salina, antes de coletar o material, pois dessa forma evita-se que o material seque e as bactérias morram, antes que se leve o material para exame.
	Cistocentese – punção da bexiga. Coleta-se a urina diretamente da bexiga.
	Cateterismo – é mais perigoso, pois pode haver contaminação, já que a uretra é muito infectada por microrganismos, causando a contaminação do material. O cateterismo é feito por meio de um tubo vasado, usado para esvaziar a bexiga. É diferente de sonda, que é fechada e usada para examinar a passagem até o local a ser examinado.
	Se o animal estiver usando antibióticos, deve-se alertar no exame para que se usem enzimas que bloqueiem o antibiótico na cultura.
	Caso o exame não possa ser feito de imediato, o material coletado deve ser refrigerado em torno de 6oC, por no máximo duas horas. Após esse tempo, a amostra perde sua validade.
	O histórico do animal, bem como os sinais que apresenta, devem constar no exame.
	Em alguns casos, a clínica (sintomas) é soberana. Não se deve aguardar o resultado do exame para se iniciar o tratamento.
OBS: O sangue tem poder bactericida. Em casos de infecção sistêmica, dilui-se o sangue em meio de cultura (hemocultura). Faz-se a hemocultura seguida da sorologia, pois o microrganismo está circulando no sangue.
Atmosfera com 5 a 10% de CO2 – se consegue colocando as placas (tampadas) em um recipiente fechado, onde coloca-se uma placa de alumínio com um pedacinho de vela acessa. A vela permanecerá acessa até consumir todo o oxigênio do recipiente, deixando a atmosfera com 5 a 10% de CO2.
Provas bioquímicas – de acordo com a reação da bactéria a substância usada no meio de cultura, pode-se identifica-la.
Antibiograma
	É um teste in vitro com a finalidade de determinar o espectro antibacteriano de um antibiótico. Verificar a resistência ou a sensibilidade de uma bactéria frente a vários tipos de antibióticos. Podem ser usados dois métodos: o das diluições ou o da difusão.
	Quando se identifica a presença de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa ou entero bactérias, solicita-se um antibiograma, pois essas bactérias podem ter recebido plasmídios e terem desenvolvido resistência a certos antibióticos.
	Em casos de infecção por enterococos, não é necessário o antibiograma, pois os enterococos não possuem histórico de resistência a antibióticos.
Fatores que influenciam os resultados do antibiograma
	O meio de cultura deve estar nivelado e ser suficiente; o inoculo (a quantidade de bactérias que é inoculada); a atmosfera de incubação; a determinação do diâmetro do halo de inibição.
Emprego profilático de antibióticos
	Deve ser feito em casos de pacientes que não apresentam comprometimento dos mecanismos de defesa anti-infecciosa, como em surtos de estreptococcias, infecções meningocócicas e infecções no período neonatal; em pacientes que apresentam comprometimento permanente ou temporário dos mecanismos orgânicos de defesa anti-infecciosa, como doenças reumáticas, estado de coma, mucoviscosidade e viroses respiratórias; em pacientes com distúrbios imunológicos, como os que fazem uso de terapêutica com imuno-depressivos; e em casos de queimaduras. Alguns defendem o usos de antibióticos antes de se iniciar uma cirurgia e outros defendem a tese de se utilizar após a cirurgia.
Aplicação de antibióticos
	Faz-se uso de antibióticos em casos de diagnóstico de infecção; diagnóstico etiológico; e sensibilidade do germe ao antibiótico.
	Preferencialmente, usa-se antibióticos bactericidas (os bacteriostáticos só são usados em casos específicos).
	É necessário analisar a farmacocinética da droga (absorção, difusão e excreção), pois se o animal possui problema renal, ou hepático, etc., deve-se cuidar para aplicar antibióticos que não necessitem ser metabolizadosno órgão em questão.
	Outro cuidado a ser tomado é com a dosagem e a concentração do antibiótico, além do tempo a ser usado. O uso do medicamento deve ser mantido por até 72h após o total desaparecimento dos sintomas.
	O uso indiscriminado de antibióticos pode selecionar uma bactéria resistente, originar uma flora exótica no trato gastro-entérico (inversão da flora – onde predominava Gram + passa a predominar Gram -).
OBS: Em caso de infecção, mede-se a temperatura do paciente. Temperaturas mais altas (febres altas) são determinadas por infecção bacteriana. Já temperaturas normais ou febres baixas, são indicações de infecção viral ou micológica (micose).
Penicinoil – é formado na degradação da penicilina (pela penicinilase). É o responsável pelo processo alérgico que o uso da penicilina causa.
Combinações de antibióticos
	Aplicam-se combinações de antibióticos visando sinergismo, potencialização de seus efeitos. Mas existem inconvenientes nessas combinações, como o alto custo, efeitos colaterais e ocorrência de superinfecções. Os dois últimos exemplos só ocorrem por culpa do profissional, que deve ter prévio conhecimento da farmacologia e da farmacodinâmica dos antibióticos, devendo prever tais ocorrências.
Reações de hipersensibilidade ou alérgica
	Processo anafilático – o profissional tem de 10 a 20 minutos para reverter o quadro, tirando o paciente do processo alérgico. O primeiro sintoma surge em poucos segundos: o animal fica passando a mão no nariz. Em seguida ocorre edemaciação (edema) da glote (fechamento). Faz-se a ventilação no animal (traqueotomia), corticóide injetável (que bloqueia o sistema imune) e aplicação de adrenalina no músculo cardíaco. O choque anafilático culmina em parada cardíaca. Normalmente ocorre em aplicações de medicamentos via parenteral (subcutânea, intramuscular).
	Não se aplica penicilina em pacientes com histórico alérgico a qualquer que seja a substância, pois pode causar choque anafilático.
	A reação alérgica pode ser imediata (ocorrendo logo após a aplicação do medicamento) ou tardia, ocorrendo após algum tempo da aplicação, sendo até mesmo 30 ou 40 dias depois. Uma das reações pode ser uma febre alérgica.
	A alergia pode ser causada devida à ação farmacológica do medicamento, causando toxicidade ou superdosagem (ambos por culpa do profissional). A superdosagem pode ser causada por erro na dose (direta) ou por insuficiência na excreção (indireta). Pode, também, ocorrer uma sensibilidade individual, que não há como ser prevista.
	A reação alérgica pode ser causada, também, pelo adjuvante do medicamento, ou seja, pelo produto usado na composição do antibiótico para dar-lhe consistência.
Reações secundárias
	Pode ocorrer desequilíbrio da flora, causando superinfecção bacteriana ou desenvolvimento de fungos; avitaminose ou supervitaminose; síndrome cinzenta. A síndrome cinzenta ocorre com a aplicação de clorafenicol até o 10o dia de nascido. É irreversível, causa a morte. Sua aplicação inicial era em casos de febre tifóide, depois passou-se a aplica-lo para tudo. Hoje quase não se usa mais, sendo usado apenas como colírio ou como creme de uso tópico. O clorafenicol é bacteriostático.
OBS: Não se deve usar antibióticos bactericidas (penicilina) associados com antibióticos bacteriostáticos (clorafenicol, tetraciclina), pois causa antagonismo.
Vias de contaminação
	Sangue, mucosas, via respiratória, digestiva, sexual, soluções de continuidade da pele, sistema urinário, por artrópodes (transmitindo parasitos).
Mecanismos de resistência do hospedeiro
Barreiras anatômicas – epiderme (epitélio intacto), pêlos, camada mucosa, cílios (fossas nasais), tosse (expele microrganismos), peristaltismo.
Fisiológicos – pH, baixa tensão de oxigênio (quantidade), mediadores químicos (lisozima na saliva e na lágrima), ácidos graxos (ácidos de cadeias longas saturados ou insaturados), macrófagos, neutrófilos, imunoglobulinas (anticorpos humorais).
OBS: só se deve drenar um abscesso na fase de flutuação, que é quando está macio ao toque, como uma bola de gás. Em abscessos mais profundos, que atinjam a camada muscular, após a drenagem coloca-se um dreno, pois dessa forma a drenagem continua de maneira direcionada e a cicatrização ocorre de dentro para fora.
Virulência – é a capacidade da bactéria produzir doença. Apenas bactérias patogênicas produzem doenças.
Manifestações radiológicas
	Se há desconfiança de infecção pulmonar (febre, ausculta com verificação de secreção pulmonar alterada), solicita-se (se possível) um Raio X do pulmão.
	Presença de gás em exames radiológicos determina um processo infeccioso. Ocorre por deterioração do tecido por microrganismos.
	Líquido no peritônio também é indicativo de processo inflamatório.
Toxóide – é uma substância que deixou de ser toxígena, mas não perdeu sua capacidade imunológica (de produzir resposta imunológica). Funciona como um antígeno, para produzir anticorpos. Toxina é uma substância tóxica ao organismo.
Mecanismo de ação da Sulfa
	A sulfa apresenta uma estrutura molecular semelhante ao ácido paraminobenzóico, que é usado como substrato pelas bactérias (fonte de energia). Funciona como um agente competitivo, onde a bactéria usa a sulfa, achando que é o ácido, mas não consegue levar a metabolização adiante, e acaba restringindo seu crescimento. A exceção é a Riquettizia, que consegue metabolizar a sulfa.
OBS: associando-se probenicide ou ácido clavulâmico a penicilina, consegue-se evitar a ação da penicinilase. Oxaciclina e metaciclina são penicilinas que não sofrem ação da penicinilase.
Antibióticos
Classificação segundo a composição química
Derivados de um único aminoácido:
Clorafenicol;
Tiafenicol;
Derivados compostos de 2 ou 3 aminoácidos:
Penicilinas;
Cefalosporina;
Vancomicina;
Ristocitina;
Anfomicina.
Peptídeos cíclicos:
Polimiscinacolistina;
Bacitracina;
Viomicina;
Tirotricina;
Saramicetina.
Macrolídeos:
Eritromicina;
Espiramicina;
Kitasamicina;
Virginiamicina;
Pristinamicina.
Aminoglicosídeos:
Estreptomicina;
Neomicina;
Kanamicina;
Totramicina;
Amicacina;
Metilmicina.
Derivados do acertal:
Naftaleno;
Tetraciclinas.
Esteróides:
Fucidina.
Polienos:
Anfotericina;
Nistatina;
Primaricina;
Tricominina.
Os antibióticos de largo espectro agem em bactérias Gram+ e Gram-. Um exemplo é o clorafenicol, que é usado na forma de colírio.
As penicilinas atuam preferencialmente em Gram+, sendo a ampicilina a única penicilina de largo espectro (é lipossolúvel). A metaciclina e a oxaciclina são penicilinas que resistem a ação da (-lactamase (penicilinase).
A cefalosporina e a vancomicina atuam em Gram+.
OBS: o Staphylococcus Marsa é resistente a vários tipos de penicilinas. Para detectar se é um Marsa faz-se o teste da vancomicina, onde usa-se três doses do antibiótico, com concentrações diferentes. Se a bactéria for resistente a uma das concentrações, é um Marsa.
A eritromicina é de largo espectro. Usada em indivíduos alérgicos a penicilina. Muito usada para combater infecções por Staphylococcus.
Os aminoglicosídeos são mais comumente usados para combater Gram-. São nefrotóxicos, portanto deve-se ter cuidado com o uso por tempo prolongado (é contra-indicado). Além disso, também atacam o VIII par de nervos cranianos, afetando a audição.
A tetraciclina é de largo espectro. Possui algumas contra-indicações: não pode ser administrada com leite, pois o mesmo inutiliza o antibiótico, formando quelatos; o uso prolongado provoca seu acúmulo nos dentes, tornando-os escuros.
Os polienos são usados no tratamento de micoses.
Classificação quanto ao espectro de ação
Muito amplo – atua em Gram+, Gram- e outras não coradas pelo Gram:
Tetraciclinas;
Clorafenicol;
Tianfenicol e derivados: ampicilina; cefalosporina; sulfamidas.
Espectro amplo – incluindo o Bacilode Koch:
Aminoclicosídeos;
Rifampicina (é o mais utilizado);
Fosfomicina.
Espectro médio – predomínio sobre Gram+:
Penicilinas;
Macrolídeos;
Sinergistinas.
Espectro estreito – atua apenas em Gram+ ou em Gram-, ou é específico para alguma bactéria ou fungo:
a. Bacilos Gram-:
Polimiscinacolistina;
Ácido nalidiscico;
Lincosanídeos e derivados.
b. Gram+:
Vancomicina;
Ristocitina;
Fucidina.
c. Bacilo de Koch:
Isoniazida;
Etionamida;
PAS;
Tiocarbamida;
Viomicina.
d. Fungos:
Anfotericina;
Nistatina;
Flucitosina;
Variotina.
Classificação quanto a sua solubilidade:
Hidrossolúveis:
Penicilinas;
Cefalosporinas;
Tetraciclina (oxitetraciclina);
Polimiscina (colistina).
Lipossolúveis (atravessam a barreira hematoencefálica):
Sulfonamidas;
Macrolídeos;
Trimetoprim;
Clorafenicol;
Tianfenicol.
Antibióticos em que a absorção não é prejudicada quando administrados junto com alimentos:
Sulfamidas; clorafenicol; doxiciclina; minociclina; fucidina.
Antibióticos com absorção prejudicada quando administrados junto com alimentos:
Penicilinas orais; macrolídeos; rifampicina; tetraciclina.
	Existem antibióticos bacteriostáticos (impedem a proliferação das bactérias): clorafenicol; tetraciclina. E existem os bactericidas (que matam as bactérias): penicilinas, aminoglicosídeos.
	Não se deve aplicar um antibiótico bactericida em conjunto com outro bacteriostático, pois provoca antagonismo.
Mecanismos envolvidos na patogenia bacteriana
	O organismo humano e animal representam um conjunto de nichos ambientais para bactérias e outros microrganismos, lhes fornecendo calor, umidade e alimentos necessários para seu desenvolvimento.
	As bactérias adquiriram características genéticas que lhes forneceram capacidade de penetrar no ambiente e permanecer nele, tendo acesso a fonte de alimentação e escapando dos processos de eliminação (respostas imunes) do hospedeiro. Muitos destes mecanismos são agressivos ao hospedeiro, causando doenças. Entre eles temos os fatores de virulência, que são características que aumentam a capacidade da bactéria em causar doença, outro são toxinas, que são liberadas por elas, chegando a corrente sangüínea e causando patogenia sistêmica.
	Existem as bactérias da flora normal, que só causam doenças se penetrarem em outros locais do organismo (estéreis) que não o da flora normal. As bactérias virulentas são as que possuem mecanismos que promovem seu crescimento a custa do tecido ou da função orgânica do hospedeiro, causando perda tecidual e resposta inflamatória. As bactérias oportunistas só produzem doença em indivíduos com doenças preexistentes ou com alguma condição de baixa imunidade (indivíduos queimados, por exemplo).
Mecanismos de virulência bacteriana
	Aderência (através de adesinas); invasão; subprodutos do crescimento (gás, ácido); toxinas; endotoxinas, superantígenos; indução de inflamação excessiva; evasão da eliminação fagocítica e imune; resistência a antibióticos.
	As endotoxinas são produzidas por bactérias Gram-, e são liberadas com o rompimento da célula durante a infecção. Essas endotoxinas se ligam a receptores de macrófagos, células B e outras células, estimulando a produção e liberação de citocinas, ativando a resposta imune e a inflamatória. São complexos lipopolissacarídeos, não se convertem em toxóides, são estáveis e pouco tóxicas.
Toxicidade mediada por endotoxinas: febre; hipotensão; leucopenia seguida de leucocitose; ativação do complemento; trombocitopenia; coagulação intravascular disseminada; diminuição da circulação periférica e perfusão para órgãos principais; choque; morte.
	As exotoxinas são proteínas sintetizadas por bactérias Gram+ e Gram-. Incluem-se as enzimas citolíticas e as toxinas diméricas. Os superantígenos são um grupo especial de toxinas, que ativam as células T de forma inespecífica (não precisa estar ligado a anticorpo), podendo causas doenças auto-imunes. São excretadas por células vivas, são muito tóxicas, instáveis, podem ser convertidas em toxóides, são termolábeis e muito antigênicas.
Porta de entrada de bactérias
	Ingestão; inalação; penetração direta; traumatismo; picada de agulha; picada de artrópodes; transmissão sexual; transplacentária; solução de continuidade.
Mecanismos de escape das defesas do hospedeiro
	Encapsulamento; mimetismo antigênico; mascaramento antigênico; desvio antigênico; produção de proteases antiimunoglobulinas; destruição do fagócito; inibição da quimiotaxia; inibição da fagocitose; inibição da fusão do fagolisossoma; resistência a enzimas lisossômicas; replicação intracelular.
Mecanismos de ação dos antibióticos
	Inibição da síntese da parede celular (penicilina, cefalosporina, vancomicina, etc.); Inibição da síntese de proteínas (aminoglicosídeo, tetraciclina, macrolídeo, clindamicina); Alteração das membranas celulares (polimixina, bacitracina); Inibição da síntese de ácidos nucléicos (quinolona, rifampina, rifabutina, metronidazol); Antimetabólicos (sulfonamidas, dapsona, trimetoprim),
Espectro antibacteriano: é a faixa de atividade de um antimicrobiano contra bactérias. Pode ser de amplo espectro – age contra várias bactérias Gram+ e Gram-; ou de espectro reduzido – age contra uma variedade limitada de bactérias.
Estafilococos
Família Micrococcaceae
Gêneros Planococcus, Micrococcus, Stomatococcus e Staphylococcus.
O Staphylococcus é muito patogênico, causa desde uma pequena infecção até uma septicemia generalizada e morte.
Espécies de maior importância:
Staphylococcus aureus e S. epidermidis – causam infecções de pele, abscessos, sídrome do choque tóxico, envenenamento alimentar, necrólise epidérmica tóxica, septicemia, pneumonia, osteomielite, artrite, meningite, etc.
S. intermedis é a mais freqüente bactéria em cães. S. hyicus, encontrado em diversas espécies, causa epidermite exudativa se suínos e algumas vezes, mastite bovina. S. scheliferi está associada à otite externa de cães.
	São cocos Gram+, dispostos em forma de cachos de uva, imóveis e não produzem esporos. São facultativas, crescem na presença ou não de oxigênio (anaeróbios facultativos). São catalase-positivos. Encontrados na pele e mucosas de humanos e animais. Produzem hemólise.
	Uma infecção por Staphylococcus pode ser causada por: alteração de leucócitos; diabetes; liberação de toxinas por fagócitos mortes; queimaduras (devem ser limpas com solução salina para evitar um processo infeccioso); incisões cirúrgicas (fazer uma boa assepsia); presença de corpos estranhos (cateter, sutura); cardiopatia (o animal toma muitos remédios que podem baixar sua imunidade).
O Staphylococcus cresce em qualquer meio de cultura, sendo que o seletivo é o Chapman, pela presença de alta concentração de NaCl (são capazes de crescer em meio com 10% de cloreto de sódio). Provocam acidificação do meio, reagindo com o Manitol, alterando a cor vermelha para amarelado.
O S. aureus difere dos outros por apresentar coloração amarelada (possui carotenóide). Suas colônias são douradas, por causa do carotenóide, daí a origem de seu nome. Mas a alteração de cor do Chapman se dá por acidificação do Manitol (não tem nada a ver com o carotenóide).
Outra característica que diferencia o S. aureus do S. epidermidis é que ele produz coagulase (é a única espécie que produz), formando uma barreira semelhante a um coágulo, isolando o local da infecção, se protegendo das defesas do organismo. Essa característica o classifica como coagulase-positivo, sendo os outros estafilococos coagulase-negativos.
Sua parede celular é composta por antígenos protéicos e por complexo ácido teicóico-mucopeptídico. Em torno da parede há uma cápsula (em algumas estirpes).
Tipo de vacinas
Vacina total; parte da parede; toxóide estafilococos.
Infecções
Ao ingerir alimento contaminado (há presença de toxinas liberadas pelo germe), dependendo da quantidadeingerida, os sintomas aparecem em poucas horas: diarréia, sudorese, vômitos. Se a quantidade for pequena, pode ocorrer uma colonização no trato entérico e os sintomas só aparecem alguns dias depois.
Infecção por contigüidade – (por proximidade) infecção de tecidos próximos ao local infectado primariamente (ocorre disseminação por contigüidade): sinusite, parótide, otite, infecções orbitárias, carbúnculo, artrite, cistite, etc.
Infecção metastática – ossos, articulações, pulmão, coração, pele, músculos (abscessos), SNC (abscesso cerebral). Quando o animal está com imunidade baixa, pode ocorrer este tipo de infecção, que evolui para septicemia.
	Quando a infecção é localizada é mais fácil de ser tratada.
	O S. aureus produz hialuronidase, uma enzima que degrada o ácido hialurônico. O ácido hialurônico é a “argamassa” do tecido. Por esse motivo o S. aureus é tão invasivo, consegue abrir passagem em qualquer tecido.
Fatores de virulência
Enzimas produzidas
Coagulase – promove coagulação do plasma (converte fibrina em fibrinogênio, formando uma espécie de coágulo);
Hialuronidase – age no ácido hialurônico (degrada);
Fosfatase
DNAase – despolimeriza o DNA;
Penicilinase – age na penicilina (inativa);
Proteases – agem nas proteínas;
Lipases – agem nos lipídios (hidrolisam);
Lisosina
Desidrogenase láctica
Leucocidina – destrói leucócitos;
Hemolisinas – possuem capacidade eritrogênica (destroem hemácias):
Toxina alfa
Toxina beta
Toxina delta
Toxina gama
Antígenos celulares
Polissacáride A
Polissacáride 263
Proteína A
Proteína B
Antígeno D
Antígeno capsular (SSA, SSP)
Ácidos teicóicos
Também produzem:
Enterotoxinas – agem sobre o trato entérico;
Exfoliatina – age sobre a pele: a pele se solta. Não tem cura, o quadro é irreversível. São enzimas esfoliativas (fazem com que a pele solte como se fosse uma queimadura);
Catalase – catalisa a conversão de peróxido de hidrogênio em água e oxigênio.
Fibrinolisina – ou estafiloquinase; dissolve coágulos de fibrina.
Prova da coagulase
	Semeia-se a bactéria no plasma. Se ela atuar no fibrinogênio, ocorre coagulação. É feito para saber se o Staphylococcus sintetiza ou não coagulase. Se o Staphylococcus produzir coagulase o líquido não irá se mover, estará coagulado. A coagulação ocorre na presença de S. aureus. Na presença de outros estafilococos a coagulase não existe (pois não a sintetizam), não ocorrendo coagulação.
Quando o germe é Staphylococcus fazem-se dois testes: o da coagulase e o da manita (Manitol), para identificar se é o S. aureus.
Estreptococos
	Cocos Gram+ arranjados em pares ou em cadeia. São catalase-negativos, anaeróbios facultativos. Família Streptococcaceae. Gênero: Streptococcus.
As espécies mais importantes são: S. pyogenes, S. pneumoniae, S. viridans. Causam infecções de pele, faringite, pneumonia, otite média, sinusite, septicemia, febre reumática, glomerulonefrite, meningite, infecção pós-parto, fascite necrosante, infecção do trato urinário, cárie dentária, etc.
S. pyogenies acomete humanos, roedores,e bovinos de raças leiteiras. Causam faringotonsilite, piodermatite, erisipelas, febre puerperal e febre reumática. 
S. pneumoniae acomete primatas (animais de laboratório, bovinos). Causam pneumonia, septicemia, mastite e meningite. São menos resistentes a antibióticos, sendo mais fácil de combater do que os estafilococos.
Quase as mesmas características do estafilococos, mas quase todas as estirpes possuem cápsula (diferente do estafilococos, onde apenas algumas estirpes apresentam). A cápsula é formada por ácido hialurônico. Sua parede celular é composta por proteínas e antígeno HTR.
	Quanto a hemólise (produzem hemólise) podem ser divididos em:
( hemolítico – hemólise total;
( hemolítico – hemólise parcial;
( hemolítico – não produz hemólise.
	
