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Unidade III – Avaliação Antropométrica Disciplina: Avaliação Nutricional Prof. Alessandra Frasnelli Faria Nutricionista Mestre em Patologia Antropometria • É a medida do tamanho corporal e de suas proporções • É o método preconizado pela vigilância nutricional, aplicável em todos os ciclos de vida e permite a classificação de indivíduos/ grupos em graus de nutrição • Medidas antropométricas → indicador direto do estado nutricional Vantagens Limitações + barato, + simples, fácil obtenção e padronização, utilização de técnicas não invasivas Incapaz de detectar alterações no EN e identificar deficiências específicas de nutrientes Altura (estatura) - obtida por via direta • O indivíduo deve ser capaz de ficar em pé Altura do paciente hospitalizado (indireta) • Altura deitado: – Colocar o paciente em decúbito dorsal (deitado de costas), o mais reto possível, com o leito em posição horizontal, fazer marcas no lençol na altura do topo da cabeça e da base do pé – Medir o comprimento entre as marcas com uma fita métrica • Método da chanfradura: – Colocam-se os braços do paciente estendidos em um ângulo reto (90°) com o corpo – Mede-se à distância entre as pontas dos dedos médios (3º quirodáctilo) da mão esquerda e da direita passando pela chanfradura esternal (no nível do segmento central da incisura jugular) – Este método também pode ser adaptado para o que chamamos de hemi-envergadura, neste caso a leitura é feita somente com um dos braços estendidos, duplicando-se o resultado (Lohman, 1988; Frank, 2002) • Semienvergadura (cm): – Não requer equipamento especial, sendo eficaz para pacientes com disfunção dos membros inferiores – Se for possível, usar o braço esquerdo para medir a distância entre o espaço membranoso dos dedos médios e o terço medial da fúrcula esternal – Técnica: colocar o paciente em posição horizontal e alinhado com os ombros Mulheres (1,35 x semienvergadura) + 60,1 Homens (1,40 x semienvergadura) + 57,8 Altura do paciente hospitalizado (indireta) A estatura (cm) é calculada com base nas fórmulas: Altura do joelho: – É feita com o paciente em posição supina, formando um ângulo de 90° com o joelho e tornozelo – A régua (ou fita métrica) deve ser posicionada no nível da base do calcanhar e a sua outra extremidade deve ser localizada na cabeça da fíbula (Chumlea e cols, 1985) • O resultado da aferição deve ser aplicado à fórmula a seguir: Mulheres [84,88 - (0,24 x I)] + (1,83 x AJ) Homens [63,19 - (0,04 x I)] + (2,02 x AJ) Altura do paciente hospitalizado (indireta) I = Idade (anos) AJ = Altura do joelho (cm) Peso corporal Peso Usual (PU): – É utilizado como referência nas mudanças recentes de peso ou quando não há possibilidade de se medir o peso atual Classificação % Peso usual Grau de desnutrição 85 – 95 Leve 75 – 84 Moderada 0 - 74 Grave % Peso Usual = PA x 100 PU Fonte: Blackburn et al, 1977 (apud Bernard, 1986) Porcentagem de mudança ponderal recente: % Mudança ponderal recente = (PU – PA) X 100 PU Perda ponderal importante: ≥ 1 – 2% em uma semana ≥ 5% em um mês ≥ 7,5% em três meses ≥ 10% em seis meses ou mais IMC • IMC (Índice de Quetelet): É o índice simples de estado nutricional, recomendado pela OMS, especialmente para adultos, calculado a partir da fórmula: IMC = PA(Kg) Est (m²) • Limitações: – Usado para adultos – Não distingue o peso associado ao músculo ou à gordura corporal – Não expressa a influência na saúde ocasionada pela distribuição de gordura corporal Classificação do Estado Nutricional Adultos (OMS 1995 e 1997) IMC Classificação Risco de Co-morbidades < 16 Magreza Grau III Alto 16 – 16,9 Magreza Grau II Moderado 17 – 18,4 Magreza