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Decisões de fundamentação remissiva e força dos precedentes

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A (IR) RECORRIBILIDADE DAS DECISÕES DE FUNDAMENTAÇÃO 
REMISSIVAS: influência da mitigação do dever de motivar do magistrado na força dos 
precedentes judiciais 
 
JONATAN LIMA FERREIRA1 
 
RESUMO: As decisões remissivas utilizam como própria a fundamentação da decisão 
anteriormente combatida, entretanto, tal conduta constitui ofensa ao dever de motivação 
que obriga o julgador a motivar todas suas manifestações de cunho decisório, não podendo 
restringir direitos sem a existência de norma de igual valor que permita ponderar os 
interesses em jogo. Inobstante isso, sendo o dever de motivação uma garantia de controle 
das partes, Tribunais e do povo, não poderá o magistrado com base em seu crivo pessoal 
decidir não cumprir o mandamento constitucional, já que tem a constituição força 
normativa e seus preceitos deverão ser observados e cumpridos sob pena de nulidade. Com 
o advento do novo Código de Processo Civil de 2015, a postura até então existente, apesar 
de censurável, não poderá mais prevalecer, já que com o destaque e a inserção da força dos 
precedentes judiciais o processo sofrerá profundas alterações e a jurisprudência além de 
interpretar a norma em conformação com a constituição, terá a tarefa, árdua de declarar e 
(ou) reconstruir o direito para aplicar ao caso concreto, revelando deste modo a 
importância de todos os elementos da decisão para a efetividade e para aplicação dos 
precedentes aos casos análogos. 
Palavra- chave: Constitucionalização do processo. Dever de motivação do magistrado. 
Teoria da nulidade. Força judicial dos precedentes. 
 
 
SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO, 2. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO, 3. 
NORMAS FUNDAMENTAIS PROCESSO CIVIL, 4. DAS DECISÕES JUDICIAIS, 5. 
DEVER DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES, 6. TEORIA DA NULIDADE JUDICIAL, 
7. FORÇA JUDICIAL DOS PRECEDENTES, 8. CONCLUSÃO, 9. REFERÊNCIA 
 
1 Professor, Especialista em Direito Civil e Processo Civil, Advogado em Salvador, Graduado em Direito, 
Mediador Judicial e Extrajudicial, Pesquisador voluntário em Mediação Comunitária na UFBA 
 
 
 INTRODUÇÃO 
A Constituição da República Federativa do Brasil, também chamada de carta 
magna, representa a conversão da soberania popular outorgada pelo povo aos 
representantes políticos para que em assembléia constituinte elaborassem um documento 
escrito de enorme importância para o Estado. 
Este documento confeccionado pelo poder originário possui supremacia em relação 
a qualquer outra legislação nacional, sendo responsável por constituí-lo, estabelecer 
deveres, assegurar direitos e irradiar princípios que deverão ser seguidos e respeitados por 
todos, inclusive pelo próprio legislador derivado que faz parte do ente estatal. 
Tais princípios são responsáveis por estabelecer diretrizes a serem observadas, 
tendo em vista constituir direitos dos cidadãos, e obrigação de respeito pelo próprio poder 
público e particular, sendo este o motivo de ter sido apelidada gentilmente por muitos de 
Constituição cidadã. 
Apesar de ser bastante proveitoso e enriquecedor uma análise pormenorizada de 
todos os artigos, parágrafos, incisos e (ou) alíneas da referida carta, tal estudo ultrapassaria 
o objetivo deste trabalho, assim como lhe descaracterizaria, já que se propõe a estudar uma 
prática cotidiana e reiterada de muitos juízes que se utilizam de fundamentação 
considerada remissivas em seu decidir, limitando-se a manter a decisão anterior pelos seus 
próprios fundamentos. 
Essa conduta além de não cumprir com o dever constitucional de motivação, 
também revela o total desprezo pelas conquistas da sociedade previstas na CRFB/1988 e 
que a cada dia mais vem sendo mitigada, revelando um nítido desrespeito ao direito- dever 
estipulado na norma fundamental. 
Sendo a obrigação de motivação uma dever constitucional processual disposto na 
CRFB/1988 em seu artigo 93, IX, não estaria o próprio poder judiciário, que tem o dever 
de proteger e dar a interpretação adequada da constituição violando dispositivo expresso 
que determinam que todas as decisões devem (ria) ser motivada (s)? 
Assim, resta clara a importância deste estudo e também demonstra sua total sintonia 
com o novo código de processo civil que entrará em vigor no ano de 2016, servindo para 
reforçar o apelo pela supremacia material da constituição, dando continuidade ao 
movimento de reforço da unicidade do ordenamento jurídico e intercomunicação dos 
ramos do direito separados por conveniência didática e prática. 
Neste prisma, insere-se este trabalho que tem por objetivo realizar o estudo da 
conduta desenvolvida por muitos magistrados de manutenção da anterior decisão por seus 
próprios fundamentos, realizando um estudo baseado em princípios constitucionais e (ou) 
processuais, de forma a construir idéias, soluções, ou quiçá tentar destacar a importância de 
seu estudo pela comunidade jurídica, alertando para a mitigação de direitos existentes nesta 
prática reiterada e o próprio cerceamento da ampla defesa assegurada na carta 
constitucional e no código de processo civil. 
O tema é de fundamental importância, já que persiste no mundo jurídico tal conduta 
e a decisão de manutenção da anterior com base em seus próprios fundamentos, além de 
ofender o disposto no CPC/73 (em vigor), violam frontalmente princípios assegurados na 
constituição cidadã. 
Levando-se em consideração que a norma disposta no artigo 93, IX da CRFB/1988 
pertence ao ordenamento jurídico brasileiro, sendo de fundamental importância para o 
processo, servindo como garantia da sociedade e como dever de observância obrigatória 
pelo Poder Judiciário, sua ausência constitui nulidade, já que para todo dever existe um 
direito correspondente que deverá ser assegurado. 
Tal conquista não pode ser suprimida sob pena de retrocesso, entretanto, a 
observação prática tem revelado que este desrespeito está incorporado na legislação 
nacional, rotinas de muitas varas e também dos próprios Tribunais, em total antagonismo 
ao dever constitucional processual de motivação, ofendendo garantias e violando a própria 
ampla defesa. 
Assim, este trabalho objetiva debater ou questionar o problema existente, 
promovendo um estudo de base doutrinária, pautada nos princípios constitucionais e 
fundamentais processuais que regem o sistema jurídico brasileiro, fortalecendo garantias e 
promovendo a segurança jurídica do sistema que garante que todas as decisões deverão ser 
fundamentadas sob pena de nulidade. 
