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Biblioteca 636858 PENAL 2 PLANO DE AULA

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Direito Penal, Parte Geral Prof. Daiton 
 
1 
 
DAS PENAS 
 
 
Pena é a retribuição imposta pelo Estado em razão da prática de 
um ilícito penal e consiste na privação de bens jurídicos 
determinado pela lei, que visa a readaptação do criminoso ao 
convívio social e à prevenção em relação à prática de novas 
transgressões. 
 
Somente o Estado é o detentor do poder-dever de punir alguém 
que prática um fato típico e ilícito. Uma vez reconhecida a prática 
do crime e não havendo nenhuma causa de excludente da 
culpabilidade, o seu autor ficará sujeito à aplicação de pena. A 
medida de segurança também é uma espécie de sanção, porém 
aplicada aos inimputáveis em razão de doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, desde que 
reconhecida a periculosidade do agente. 
 
Por fim, não se confunda o poder de punir com o poder de se 
perseguir alguém em juízo – jus persequendi in judicio, haja vista 
que neste último caso, em regra, essa legitimidade também é 
afetada ao Estado, cuja atividade é exercida por um de seus 
órgãos: o Ministério Público. Todavia, em algumas hipóteses 
elencadas expressamente pela lei, é possível que esse exercício do 
direito de ação possa ser transferido à própria vítima ou seu 
representante legal, se incapaz a primeira, isso porque às vezes, o 
próprio processo pode causar um mal maior à vítima do que o 
próprio crime, de tal modo que para se evitar constrangimentos 
decorrentes do processo, o legislador colocou à disposição da 
vítima a escolha e exercer ou não esse direito. 
 
Repita-se. Uma vez exercido o direito de ação, o poder-dever de 
punir ainda continua de titularidade exclusiva do Estado. 
 
A respeito da finalidade da pena, existem três teorias: 
 
a) Teoria absoluta ou da retribuição. Neste caso, a finalidade da 
pena é simplesmente punir o autor de uma infração penal. Tem 
mero caráter de castigo, sem qualquer outro propósito, seja para a 
sociedade, seja para o transgressor. 
 
b) Teoria relativa, finalista, utilitária ou de prevenção. Os 
defensores desta teoria entendem que a pena tem um fim prático 
de utilidade, qual seja, a imediata prevenção geral e especial do 
crime. A prevenção geral é aquela exercida em relação ao corpo 
Direito Penal, Parte Geral Prof. Daiton 
 
2 
 
social, na medida em que, com a punição do transgressor da 
norma, a sociedade recebe um aviso do Estado de que, quem 
praticar ilícitos penais, também estará sujeito à punição. A 
prevenção especial ocorre diretamente ao autor do crime, e 
consiste, em regra, no seu afastamento do convívio social. Com 
isso, a sociedade fica, por um tempo, garantida de que aquele 
indivíduo não voltará a cometer novos crimes, já que se encontra 
com sua liberdade segregada. 
 
c) Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória. Esta teoria 
entende perfeitamente possível que uma pena possa exercer dupla 
finalidade, mas também trabalhar com o preso para que ele se 
ressocialize e possa voltar ao convívio social sem risco para a 
sociedade. Por isso, a pena tem dupla função: punir o criminoso e 
prevenir a prática do crime pela reeducação (prevenção especial) e 
pela intimidação coletiva (prevenção geral). 
 
Pela leitura do art. 59, do Código Penal, é possível afirmar que a 
Teoria adotada por nosso Código Penal, após a reforma de 1984, é 
a Mista ou Conciliatória. 
 
Veja-se ainda que, quando o Estado vai impor a pena ao autor do 
ilícito penal, ele deve observar os princípios constitucionais que 
norteiam e limitam o poder punitivo estatal. São eles: 
 
a) legalidade (reserva legal e anterioridade); 
b) individualização da pena; 
c) proporcionalidade; 
d) inderrogabilidade; 
e) pessoalidade ou instranscendência e 
f) vedação das penas de morte, banimento, cruéis, trabalhos 
forçados e perpétua. 
 
Observados esses parâmetros, podemos classificar as penas em: 
 
a) privativa de liberdade; 
b) restritivas de direitos e 
c) multa. 
 
As penas privativas de liberdade são as seguintes: 
 
a) reclusão: cumpridas em regime fechado, semiaberto ou aberto; 
b) detenção: cumprida em regime semiaberto ou aberto, salvo 
hipótese excepcional de transferência para o regime fechado e 
Direito Penal, Parte Geral Prof. Daiton 
 
3 
 
c) prisão simples: cumprida no regime semiaberto ou aberto e 
destinada, em regra, para as contravenções penais. 
 
