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SUCESSÕES. Abertura da sucessão: A sucessão se abre no momento da morte do de cujus transmitindo-se automaticamente a herança aos herdeiros legítimos e testamentários. Isso se dá porque não se admite que um patrimônio permaneça sem proprietário, com a transferência imediata fica garantido a continuidade das relações jurídicas do defunto. A sucessão será regulada pela lei vigente na data da sua abertura, ou seja, na data do óbito. Assim sendo, se o óbito ocorreu antes de CRFB/88, por exemplo, o filho adotivo não terá direito a sucessão quando os adotantes já possuíam filhos biológicos no momento da adoção. Se ocorreu depois, os filhos adotivos concorrem em igualdade de condições com os filhos biológicos. Assim como a ordem de vocação hereditária prevista no CC de 2002 somente será aplicada nas sucessões aberta após a vigência do referido Codex. Pressupostos da sucessão: Morte real ou presumida do de cujus; Herdeiros vivo. Havendo a morte real ou presumida do autor da herança e sobrevivendo herdeiros transmite- se a eles a herança de acordo com a ordem de vocação hereditária (art. 1.829). Princípio de saisine: Por este princípio, a posse da herança por ficção jurídica é transmitida aos herdeiros no mesmo momento da morte do de cujus. Previsto no CC de 2002 no art. 1.784. Espécie de sucessão e sucessores: Sucessão legítima: É aquela prevista em lei; Morrendo a pessoa sem testamento a herança é transmitida in continenti aos herdeiros legítimos previstos no art. 1829 e de acordo com a ordem preferencial lá prevista. Herdeiros legítimos: Descendentes, cônjuges, ascendentes e colaterais. Transmite-se também aos herdeiros legítimos os bens não alcançados pelo testamento. Neste caso a sucessão será legítima e testamentária. Nos casos em que haja testamento e este caduque ou, seja considerado nulo ocorrerá também à sucessão aos herdeiros legítimos. Sucessão testamentária: É aquela realizada por ato de manifestação de última vontade prevista em testamento ou codicilo. Havendo herdeiros necessários (descendentes, cônjuge ou ascendentes) sobreviventes a herança deve ser dividida em duas partes iguais. Uma das partes é a herança necessária chamada de LEGÍTIMA e o testador não pode se dispor dela. A outra metade poderá ser disposta por testamento de forma livre pra qualquer um dos herdeiros, ou para estranhos. Sucessão universal: Aquela em que o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança. Na universalidade de direitos e obrigações do de cujus. A sucessão legítima é sempre a título universal. Pode ocorrer na sucessão legítima ou na testamentária. Sucessão singular: Aquela em que o testador deixa ao beneficiário coisa específica, individualizada. Nestes casos não há que se falar em herdeiro, mas legatário já que herança é a universalidade de direitos do de cujus. Ocorre apenas na sucessão testamentária. Classificação de herdeiros: Sucessor legítimo: São aqueles indicados pela lei em ordem preferencial no art. 1829. A existência de um herdeiro preferencial exclui os outros. EX.: descendentes excluem a herança dos ascendentes, ascendentes exclui dos colaterais, etc. Os sucessores legítimos se subdividem em: Sucessor necessário: São os que tem assegurado por lei um percentual da herança do de cujus. Previstos no art. 1.845 são: descendentes, cônjuges e ascendentes. Tem direito a LEGÍTIMA que vem a ser a metade da herança. Sucessor facultativo: São os que não possuem direito a parte da herança assegurado por lei, podendo ser excluído dela por testamento. Ex.: Colaterais (irmãos, primos, sobrinhos). Sucessor testamentário: São aqueles indicados em testamento para concorrer à herança (universalidade de direitos). Sucessor universal: Herdeiro único que receberá a totalidade da herança por meio de adjudicação judicial e não partilha. Existe por força de lei e por inexistência ou renúncia de outros herdeiros. Legatário: Aquele que por testamento possuem direito a bem determinado e individualizado, mas não à herança enquanto universalidade de direitos. HERANÇA: Herança é universalidade de direitos. O direito a sucessão aberta é considerado bem imóvel ainda que composta apenas por bens móveis. A herança é deferida como um todo unitário mesmo sendo vários seus herdeiros. Por isso, até que se efetue a