2 CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO 
O processo civil passou por profundas transformações desde o seu surgimento que, 
segundo alguns, tiveram origem no chamado período clássico Greco- romano época 
marcada pela oralidade. Após, passou o processo para o período denominado de origem 
romana, sofrendo forte influência do período anterior em seu momento inicial, tratando o 
juiz como mero árbitro que decidia com base em critérios nitidamente pessoais 
(THEODORO JÚNIOR, 2014, p. 08-09). 
Segundo Sérgio Bermudes apud Humberto Theodoro Júnior (2014, p. 08-09), nesta 
fase o processo poderia ser dividido três grandes momentos, denominando de período 
primitivo, formulário e o último de fase de cognição extraordinária. No primeiro era dado 
às partes do processo liberdade para manipular a ação da lei; o segundo trazia pela primeira 
vez a figura do advogado, contraditório e concediam-se fórmulas de ações para compor as 
lides que seriam encaminhadas aos árbitros privados para julgamento. 
O terceiro e último período teve como principal característica a passagem da 
prestação jurisdicional para o poder público, adoção do processo escrito e desaparecimento 
da figura dos árbitros privados, já que a atividade jurisdicional se tornou privativa do poder 
público (THEODORO JÚNIOR, 2014, p.10). 
O professor Fredie Didier Júnior denomina estes momentos anteriorescomo 
sincretismo ou praxismo, já “que não havia a distinção entre o processo e o direito 
material” e muito menos preocupações de base científicas. Já o processualismo, momento 
subseqüente, foi responsável por demarcar a ”fronteira entre o direito processual e o direito 
material, com desenvolvimento científico das categorias processuais” (DIDIER JÚNIOR, 
2013, p. 31). 
A fase moderna ou científica passou a ver o processo como “instrumento social de 
pacificação e realização da vontade da lei (THEODORO JÚNIOR, 2014, p. 11), 
reconhecendo a diferença entre o direito material e processual, estabelecendo “entre eles 
uma relação circular de interdependência”, onde o direito processual concretizava o direito 
material (DIDIER JÚNIOR, 2013, p. 31) 
A visão de processo, reconhecido por muitos como meio ou instrumento que se 
utiliza o Estado no exercício do Estado democrático e de direito para concretização dos 
seus fins sociais, políticos ou jurídicos (BUENO, 2008, p. 55), com a sua evolução no 
tempo e a partir da entrada em vigor do Código de Processo Civil em 2015, além de manter 
as conquistas das fases anteriores, dará grande importância aos valores constitucionais, 
sendo chamada por alguns de formalismo-valorativo (OLIVEIRA apud DIDIER JÚNIOR, 
2013, p. 32) ou positivismo jurídico reconstruído (DIDIER JÚNIOR, 2015, p. 43, 1v), 
época da realização substancial da lei (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, 
p.57) 
Como instrumento destinado ao atingimento das finalidades públicas, o processo 
civil e outros institutos do direito têm como tarefa a concretização de direitos 
fundamentais, não podendo se afastar deste objetivo que fundamenta e preenche, sendo, 
inclusive, objetivo do novo desenho da jurisdição traçado no CPC/2015 (MARINONI; 
ARENHART; MITIDIER, 2015, p.51) 
Atualmente ainda é possível afirmar, com toda propriedade, que o sistema jurídico 
não atingiu a tão sonhada unicidade. A separação didática efetuada nas academias para 
uma maior compreensão dos discentes era, na verdade, um distanciamento real e difundido 
que não permitia ter a necessária noção da realidade e perceber o afastamento existente 
entre as normas constitucionais e infraconstitucionais, ocasionando uma total cegueira 
jurídica! 
Neste sentido, o novo código que entrará em vigor no ano de 2016, preocupado 
com o distanciamento das normas e seguindo uma tendência de constitucionalização, 
procurou incorporar normas fundamentais às de direito processual de forma não só a 
concretizá-las, mas também com o fim de alcançar a tão sonhada efetividade do processo e 
o sentimento de justiça, conforme os valores e normas fundamentais da CRFB/1988. 
Diante disso, toda e qualquer interpretação jurídica deverá ser constitucional, direta 
ou indiretamente, pois poderá se fundar em uma norma constitucional ou 
infraconstitucional fundamental, verificando sua compatibilidade com a CRFB/1988 e 
buscando sua efetividade e aplicação aos fins da norma (BARROSO, 2015. p. 522). 
3 NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 
A doutrina costuma distinguir normas de direito processual constitucional daquelas 
consideradas de direito constitucional processual, entendendo as primeiras como o 
“conjunto de normas de índole processual que se encontram na constituição com o fim de 
garantir a aplicação e a supremacia hierárquica da Carta magna” e a segunda “normas de 
índole constitucional cuja finalidade é garantir o processo, assegurando que este seja tanto 
quanto possível, um processo justo” (CÂMARA, 2008, p. 16 ). 
Tal distinção cada vez mais é imperceptível, já que a constitucionalização do direito 
processual civil é uma das principais características do novo código que de forma expressa 
trouxe tal previsão em seu artigo 1º, NCPC/2015 ao incorporar “textos constitucionais de 
normas processuais, inclusive como direito fundamentais” e concretizar disposições 
constitucionais (DIDIER JÚNIOR, 2015, p. 46, 1v) 
Inobstante isso, é importante ressaltar que são inúmeros os princípios 
constitucionais processuais explícitos e implícitos no ordenamento jurídico brasileiro, 
sendo o devido processo legal um destes princípios. Além de possuir conteúdo amplo, 
diante das inúmeras formas de processo, deverá seguir um processo que seja justo e 
adequado de forma a assegurar direitos e impor deveres de respeito (DIDIER JÚNIOR, 
2013, p. 41; 53) 
Tal afirmação decorre do fato do processo ser um dos meios indispensáveis a 
realização da justiça (art. 5º XXXV CRFB/1988), mas a concepção de justo e injusto não 
pode ser inferida pela “ótica subjetiva e intimista da moral, mesmo porque não é possível 
na ordem prática quantificar e delimitar, com precisão, os valores e preceitos puramente 
éticos em todo seu alcance in concreto”, devendo, por isso ser medida a noção de justo e 
injusto por padrões objetivos do direito (THEODORO JÚNIOR, 2014, p. 23). 
 O processo, para ser considerado justo, deverá ser exercitado da forma traçada pela 
constituição, assegurando a plena tutela da jurisdição no plano procedimental, legalidade, 
fraternidade e igualdade, e substancial, efetividade (THEODORO JÚNIOR, 2014, p. 29). 