Regimes penitenciários para a pena de reclusão 
 
1- pena superior a 8 (oito) anos: inicia no regime fechado; 
2- pena superior a 4 (quatro) anos e que não exceda a 8 (oito): 
inicia em regra, no regime semiaberto e 
3- pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos: inicia no regime aberto, 
se ela não puder ser substituída por outra pena. 
 
Condenado reincidente: neste caso, em regra, inicia sempre o 
cumprimento da pena no regime fechado, desde que a pena não 
seja igual ou inferior a quatro anos. 
 
Condenado com circunstâncias desfavoráveis: se as 
circunstâncias do art. 59, do CP forem desfavoráveis, deverá 
também iniciar o cumprimento da pena no regime fechado. 
 
Contudo o STJ editou a súmula 269 estabelecendo que É 
admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos 
reincidentes condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro) 
anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. 
Regime penitenciário para pena de detenção 
 
Para os crimes apenados com detenção, não existe o cumprimento 
da pena em regime fechado como forma inicial. Só é possível o 
regime fechado nos crimes apenados com detenção como forma de 
regressão de regime. 
 
1- pena superior a 4 (quatro) anos: inicia o cumprimento da pena 
no regime semiaberto. 
2- pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos: inicia o cumprimento 
da pena no regime aberto. 
 
Se o condenado for reincidente, inicia o cumprimento da pena no 
regime semiaberto. 
 
Se as circunstâncias do art. 59 do CP forem desfavoráveis, 
também inicia o cumprimento da pena em regime semiaberto. 
 
 
Regras do regime fechado (art. 34, CP) 
 
a) o exame criminológico é obrigatório (art. 8º, da LEP); 
Direito Penal, Parte Geral Prof. Daiton 
 
4 
 
b) trabalho durante o dia e isolamento durante o repouso noturno; 
c) trabalho externo: só é possível em obras públicas e com 
vigilância. O trabalho do preso é remunerado (art. 29, LEP). 
d) cursos externos: não é possível. 
 
 
Regras do regime semiaberto (art. 35, CP) 
 
a) o exame criminológico é facultativo. Aqui surge divergência na 
doutrina, uma vez que o dispositivo legal de trata do regime 
semiaberto remete à aplicação das regras do art. 34, do CP, em 
que o exame criminológico é obrigatório, lembrando que este 
último artigo trata do regime fechado. Contudo, o art. 8º da LEP, 
lei especial que é frente ao Código Penal, em seu parágrafo único é 
expresso ao estabelecer que o condenado submetido ao regime 
semiaberto poderá ser submetido ao exame criminológico, 
deixando claro tratar-se de mera faculdade; 
 
b) trabalho em comum durante o período diurno em colônia 
agrícola, industrial ou estabelecimento similar e habitação coletiva 
durante o repouso noturno; 
 
c) trabalho externo: é possível, tanto em obras públicas quanto 
particulares, sem necessidade de vigilância; 
 
d) curso externo: é possível a frequência, pelo preso, a cursos 
externos, bem como cursos supletivos profissionalizantes, de 
instruçãode segundo grau ou superior. Vale lembrar que nos 
termos da súmula 341, do STJ, A frequência a curso de ensino 
formal é causa de remição de parte do tempo de execução da 
pena sob regime fechado ou semiaberto. 
 
A frequência a curso de 1º grau não é possível, pois já existe 
dentro do presídio. 
 
Regras do regime aberto (art. 36, CP) 
 
Baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do 
condenado. Neste regime, o condenado deverá, fora do 
estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar cursos ou 
exercer qualquer outra atividade autorizada. 
 
Durante o período noturno, nos finais de semana e feriados deverá 
permanecer recolhido. 
 
Direito Penal, Parte Geral Prof. Daiton 
 
5 
 
REMIÇÃO 
 
Trata-se de resgate da pena, ou seja, a diminuição do tempo de 
cumprimento da pena em razão do trabalho ou do estudo. 
Funciona da seguinte forma: 
 
a) pelo trabalho: a cada três dias trabalhados, resgata um dia de 
pena; 
 
b) pelo estudo: a cada 12 (doze) horas de estudo, por no mínimo 3 
(três) dias, resgata um dia de pena. Se o condenado cumpre as 12 
(doze) horas de estudo em apenas 2 (dois) dias, não terá direito à 
remição, uma vez que a lei é taxativa em exigir que essas 12 (doze) 
horas sejam distribuídas em, no mínimo, três dias. 
 