Grau I Baixo 18,5 – 24,9 Eutrofia 25 – 29,9 Pré-obeso Baixo 30 – 34,9 Obesidade Grau I Moderado 35 – 39,9 Obesidade Grau II Alto ≥ 40 Obesidade Grau III Muito Alto Classificação do Estado Nutricional Idosos (OMS 1995 e 1997) IMC Classificação < 22 Magreza ≥ 22 - 27 Eutrofia > 27 Excesso de peso Peso corporal Peso Ideal (PI): – É o peso definido como meta para o tratamento dietoterápico – O cálculo do peso ideal pode ser feito pelo índice de massa corporal IMC: Peso Teórico (PT): PT = IMC (média) x (altura)2 Média: Adultos = 21,7 Kg/m2 IMC ideal: 18,5 - 24,9 Kg/m2 (OMS) Idosos = 24,5 Kg/m2 IMC ideal: 22 - 27 Kg/m2 (Lipschitz, 1994) PI = IMC desejado x estatura (m2) Interpretação da alteração do peso corporal • % Peso Ideal (PI): – %PI = PA x 100 PI • % Peso Habitual (PH): – %PH = PA x 100 PH • % Alteração do Peso: – % Alt. Peso = (PH – PA) x 100 PH Interpretação do % PI e do % PH % PI % PH Risco Nutricional > 120 - Obesidade 110 a 120 - Sobrepeso 90 a 109 - Nenhum 80 a 89 85 a 95 Baixo 70 a 79 75 a 84 Moderado < 70 < 75 Grave Interpretação das alterações involuntárias do peso Intervalo Perda ponderal significativa Perda ponderal grave 1 semana 1 a 2% > 2% 1 mês 5% > 5% 3 meses 7,5% > 7,5% 6 meses 10% > 10% Peso corporal Peso estimado pela altura do joelho: Homem: (0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x PCSE) - 81,69 Mulheres: (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x PCSE) - 62,35 Fonte: Chumlea e cols, 1987 Onde: CP = circunferência da panturrilha CB = circunferência do braço PCSE = prega cutânea subescapular AJ = altura do joelho Peso corporal Peso corporal ideal ajustado na AMPUTAÇÃO: Parte amputada Proporção de peso (%)* Média** Mão 0,8 Antebraço 2,5 Braço até o ombro 5,8 Pé 1,7 Perna abaixo do joelho 5,6 Perna acima do joelho 10,9 Perna inteira 17,8 100 - % da amputação x Peso ideal para estatura 100 *Para amputações bilaterais, as porcentagens dobram **Média (Martins, 1998; Brunnstrom, 1981; Osterkamp, 1995) Peso ajustado: – Utilizada para pacientes: • OBESOS • DESNUTRIDOS Peso ajustado = (PA – PI) x 0,25 + PA Peso corporal Peso corporal Estimativa de peso corporal em paciente com edema Edema Localização *Total de peso a ser subtraído Grau Edema periférico + Tornozelo 1 kg Leve 1,0 kg ++ Joelho 3 a 4 kg Moderado 5,0 kg +++ Base da coxa 5 a 6 kg Grave 10,0 kg ++++ Anasarca 10 a 12 kg Fonte: James, 1989 (adaptado) Fonte: Materese, 1997, apud Isosaki, 2004; Martins, 1998. *Deve-se descontar do peso atual estes valores para obtenção do peso “seco” (Isosaki 2004) Peso corporal • Estimativa de peso de acordo com a intensidade da ascite Grau da ascite Peso a retirar Leve 2,2 kg Moderada 6,0 kg Grave 14,0 kg Fonte: James, 1989 Indicadores de distribuição de gordura corporal • Estudos indicam que a distribuição da gordura corporal pelo corpo é mais importante que a gordura corporal total na determinação do risco de doenças • Tipos de gordura: – Andróide (gordura abdominal) → maior risco – Ginóide (gordura concentrada na região dos glúteos e quadris) • As medidas das circunferências em regiões específicas do corpo são indicadas quando: – O avaliado apresentar quantidade de gordura corporal excessivamente elevada, o que faz as espessuras de dobras cutâneas ultrapassarem o limite recomendável que possa assegurar medidas de boa qualidade ( 40mm) – Quando o objetivo é reunirinformações direcionadas ao padrão de distribuição regional da gordura corporal • Vantagens: – Simplicidade, facilidade, aceitabilidade • Desvantagens: – Demonstra fragilidade como variável preditora da quantidade de gordura corporal em razão de suas dimensões incluírem outros tecidos e órgãos além do tecido adiposo