Para uma maior compreensão do intérprete, a doutrina começou a distinguir o 
devido processo legal em sua faceta formal ou procedimental, sendo aquela formada por 
um conjunto de garantias processuais mínimas estabelecidas pelo ordenamento jurídico. Já 
o devido processo legal substancial é a garantia de controle que o cidadão tem contra a 
atividade legislativa e as decisões consideradas indevidas, garantindo respeito à 
razoabilidade, racionalidade e ao próprio conceito de justiça existente sob pena de sua 
atividade sofrer controle (DIDIER JÚNIOR, 2013, p. 51-53). 
Entretanto, tal concepção não é unânime, pois para alguns o devido processo legal é 
único e não possui subdivisões, devendo se organizar para cumprir sua função institucional 
e respeitar, com base na proporcionalidade e razoabilidade, os princípios, adequando-os à 
sua convivência e limitação para plena realização do direito a ser tutelado (THEODORO 
JÚNIOR, 2014, p. 30). 
Diferencia-se a proporcionalidade da razoabilidade, já que a primeira “exige o 
exame de três diferentes elementos: adequação, necessidade e proporcionalidade em 
sentido estrito”. Já a razoabilidade “é um postulado que visa a estruturar a aplicação de 
outras normas visando à harmonização e à vinculação à realidade” (MARINONI; 
ARENHART; MITIDIER, 2015, p.448). 
Assim, uma decisão poderá ser legal por observar o Estado de direito (DIDIER 
JÚNIOR, 2013, p. 35) e não a lei, mas para atingir a justiça esperada deverá ser razoável, 
sob pena de não otimizar direitos, violar “princípio de garantia da liberdade” (DIDIER 
JÚNIOR, 2013, p. 53) e não garantir a atuação “fundamental de justiça” (GRINOVER; 
CINTRA; DINAMARCO, 2005, p.61). 
O contraditório é constituído pelo direito de participação e de influência na decisão 
(GRINOVER; CINTRA; DINAMARCO, 2005, p.63). Esse direito a participação é reflexo 
do princípio democrático e faz parte do dever de atuação colaborativo das partes, 
garantindo que sejam ouvidas e possam influenciar o decidir. Já a ampla defesa, que é 
muitas vezes confundida com o próprio princípio do contraditório, sendo para alguns, parte 
integrante da dimensão substancial do contraditório, é o ”conjunto de meios adequados 
para o exercício do adequado contraditório” (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 
2015, p.448) 
Importante destacar que o princípio do contraditório e da ampla defesa não podem 
ser vistos como óbice à duração razoável do processo (artigo 5º, LXXVIII da Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988), principalmente diante da relevância deste 
princípio com o descrédito do judiciário com sua morosidade ativa (postura das partes ou 
da própria administração de não decisão) e sistêmica, burocrática (SANTOS, 2007, p.27). 
A duraçãorazoável do processo possui sentido amplo, não podendo ser entendido 
como direito a um processo célere, mas também não poderá ser aceito como uma duração 
indefinida. A aferição da razoabilidade dependerá de cada caso, já que às partes não 
poderão ficar refém de um processo de duração indefinida, de forma a transformar sua 
condição de sujeitos (partes) para objeto do processo, comprometendo a dignidade da 
pessoa humana e a própria prestação jurisdicional (MENDES; BRANCO, 2012). 
Para a concretização do direito, o processo deverá respeitar o devido processo legal, 
a efetividade (BARROSO, 2015. p. 220-223) e a publicidade, como meio de proteção 
contra a imparcialidade dos juízos e controle da opinião pública sobre serviços da justiça e 
atividade jurisdicional, garantindo o controle das decisões judiciais e tornando eficaz o 
direito- dever de motivação do magistrado (DIDIER JÚNIOR, 2013, p. 61-62) 
Deve o processo, então, ser adequado (atributo das regras e procedimento) e 
eficiência (atributo do procedimento), de forma a realizar o direito em um prazo 
considerado razoável, diante das circunstâncias do caso concreto, da forma que foi 
afirmada e reconhecida em juízo (DIDIER JÚNIOR, 2013, p. 73-74) 
O princípio da proporcionalidade no direito brasileiro está atrelado à atividade 
decisória (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.135) do magistrado, momento 
em que este irá se utilizar dos poderes jurisdicionais que lhe foram conferidos para aferição 
da justa relação entre os fins e os meios escolhidos. No exercício da sua atividade 
jurisdicional cabe ao magistrado desenvolver o seu raciocínio (MARINONI; ARENHART; 
MITIDIER, 2015, p.135) na busca pela efetivação ou realização o direito, já que o nosso 
Estado não conseguiu, ainda, atingir o senso de realidade adequado e muito menos uma 
boa técnica na produção legislativa necessária, exigindo muito mais do intérprete na hora 
de justificar sua decisão de modo racional (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, 
p.135; 255-256) 
Por mais simples que se possa parecer tal atribuição, diante de uma visão externa e 
simplista da questão, intrinsecamente não é essa a realidade que nos é revelada, pois deverá 
o julgador dar efetividade ao direito, protegendo os valores e interesses tutelados pela 
norma, conforme lições do professor Luis Roberto Barroso, significando a “atuação prática 
da norma” e prevalência dos “valores e interesses por ela tutelados” (BARROSO, 2015. p. 
341) 
Nessa árdua tarefa, tem o dever de encontrar os direitos pressupostos de uma 
determinada sociedade (ou em uma determinada sociedade), já que muitos dos princípios 
de outrora não lhe correspondem mais, ultrapassando as dificuldades existentes com a falta 
da boa técnica legislativa, vontade política e senso de realidade na elaboração da norma, 
para no exercício do seu múnus, concretizar o direito (GRAU, 2004, p. 45). 
O professor Eros Roberto Grau defende o estudo do direito de forma dinâmica, 
pensado “dialeticamente, estudando-o em movimento, em constante modificação, 
formação e destruição – isto é, como de fato ocorre na realidade concreta”. Ao contrário do 
afirmado por muitos, entende que o direito posto não expressa os interesses da classe 
dominante, pelo contrário, seria para ele a “correlação das forças produtivas” no momento, 
pois descrevemos o direito de acordo com o nosso modo de ver e jamais irá corresponder à 
realidade (GRAU, 2004, p. 17; 44). 
Assim, como o julgador não consegue atingir a neutralidade necessária em seu 
atuar (apesar de ser a vontade de alguns), já que “uma teoria da interpretação é uma 
interpretação da prática dominante”, também o legislador, ao elaborar a norma, não 
consegue se visualizar livre de influências externas dentro desta diversificada sociedade 
com interesses, muitas vezes, antagônicos (DWORKIN 1999, p. 60) 
Ao interpretar já estamos de certa forma incluindo nossas convicções pessoais, 
modo de pensar e de enxergar a realidade que nos é apresentada. Não há neutralidade ou 
imparcialidade, somos seres humanos e cada um possui uma experiência de vida própria 
que de uma forma ou de outra vai acabar influindo na manifestação da realidade 
perceptível e na maioria das vezes não corresponderá à consciência que o outro tem sobre a 
mesma realidade (GRAU, 2004, p.18). 