	Classificação por Rebecca Lancefield (sorológica): Por esta classificação os estreptococos se dividem em grupos de 20 letras do alfabeto: A a H, e K a V.
Enzimas				Inibição da produção de anticorpos
Toxinas eritrogênicas (produzida pelos tipos A, B e C)		+
Estreptolisina O								+
Estreptolisina S								 -
Difosfopiridina nucleotidase						+
Estreptoquinases (A e B)							+
Desoxiribonucleases (A, B, C e D)					+
Hialuronidase								+
Proteinase									+
Amilase									 ?
Esterase									 -
(+ produz resposta imunológica, é antigência; - não produz, não é antigênica)
	A estreptoquinase (fibrinolisina) dissolve coágulos. Tem sido usadas estirpes de estreptococos não (ou menos) virulentos para tratar casos de isquemia cerebral e infartos.
	O Streptococcus é composto (sua cápsula e parede celular) de constituintes C (polissacarídeo), M, T e R (proteínas) e ácido hialurônico. C, M, T e R são antigênicos – produzem resposta imunoógica. O ácido hialurônico não é antigênico, pois também é produzido pelo organismo do hospedeiro. Como a cápsula é de ácido hialurônico, e não é imunogênica, protege o patógeno contra a fagocitose, pois não é reconhecido pelo sistema imune como um antígeno.
	Quando desconfia-se da presença do S. pneumoniae faz-se a prova de Quellung, que é a prova do entumecimento capsular. Se entumecer é S. pneumoniae.
	O material deve ser colhido com todo o cuidado. Se for um lavado pulmonar, depositamos a amostra direto no meio de cultura (TSB, Tioglicolato, Gelose sangue, Gelose chocolate, Tioglicolato + azida sódica). Coloca-se o material na estufa por 1 dia (18 a 24h) e faz-se a lâmina após esse período.
	Semeia-se na gelose sangue (5 a 10% de gás carbônico) para detectar o tipo de estreptococos quanto a hemólise. Em 5 a 10% de gás carbônico, o germe produz mais hemolisina. Se for produtor de hemolisina, ocorrerá hemólise em torno da colônia.
Para isolar o Streptococcus, semeia-se o material em meio rico: gelose sangue (sólido), tioglicolato (líquido) + azida sódica (torna o meio específico). O Streptococcus cresce bem em 1 atm de 5/8% de CO2. A partir daí observa se houve ou não aglutinação para identificar o grupo ao qual o Streptococcus pertence.
Fase aguda da infecção – faz-se teste bacteriológico – teste rápido (ELISA). Se der negativo parte-se para cultura Agar-sangue.
Fase crônica – faz-se teste sorológico – ASLO (Anti StreptoLisina O). Se der negativo, repete-se o ASLO após 30 dias e faz-se anti-DNAase(.
	Quando o animal estiver com anti estreptolisina O aumentada, trata-se com penicilina (benzatina) ou eritromicina, pois senão o animal acabará por ter uma agressão renal.
Inquérito soroepidemiológico – bacteriológico e/ou sorológico. É usado quando ocorre epidemia em criações.
Titulação: normal 1:2500. Acima de 1:4000 está ocorrendo infecção. Trata-se com penicilina.
OBS: Hipótese sobre a patogenia da febre reumática e da glomerulonefrite: efeito tóxico. O estreptococos produziria um determinante antigênico comum a ele e ao tecido do hospedeiro. Com isso, os anticorpos atacam o próprio tecido, produzindo uma lesão tóxica.
	Possíveis mecanismos desencadeantes da glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica: Deposição de complexos antígeno-anticorpo sobre a membrana basal de capilares glomerulares – Formação de auto-anticorpos, após alteração da proteína do hospedeiro, ou de antígenos glomerulares, pelos produtos ou antígenos bacterianos – Antígenos que dão reação cruzada entre os glomérulos e os estreptococos nefritogênicos – Efeito tóxico direto das toxinas estreptocócicas, ou outros produtos, sobre as membranas basais glomerulares. Trata-se com penicilina.
	Coração e rim são os mais atacados em caso de infecções pós-estreptocócicas mal-tratadas (o germe, ou fragmentos dele, acabam por se alojar nestes órgãos e com o passar do tempo – as vezes anos – causam uma lesão irreversível). Problemas renais provocam edemas, principalmente nos membros inferiores.
Enterococos
	Família Streptococcaceae. Gênero Enterococcus. Espécie: E. faecalis.Enterococos são encontrados no trato gastrointestinal. Quando encontrados em alimentos significa que este foi contaminado por materia fecal.
São cocos Gram+, dispostos em pares ou cadeias curtas, sendo muito confundidos com o S. pneumoniae. São catalase-negativos, anaeróbios facultativos. Eram classificados como estreptococos do grupo D até constatarem algumas diferenças entre eles.
Crescem muito bem em Agar-sangue, produzindo grandes colônias brancas após 24h de incubação. Crescem em meios com NaCl a 6,5%, toleram sais biliares a 40% e podem hidrolisar a esculina. Essas características são usadas para diferenciar os enterococos de outros cocos Gram+ catalase-negativos.
Possuem poucos fatores de virulência, mas podem causar infecções fatais. São patógenos hospitalares muito temidos. Vias aéreas e corrente sangüínea são os locais mais afetados. São comuns em pacientes com cateteres urinários ou intravasculares ou em pacientes internados por longos períodos, que recebem antibióticos de amplo espectro.
Bacillus
Bastonetes (bacilos) Gram+, imóveis, arranjados em pares ou isolados, ou em cadeias e agregados quando em cultura. Com 1 a 1,5mm de largura por 3 a 10mm de comprimento. Produzem exotoxinas, são aeróbicos (condições aeróbicas são necessárias para esporulação, porém não para germinação).
São catalase-positivos.
Família Bacillaceae. Gênero: Bacillus.
O Bacillus anthracis é a única espécie patogênica para animais domésticos. Causa carbúnculo hemático. Possui extremidades truncadas. Hospedeiro: bovinos e outros.
Está associado ao solo alcalino ou calcário, onde podem sobreviver indefinidamente. Crescem em Agar-sangue a 37oC.
Bacillus anthracis é um bacilo grande, formador de esporos, Gram+ e que é encontrado no mundo todo. Os esporos são muito resistentes ao calor e a dessecação e podem sobreviver durante décadas em certas condições de solo. Os animais domésticos e selvagens (basicamente herbívoros) são infectados através da ingestão do esporo por pastar em terra contaminada ou comerem alimentos com o bacilo. O Homem é infectado através da ingestão de carnes contaminadas ou por exposição agrícola ou industrial de carcaças, pele, lã, pêlos e ossos contaminados. Com o uso de vacinas em trabalhadores de alto risco, como também uma vacina para animais, houve aproximadamente apenas 1 caso de antraz informado por ano durante os últimos 10 anos no E.U.A. Maioria dos casos humanos hoje acontecem na África e Ásia onde uso da vacina ainda não é tão difundido. 
Para levar à doença, o esporo do B. anthracis deve ser ingerido, inalado ou entrar pela pele através de uma solução de continuidade. Macrófagos englobam os esporos no local de entrada, mas não conseguem fagocitá-lo, em seguida, os esporos germinam em bactérias que rapidamente reproduzem e lançam toxinas. Os esporos inalados são levados aos linfonodos traqueobrônquicos onde são ingeridos por células fagocíticas e germinam. Toxinas elaboradas pela multiplicação do B. anthracis causam edema, hemorragia e necrose de tecido local. Freqüentemente, a formação de colônias em outros órgãos, incluindo as meninges, são resultados de bacteremia e septicemia. A inalação do bacilo pode levar à morte como resultado da combinação entre insuficiência respiratória com edema pulmonar, bacteremia maciça, e freqüentemente, meningite.
Fatores de virulência
O D.Glutâmico (polipeptídeo ácido) é antifagocítico (dificulta a fagocitose do microrganismo). Possui cápsula, que está relacionada ao estabelecimento da infecção. Mutantes não capsulados são avirulentos.
Possui três componentes antigênicos:
Fator 1 – fator do edema – causa edema;
Fator 2 – fator protetor – é antifagocítico;
Fator 3 – fator letal – provoca letalidade (morte).
O fator 1 deve estar associado ao fator 2 para produzir o edema. Se o fator 2 for neutralizado, os fatores 1 e 3 não se manifestam. O fator 3 deve estar associado ao fator 2 para ser letal, pois o fator 2 altera a integridade da membrana celular de eucarióticos, resultando em aumento da permeabilidade capilar.
Os plasmídios são mediadores dos fatores de virulência. A codificação para o polipeptídio da cápsula e da proteína da exotoxina é carreada por plasmídios. Sem o plasmídio não produz toxina.
A septicemia e a morte podem ocorrer, mas são raras. Em bovinos e ovinos, podem causar septicemia peraguda, levando a morte em 1 a 2 horas após os primeiros sinais clínicos serem observados. Na septicemia aguda a morte ocorre em 48 a 96h. Infecções crônicas raramente são observadas.
A faringite aguda é a síndrome mais comum.
É fácil preparar vacina, pois produz exotoxina.
A toxina tem efeito direto sobre o SNC.
Tratamento
	Trata-se com penicilina ou clorafenicol e eritromicina (em alérgicos a penicilina).
	O controle da doença humana depende do controle do antraz animal, envolvendo vacinação de rebanhos em regiões endêmicas, cremação ou sepultamento de animais que morrem de antraz. Sua completa erradicação é praticamente impossível, já que o mesmo vive no solo na forma de esporos durante anos.
Diagnóstico laboratorial
	Cresce em meios não seletivos. As colônias são não hemolíticas, crescem rápido, são aderentes, têm consistência viscosa, cadeias filamentosas (cabeça de medusa) e são imóveis.
Clostridium
Família Bacillaceae. Gênero Clostridium. Espécies: C. perfringens (bacteremia, gangrena gasosa, envenenamento alimentar, enterite necrótica) C. tetani (tétano), C. botulinum (botulismo).
	São bacilos Gram+, anaeróbios, formadores de endósporos.
Encontrados na água, no solo, no esgoto e como parte da flora microbiana normal no trato gatrintestinal de animais e seres humanos.
Sua notável capacidade de produzir doenças está associada a sua propriedade em sobreviver em meios e condições adversas, através da formação de esporos.
Produzem toxinas histolíticas, enterotoxinas e neurotoxinas.
Corynebacterium
Família Corynebacteriaceae. Principal espécie: Corynebacterium diphtheriae. Agente etiológico da difteria.
São bacilos Gram+, não formam esporos, são imóveis, crescem em atmosfera aeróbica, microaerofilia ou anaerobiose facultativa. Crescem em Agar-sangue a 37oC. São catalase-positivos. Fermentam glicose.
São bastonetes pequenos, delicados, em forma de clava, não tendo estremidades truncadas (como o B. anthracis), dispostos lembrando letras chinesas. Muitas espécies patogênicas apresentam pleomorfismo (modificação da forma).
Possuem várias espécies patogênicas:
	Espécie
	Hospedeiro
	Doença específica
	Doença não específica
	C. diphtheriae
	Homem
	Difteria
	---
	C. pseudotuberculosis
	Eqüino, ovino
	Linfaringite ulcerativa e linfadenite caseosa
	Aborto, artrite
	C. renale
	Bovino, porcino
	Pielonegrite
	Abscesso renal
	C. ulcerans
	Bovino
	---
	Mastite
Trata-se a difteria com soro antidiftérico e, se necessário, traqueostomia. Fecha a glote, pois promove proteólise, criando placas que causam o bloqueio. Profilaxia: vacina antidiftérica. O bacilo diftérico produz uma toxina que atinge o SNC, deixando a pessoa arriada, além de causar febre alta.
Muitas espécies de Corynebacterium ocorrem como comensais da pele e mucosas de animais domésticos. C. bovis é uma espécie não patogênica, comensal da glândula mamária bovina. Só em casos esporádicos pode determinar processo infeccioso.
C. pseudotuberculosis apresenta colônias pequenas, cremosas, com uma leve hemólise. Causa linfadenite caseosa, que se assemelha a tuberculose. Daí seu nome.
Crescem em meio de Löeffler, que é enriquecido com soro de cavalo.
Para produzir toxinas, devem estar infectados com o Profago( (vírus), que induz a produção das toxinas (funciona como um plasmídio). Para detectar a presença de toxinas, faz-se o teste de Elek (in vitro). Consiste em um meio de cultura básico, onde se coloca um papel de filtro embebido em soro antitoxina. Semeia-se a amostra padrão, Park8, que é uma amostra que produz toxina. Essa amostra produzlinhas de precipitação. Se a amostra também produzir estas linhas é porque produz toxinas, se não apresentar as linhas, é porque não produz, ou seja, não possui profago(.
Possuem polimetafosfato, ou granulações de Babes Ernest, que são grânulos de energia, que funcionam como reserva de energia. Se coram com verde malaquita, de verde. Estas granulações se localizam nas extremidades.
Listeria
Espécie de importância médico-veterinária: Listeria monocytogenes.
Bastonete Gram+, muito fino e pequeno, também chamado de cocobacilo, anaeróbio facultativo, não-esporulado, móveis em temperatura ambiente (+ ou - 20oC) – por peritríquios – e não móveis em 37oC. São patógenos intracelulares facultativos, podendo crescer em macrófagos, células epiteliais e fibroblastos. Produz hemolisina (listeriolisina O), que permite que seja liberada após fagocitose e crescimento intracelular.
Raramente provoca doença em adultos. Costuma atacar recém-nascidos, idosos, grávidas e pacientes imunocomprometidos. A listeriose causa doença neonatal, aborto séptico, meningite e septicemia.
É encontrada no solo, vegetação, fezes e em silagens (de má qualidade e com desenvolvimento de pH ácido). A ingestão de alimentos contaminados é a principal forma de contaminação.
As amostras são semeadas em Agar-sangue de carneiro e encubadas a 35oC, em ambiente com 10% de gás carbônico.
	Mesmo em baixas temperaturas (colônias em laboratório) ela metabolisa. Uma das formas de isolar listeria é colocar a cultura em baixas temperaturas, pois o metabolismo de outras bactérias diminui, menos o dela.
Erysipelothrix
Bacilo Gram+, anaeróbio facultativo, não formador de esporos e imóveis. São bacilos delgados e algumas vezes pleomórficos. São catalase-negativos.
Espécie: Erysipelothrix rhusiopathie.
Hospedeiros: ovinos, suínos, homem. Em ovinos causa poliartrite; em suínos erisipela; e em humanos erisipelóide. A erisipela no homem é causada por Streptococcus pyogenes.
A bactéria pode sobreviver no trato intestinal de animais não porcinos e em porcos imunes. Pode sobreviver no solo por 20 dias ou mais. Solo alcalino com alto conteúdo de matéria orgânica favorece sua sobrevivência.
Crescem em Agar-sangue a 37oC, apresentando colônias translúcidas, produzindo uma zona estreita de hemólise incompleta. No isolamento primário, crescem melhor em atmosfera microaerófila.
Possuem metabolismo fermentativo: apresentam uma fraca atividade fermentativa para carboidratos. No Agar tríplice açúcar, produz H2S e ácido, distinguindo esta bactéria de outras não formadoras de esporos.
A maior parte das infecções são adquiridas pela ingestão do microrganismo através de fezes e solo contaminados. A bactéria pode manter-se em suínos por anos, sem apresentarem sintomas.
A erisipela clínica é geralmente denominada de aguda, subaguda ou crônica. A forma septicêmica aguda é caracterizada por febre alta, fraqueza, depressão e alta taxa de mortalidade em 48 a 72h. Mortes repentinas sem sinais aparentes são comuns.
Os sinais clínicos da erisipela subaguda são similares, porém menos intensos. Após 3 ou 4 dias, lesões cutâneas se desenvolvem na pele do abdome, ouvidos e extremidades. Estas lesões necróticas são de forma rombóide e têm coloração púrpura avermelhada. São patognomonicas erisipelas.
Erisipela crônica é como uma seqüela das formas aguda e subaguda. Caracterizada por artrite crônica não supurativa, proliferativa, erosiva e/ou endocardite vegetativa. Trata-se com penicilina.
Mycobacterium
Família Mycobacteriaceae. Espécies: Mycobacterium tuberculosis (agente etiológico da tuberculose humana), M. leprae (doença de Hansen – hanseníase – em humanos). 
	São bacilos, imóveis e aeróbios obrigatórios. Estão classificados em um grupo a parte e seu método de coloração é diferente: Ziehl-Neelsen.
Possuem uma camada lipídica a seu redor. Causam doenças graves, como a tuberculose. Para que se consiga ver um bacilo ao microscópio, é necessário que o indivíduo tenha mais de 400 mil por cm3.
Em animais:
	Espécie
	Hospedeiro primário
	Outro hospedeiro
	Doença específica
	M. avium
	aves
	porcino
	Tuberculose
	M. bovis
	bovino
	homem
	Tuberculose
	M. paratuberculosis
	bovino
	ovino
	Paratuberculose
	