partilha, como ainda não foi definido qual o quinhão de cada um, o direito dos coerdeiros em relação à propriedade e posse da herança é indivisível e regulado pelas regras inerentes ao condomínio. Art. 1791 e seguintes. Assim nenhum herdeiro tem direito exclusivo sobre um bem específico que compõe o acervo hereditário (massa dos bens deixados). A indivisibilidade diz respeito à posse e propriedade dos bens hereditários desde sua abertura até a partilha. No entanto, os herdeiros poderão ceder ou alienar a sua parte ideal, ou seja, o direito à sucessão aberta que é considerado como bem imóvel e por isso exige-se escritura pública de cessão de direitos hereditários e outorga uxória/marital. Não é possível transferir a terceiro parte certa e determinada do acervo já que ainda não é sabida. A cessão poderá ser onerosa ou gratuita. Se onerosa deverá respeitar direito de preferência aos outros coerdeiros, pois eles possuem os mesmo direitos inerentes ao condomínio. Em se tratando de cessão gratuita tal observância não se faz necessária sendo certo que se trata de uma liberalidade na suscetível à preferência. Se a cessão ocorrer sem observar o direito de preferência será ineficaz em relação aos outros herdeiros que se interessados poderão , no prazo de 180 dias a partir da apresentação da escritura ao juízo orfanológico, propor ação de consignação em pagamento c/c adjudicação compulsória em face do adquirente para ter seu direito de preferência garantido. O terceiro não sairá prejudicado tendo em vista que recebera de volta o valor pago pela cessão. A escritura de cessão por se tratar de negócio jurídico aleatório, ou seja, cujo objeto é coisa futura e não se pode determinar imediatamente, não vai a registro apenas será juntada aos autos do inventário. O cessionário não poderá se voltar contra o cedente caso ao final da partilha receba patrimônio aquém do esperado já que realizou negócio aleatório e por isso de risco. Não pode, portanto nada receber tendo em vista que sua álea é relativa e não absoluta. Sucessão nos regimes de bens: Comunhão universal: O cônjuge não participa da herança tendo direito apenas à meação. Separação obrigatória: O cônjuge terá direito a meação dos bens adquiridos na constância do casamento, mas também não terá direito à herança. Participação final nos aquestos: O cônjuge terá direito a meação e também concorrerá com os descendentes ou ascendentes na herança. Separação convencional: Até 2015 o entendimento era de que quando a lei se referiu a não participação do cônjuge nos casos de separação obrigatória, referiu-se também à separação convencional. A partir de 2015 o STJ tem se posicionado pela interpretação literal do 1829, I no sentido de permitir a participação na sucessão nos casos de separação convencional. Já que a idéia do legislador é a de conferir participação sucessória naquelas circunstâncias em que ele não esteja amparado pela meação o casado por esse regime deve concorrer à sucessão. Comunhão parcial de bens: Regime padrão desde 1977. Inicialmente entendia-se que havendo bens particulares o cônjuge supérstite concorreria com os outros herdeiros no total da herança, ou seja, nos bens comuns em que também foi meeiro e nos bens particulares. Até meados de 2015 passou o STJ a entender que o cônjuge supérstitesó teria direito a herança dos bens comuns do qual já era meeiro. Os particulares seriam divididos entre os outros herdeiros. Atualmente prevalece o entendimento de que o cônjuge supérstite só tem direito a herança dos bens particulares do de cujus, sendo certo que já está amparada em relação aos bens comuns pela meação. União Estável: O companheiro sobrevivente é meeiro e herdeiro dos aquestos (bens adquiridos onerosamente na constância da união estável). Apesar de não haver previsão expressa no CC 2002, o companheiro tem Direito Real de Habitação sobre o único imóvel destinado a sua habitação e da família inventariada. Não há que se falar mais em usufruto vidual após o CC de 2002 já que a partir daí o companheiro passou a ser herdeiro dos aquestos. O companheiro só terá direito a herança dos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, dos quais também é meeiro. Concorrência: Filhos comuns: repartido igualmente entre filhos e companheiro; Filhos apenas do autor da herança (de cujus): Companheiro