Sendo o direito um produto cultural de determinada época, cabe aos censores 
críticos apreenderem os sentidos axiológicos e teleológicos da realidade que lhe é 
apresentada para construção de uma “ordem de princípios gerais”, mantendo o sistema 
aberto para sua constante evolução e acompanhamento das mudanças da sociedade 
(GRAU, 2004, p.18; 20; 22). 
Nas lições de Ronald Dworkin as transformações do direito é resultado da 
divergência de interpretações nas práticas e tradições existentes, de forma a exprimir um 
novo significado às normas para então “reestruturá-las à luz desse significado”. Entretanto, 
isso não quer significar que os dois componentes, significação e reestruturação, sejam 
dependentes um do outro, pelo contrário, são independentes, já que poderá ocorrer o 
primeiro e não o segundo (vice-versa) ou os dois (DWORKIN, 1999, p. 57-59) 
Cabe ao intérprete agir com razoabilidade, sendo este um daqueles princípios que 
pertencem à teoria geral do direito que na acepção da palavra remota ao ser que tem 
atitudes conforme a racionalidade ou sua razão, ou seja, “é o bem fundado, pensado 
satisfatoriamente, de um modo consciente” (RODRIGUEZ, 2000, p. 392). 
A noção de razoabilidade encerra a noção de direito, o que não é razoável não 
poderá ser considerado como direito, e como todo poder legalmente protegido e concedido 
tem por objetivo uma finalidade, possui o titular deste direito certa margem para avaliação 
e interpretação quanto ao exercício (RODRIGUEZ, 2000, p. 392), entretanto, não poderá 
em sua tarefa de construção ou reconstrução do direito usar seus padrões ou convicções 
pessoais para dizer o direito das partes envolvidas, cabendo ao intérprete respeitar a 
tradição e a praxe existente em sua “interação entre o propósito e o objeto” de forma a 
recuperar a “as verdadeiras intenções históricas de seus autores” para extrair com exatidão 
seu ideal valor e não o escolhido pelo intérprete (DWORKIN, 1999, p. 63-66). 
É a razoabilidade um princípio dirigido a todos os atores da relação, possuindo 
estes o dever de conduzir à solução da questão ou conflito dele decorrente (RODRIGUEZ, 
2000, p. 393), além disso, tem também como papel avaliar a prova e gravar o intérprete 
com os deveres de equidade, congruência e equivalência (MARINONI; ARENHART; 
MITIDIER, 2015, p.139). 
Constata-se que razoabilidade está ligada ao ideário de justiça e razão que partem 
da pessoa humana e buscam a concretização de um ideal (RODRIGUEZ, 2000, p. 393; 
399). Sendo por este motivo importante o conhecimento e estudo da hermenêutica jurídica, 
pois tem por objeto “o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o 
sentido e o alcance das expressões do direito”, tendo em vista que toda interpretação se 
funda na compreensão e apreensão de um sentido e alcance (MAXIMILIANO apud 
GARCIA, 1996, p.29; 38-39) 
4 DAS DECISÕES JUDICIAIS 
O processo, como ramo do direito público, é um ato jurídico complexo (DIDIER 
JÚNIOR, 2015, p. 30, 1v) constituído por um conjunto de atos concatenado, dentre estes os 
pronunciamentos do magistrado que tem a obrigação de garantir um processo justo, 
respeitando a garantia do contraditório que “visa à tutela jurisdicional adequada, efetiva e 
tempestiva” (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.108). 
Como é cediço, os atos processuais são manifestações humanas no processo, 
realizada pelas partes através de seus procuradores ou não (locais em que se permite o 
juspostulandi das partes), Ministério público, magistrados, auxiliares do juízo e terceiros 
interessados. 
O juiz poderápraticar, no exercício das funções, duas das mais importantes 
espécies de pronunciamento, podendo estas ser uma decisão em sentido amplo ou um 
despacho. A diferença entre as duas é que a primeira possui conteúdo decisório, 
diferentemente da segunda que não possui conteúdo decisório e pode ser proferido por 
juízo singular ou tribunal (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 304, 2v) 
Quanto ao gênero decisões, muitas são as espécies existentes e irá depender da 
autoridade que emana e do seu grau hierárquico. Os chamados juízes de “piso”, 
nomenclatura adotada na praxe forense para designar o juízo de grau inferior ou a vara em 
que o processo teve início, poderão proferir sentença, despacho ou decisão interlocutória. 
Além dos pronunciamentos realizados pelos magistrados de “piso”, há os 
pronunciamentos dos magistrados pertencentes aos tribunais que no exercício de suas 
atividades poderão prolatar: acórdãos, decisões monocráticas interlocutórias ou finais e 
despachos. Isso é importante, devido ao fato de os tribunais serem formados por órgãos 
colegiados que reunidos (pleno, turma, seção ou outras) irão proferir uma decisão 
denominada acórdão que é um tipo de pronunciamento do órgão colegiado e que possui 
conteúdo decisório (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 307, 2v). 
Em sua tarefa de decidir não caberá ao julgador se eximir, mesmo sendo hipótese 
de omissão da legislação, podendo se utilizar da analogia, costumes e princípios gerais do 
direito para suprir a lacuna (artigo 4ª da LINDB), sendo sua decisão constituída de 
imperatividade e substutividade, podendo, a depender do caso, constituir um direito 
(construir, reconstruir, modificar ou extinguir), simplesmente declará-lo ou condená-lo. 
Há certa dúvida na doutrina e jurisprudência sobre as decisões proferidas com 
ausência de motivação, já que é dever do magistrado fundamentá-la, caso contrário será ela 
considerada nula ou inexistente. Com exceção das sentenças proferidas nos Sistemas dos 
Juizados Especiais, toda e qualquer pronunciamento de cunho decisório deverá ter como 
elementos essenciais: o relatório, a fundamentação e a parte dispositiva. 
O relatório é a sinopse ou histórico das principais ocorrências do processo, devendo 
integrar apenas a sentença e o acórdão, já a parte dispositiva corresponde ao comando da 
sentença que poderá ser condenação, declaração ou constituição. A fundamentação servirá 
como meio de controle das decisões e da própria atuação do magistrado pelos 
jurisdicionados, população ou sociedade e trará no seu bojo a razão de decidir do julgador 
(DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 317-318, 2v) 
A coisa julgada é instituto responsável por preservar a segurança jurídica, evitando, 
em regra, a modificação, invalidação, reforma da decisão, garantindo sua eficácia e 
imperatividade, não podendo ser atacada mais através de recursos, entretanto, decisões de 
prestações periódicas fazem coisa julgada formal, permitindo a mudança da condição de 
quem está condenado com o transcurso do tempo, assim como, há outros meios de 
impugnação com o objetivo de desconstituir a coisa julgada. 
