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condensação do parênquima pulmonar caracteriza-se pela deposição de materiais purulentos, exsudativos ou celulares nos espaços alveolares. Por esta razão, observaremos alterações no exame físico como macicez à percussão (a condensação diminui os espaços aéreos pulmonares, dando a este órgão características de víscera maciça) e frêmito tóracovocal (FTV) aumentado (devido à maior capacidade de propagação da voz no parênquima consolidado). As principais alterações no exame físico são os seguintes: Inspeção: expansibilidade diminuída. Palpação: expansibilidade diminuída e frêmito tóracovocal (FTV) aumentado. Percussão: submacicez ou macicez. Ausculta: respiração brônquica substituindo o murmúrio vesicular (contudo, os MV podem estar preservados), sopro tubário, broncofonia (ausculta-se a voz sem nitidez) ou egofonia (forma especial de broncofonia, com qualidade mais analasada e metálica), pectorilóquia (ausculta da voz com nitidez) e estertores finos. OBS5: A tuberculose e a pneumonia, por constituírem tipos de síndrome de condensação pulmonar, ambas demonstração achados semiológicos bastante similares, tais como som maciço à percussão e aumento do FTV. Contudo, podemos diferenciar estas duas condições através da história clínica do doente e por meio de exames complementares de imagem. A pneumonia tem duração de alguns dias apenas e, nos exames por imagem, mostram-se como opacidades que se manifestam principalmente nas bases pulmonares. A tuberculose apresenta tosse por mais de 2 semanas, hemoptise, emagrecimento e febrícula (vespertina). No exame por imagem, podemos observar opacidades pulmonares localizados, principalmente, nos ápices. Arlindo Ugulino Netto –SEMIOLOGIA II – MEDICINA P5 – 2009.2 15 Atelectasia. A atelectasia tem como elemento principal o desaparecimento de ar dos alvéolos sem que o espaço alveolar seja ocupado por células e exsudato, como ocorre na síndrome de consolidação pulmonar. As causas mais comuns são as neoplasias e a presença de corpos estranhos que ocluem a luz de brônquios. Se a oclusão situar-se em um brônquio principal, ocorre atelectasia do pulmão inteiro; se estiver em brônquios lobares ou segmentares, a atelectasia fica restrita a um lobo ou a um segmento pulmonar. Quanto maior a área comprometida, mais intensas serão as manifestações clínicas, representadas por dispnéia, sensação de desconforto e tosse seca. Ao exame físico, obtêm-se os seguintes dados na área correspondente à atelectasia: Inspeção: retração do tórax e tiragem; expansibilidade diminuída. Palpação: expansibilidade diminuída; frêmito tóracovocal diminuído ou abolido. Percussão: submacicez ou macicez. Ausculta: respiração broncovesicular; murmúrio vesicular abolido; ressonância vocal diminuída. Hiperaeração (Enfisema pulmonar) A hiperaeração que se observa no enfisema pulmonar resulta de alterações anatômicas caracterizadas pelo aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, acompanhadas de modificações estruturais das paredes alveolares. O enfisema pulmonar apresenta algumas variedades anatômicas, dependendo da sede e da extensão do comprometimento dos ácinos alveolares e dos lóbulos. Geralmente, está associada com o tabagismo. A manifestação clínica mais importante do enfisema é a dispnéia, que se agrava lentamente. No início ocorre apenas aos grandes esforços, mas nas fases avançadas aparece até em repouso. Na fase final, surgem as manifestações de insuficiência respiratória. Podemos identificar o enfisema pulmonar na radiografia simples do tórax pelo alargamento dos espaços intercostais, rebaixamento e retificação das cúpulas diafragmáticas, aumento aparente da região supraclavicular, redução do volume hilar, verticalização da silhueta cardíaca. Em perfil, podemos observar um aumento do diâmetro ântero-posterior, zona hipertransparente (escura) atrás do osso esterno, na