Atenção. É possível a remição concomitante da pena, no sentido 
de que, se o condenado trabalha três dias e durante esse período 
cumpre as 12 (doze) horas de estudo, ele resgatará 2 (dois) dias 
durante esses 3 (três) cumpridos – trabalhados e estudados. 
 
Mulheres. Com relação às mulheres, elas cumprirão pena em 
estabelecimento próprio (art. 37, CP), devendo esses 
estabelecimentos ser dotados de berçários onde as condenadas 
possam cuidar de seus filhos, podendo, inclusive, amamentá-los 
por, no mínimo, 6 (seis) meses (art. 82, § 1º, LEP). 
 
Idosos. Tratando-se de condenados maiores de 60 (sessenta) anos, 
eles também cumprirão pena em estabelecimento próprio, nos 
termos do artigo supracitado. 
 
 
 
Direitos do preso 
 
O preso, mesmo condenado, conserva todos os direitos não 
atingidos pela sentença que o condenou. São eles: 
a) direito a correspondência: neste caso, a inviolabilidade ao sigilo 
da correspondência é relativizada, porquanto, neste caso, entra 
em jogo a segurança pública; 
 
b) direito ao voto: apenas o preso provisório possui o direito ao 
voto; 
 
c) direito ao sexo: também conserva esse direito embora, na 
prática, seja difícil exercitá-lo; 
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6 
 
d) direito à alimentação suficiente; 
 
e) direito a ser chamado nominalmente; 
 
f) direito à Previdência Social; 
 
g) entrevista pessoal e reservada com o advogado, além de outros 
descritos no art. 41, da LEP. 
 
Superveniência de doença mental 
 
Neste caso, o agente era ao tempo do crime penalmente imputável, 
porém, no curso da execução da pena sobreveio doença mental. 
 
Neste caso, o condenado deverá ser transferido para o hospital de 
custódia ou tratamento psiquiátrico e a pena poderá ser 
substituída por medida de segurança. 
 
É possível surgir duas hipóteses: 
 
a) se a doença for irreversível, a pena é convertida em medida de 
segurança; 
b) se a doença for reversível, o preso retorna ao presidio uma vez 
cessada a doença mental. O tempo que ele ficou no hospital 
computa-se como se fosse prisão (art. 41, CP). 
 
Vale lembrar, ainda, que o preso condenado por um Estado 
poderá cumprir pena em outro, desde exista vaga para ele. 
 
 
Princípio da separação dos presos 
 
Os presos deverão ser separados por idade, sexo, conduta social 
entre outras, para facilitar na sua readaptação. Os presos 
provisórios deverão ficar separados dos presos definitivos. 
 
No caso de condenação a reclusão e a detenção, começa o 
cumprimento da pena mais grave: a reclusão, caso contrário, 
haverá incompatibilidade entre elas. 
 
 
Regime inicial 
 
O juiz, ao proferir a sentença condenatória, deverá fixar o regime 
inicial de cumprimento da pena. No silêncio, a parte poderá 
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7 
 
interpor um recurso denominado embargos de declaração, cuja 
finalidade é suprimir obscuridades, sanar dúvidas ou 
contradições. 
 
 
Sistema de progressão de regime 
 
A pena privativa de liberdade deverá ser cumprida em sistema de 
progressão de regime, partindo do mais severo para o menos 
severo. Isso porque o Brasil adotou a Teoria Eclética ou 
Conciliatória, de modo que, além da prevenção geral, a pena tem 
também por finalidade preparar o preso para reinseri-lo ao 
convívio social. 
 
Esse tipo de preparação visa avaliar o progresso do condenado, o 
quanto ele está preparado para retorno à sociedade. 
 
Deste modo, o condenado a cumprir pena inicialmente em regime 
fechado, deve passar obrigatoriamente pelo semiaberto e depois o 
aberto, razão pela qual veda-se a progressão por salto – per 
saltum. Neste sentido, confira-se a súmula 491, do STJ. É 
inadmissível a progressão per saltum em regime prisional. 
 
Logo, o condenado em regime fechado que cumpre um sexto da 
pena em regime fechado, além do seu mérito, tem direito de ir 
para o regime semiaberto. Não havendo o regime semiaberto, o 
preso permanece no regime fechado. Uma vez cumprido mais um 
sexto da pena (agora do restante e não do total) o preso não pode 
ir direto do fechado para o aberto, devendo, obrigatoriamente, 
passar antes pelo semiaberto. 
 
Contudo, a jurisprudência recente do Tribunal Regional Federal 
da Terceira Região e do próprio STJ tem relativizado esta súmula 
concedendo ao condenado o direito de cumprir pena em casa do 
albergado até que surja vaga para ele no regime semiaberto. 
 