	A porte de entrada é sempre o pulmão (vias respiratórias, pois é muito aeróbica. São veiculadas por macrófagos (não conseguem fagocitá-las e as transportam para outros locais).
Coloração:
	Procede-se o esfregaço e cora-se com fucsina de Ziehl concentrada. Aquece-se rapidamente até a emissão de vapores (por 3 vezes). Não pode deixar entrar em ebulição para não matar a bactéria. O aquecimento é feito para destruir a camada lipídica e o corante entrar em contato com o estroma bacteriano, corando-a de vermelho. Lava-se rapidamente com água. Em seguida lava-se com solução de álcool + HCl (97ml de álcool + 3ml de HCl concentrado). Lava-se com água. Cora-se com azul de metileno por 1 minuto. Lava-se com água, seca-se e observa-se ao microscópio.
	Por serem resistentes ao ácido, são chamadas de BAAR (bacilo álcool-ácido resistente).
	Algumas não patogênicas do complexo M. avium-intracellulare e micobactérias atípicas são consideradas saprófitas do solo.
	O complexo M. avium-intracellulare é composto por M. avium, a qual inclui serovares 1, 2 e 3, e M. intracellulare, que inclui serovares de 4 a 28. Alguns serovares causam tuberculose aviária e porcina. As serovares 1, 2 e 3 são patogênicas para aves, e as 4 a 28, normalmente são apatogênicas.
	São altamente resistentes, devido a cera contida em sua parede celular. Estes lipídios dão as micobactérias alta resistência a ação de desinfetantes.
Parede celular:
	Peptidioglicano, lipídio, polissacarídio arabinogalactano. 20 a 40% do peso seco é de lipídios.
	