frente e acima da sillhueta cardíaca; atrás do coração, observa-se este mesmo aspecto de hipertransparência. Nas fases iniciais, ao exame físico do tórax, encontram-se apenas redução do murmúrio vesicular e expiração prolongada. Com a evolução da enfermidade, várias outras alterações vão aparecendo, tais como: Inspeção: expansibilidade diminuída e tórax em tonel nos casos avançados. Palpação: expansibilidade diminuída, frêmito tóracovocal diminuído. Percussão: sonoridade normal no início e hipersonoridade (ver OBS5) à medida que a enfermidade se agrava. Ausculta: murmúrio vesicular diminuído; Fase expiratória prolongada; Ressonância vocal diminuída. Congestão passiva dos pulmões. As principais causas da congestão passiva dos pulmões são a insuficiência ventricular esquerda e a estenose mitral. O líquido se acumula no interstício, causando dispnéia de esforço, dispnéia de decúbito e dispnéia paroxística noturna, além de tosse seca e, às vezes, sibilância. Ao exame físico do tórax, observam-se: Inspeção: expansibilidade normal ou diminuída. Palpação: expansibilidade e frêmito tóracovocal normal ou aumentado. Percussão: submacicez nas bases pulmonares. Ausculta: estertores finos nas bases dos pulmões (principal achado); prolongamento do componente expiratório quando há broncoespasmo; pode haver sibilância; ressonância vocal normal. Escavação ou caverna pulmonar. As cavernas pulmonares são consequência de eliminação de parênquima em uma área que sofreu necrobiose. Isto pode ocorrer nos abscessos, neoplasias, micoses, mas a causa principal ainda é a tuberculose. As manifestações clínicas são muito variáveis, predominando tosse produtiva e vômica fracionada ou não. Para ser detectada ao exame físico, é necessário que a caverna esteja próxima da periferia do pulmão e que tenha diâmetro mínimo de mais ou menos 4 cm. Os dados obtidos ao exame físico na área correspondente à caverna são: Inspeção: expansibilidade diminuída na região afetada. Palpação: expansibilidade diminuída e frêmito toracovocal aumentado (se houver secreção na caverna). Percussão: sonoridade normal ou som timpânico. Ausculta: respiração broncovesicular ou brônquica no lugar do murmúrio vesicular; ressonância vocal aumentada ou pecterilóquia. Arlindo Ugulino Netto –SEMIOLOGIA II – MEDICINA P5 – 2009.2 16 SÍNDROMES PLEURAIS As síndromes pleurais compreendem as pleurites, os derrames pleurais e o pneumotórax. Pleurites. A pleurite, ou seja, a inflamação dos folhetos pleurais, pode ocorrer em várias entidades clínicas, destacando- se a tuberculose, as pneumonias, a moléstia reumática e outras colagenoses, viroses e as neoplasias da pleural e pulmão. Pode ser aguda ou crônica, sem derrame (pleurite seca) ou com derrame. Na pleurite seca aguda, o principal sintoma é a dor localizada em um dos hemitórax, com características de dor pleurítica. Além da dor, podem ocorrer tosse, dispnéia, febre e outros sintomas relacionados com a causa da pleurite. Ao exame físico, observam-se no lado comprometido: Inspeção: expansibilidade diminuída. Palpação: expansbilidade e frêmito toracovocal diminuídos. Percussão: sonoridade normal ou submacicez. Ausculta: atrito pleural, que é o principal dado semiológico. Na pleurite seca crônica, com espessamento dos folhetos pleurais (paquipleuriz), a dor não é tão acentuada como na pleurite aguda, podendo ter caráter surdo ou inexistir. A dispnéia aos grandes esforços é uma manifestação importante. Ao exame físico do tórax, observam-se no lado comprometido: Inspeção: retração torácica e expansibilidade diminuída. Palpação: expansibilidade e frêmito toracovocal diminuídos. Percussão: submacicez ou macicez. Ausculta: murmúrio vesicular diminuído; ressonância vocal diminuída. Como se vê, a síndrome pleural crônica apresenta aspectos semiológicos semelhantes à síndrome pulmonar atelectásica do ponto de vista do exame físico do tórax. Contudo, com os dados