Lembrando que para progressão do regime fechado para o 
semiaberto o condenado, além de bom comportamento, deverá ter 
cumprido, no mínimo, um sexto da pena imposta na sentença, ou 
do total das penas, no caso de várias execuções. 
 
Depois, para progressão para o semiaberto, deverá ter mérito (bom 
comportamento carcerário), além de cumprir mais um sexto da 
pena, agora, do restante. O Ministério Público sempre deverá ser 
ouvido acerca da progressão ou da regressão de regime. 
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Regressão de regime 
 
É a transferência do condenado do regime menos rigoroso para 
um mais rigoroso e ocorre nos seguintes casos: 
 
a) pela prática de novo crime doloso: neste caso, basta a simples 
prática, independente de condenação; 
 
b) cometimento de falta grave (art. 50, LEP) e 
 
c) quando sofrer nova condenação em que a soma das penas 
tornar incabível o regime em que está. 
 
DETRAÇÃO PENAL 
 
Detrair significa abater o crédito. É o cômputo na pena privativa 
de liberdade e na medida de segurança, do tempo de prisão 
cautelar, no Brasil ou no estrangeiro, ou de internação em 
hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico. 
 
Esse tempo de prisão é debitado da pena final, aplicando-se 
qualquer que tenha sido o regime. 
 
Em caso de prisão civil também é possível, desde que haja vínculo 
entre a prisão civil e o crime, como é o caso da prisão decorrente 
de falta de pagamento da pensão alimentícia e abandono material. 
 
Se o réu fica preso cautelarmente por 6 (seis) meses, sendo 
absolvido no final, esse tempo não pode sercreditado no futuro. 
Porém, é possível debitar de um crime pretérito, antes da 
prisão. 
 
Em regra, o juízo competente para fazer a detração penal é o juízo 
da execução. 
 
É incabível detração penal em pena de multa. Em relação ao 
sursis também, porque se trata de pena substitutiva que não 
guarda qualquer proporção com a pena privativa de liberdade 
aplicada na sentença. 
 
O tempo de prisão cautelar é levado em conta para fins de 
fixação de regime. Não se computa, porém, para efeito de 
contagem de tempo para prescrição penal. 
 
 
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9 
 
LIMITE MÁXIMO DE CUMPRIMENTO 
 
Nos termos do art. 75, do CP, o tempo máximo da pena privativa 
de liberdade a ser cumprida no Brasil é de 30 (trinta) anos. Vale 
lembrar que o nosso Código Penal é de 1940, em que a expectativa 
de vida para os anos 30 e 40 eram bem menores do que os 
estabelecidos recentemente, daí porque, haver movimento 
pugnando para elevação de 30 (trinta) para 40 (quarenta) anos 
esse limite. 
 
Pois bem. Nada obstante e lei fixe em 30 anos o limite máximo, 
isso não significa dizer que o juiz esteja impedido de fixar pena 
superior a esse período. Passado os 30 (trinta) anos, o juiz deve 
unificar as penas. Essa unificação é feita pelo juízo da execução. 
 
A discussão do blo co de 30 (trinta) anos unificado gira em torno 
de definir se: 
 
a) esse limite máximo é para o cumprimento da pena; 
b) vale para todos os efeitos penais, inclusive progressão. 
 
O Supremo Tribunal Federal editou a súmula 715 estabelecendo 
que: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de 
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não 
é considerada para a concessão de outros benefícios, como o 
livramento condicional ou regime mais favorável de execução. 
 
A regra de 30 (trinta) anos tem uma exceção de cumprimento da 
pena: no caso de condenação superveniente por fato cometido 
depois do início da execução da pena. Neste caso, faz-se nova 
unificação e o condenado cumprirá a pena superior a 30 (trinta) 
anos, lembrando que a unificação só ocorre quando a pena 
ultrapassa os 30 (trinta) anos, caso contrário, as penas serão 
somadas. 
 
 
AS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
(art. 43, C.P.) 
 
 
As penas restritivas de direitos tem por fundamento o fato de que, 
em certos crimes, por serem considerados de menor gravidade, 
não haveria necessidade de apenar o condenado com a medida 
extrema que é a restrição da liberdade de locomoção com sua 
prisão, haja vista entender-se que em tais hipóteses, o 
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10 
 
cerceamento de liberdade não seria necessário para reprovação 
daquela conduta, bem como de que a prisão não traria nenhum 
benefício para a sociedade nem contribuiria para a recuperação do 
condenado. 
 