5 DEVER DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES 
Importante ressaltar que apesar de o magistrado ainda ser considerado livre em seu 
modo de motivar, tal afirmação não pode ser entendida como uma liberalidade entre 
motivar ou não sua decisão, já que intrinsecamente sua atuação é vinculada (art. 93, IX, 
CRFB/1988) 
Não obstante a afirmação anterior, não se pode também chegar à conclusão de que 
o juiz em sua tarefa judicante deverá fundamentar todas as decisões, enfrentar todas as 
teses e questões suscitadas pelas partes, porém, terá obrigação de decidir 
fundamentadamente com base na tese considerada principal, assim como nas provas 
constitutivas da sua afirmação e direito, sob pena de violação do princípio, também 
Constitucional, da ampla defesa. 
Deve, em sua tarefa, o magistrado apreciar os fatos e teses novas para exercer seu 
múnus, sendo vedada a decisão fundamentada de forma remissiva, pois tal conduta só 
comprova o desapego com a toga, poder de jurisdição assumido e não cumprimento com o 
dever de motivar a nova decisão (art. 11, NCPC/2015), já que está se utilizando da 
fundamentação de uma decisão anterior que foi objeto de (ir) resignação pela (s) parte(s) e 
que será substituída por uma nova decisão. É notadamente um contrassenso, mesmo na 
hipótese de confirmação da decisão combatida! 
Assim, muitas são as conseqüências e efeitos de tal decisão remissiva que busca 
apenas manter a decisão anterior pelos próprios fundamentos, seja por mitigar o dever 
constitucional processual de motivação das decisões ou também violar o dever 
constitucional processual de ampla defesa. 
Quando é proferida uma decisão judicial o órgão julgador está construindo ou 
reconstruindo (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.651) uma norma jurídica 
que poderá, após o trânsito em julgado, se torna indiscutível para o caso concreto. A 
decisão irá se utilizar de uma norma legal (surge da extração do sentido da lei) para após a 
conformação retirar a norma jurídica individualizada, que será definida pelo Poder 
Judiciário através de sua atividade interpretativa, a ser aplicada ao caso concreto (DIDIER 
JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 322-323, 2v) 
Para ser controlada, a atividade interpretativa deverá ser resultado de um processo 
lógico-argumentativo, justificado de forma racional (coerente e universalizável), para dar 
tutela não apenas ao caso concreto, mas também a toda ordem jurídica, já que constitui 
tarefa do intérprete criar ou reconstruir a norma jurídica de forma a reduzir a 
“indeterminação do discurso jurídico, podendo servir como concretizações reconstrutivas 
de mandamentos normativos” (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.412-414; 
606) 
Tal norma possui como característica peculiar o fato de poder tornar-se indiscutível 
pela coisa julgada material, o que lhe diferencia das leis que além de serem criadas por 
outro poder, permitem em alguns casos interpretações divergentes pelas partes, já que 
muitas vezes foram criadas em outros momentos não correspondendo ao momento atual e 
diante da dinamicidade das relações, caberá ao judiciário dar a interpretação considerada 
mais “adequada”, em conformidade com as disposições, praxe, tradição e princípios 
constitucionais (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 308-309, 2v). 
Verifica-se que tal tarefa requer do magistrado uma atividade muito mais ativa, 
além de um maior senso de realidade, possibilitando suprir a vagueza existente para dar 
concretude aos preceitos normativos. Diante dessa necessidade de um atuar ativo, cabe ao 
magistrado dar uma interpretação conforme a constituição, exercendo o controle da (in) 
constitucionalidade e viabilizar a tutela de direitos fundamentais (art. 1º, NCPC/2015), pois 
é a partir desta atuação que será criada a norma jurídica oriunda da interpretação e controle 
exercido em sua atividade jurisdicional (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 
310-311, 2v). 
Assim, o magistrado em sua atividade judicante está não só dizendo o direito, mas 
reconstruindo normas e que poderão servir futuramente como precedente judicial para o 
deslinde de novos casos que guardem semelhança com aquele decidido, sendo, por este 
motivo, importantes os elementos de uma decisão que servirão de controle da atuação e 
identificação da semelhança entre o precedente e o caso concreto. 
A fundamentação, que é elemento da decisão, compõe a razão de decidir, sendo 
norma jurídica da atividade criativa do magistrado criada no caso concreto e que poderá, a 
depender, ser aplicada a outros casos semelhantes (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; 
OLIVEIRA, 2013, p. 319, 2v). 
Inobstante tudo isso, constitui o dever de motivação uma garantia constitucional do 
cidadão e do próprio Estado de direito, insculpida no artigo 93, IX dacarta magna, artigo 
1º do novo Código de Processo Civil e implicitamente nos princípios do contraditório e 
ampla defesa, não podendo ser suprimida sob pena de retrocesso. É um dever de 
justificativa das razões de decidir do julgador, pela via difusa, ao povo que irá exercer o 
controle através da democracia participativa como real detentor do poder, art. 1º, § único 
CRFB/1988 (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 321, 2v). 
Deve assim o juiz, em suas decisões, refletir os anseios do povo, ou refletir a 
opinião pública, estando compreendida não só em sua ótica privada (controle das partes) e 
(ou) burocrática (controle do juízo superior), mas também na ótica democrático do 
controle, do povo (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 321-322, 2v). 
É cediço que a fundamentação não se sujeita a coisa julgada, porém tal fato não é 
capaz de reduzir a sua importância, já que será responsável por determinar o alcance da 
decisão, se a norma jurídica concreta vai ser passível de torna-se indiscutível pela coisa 
julgada material e será, também, responsável pela vinculação dos precedentes a serem 
aplicados (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 328-329, 2v) 
Assim percebe-se que a fundamentação possui conteúdo de substancial importância 
para o direito (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 330,2v), já que é tarefa 
do julgador, quando da análise da situação concreta, extrair das alegações e da congruência 
com o que foi requerida, sua convicção (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, 
p.417, 2v), para só assim identificar a norma abstrata, conformando-a com a constituição 
para só após individualizá-la na aplicação ao caso concreto (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; 
OLIVEIRA, 2013, p. 333-334, 2v) 
É a norma geral criada que poderá servir para aplicação a outros casos semelhantes, 
sendo neste caso vinculante e, com efeito, erga omnes para outras situações, não ficando 
restritas as partes ou ao próprio processo, além de vincular a justiça da decisão de forma a 
impedir sua rediscussão em outro processo (preclusão), sendo essa hipótese chamada pela 
doutrina de eficácia da intervenção (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 
329, 2v) ou transcendência dos fundamentos da decisão ou dos motivos determinantes. 