recebe metade que os filhos receberem. Outros herdeiros necessários: Concorrendo com outros parentes sucessíveis (ascendentes, colaterais, etc) terá direito apenas 1/3. Não havendo parentes o companheiro terá direito a integralidade da herança. Concorrência entre cônjuges e filhos: Existindo a concorrência deverão ser observadas as seguintes regras: Filhos só do de cujus ou híbridos: Nesses casos o cônjuge concorrerá igualitariamente sobre os bens particulares com os descendentes. Os bens comuns serão divididos apenas entre os descendentes. Filhos comuns: Havendo filhos comuns, os bens particulares serão também divididos igualitariamente. No entanto, ocorre aqui a chamada RESERVA DE QUINHÃO, onde não poderá o cônjuge receber quinhão inferior a 25%. Assim havendo mais de quatro herdeiros, o cônjuge terá direito a ¼ e os outros terão direito a divisão igualitária dos ¾ remanescentes. Ex.: João casado com Maria regime da comunhão parcial de bens. Casal têm 4 filhos em comum. João falece. Bens particulares 500 mil, bens comuns 500 mil. Meação 250 mil. Herança: 500 bem particular e 250 bem comum. Maria tem direito a 25 % dos bens particulares, ou seja, 125. Filhos tem direito a divisão igualitária dos 375 restantes, igual a = 93, 75. E também à divisão igualitária dos 250 bem comum. Ascendentes em concorrência com o cônjuge: Caso o de cujus não deixe filhos, o cônjuge concorrerá com o ascendente independente do regime de bens do casamento. Pai e mãe do de cujus: Se os pais do de cujos forem vivos ou apenas um será dividido de forma igualitária com o cônjuge (1/3 e ½ respectivamente). Sendo certo que no caso de falecimento de um dos pais o avô do de cujus não concorre já que na linha ascendente a existência de um parente mais próximo exclui os mais remotos. Ascendente em grau superior ao primeiro grau: Não havendo pais vivos o cônjuge terá direito a metade da herança e a outra metade pros colaterais de grau mais próximo. Direito real de habitação do cônjuge – art. 1831: Se houver um único imóvel a inventariar que seja destinado a habitação do cônjuge supérstite e família terá sobre ele direito real de habitação, independente do regime de bens, sem prejuízo da parte que lhe cabe na herança. Tal previsão tem objetivo de garantir a mesma dignidade que o cônjuge sobrevivente tinha antes da morte do seu parceiro. Exclusão do cônjuge da sucessão art. 1830: O cônjuge separado judicialmente e o separado de fato por mais de 02 anos ficam excluídos da sucessão. No entanto, a parte final do art. 1.830 permite que o cônjuge sobrevivente prove que não deu causa à separação de fato. Neste sentido, o STJ entendeu possível tal prova através de ação autônoma tendo o supérstite o ônus da prova. Logrando êxito nesta empreitada, terá direito à sucessão. Sucessão por direito próprio e por representação: Sucessão por direito próprio é aquela em que herdeiro sucede de modo primitivo naquela sucessão recebendo de forma direta o patrimônio da sucessão. Ex.: filho herança do pai. Em regra a sucessão por direito próprio se divide por cabeça de forma igualitária. Ex.: 3 filhos, 1/3 para cada. Sucessão por representação o herdeiro é chamado para receber o quinhão que o herdeiro direto receberia se vivo fosse. Assim, a divisão dos quinhões se dará pelo número de herdeiros primitivos e o quinhão referente ao herdeiro primitivo pré morto será distribuído igualitariamente entre os herdeiros por representação. Ex.: F1, F2 herdeiros primitivos recebem ½ da herança. F1 é premorto e tem dois filhos N1 e N2. Estes receberão a metade de ½, ou seja, ¼ cada. Sendo todos os descentes de primeiro grau forem premortos ou descendentes de segundo grau não receberão por direito de representação, mas por direito próprio dividido por cabeça. Ex.: F1 e F2 premortos com 2 filhos cada. Seus filhos e netos do de cujus receberão 1/4 da herança cada. Regras sucessão por representação: Só existe na linha descendente e na colateral para sobrinhos do de cujus, sendo certo que na linha ascendente o mais próximo exclui o mais remoto. Para haver representação faz se necessário que no momento da abertura da sucessão exista descendentes de diferentes graus ocupando a linha sucessória. Ex.: Comoriência e Premorte: Nos casos de comoriência em que não se pode precisar a hora exata da morte de duas ou mais