Por isso, instituiu-se estas penas que são consideradas 
autônomas e substituem a pena privativa de liberdade por certas 
restrições ou condições. São autônomas uma vez que não estão 
previstas no preceito secundário da lei penal incriminadora, mas 
na parte geral do Código Penal. Também são substitutivas já que 
sua finalidade é trocar a pena privativa de liberdade pela restritiva 
de direitos. 
 
Por isso elas têm a finalidade de evitar o cumprimento da pena de 
prisão. 
 
As penas restritivas de direitos têm a mesma duração da pena 
privativa de liberdade que substituem, exceto nos casos de perda 
de bens e valores e prestação pecuniária. E mais. Sendo 
substitutivas, não podem ser aplicadas cumulativamente com a 
pena privativa de liberdade. 
 
Elas são das seguintes espécies: 
 
 prestação pecuniária; 
 perda de bens e valores; 
 prestação de serviços à comunidade; 
 interdição temporária de direitos e 
 limitação de fim de semana. 
 
Os requisitos para sua substituição são: 
 
a) se tratando de crime doloso, a pena privativa de liberdade 
aplicada não superior a 4 (quatro) anos, e o crime não tenha sido 
cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa. 
Veja-se que essa violência se refere à pessoa e não à coisa, de tal 
modo de um crime em que seja emprega violência como a 
destruição ou rompimento de obstáculo, em tese, não impede a 
substituição. 
 
b) se o crime for culposo, qualquer que seja a pena. Nessa 
hipótese, uma lesão culposa no trânsito também não impede a 
substituição da pena, haja vista que a intenção do legislador foi a 
de impedir a troca de uma pena por outra quando houver 
violência dolosa contra pessoa. 
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11 
 
c) réu não reincidente em crime doloso. Se a reincidência for em 
relação à contravenção penal ou crime culposo, nada impede a 
substituição. Se praticou um crime culposo e se, após ter sido 
condenado definitivamente, vier a praticar um crime doloso 
também poderá ter sua pena substituída. 
 
d) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social do agente e 
sua personalidade indiquem ser suficiente para prevenção e 
repressão do crime. 
 
Uma observação: no que tange ao crime doloso, excepcionalmente 
o art. 44, § 3º admite a substituição, desde que o juiz verifique a 
presença de dois requisitos: ser a medida socialmente 
recomendada ao caso concreto e não ser o agente reincidente 
específico. 
 
Assim, uma vez assegurado o direito à substituição da pena o juiz 
observará as seguintes regras: 
 
a) condenação igual ou inferior a 1 (um) ano: o juiz substitui a 
pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos ou uma 
multa; 
 
b) condenação superior a 1 (um) ano: o juiz substitui a pena 
privativa de liberdade por: 
b1) uma restritiva de direitos e uma multa ou 
b2) duas restritivas de direitos. 
 
Quem faz a substituição é o juiz que proferiu a sentença 
condenatória. 
 
A pena restritiva de direitos ainda poderá ser convertida em 
privativa de liberdade nos seguintes casos: 
 
a) descumprimento injustificado da medida imposta, caso em que 
será deduzido o tempo da pena restritiva de direitos já cumprido, 
respeitando sempre o limite mínimo de 30 (trinta) dias de 
detenção ou reclusão. É o caso do condenado que, faltando duas 
semanas para o cumprimento da pena restritiva de direitos, vê 
sua pena convertida em privativa de liberdade. Nesta hipótese, 
apesar de faltarem duas semanas (14 dias), ele terá de cumprir os 
30 (trinta) dias encarcerado. 
 
b) superveniência de condenação à pena privativa de liberdade por 
outro crime. Aqui, o juiz da execução penal decide sobre a 
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12 
 
conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível cumprir a 
pena substitutiva anterior. Ex. prestação pecuniária e privativa de 
liberdade. 
 
 
Substituição da pena do delito de tráfico de drogas 
 
Nada obstante o art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 faça vedação 
expressa à substituição da pena privativa de liberdade pela 
restritiva de direitos, o que, a princípio, seria, do ponto de vista 
estritamente legal (formal) a proibição da substituição em relação 
ao tráfico de drogas e condutas equiparadas (§ 1º, do art. 33 da 
Lei), é de se observar que o Senado Federal, por meio da 
Resolução número 5, de 15/02/2012, suspendeu a expressão 
vedada a conversão em penas restritivas de direitos desse 
parágrafo, de tal modo que seráperfeitamente possível, desde que 
preenchidos os demais requisitos, a substituição da pena de 
prisão pela pena restritiva de direitos. 
 
 
Das penas restritivas de direito em espécie. 
 