6 TEORIA DA NULIDADE JUDICIAL 
A nulidade é um vício insanável, pois macula norma de ordem pública, não sendo 
passível de convalidação, diferentemente do anulável que viola norma de interesse privado 
e para ser desconstituído é preciso que haja manifestação das partes, não podendo ser 
declarado de ofício, e caso não seja argüido na primeira oportunidade que couber falar nos 
autos será convalidado 
Para que se possa falar em teoria das nulidades é preciso, antes de qualquer coisa, 
estudar os fatos jurídicos para que possamos entender o ato jurídico e assim tecer com 
maior segurança qualquer tipo de juízo de valor sobre a teoria das nulidades. 
Os fatos considerados jurídicos (stricto sensu) são quaisquer acontecimentos 
históricos que gerem efeitos jurídicos sem atuação humana, diferente dos atos jurídicos são 
quaisquer acontecimentos históricos que gerem efeitos na órbita jurídica, com atuação 
humana, externando vontade, pois não existe ato jurídico sem vontade. Já os atos-fatos 
jurídicos ocorrem quando há atuação humana sem vontade para aquele ato específico 
O ato inválido poderá ser nulo ou anulável. O ato nulo ocorre quando há violação 
de normas de ordem pública, cabendo ao magistrado atuar de ofício; diferente do anulável 
que precisa pedir para anular, sob pena de quebra da imparcialidade, pois viola norma de 
interesse privado e para o magistrado atuar deverá haver requerimento das partes na 
primeira oportunidade que couber falar nos autos, já que a inércia tem como condão o 
convalescimento do o ato. 
O que é nulo é inexistente, não podendo ser confirmado ou ratificado pelas partes e 
muito menos caberá ao magistrado suprir tais vícios; já o que é anulável além de haver 
requerimento na primeira oportunidade para confirmação, deverá ser esta manifestação 
expressa (em regra), porém admite-se sua forma tácita em algumas hipóteses da lei. 
Tanto o ato nulo, como o anulável, produzem efeitos ex tunc, sendo a diferença 
existente entre eles decorrente do fato de que no ato nulo o juiz irá proferir uma sentença 
declaratória e no anulável uma sentença constitutiva. Apesar de ser sentença constitutiva, 
possui retroatividade, já que invalidar um ato é voltar ao estado anterior, voltando a ser o 
que era antes, já que a lei diz expressamente que deve retornar. 
A nulidade para ser decretada deverá causar prejuízos às partes, sendo esta a baliza 
ou cláusula geral de aplicação da teoria das nulidades (relativa ou absoluta), mais um misto 
de desobediência às formas. Como matéria de ordem pública, as nulidades, não se sujeita à 
preclusão, resistindo até mesmo à coisa julgada, entretanto, apesar de prevalecer sempre, 
sua desconstituição terá prazo de dois anos, depois do trânsito em julgado, para manejo da 
ação rescisória, 
7 DA FORÇA JUDICIAL DOS PRECEDENTES 
A força judicial dos precedentes começou a ganhar força alguns anos atrás e com a 
proximidade da entrada em vigor do novo código de processo civil prevista para o ano de 
2016, em cujo bojo constará com o devido destaque. 
Apesar de muito se falar sobre este tema, verifica-se, a luz dos entendimentos 
doutrinários, que não se trata de algo totalmente novo no ordenamento, porém, a feição, 
destaque e importância buscada em sua aplicação exigirão muito mais do intérprete 
acostumado com a subsunção da lei ao caso concreto e integração da norma nas hipóteses 
de lacuna. 
Tal mudança de entendimento exige qualificação e predisposição, já que haverá 
uma conexão muito maior do juiz com os ditames constitucionais para aferição da 
conformação e também, requererá uma maior cognição e senso de realidade para extração 
da norma jurídica que será aplicada ao caso concreto. 
O precedente judicial é conceituado como “decisão judicial tomada à luz de um 
caso concreto, cujo núcleo essencial pode servir como diretriz para o julgamento posterior 
de casos análogos” (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 441, 2v) ou “meio 
de solução de determinado caso concreto, mas também, como um meio para promoção da 
unidade do direito” (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.606, 1v). Apesar de 
ser “novo” o estudo da força dos precedentes no direito brasileiro, sua origem e significado 
são muito bem conhecidos pelos, antes, chamados operadores do direito. 
O direito brasileiro está em plena transformação, exigindo mais do profissional do 
direito que terá a função de interpretar constantemente o direito para construir (ou 
reconstruir) a norma jurídica a ser aplicada ao caso concreto. Nesta tarefa de identificação 
da norma geral que será conformada com a constituição (“interpretação conforme, controle 
de constitucionalidade em sentido estrito e de balanceamento dos direitos fundamentais”), 
para criar ou reconstruir o direito a ser aplicado ao caso concreto (individualização da 
norma) o profissional deverá buscar constantemente sua qualificação e atualização com a 
linha de decisão dos tribunais, em plena “harmonia”, já que uma das preocupações é evitar 
a álea existente em que o processo era distribuído para determinada órgão fracionado do 
tribunal e não havia segurança quanto ao tipo de decisão passível de se esperar, pois a cada 
semana, ou quiçá, dia, o entendimento daquele órgão era dos mais variado (DIDIER 
JÚNIOR; 2015 p. 158-159, 1v). 
Constata-se da análise do precedente que ele é composto de duas partes: 
circunstância de fato que embasam a controvérsia e tese ou princípio jurídico que será 
assentado na motivação do provimento decisório (TUCCI apud DIDIER JÚNIOR; 
BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 441, 2v), cabendo ao intérprete conformar a lei à luz da 
constituição ou construiruma nova norma com base nos postulados de normatividades dos 
princípios (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.58-59, 1v) 
Extrai-se das partes do precedente a importância do relatório que irá traçar as 
circunstâncias de fato que embasam o precedente, de forma a demonstrar a semelhança 
entre os futuros casos e o paradigma. Também a fundamentação, que constitui a parte mais 
importante do precedente, responsável pela força persuasiva do precedente, já que será 
neste momento que ficará assentado o raciocínio lógico que deverá ser perseguido pelos 
julgadores para aplicação (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 442-443, 2v) 
A razão de decidir é a essência (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 
442-442, 2v), já que estará nela à hermenêutica utilizada, a base de sustentação jurídica da 
decisão capaz de reduzir a indeterminação do discurso jurídico e reconstrução dos 
mandamentos normativos (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.606, 1v), 
composta dos fatos relevantes da causa, raciocínio lógico jurídico da decisão e juízo 
decisório (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 427-428, 2v). 