O PPD está diretamente relacionado a sistema imunológico. Se der negativo, mas os outros testes derem positivo, pode ser porque (pela anorexia causada pela tuberculose) o sistema imune está debilitado (falta de alimento causa deficiência imunológica).
	PPD significa derivado protéico purificado. É uma prova (teste) para verificar se há ou não resposta imunológica.
Prova da tuberculina:
	Coloca-se um meio líquido contendo suspensão de micobacterium em um Becker e filtra-se. O filtrado é colocado em outro Becker e é aquecido até que o líquido chegue a metade do volume inicial. O líquido restante é chamado de tuberculina.
Técnica de Mantoux – aplicação intradérmica
	Aplica-se a tuberculina intradérmica e aguarda-se por 72h. Se no local da aplicação surgir um edema (de diâmetro acima de 10ml) com vermelhidão, o teste é positivo. Mas essa reação pode estar sendo causada por alergia a outra substância da suspensão, dando falso positivo. Por isso parou de ser usada a tuberculina e em seu local é usado o PPD. Faz-se a inoculação na cauda ou no pescoço, pois são os locais onde há melhor resposta imunológica.
BCG: vacina contra tuberculose, variante de bacilo M. bovis.
	O bacilo da tuberculose só cresce em meio rico. Demoram de 20 a 30 dias para crescer. Micobactérias atípicas levam em torno de 8 dias para começar a crescer.
	Existem alguns meios de cultura especiais: Lowenstein-Jensen, StoneBrink.
OBS: O bacilífero (pessoa contaminada) elimina agentes patológicos pela secreção. Quando descobre-se que é portador e entra em tratamento, deixa de ser perigoso para a comunidade, pois o tratamento faz com que deixe de eliminar o bacilo.
	O M. leprae é o agente etiológico da lepra (hanseníase). A hanseniase pode ser Wirchoviana (não tem cura) – é a lepra lepromatosa, causa mutilação e perda de sensibilidade do SN periférico e das extremidades (comprometimento do nervo ulnar); Bordline – indefinida, não se sabe se vai caminhar para lepromatosa ou tuberculóide; Tuberculóide – tem cura, ocorre comprometimento do SNP, surgem manchas claras, que com o tempo ficam amarronzadas.
Teste Mitsuda
	Inocula-se uma solução de micobacteriumleprae morta intraderme. A leitura é feita após 30 dias. Se der positivo, significa que o indivíduo possui anticorpos para hanseníase e se um dia contrair a doença, sempre será a do tipo tuberculóide (benigna). Se der negativo, o indivíduo não possui resistência e pode vir a contrair a do tipo wirchoviana.
	Até hoje não se sabe como é feita a transmissão desta doença (mecanismo de transmissibilidade) e ainda não se conseguiu cultiva-la em laboratório.
	Os M. avium-intracellurare são comumente encontrados no solo, na água e em alimentos. É muito comum ocorrer infecções por esse organismo em pacientes com síndrome de imunodeficiência. Caso contrário, dificilmente provocam patologia.
Neisseria
Família Neisseriaceae. Espécies em humanos: Neisseria meningitidis (meningite, pneumonia, septicemia, artrite), N. gonorrhoeae (agente etiológico da gonorréia – uretrite, cervicite, proctite, infecção do trato urinário, septicemia, artrite, oftalmite, doença inflamatória pélvica). Em animais: Moraxella catarrhalis (infecção respiratória, conjuntivite, otite média.
São cocos Gram-, aeróbios, geralmente dispostos em pares (diplococos), imóveis e não formam endósporos. Normalmente as cepas patogências são encapsuladas. São oxidase-positivas e a maioria é catalase-positiva.
Treponema
	