pessoas, os comorientes serão considerados premortos na sucessão um do outro. Assim sendo, morrendo um pai e filho em situação de comoriência um não participará da herança do outro. Se tiverem filhos receberão a herança por representação. Se houver cônjuge nada receberá, pois a morte extingue o casamento. Sucessão de colaterais: Colaterais são herdeiros legítimos facultativos e por isso podem ser excluídos da sucessão. A sucessão colateral termina no quarto grau. Os irmãos colaterais em segundo grau são os primeiros na linha de sucessão. Irmãos bilaterais (mesmo pai e mãe) recebem o dobro dos irmãos unilaterais (só pai/mãe). Representação de colaterais: Na sucessão de colaterais o direito de representação só é admitido para o sobrinho do de cujus, assim, havendo dois irmãos sendo um premorto seu filho herdará por direito de representação e o outro irmão herdará por direito próprio. Não havendo irmãos vivos, passa-se a terceira linha de colaterais composta por tios e sobrinhos. O direito brasileiro privilegiou os sobrinhos em detrimento dos tios por conta da idade. Sendo certo que sobrinhos bilaterais recebem o dobro do que os unilaterais. Na falta de irmãos, sobrinhos e tios, a herança será divida entre os colaterais de 4º grau (tio avô, primo, sobrinho neto) por direito próprio e por cabeça. Sucessão de Ente Público: No CC de 1916 o Ente Público constava na ordem de vocação hereditária. No entanto o entendimento majoritário é que o Ente Público não é herdeiro, mas sucessor irregular já que depende de sentença judicial para ter direito à herança, enquanto os herdeiros legítimos ou testamentário já são proprietário desde a abertura da herança com a morte do de cujus. O CC de 2002 exclui o Ente Público da ordem de vocação sucessória. Herança Jacente: Constatada a inexistência de herdeiros legítimos ou testamentários, ou tendo eles recusado a herança, o juiz por sentença declarará a herança jacente nomeando curador. A função do curador é administrar e preservar os bens que compõe a herança para que sejam entregues em perfeitas condições a possíveis herdeiros que venham aparecer ou ao Município. É ente despersonalizado, mas possui capacidade processual representada pelo curador.Habilitação de herdeiros e credores: Após o curador ser nomeado e ter em suas mãos a administração da herança serão publicados editais na tentativa de localizar herdeiros e credores do de cujus. O credor se habilitará na herança jacente após comprovado a veracidade do crédito. Assim será reservada parte da herança para seu pagamento. O herdeiro se habilitará após comprovado sua legitimidade. Nesse momento o juiz converterá a herança jacente em inventário. Herança vacante: Caso nenhum herdeiro apareça após um ano de publicação do primeiro edital, a herança será declarada vacante. O trânsito em julgado da sentença declaratória traz alguns efeitos práticos como, por exemplo, a impossibilidade de herdeiros colaterais reclamarem tal herança. Os credores da mesma forma não poderão reclamar seu crédito já que a declaração de vacância não visa a administração do acervo hereditário, mas sim sua entrega ao Ente Público. Herdeiros necessários e herança vacante: Em se tratando de herdeiro necessário (cônjuge, descendente e ascendente) após declarada a vacância poderão ajuizar ação reivindicatória de posse usando como fundamento o princípio de saisine no qual já tornaram-se proprietários da herança no momento do falecimento do de cujus. No entanto, tal possibilidade limita-se ao prazo de 05 anos após a morte do de cujus, ultrapassado tal período não poderão mais reivindicá-la. Usucapião e herança: A doutrina sempre discutiu a respeito da possibilidade ou não de usucapir um bem entre a morte do de cujus e a declaração de vacância d herança. No CC de 1916, como o Ente Público estava previsto na ordem de vocação hereditária como herdeiro, entendia-se que a ele aplicava-se o princípio de saisine com efeitos ex tunc tornando-o proprietário desde o óbito. Com o advento do CC de 2002 e exclusão do Ente Público do rol de herdeiros, criou-se o entendimento de que é possível usucapir bem pertencente à herança desde que cumprido os requisitos legais antes da declaração de vacância e independente da data de ajuizamento da ação de usucapião.
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