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA 
 
Consiste no pagamento de uma quantia em dinheiro à vítima ou 
seus familiares (dependentes), ou à entidade pública ou privada 
com destinação social, desde que haja concordância da vítima. 
 
Essa importância é fixada pelo juiz e não pode ser inferior a 1 (um) 
salário nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários 
mínimos. 
 
Se o beneficiário concordar, a prestação pecuniária poderá 
consistir em prestação de outra natureza. 
 
O montante pago à vítima será descontado em eventual 
condenação na área cível, desde que compatíveis, vale dizer, se 
coincidentes os beneficiários. 
 
Não se deve confundir a prestação pecuniária com a pena de 
multa: esta reverte em favor do Estado e, aquela, em favor da 
vítima ou seus dependentes. 
Pela dicção da lei, esse tipo de sanção não pode ser aplicada aos 
crimes referentes à violência doméstica ou familiar contra à 
mulher, haja vista vedação (Lei n. 11.340/2006, art. 16). 
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13 
 
PERDA DE BENS E VALORES 
 
Refere-se aos bens e valores pertencentes ao condenado e que 
reverterão em favor do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN). 
 
Tem como teto o que for maior: a) o montante do prejuízo causado 
ou b) o proveito obtido pelo agente ou por terceiro em 
consequência da prática do crime. 
 
Esta pena é substitutiva e não se confunde com o efeito 
secundário da condenação. Assim, além da perda dos 
instrumentos do crime (art. 91, II, “a” e “b”, do CP), o criminoso 
também estará sujeito à perda dos seus próprios bens ou valores 
(títulos, ações) e que foram adquiridos de maneira lícita. 
 
 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNICADE OU ENTIDADES 
PÚBLICAS 
 
Este tipo de pena consiste na atribuição ao condenado de tarefas 
gratuitas junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas, 
orfanatos ou estabelecimentos congêneres, em programas 
comunitários ou estatais. Trata-se de uma atividade não 
remunerada. 
 
Como se vê, ela promove a integração do sentenciado com a 
coletividade em que vive, obrigando-o à realização de tarefas úteis 
ao corpo social. 
 
Só se admite essa pena quando o réu é condenado a pena superior 
a 6 (seis) meses de privação da liberdade. 
 
Essas tarefas serão atribuídas pelo juízo da execução (149, LEP), 
de acordo com as aptidões do condenado, de modo a não afetar a 
dignidade humana e deverá ser cumpridas à razão de 1 (uma) 
hora de tarefa por dia de condenação, de maneira a não 
prejudicara jornada normal de trabalho. 
 
Se a pena for superior a 1 (um) ano, é facultado ao condenado 
cumpri-la em período menor, mas nunca inferior à metade da 
pena originariamente imposta na sentença (art. 46, § 4º). 
 
Quem designa a entidade na qual o sentenciado prestará os 
serviços é o juízo da execução penal (art. 149, LEP). 
 
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14 
 
INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS 
 
Consistem na proibição do exercício de determinados direitos, pelo 
período correspondente ao da pena de prisão substituída. 
 
As penas de interdição temporária de direitos são: 
 
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, 
bem como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que 
dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do 
poder público; 
 
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir 
veículo. 
 
Obs: - A suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir 
veículo (encontra-se revogado pelo CTB no que se refere à 
suspensão da habilitação – artigos 292/296) 
 
IV - proibição de frequentar determinados lugares. 
 
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exames 
públicos. (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011). 
 
As penas descritas nos itens I e II se aplicam para todo crime 
funcional, no exercício da função que lhes são inerentes. São 
exemplos de profissões descritas no inciso II: advogado, médico, 
dentista, engenheiro, etc. 
 
A proibição de frequentar determinados lugares refere-se a bares, 
boates, casas de prostituição, estádios, etc. 
 
Já em relação à proibição de inscrição em concurso, parece-nos 
que o ilícito praticado deva guardar relação com o certame 
defraudado, como por exemplo, exame da OAB, concurso público. 
 
Veja-se que essa disposição de vedação de participação em 
concurso público mostra-se supérflua, haja vista que a 
condenação penal é causa automática desse efeito (art. 92, I, a, do 
C.P. e art. 15, II, C.F.). 
 
 
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LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA 
 
Consiste na obrigação de o condenado se recolher aos sábados, 
domingos e feriados em Casa do Albergado ou estabelecimento 
similar, possuindo, assim natureza de prisão descontínua, nada 
obstante o legislador a considere como pena restritiva de direitos. 
 