Ordem: Spirochaetaceae. Espécie: Treponema pallidum, subespécie pallidum. É o agente etiológico da sífilis, que só acomete humanos.
	É da família dos espiralados. Visto pela impregnação com nitrato de prata ou Fontana Tribondeau.
	A sífilis apresenta 3 estágios:
	Primário: cancro duro (desaparece em poucos dias – lesão com bordas elevadas);
	Secundário: rosedas sifílicas (lesões em todo o corpo, semelhante a urticária, mas difere, pois também surge na palma das mãos e sola dos pés.
	Terciário: compromete o SNC.
	Pode ter transmissão congênita, passando da mãe para o filho (transplacentária). Provoca a síndrome de Hutchinson, onde a criança nasce com a frente abaulada, pernas arqueadas e, quando começam a nascer, dentes serrilhados.
	Se uma pessoa contrais sífilis de um indivíduo na fase secundária ou terciária, irá apresentar a fase primária primeiro, sempre. A sífilis tem cura, mas as lesões no SNC são irreversíveis. Trata-se com penicilina.
	O teste feito para detecção é o VDRL. Na fase de cancro duro, dá negativo, pois o treponema ainda não está circulante. Outro teste é o TPI, composto por duas cepas que são colocadas em soro suspeito. Se houver anticorpos, irá aglutinar.
	Treponema cuniculi, causa lesões em coelhos. Trata-se com penicilina, colocada na água.
	T. hyos, acomete coelhos e outros animais.
Leptospira
Ordem: Spirochaetaceae. Se divide em dois grandes grupos clínicos: L. interrogans – patogênicas; L. biflexa – não patogênicas.
	Agente etiológico da leptospirose. São bacilos finos, possui extremidades em ganchos, altamente móveis e espiralados. Os patogênicos são aeróbios obrigatórios, se movem por dois flagelos, um em cada extremidade. Utilizam ácidos graxos e álcoois como fontes de carbono e energia. Crescem em meios de cultura enriquecidos com soro de coelho ou albumina sérica bovina.
	A classificação mais usada é a sorológica, que divide em sorotipos e sorogrupos. O sorotipo se divide em sorogrupos. O sorotipo é escrito com letra maiúscula e o sorogrupo com letra minúscula. Em média são 155 sorotipos para 20 sorogrupos.
	Sorotipo
	Sorogrupo
	Icterohaemochagiae
	Vários (Ex: ictero)
	Canicola
	canicola e mais vários outros
	Pomona
	pomona e vários outros
Clínica
	Há quadros atípicos, onde a clínica é variável, podendo ser confundida com gripes ou outras doenças.
	O quadro típico apresenta: irritação das conjuntivas (conjuntivite), mialgia, hipertermia, icterícia rubínica (há um mecanismo de coagulação intravascular disseminada com posterior reabsorção, que causa um tom avermelhado a icterícia). A transmissão se dá através da urina.
	Na palpação muscular (principalmente na panturrilha), o animal irá reclamar, pois sente dor (mialgia).
Diagnóstico laboratorial
exame direto – (urina do animal contaminado ou portador) Centrifuga a 8000 RPM em ultracentrífuga. Sedimenta-se com Giemsa e vermelho congo; microscopia de campo escuro. Quase não se usa na rotina.
cultivo (meios) – se usa em pesquisas.
Fletcher, Korthoff, Stuart, Cox. Todos estes com + 10% de pool de soro de coelho. Ellinghausen (albumina bovina, sais minerais e vitaminas).
Sorologia – é o mais usado.
Macroaglutinação com leptospira formolizada: Usa-se 4 pools: 4 grupos diferentes de sorogrupos de leptospira. Pega-se a amostra (o soro suspeito) e coloca-se no pool, ocorrendo reação antígeno:anticorpo. Essa técnica não é recomendada pela Organização Mundial de Saúde, pois pode ocorrer autoaglutinação (diagnóstico errado).
	Soroaglutinação microscópica antígeno formalizado: não é recomendada.
A soroaglutinação microscópica com antígeno vivo: é o mais usado. Utiliza-se o soro do animal (onde há a presença de anticorpos para a leptospira que o está contaminando) e testa-a em vários sorogrupos (usa-se um sorotipo representante de cada sorogrupo) para identificar o tipo que está atacando o animal.
Para o homem não existe vacina. Para bovinos e eqüinos existe vacina. Em regiões onde está ocorrendo óbito de animais por leptospirose, procura-se isolar o tipo que está contaminando o rebanho e produz-se uma vacina específica.
	