Circunferências Pontos a serem observados: • Uso de fita métrica inextensível e não elástica • Realização de medidas seriadas pelo mesmo observador (triplicata) • Cuidados para evitar compressão do tecido adiposo subcutâneo no momento da medição • Posicionamento correto da fita • Circunferência da cintura → determinada no plano horizontal, no ponto coincidente com a distância média entre a última costela e a crista ilíaca. A medida é obtida ao final de uma expiração normal, sem compressão da pele. Este é o ponto adotado pela OMS Circunferências Último rebordo costal Última costela Crista ilíaca Ponto médio para medir a cintura Circunferência da cintura e do abdômen Medida da cintura Medida do abdômen A avaliação da adiposidade visceral e associação com doenças crônicas não transmissíveis Circunferência abdominal Aumentado Muito aumentado Mulheres ≥ 80 cm ≥ 88 cm Homens ≥ 94 cm ≥ 102 cm • A circunferência do quadril é determinada no plano horizontal, no nível de maior protuberância posterior dos glúteos. Para a realização da medida, o avaliador deverá postar-se lateralmente ao avaliado Relação cintura/ quadril • Identifica a distribuição da gordura como um indicador de risco • A proporção da circunferência da cintura e do quadril (RCQ) diferencia a obesidade andróide e ginecóide RCQ = CC CQ Onde: RCQ = relação cintura quadril CC = circunferência da cintura CQ = circunferência do quadril Relação cintura/quadril Homens Mulheres ALTO RISCO > 0,95 > 0,85 RISCO MODERADO 0,90 a 0,95 0,80 a 0,85 BAIXO RISCO < 0,90 < 0,80 Fonte: Bjorntorpo, 1986 • A CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO (CB) é o parâmetro nutricional antropométrico recomendado pela OMS para a estimativa da proteína muscular esquelética total • Representa a somatória das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e gorduroso do braço • Essa medida é complementar e depende do objetivo da proposta - como por exemplo, a área muscular do braço utilizando-se a dobra cutânea do tríceps • Pode ser utilizada como indicador isolado de magreza ou adiposidade quando se utiliza os percentis Circunferência do braço Para a sua obtenção, o braço a ser avaliado deve estar flexionado em direção ao tórax, formando um ângulo de 90º. Localizar e marcar o ponto médio entre o acrômio e o olécrano. Solicitar ao indivíduo que fique com o braço estendido ao longo do corpo com a palma da mão voltada para a coxa. Contornar o braço com fita no ponto marcado de forma ajustada mas evitando a compressão da pele ou folga Ponto médio do braço Aferição da circunferência do braço Dobra Cutânea e Circunferências (Proteína Somática) Idade (anos) HOMENS MULHERES PCT Percent il (mm) CB Percent il (cm) CMB Percent il (cm) PCT Percent il (mm) CB Percent il (cm) CMB Percent il (cm) 50 50 50 50 50 50 55 – 64,9 11 31,7 27,8 25 30,3 22,5 65 – 74,9 11 30,7 26,8 24 29,9 22,5 60 – 69* 12,7 32,7 28,4 24,1 31,2 23,5 70 – 79* 12,4 31,3 27,2 21,8 30,1 23,0 80 +* 11,2 29,5 25,7 18,1 28,4 22,6 Dobra cutânea tricipital ou PCT: Circunferência do Braço (CB): Circunferência Muscular do Braço (CMB): Adequação da PCT (%) = PCT obtida (mm) x 100 PCT percentil 50 Adequação da CB (%) = CB obtida (cm) x 100 CB percentil 50 CMB = CB (cm) – (PCT mm x 0,314) Adequação da CMB (%) = CMB obtida (cm )x 100 CMB percentil 50 Fonte: Blackburn, 1977 Fonte: Frisancho, 1981; *NHANES III, 1994 apud Kamimura, 2002 INTERPRETAÇÃO (PCT, CB e CMB) Classificação % do ideal PCT e CB CMB Obesidade > 120 - Sobrepeso 120 - 110% - Eutrófico 110 – 90% 110 – 90% Desnutrição leve 90 – 80% 90 – 80% Desnutrição moderada 80 – 70% 80 – 70% Desnutrição grave < 70 < 70
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