Para seu cumprimento, o condenado deverá permanecer, durante 
o tempo correspondente à prisão substituída, durante cinco horas 
diárias, na Casa do Albergado, frequentando palestras ou cursos 
que promovam sua reabilitação, ou, praticando atividades 
educativas. 
 
 
REGRAS PARA A SUBSTITUIÇÃO 
 
a) pena fixada igual ou inferior a 1 (um) ano: pode substituir a 
prisão por uma restritiva de direitos ou multa; 
 
b) pena inferior a 6 (seis) meses: não pode fixar prestação de 
serviços à comunidade; 
 
c) pena superior a 1 (um) ano: substitui a prisão por um restritiva 
de direitos e uma multa ou, duas restritivas de direitos. 
Essa substituição é feita pelo juiz da sentença. 
 
 
CONVERSÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS EM 
PRIVATIVA DE LIBERDADE 
 
A pena restritiva de direitos poderá ser convertida em pena 
privativa de liberdade sempre que ocorrer o descumprimento 
injustificado da pena. Neste caso, da pena privativa de liberdade a 
ser executada será deduzido o tempo de pena já cumprido na pena 
restritiva de direitos, respeitando o cumprimento mínimo de 30 
(trinta) dias de detenção ou reclusão. 
 
Quando ocorrer faltas graves também haverá a revogação. 
 
Se, sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade por outro 
crime, o juiz da execução decidirá sobre a conversão, podendo 
deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena 
substitutiva anterior. Ex: prestação pecuniária e privativa de 
liberdade. 
 
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PENA DE MULTA 
(art. 49, CP) 
 
A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da 
quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no 
mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) 
dias-multa. 
 
A multa é o pagamento de uma quantia em dinheiro em favor do 
Estado (Fundo Penitenciário do Estado – FUNPESP em São Paulo), 
diferente, portanto, da pena de prestação pecuniária cujo valor 
reverte em favor da vítima ou entidade assistencial. 
 
A pena de multa pode ser de duas espécies: 
 
a) originária, quando descrita abstratamente no preceito 
secundário da lei penal incriminadora, podendo estar prevista de 
forma isolada,cumulativa ou alternativa com a pena privativa de 
liberdade. 
 
O uso ilegítimo de uniforme ou distintivo, contravenção penal 
descrita no art. 46, do Decreto-lei n. 3.688/41, é punido apenas 
com a multa (isolada); o crime de violação de domicílio (art. 150, 
do CP) é punido com pena de detenção de 1 a 3 meses ou multa 
(alternativa), enquanto que o crime de estelionato (art. 171, do CP) 
é punido com pena 1 a 5 anos de reclusão e multa. 
 
b) substitutiva, quando ela é aplicada em substituição a uma pena 
privativa de liberdade fixada na sentença. Estão previstas no art. 
44 e 60, § 2º, todos do CP. 
É a chamada multa substitutiva ou vicariante. 
 
É importante observar que a multa prevista no art. 60, § 2º não 
está revogada pela Lei n. 9.714/98, na medida em que ela não 
exige que o crime seja cometido sem violência ou grave ameaça à 
pessoa, sendo assim, diferentes os requisitos apontados na lei 
mencionada. Além disso, a multa do art. 60, § 2º exige que o réu 
não seja reincidente em crime doloso e a culpabilidade, os 
antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, 
bem como as circunstâncias e os motivos indiquem que a 
substituição seja suficiente. 
 
O critério adotado no Brasil é o do dia-multa, embora exista 
legislação especial com critérios próprios. 
 
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§ 1º O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser 
inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensalmente 
vigente ao tempo do fato, nem superior a 5(cinco) vezes esse salário. 
 
O juiz aplica a multa seguindo o critério bifásico (da multa): fixa o 
número de dias multa entre o mínimo de 10 e o máximo de 360. 
 
Na sequência, fixa o valor de cada dia-multa, não podendo este ser 
inferior a 1/30 (um trigésimo) do maior salário mínimo mensal, 
nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. 
 
Na fixação desse valor o juiz deverá atentar à situação econômica 
do réu (art. 60, do CP) – Na fixação da pena de multa o juiz deverá 
atender, principalmente, à situação econômica do réu. 
 
O dia multa deve ter valor equivalente a um dia de trabalho. 
 
Se, mesmo fixada no patamar máximo, o juiz verificar a ineficácia 
da multa, poderá triplicá-la, consoante a regra do § 1º, do art. 60, 
do CP: A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar 
que, em virtude da situação econômica do réu é ineficaz, embora 
aplicada no máximo. 
 