O precedente é originário da capacidade de interpretação do direito, constituindo 
uma atividade criativa, ou seja, o magistrado irá se utilizar de sua capacidade de 
interpretação das normas jurídicas em abstrato e no caso concreto para criar ou reconstruir 
uma norma jurídica que será aplicada ao caso concreto (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; 
OLIVEIRA, 2013, p. 428, 2v) 
Verifica-se que o poder de legislar ganhou papel de destaque, diferentemente do 
que ocorria em outrora, onde o magistrado tinha, em regra, como tarefa a subsunção da 
norma ao caso concreto. A chamada razão de decidir do julgador, que constitui a tese 
perfilhada, possui força normativa e deverá ser exposta na decisão, por ser a base para se 
chegar ao juízo decisório do caso concreto (DIDIER JÚNIOR; 2013, p. 428, 2v). 
A norma geral será extraída da atividade judicante a partir do caso concreto 
(DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p. 443, 2v), podendo servir para aplicação 
a outros casos. É considerada uma atividade construção ou reconstrução da norma geral 
que servirão de diretrizes para o processo de identificação e aplicação do precedente a 
outros casos, após a interpretação do material constante da decisão (DIDIER JÚNIOR; 
2013, p. 443, 2v) 
Pelo fato de advir de um juízo indutivo (do particular para o geral), assim como os 
princípios gerais, farão com que sejam aplicáveis a situações que se assemelhem, servindo 
como precedente. Diferentemente é a hipótese da norma jurídica individual, responsável 
pela conclusão na parte dispositiva ou juízo decisório, tendo em vista ter o condão de ficar 
acobertada pela coisa julgada material e sua ausência constitui motivo de nulidade da 
decisão, diferentemente da ausência de fundamentação que é causa de inexistência 
(MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.614, 2v). 
Os argumentos jurídicos principais, além de fazer parte da razão de decidir e 
possuir força persuasiva (ou vinculante) tem importante papel na decisão, pois irão servir 
como base para recurso contra decisão não unânime do tribunal, poderá também esboçar a 
futura orientação daquele órgão a respeito de determinada matéria, pois o que hoje é razão 
de decidir poderá, amanhã, ser argumento de passagem e vice e versa (MARINONI; 
ARENHART; MITIDIER, 2013, p.430-432, 2v) 
Não se pode confundir a razão de decidir com argumentos de passagem, pois é a 
razão de decidir do julgador que cria a norma jurídica “à luz do caso concreto, a partir da 
conformação da hipótese legal de incidência às normas constitucionais. Só se pode 
considerar como ratio decidendi a opção hermenêutica que, a despeito de ser feita para um 
caso concreto, tenha aptidão para ser universalizada” (ARENHART; MARINONI; 
MITIDIERO, 2014, p. 96-97, 2v), provendo e sopesando a repercussão que poderá causar 
no ordenamento (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 433, 2v), constituindo 
uma generalização das razões suficientes e necessárias para decidir um caso ou questões 
(MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.613, 2v) 
A razão de decidir é a análise “fático-jurídica das questões que devem ser decididas 
pelo juíz”, constituindo a chamada stare decisis horizontal (unidade do direito e de fazê-lo 
seguro) e devem ser necessárias e suficientes à solução da questão para formação da razão 
de decidir do precedente (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.613, 2v ). 
Os precedentes poderão ter feição criativa ou declarativa, diferindo quanto à 
capacidade de construir (ou reconstruir) e aplicar ou reconhecer e aplicar a norma jurídica, 
respectivamente, ao caso concreto, de forma a decidir entre as várias alternativas, qual será 
a mais adequada (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 440-441, 2V). 
Trabalha o precedente com fatos jurídicos considerados relevantes que compõe o caso, 
extraído da justificação da decisão, determinando-os, possuindo razões generalizáveis que 
poderão ser operacionalizadas dentro da moldura de cada caso, podendo ter força 
obrigatória ou ser meramente persuasivo (MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, 
p.611, 2v). 
Com relação aos efeitos, os precedentes poderão ter efeitos dotados de 
obrigatoriedade vinculante quando “tiver eficácia em relação aos julgados que, em 
situações análogas, lhe forem supervenientes”. Tais efeitos poderão ser obrigatórios 
quando convertidos em súmulas vinculantes (eficácia vinculante em relação a todos) pelo 
STF; entendimento for consolidado na súmula de cada tribunal (tem força vinculante 
interna); precedente do pleno do STF em controle difuso de constitucionalidade (força 
vinculante externa e interna) mesmo sem ser convertida em súmula vinculante; precedente 
que fixa tese para RESP e RE repetitivos (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, 
p. 442- 443, 2v) 
Por ultimo há o persuasivo que não dispõe de força vinculante, como os anteriores, 
mas constitui indícios de solução racional e socialmente adequada (DIDIER JÚNIOR; 
BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 444- 445, 2v) ao caso concreto, servindo como exemplo 
(MARINONI; ARENHART; MITIDIER, 2015, p.611, 2v) 
Quando o precedente for dotado de efeito obstativo da revisão de decisões, poderá o 
tribunal, por expressa autorização legislativa, negar seguimento a recursos ou sucedâneo 
recursais, quando a decisão estiver em consonância com súmula ou jurisprudência 
(DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 444, 2v) 
Conforme visto, nem todo precedente terá eficácia vinculante, mas isso não quer 
dizer que o precedente de eficácia persuasiva seja menos importante, pelo contrário, 
deverá, também, ser considerado no caso concreto para que o magistrado exerça sua 
atividade de criar ou declarar o direito para aplicá-lo ao caso concreto. A diferença entre o 
precedente que possui capacidade de vincular o que não possui diz respeito à 
obrigatoriedade de conhecimento, pois, necessariamente o precedente com força 
obrigatória deverá ser conhecida e justificada sua não aplicação ao caso concreto, diferente 
do persuasivo que não tem esse poder vinculante (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; 
OLIVEIRA, 2013, p. 456, 2V) 
Os efeitos do precedente poderão ser modulados em nome da segurança jurídica, 
entretanto, não poderão retroagir para alcançar os fatos pretéritos, surpreendendo os 
cidadãos (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 464-465, 2V), existindo, 
assim, um princípio da não surpresas que garante a segurança jurídica (MARINONI; 
ARENHART; MITIDIER, 2015, p.382, 2v) 
Diante desta mudança de comportamento, não é mais possível admitir no sistema 
jurídico brasileiro as chamadas decisões de fundamentação remissiva ou a ausência de 
algum dos elementos essenciais da decisão, pois tal atitude além de não cumprir com a 
garantia constitucional de controle das decisões ofende a ampla defesa, o principio do 
contraditório e até mesmo a segurançajurídica. 