Em cães, a maior incidência é de ictera e canicola.
A pomona possui antígenos comuns a ictero e canicola.
As leptospiras podem produzir antígenos comuns entre elas, o que confunde a detectação do tipo específico que está causando a contaminação (reação cruzada). Para isso, aguarda-se um período e repete-se o exame, para detectar se a titulação aumentou e qual o anticorpo predominante. Dessa forma identifica-se o tipo específico.
Fenômeno de Zona
	Ocorre quando a quantidade de anticorpos é maior que a de antígeno, não ocorrendo a aglutinação (formação de grumos). Para resolver o problema, deve-se diluir o soro e testar novamente.
	
	A doença é contraída através da urina de roedores e marsupiais (que são portadores da leptospira). O homem não transmite a doença para outro homem, mas os animais podem transmitir a doença entre si.
Para que sobrevivam, é necessário que haja umidade e pH neutro (a ligeiramente alcalino) para a bactéria. A urina seca não transmite a leptospira. É muito comum ocorrer surtos da doença quando há enchentes, que invadem o habitat dos ratos, disseminando a urina destes, que pode contaminar quem mexer com essa água. São exterminadas por ressecamento, congelamento, calor, sabão, ácidos biliares, detergentes, ambientes ácidos e putrefação.
	Ao chegar a corrente circulatória, a leptospira é atacada por anticorpos, e acaba indo se acumular nos túbulos renais, provocando insuficiência renal.
	Trata-se com penicilina e estreptomicina.
	A leptospirose não dá imunidade duradoura. A pessoa pode contrair a doença novamente.
Borrelia
Ordem: Spirochaetaceae. Gênero Borrelia. São responsáveis por duas doenças humanas importantes: febre recorrente e doença de Lyme. Por serem maiores, se coram pelo método de Gram, apresentando uma coloração pálida.
	São bacilos espiralados, microaerófilas, com necessidades nutricionais complexas, o que torna difícil seu isolamento em cultura. Como a cultura não é um método bem sucedido, o diagnóstico das doenças é estabelecido com base na microscopia, no caso da febre recorrente, e na sorologia, no caso da doença de Lyme.
	São doenças transmitidas por artrópodes (piolhos e carrapatos) que armazenam as bactérias.
	