Atualização da multa 
 
De acordo com o art. 49, § 2º, o valor da multa será atualizado, 
quando da execução, pelos índices de correção monetária. 
 
O termo a quo para a atualização monetária deve dar-se a partir 
da data do fato, nos termos da Súmula 43, do Superior Tribunal 
de Justiça. 
 
INCIDE CORREÇÃO MONETARIA SOBRE DIVIDA POR ATO ILICITO 
A PARTIR DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO. 
(Súmula 43, CORTE ESPECIAL, julgado em 14/05/1992, DJ 
20/05/1992, p. 7074). 
 
Pagamento da multa 
 
Depois que a sentença condenatória transitar em julgado o réu 
será intimado para efetuar o pagamento da multa em 10 (dez) 
dias. A pedido do condenado, o juiz permitirá que esse pagamento 
se faça em parcelas mensais (art. 50, CP) – A multa deve ser paga 
dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. 
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A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz 
pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. 
 
Poderá também ocorrer o desconto no salário do condenado, 
impondo-se neste caso, o limite máximo da quarta parte da 
remuneração e o mínimo de 1/10 (um décimo) da remuneração, 
nos termos do art. 168, da Lei de Execução Penal. 
 
Esse desconto, evidentemente, não poderá incidir sobre os 
recursos indispensáveis ao sustento do condenado e sua família. 
 
Não pagamento da multa: consequência 
 
Não efetuado o pagamento, a multa será considerada dívida de 
valor, devendo ser inscrita em dívida ativa. A multa continua 
sendo penal e por isso, em caso de morte não se transmite 
(princípio da intranscendência). 
 
Uma vez inscrita, a legislação a ser observada é a relativa à dívida 
ativa da Fazenda Pública, inclusive, quanto à prescrição e causas 
suspensivas ou interruptivas. 
 
Não poderá mais ser convertida em pena privativa de 
liberdade. 
 
Cumulação de multas 
 
Quando ao tipo penal é cominada abstratamente duas penas, 
sendo uma privativa de liberdade e uma multa, é possível a 
conversão daquela em multa, se presentes os requisitos (pena até 
um ano). 
 
A respeito dessa conversão há dois posicionamentos: 
 
1) a pena substitutiva absorve a pena de multa prevista 
abstratamente; 
 
2) o magistrado deverá, além de efetuar a substituição, cominar 
também a multa prevista abstratamente, a fim de que não se 
ignore uma das penas. 
 
O segundo posicionamento é o mais aceito, haja vista que quando 
o art. 44, inciso III utiliza a expressão que essa substituição seja 
suficiente significa dizer que não seja necessária a aplicação da 
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pena privativa de liberdade e, portanto, a multa já é suficiente 
para prevenção e punição. 
 
Todavia, quando se tratar de hipótese de cumulação prevista em 
lei especial, não poderá o juiz efetuar a substituição da prisão por 
multa. Esse, aliás, é o teor da Súmula 171, do superior Tribunal 
de Justiça. 
 
 
COMINADAS CUMULATIVAMENTE, EM LEI ESPECIAL, PENAS 
PRIVATIVA DE LIBERDADE E PECUNIARIA, E DEFESO A 
SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR MULTA. 
(Súmula 171, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/1996, DJ 
31/10/1996, p. 42124). 
 
Importante ressaltar que na multa substitutiva incide as causas 
de aumento ou diminuição da pena, obedecendo-se o critério 
trifásico, que não se confunde com o critério bifásico da multa 
(quantidade de dias e depois valor do dia-multa). 
 
Suspensão da execução da multa 
 
Nos termos do art. 52, do CP, a superveniência de doença mental 
acarreta a suspensão da execução da multa, mas o prazo 
prescricional continua contando, por falta de previsão legal – É 
suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado 
doença mental. 
 
Sursis – suspensão condicional da pena e multa 
 
Nos termos do art. 80, do CP, a suspensão condicional da pena 
(privativa de liberdade) não se estende à pena restritiva de direitos 
nem à multa. Logo, sendo o réu condenado a uma pena privativa 
de liberdade não superior a 2 (dois) anos e também à pena de 
multa, caso o juiz lhe conceda o sursis em relação à pena 
corporal, continuará obrigado ao pagamento da multa a que fora 
condenado. 
 
Concurso de crime e multa 
 
Segundo o art. 72, do CP, No concurso de crimes, as penas de 
multa são aplicadas distinta e integralmente. 
 
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Assim, na hipótese de crime continuado, caso tenha sido cometido 
oito crimes (furtos), o juiz deverá aplicar, no mínimo, 80 dias-
multa (10 para cada crime) somando as penas.

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