A atenção ofertada à força dos precedentes, atualmente, não poderá ser mitigada 
por atitudes descompromissadas e prejudiciais à própria democracia, já que a motivação é 
pressuposto da própria jurisdicionalidade. É fundamental o reconhecimento das 
implicações ocasionadas pela ausência de norma jurídica individual e (ou) abstrata na 
decisão, por ser objeto de controle das partes, Tribunais e também do povo que é o detentor 
do poder. 
A norma jurídica individual é aquela extraída do caso concreto, após a identificação 
da norma jurídica abstrata e sua conformação com a constituição, podendo a sua falta gerar 
a inexistência da decisão. Diferente é a conseqüência para a ausência de norma jurídica 
abstrata a ser estabelecida na fundamentação, já que sua falta constitui hipótese de 
nulidade, por entender que houve deliberação “acerca da questão principal discutida, mas é 
viciada, por não conter a exposição dos fundamentos com base em que essa solução foi 
construída” (DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 429, 2V). 
O dever de motivar, além de constituir mostra da imparcialidade do julgador 
(DIDIER JÚNIOR; BRAGA; OLIVEIRA, 2013, p. 25, 2v), é conteúdo substancial e não 
formal da decisão, fazendo prova do caminho traçado para se chegar a determinada 
conclusão. Assim, a ausência de fundamentação da decisão constitui motivo apto a ser 
declarada a nulidade da decisão judicial, caso o motivo seja a falta de norma jurídica 
abstrata, tendo em vista que a ausência da norma jurídica concreta irá ensejar a inexistência 
da decisão. 
Apesar de já ser considerada relevante às implicações pela falta de fundamentação 
que ocasionará a nulidade ou inexistência da decisão, a sua ausência, também, produzirá 
efeitos prejudiciais na força dos precedentes que como já afirmado em outrora, poderá ser 
vinculativa ou persuasiva e constitui o novo “carro” chefe do novo código de processo civil 
de 2015 e que entrará em vigor em 2016. 
8 CONCLUSÃO 
O ordenamento jurídico passa por significativas transformações que irão exigir 
muito mais atenção e participação dos atores jurídicos. Tais mudanças de postura irão 
proporcionar inúmeras alterações benéficas, mas também poderão trazer malefícios diante 
de uma interpretação equivocada dos seus objetivos. 
O Estado brasileiro passou por momentos de tensões com o fim de superar modelos 
que não proporcionavam equilíbrio entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Na época do Império, vivenciamos um executivo dotado de super poderes e com o advento 
do Estado liberal, essa superposição foi transferida ao legislativo com a submissão a lei. 
O novo modelo que se insere, diante de uma equivocada e (ou) errônea 
compreensão, com o passar do tempo, poderá significar um excesso de poder, desta vez, ao 
Judiciário que terá (poderá ter) uma maior “liberdade” de construção ou reconstrução do 
direito. 
Conforme destacado, não é este o fim perseguido com a mudança, sendo a tarefa do 
julgador a construção ou reconstrução da norma, pois o objetivo é a efetivação do direito 
com base na carta constitucional e não a atividade de criação legislativa. O novo código de 
processo civil permitirá, também, uma mudança de postura dos julgadores em sua tarefa 
decisória, já que não poderá mais se valer de decisões de fundamentação remissiva para 
manter seus julgados. 
 Desde o código de 1973 tal conduta já era alvo de censura, já que seria incoerente a 
manutenção de uma decisão que foi combatida. Sabe-se que os recursos, como meio de 
impugnação, além de demonstrar o inconformismo com a decisão combatida, têm por 
objetivo a reforma ou invalidação, possuindo como efeito a substitutividade, sendo 
totalmente incoerentes as chamadas decisões remissivas que só demonstram o claro 
desapego à função jurisdicional e a própria toga, já que não há razão para manutenção de 
uma decisão pelos próprios fundamentos, sem a justificação do motivo de ser ela 
considerada “correta”. 
Este tipo de decisão em nada cumpre o postulado constitucional que obriga o 
magistrado motivar suas decisões, além de ofender claramente os princípios do 
contraditório e ampla defesa, já que toda decisão de cunho decisório deverá ser 
fundamentada para que seja possível extrair as razões de decidir do julgador, constituindo 
objeto de controle das partes, tribunais e do próprio povo que concedeu parte de seus 
poderes ao Estado para exercício da jurisdição. 
Não há mais espaço para a praxe de manutenção da decisão pelos próprios 
fundamentos, já que a fundamentação constitui a razão de decidir, sendo este a essência da 
força dos precedentes. Tamanha foi à importância que o legislador fez questão de ressaltar 
em algumas passagens do código, como nos incisos do parágrafo 1º do artigo 489 e no 
artigo 11 do novo código de processo civil de 2015. 
Assim, em que pese à praxe forense e a lei do sistema dos juizados especiais 
admitirem a dispensa do relatório e a confirmação da sentença pelos próprios fundamentos 
(arts. 38 e 46 da lei 9.099/95), para que se possa tornar possível a aplicação da força dos 
precedentes e controle, é indispensável os elementos essenciais da decisão (relatório, 
fundamentação e dispositivo), sendo a decisão sem fundamentação considerada nula e a 
decisão sem o relatório limitador da extensão da força dos precedentes aos casos 
semelhantes. 
Um dos grandes benefícios do novo CPC/2015 foi promover a materialização da 
lei, constitucionalizando suas disposições para dar efetividade ao direito, trazendo 
dispositivos impeditivos das decisões remissivas, principalmente por ser um dos “carros” 
chefes à força dos precedentes judiciais que enaltece a importância do relatório, 
fundamentos e da parte dispositivo da decisão. 
Entretanto, o senso de realidade dos Poderes não correspondem aos anseios da 
maioria da população, em que pese reproduza os anseios de uma minoria (detentora de 
poder), lhe falta ainda o senso de realidade social para apreender os sentidos axiológicos e 
teleológicos e se manter afastado das suas convicções pessoais em sua tarefa de construção 
(ou reconstrução) da chamada ordem de princípios gerais capazes de manter o sistema 
aberto para que o processo acompanhe o tempo, evitando o retrocesso e garantindo suas 
conquistas a cada transformação. 
9 REFERÊNCIA 
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fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva, 2015 
 
BUENO. Cassio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil: teoria 
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DIDIER JÚNIOR; Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. 
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