Espécies:
	B. recurrents – causa febre recorrente no homem, transmitida pelo Pediculus humanus.
	B. anserina – causa espiroquetose aviária. Existe vacina.
	B. burgdorferi – causa doença de Lyme (borreliose) em homens e animais. Provoca eritrema crônico migratório, lesões nas articulações(confunde-se com artrite), febre, cefaléia, mialgia, linfadenopatia.
	B. theileri – causa anemia febril branda em bovinos (carrapatos ixodides). Os animais respondem a tratamento com tetraciclina.
	B. suilla e B. hyos – acometem suínos.
	Os camundongos são reservatórios de borrelia.
	Os primeiros sinais da doença podem ser neurológicos – meningite, encefalite, neuropatia periférica; e/ou cardiológicos – bloqueio cardíaco e miopericardite. Os sinais secundários podem ser astralgia e artrite, que persistem por meses ou anos.
Teste sorológico – ELISA.
Antibioticoterapia – penicilina ou tetraciclina.
Prevenção – combater os carrapatos vetores.
Riquetsia
	Bacilos Gram-, aeróbios, parasitas intracelulares obrigatórios. São muito pequenos, não sendo evidenciadas em microscopia óptica.
	A sulfa não atua sobre elas, são resistentes.
	São transmitidas por carrapatos, pulgas, piolhos.
	Transmitem a febre das trincheiras (febre maculosa) e tifo. (Riquetisiose).
Espécies:
	R. rickettsi – febre maculosa das montanhas rochosas (ocorre no Brasil).
	R. akari – riquetisiose variceliforme.
	R. conori – febre botonosa.
	R. sibirica – tifo do carrapato da Sibéria.
	R. australis – tifo do carrapato da Austrália.
	R. japonica – febre maculosa oriental.
	R. prowazekii – tifo epidêmico, tifo recrudescente e tifo esporádico (transmitidas por piolhos). Ocorre no Brasil.
	R. typhi – tifo murino (transmitida por pulga).
	R. tsutsufa michi – tifo rural (ácaro).
Ehrlichia
	Cocobacilo intracelular, parasito de células do sangue (linfócitos, neutrófilos, monócitos), mas não os eritrócitos.
	E. canis, E, chaffeensis, E. phagocytophila. Causam erlichiose monocítica. Transmitida por carrapatos.
	Provocam febre aguda, letargia, linfadenopatia periférica, aumento do número de células mononucleares e linfócitos atípicos periféricos. Os sintomas são semelhantes aos da febre maculosa das montanhas rochosas.
Clamidia
	São quatro espécies: C. trachomatis, C. psittaci, C. pneumoniae e C. pecorum.
	A C. trachomatis é normalmente encontrada em portadores de gonorréia. A C. psitacci é transmitida por psitacidios. Causa escamação e problemas respiratórios.
OBS: Riquetzia, Ehrlichia e Clamidia são as menores bactérias que existem.
Brucella
	São cocobacilos, Gram-, pequenos, imóveis, não encapsulados, estritamente aeróbios. Catalase e oxidade-positivos (exceto B. ovis). São intracelulares, proliferando em macrófagos e monócitos. São altamente invasivos, podendo penetrar pela membrana mucosa intacta.
	Seqüência do processo invasivo: ingestão – bacteremia – sistema endotelial – órgãos reprodutivos.
	Algumas crescem em Agar-sangue quando incubadas aerobicamente, porém não são hemolíticas.
	Espécie
	Hospedeiro primário
	Hospedeiro acidental
	Doenças
	Outras
	B. abortus
	Bovino
	
	Aborto, orquite
	
	
	
	Canino
	Aborto
	
	
	
	Eqüino
	
	Fístulas
	B. canis
	Canino
	
	Aborto, orquite
	
	B. melitensis
	
	
	Aborto, orquite
	
	
	
	Bovino
	
	
	B. ovis
	Ovino
	
	Epididimite, aborto
	
	B. suis
	Porcino
	
	Aborto
	
OBS: orquite: aumento do volume dos testículos.
A Brucelose é uma doença bacteriana infecciosa causada pelo gênero Brucella e não tem cura. As infecções tendem a se instalar no sistema reticuloendotelial e no trato genital, tendo como sinais clínicos mais comuns abortos em fêmeas, epididimite e orquite (infecção dos testículos) em machos. Infecções crônicas são comuns.
	A maioria das colônias é detectada em 10 a 14 dias, mas em alguns casos é necessário incubação por até 21 dias. O crescimento é melhor em ambiente aeróbio a 37 graus e o pH ideal está entre 6,6 e 7,4. A maioria das colônias é classificada pela forma lisa ou não lisa. Cepa lisa – virulenta; Cepa rugosa – não virulenta.
	A Brucella sobrevive a congelamento de descongelamento. Em condições ambientais propícias, sobrevive por até 4 meses no leite, urina, água e solo úmido. A maioria dos desinfetantes destrói Brucella. A pasteurização também é eficaz. O leite fervido a 75oC mata as bactérias.
	As Brucellas são disseminadas para o homem e outros animais por contato direto ou indireto com animais infectados. Ingestão é a via de entrada mais comum, embora ocorra exposição por meio das mucosas genital e conjuntival, da pele e das vias respiratórias. Ingestão de leite de vaca ou cabra é outra fonte de infecção para bezerros e cabritos. A ingestão de fetos abortados também. Infecções das glândulas sexuais acessórias de machos permitem a disseminação dos organismos por meio de sêmen. A transmissão também pode ocorrer por assistência veterinária, em abatedouros e acidentes em vacinação ou em cultura nos laboratórios (inalação de aerosois).
	Após penetrar nas barreiras mucosas, os organismos podem se manter extracelulares ou serem englobados por células fagocitárias (macrófagos e neutrófilos em menor grau). A partir daí vão atingir a medula óssea, linfonodos, baço e fígado.
	Os animais mais jovens tendem a ser mais resistentes a infecção, independente do sexo. A maioria dos animais infectados na fase adulta permanece infectada por toda vida. 
	Evita-se a doença com vacinação. Os animais são imunizados com vacinas não-viáveis ou com vacinas vivas atenuadas (B. 19 cepa lisa). Estes produtos fornecem proteção contra aborto, forma mais importante de disseminação, mas não contra infecção. A vacinação não é praticada para controle da doença causada em suíno e canino.
	
Diagnóstico laboratorial
Ring test – através do leite. É o mais usado e o mais rápido.
Card test – soro.
2 Mercaptoetanol – soro.
Rivalta
Huddlson – titulação.
OBS: animais com aborto suspeita-se de: brucelose, listeriose, leptospirose.
Enterobactérias
As bactérias dessa família causam doenças em animais de produção (diarréia neonatal e salmonelose) e de companhia (infecção do trato urinário, abcessos):
Ercherichia
Este gênero é composto de várias espécies, mas somente E. coli é um patógeno importante para os animais. É a principal espécie Gram-, facultativa que compõe a flora normal do trato gastrointestinal.
Quase todas as cepas de E. coli são móveis por meio de flagelos peritríquios. Cepas patógenas excretam pelo menos cinco produtos importantes do ponto de vista médico e entre elas as enterotoxinas que afetam a regulação das atividades dos nucleotídios cíclicos dentro das células. O resultado é desregulação da adenilatociclase, causando excessiva produção de AMP cíclico. Como conseqüência, água e elétrons são perdidos no lúmem intestinal. Esses eventos provocam diarréia, hipovolemia, acidose metabólica e, se esta for muito grave, hipercalcemia.
Cepas de E. coli capazes de produzir doenças residem no trato gastrointestinal inferior e são abundantes no habitado pelos animais. A transmissão é por via fecal-oral.
O método mais confiável para confirmação do diagnóstico clínico de diarréia induzida por E. coli enterotoxigênica é a quantidade do número desta no intestino delgado. A presença de grande número de bactérias nesses locais é altamente sugestiva de doença causada por E. coli. Amostras são semeadas em diferentes meios seletivos para promover a expressão de variáveis fímbrias, e colônias são escolhidas e testadas com os soros antifímbrias monoespecíficos. Exame de esfregaços corados do conteúdo do intestino delgado é outro método baseado no aumento do número de E. coli nessa localização; achado de mais de 100 por campo de óleo de imersão reforça o diagnóstico.
O tratamento do animal baseia-se na correção dos desequilíbrios hídricos e eletrolíticos. Como os animais estão em acidose, deve-se incluir bicarbonato de sódio.A administração de antimicrobianos não-absorvíveis (neomicina) promoverá redução suficiente no número de E. coli no intestino delgado anterior.
A prevenção e o controle das doenças entéricas produzidas por cepas patógenas baseiam-se em

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