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CEDERJ - Pedagogia - Psicologia da Educação - Texto 1 Aula 9

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86 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
Aula 9/Texto 1: 
Principais abordagens teóricas em Aprendizagem: Condicionamento 
Clássico (Watson) e Instrumental (Skinner) - O Behaviorismo em 
Discussão 
 
Referência Bibliográfica: TERRA, Márcia. O Behaviorismo em Discussão. Campinas: 2003. 
 
Sobre a Autora: Márcia Terra - Doutoranda em Lingüística Aplicada/ IEL/UNICAMP. 
Trabalho apresentado em 2003, para a disciplina "Desenvolvimento e Aprendizagem", 
ministrada pelo Prof. Dr. Sérgio Leite, na Faculdade de Educação da Unicamp. Disponível 
em: http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/b00008.htm. Acesso em 
08/02/2010) 
 
APRESENTAÇÃO 
O propósito deste trabalho é tecer algumas considerações sobre o behaviorismo. Para 
tanto, desenvolvemos o assunto, procurando, em um primeiro momento, reconstituir as 
condições de emergência do behaviorismo que se verifica em um quadro de crise da 
Psicologia em busca de sua definição enquanto ciência. Em um segundo momento, buscamos 
apresentar a linha de evolução do behaviorismo, focalizando as suas principais abordagens 
quer sejam: (i) behaviorismo Metodológico (Watson); (ii) behaviorismo radical (Skinner); e 
(iii) behaviorismo Social (Staats). 
 
1. O CONTEXTO DE EMERGÊNCIA DO BEHAVIORISMO: A CRISE NA 
PSICOLOGIA 
Para situar os modos de produção da representação de mundo que deram origem aos 
modelos de concepção e atuação do Behaviorismo, um termo inaugurado por J.B. Watson em 
seu artigo publicado em 1913 com o título "Psicologia: como os behavioristas a vêem" 
(FURTADO, 1999), torna-se importante uma reflexão epistemológica relacionada ao percurso 
percorrido pela Psicologia em busca da sua definição como ciência. Recuperar tal trajetória, 
que sempre esteve ligada às visões de mundo e de homem dominantes em cada momento 
histórico da sociedade, é condição essencial à compreensão do contexto de emergência do 
behaviorismo e dos tipos de demanda que a Psicologia procurou superar até chegar ao estágio 
de evolução em que se encontra na atualidade. 
Em uma perspectiva histórica, as ciências humanas são marcadas por três concepções 
de mundo e de homem que apresentam características distintas: a cosmocêntrica, a teocêntrica 
e a antropocêntrica (FREITAS, 2000). Na primeira concepção, a cosmocêntrica, os homens 
eram meros expectadores assujeitados aos imperativos do Cosmo que tudo regia. Trata-se de 
uma visão de homem abstrato, a-histórico e subjugado a uma moral de caráter metafísico. Na 
segunda concepção, a teocêntrica, os fundamentos que explicam todas as coisas, incluindo a 
produção do conhecimento, permaneciam situados externamente ao homem, entretanto, 
deslocando-se dos imperativos do Cosmo foram incorporados pelos desígnios de uma ordem 
divina, de um Deus criador, que a tudo regia. 
A terceira concepção, a antropocêntrica, emerge no Renascimento, época em que se 
verificam transformações radicais no mundo europeu decorrentes do mercantilismo, 
movimento que levou à descoberta de novas terras e à acumulação de riquezas pelas nações 
em formação (França, Itália, Espanha e Inglaterra), caracterizando uma transição para o 
capitalismo e para a formação de uma nova organização econômica e social. A burguesia que 
 
87 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
emergia como uma nova classe social, visando a alcançar a sua própria emancipação, 
reivindica a libertação do homem da sua condição de assujeitado à imutabilidade das leis do 
universo e defende a possibilidade de desvendar a Natureza. 
A descoberta de Copérnico, em 1543, ao rejeitar a síntese aristotélica, 
descentralizando a posição da Terra no universo, altera a posição do homem no mundo bem 
como de suas relações com ele, consigo mesmo e com Deus, estabelecendo um rompimento 
epistemológico com a visão de mundo antigo e medieval paradigmado pelo determinismo 
físico e ontológico da esfera celeste e introduz, assim, uma nova maneira de perceber o 
homem. (FREITAS, 2000:44). 
Com a revolução científica do século XVI, conforme assevera Santos (1997), instaura-
se um modelo geral de racionalidade que viria a ser desenvolvido nos séculos vindouros, 
embora que timidamente no século XVIII, mas que alcança o âmbito das ciências sociais 
emergentes, no século XIX, 
Um modelo totalitário, na medida em que nega o caráter racional a todas as formas de 
conhecimento que não se pautarem pelos seus princípios epistemológicos e pelas suas regras 
metodológicas, sendo esta a sua característica fundamental e que melhor simboliza a ruptura 
do novo paradigma científico com os que o precedem (ibid, p.11) 
Em meados do século XVIII, a ciência moderna, saída da revolução científica do 
século XVI, caracteriza-se pelo crescimento da nova ordem econômica - o capitalismo - que, 
no século XIX, desencadeia o processo de industrialização e, com ele, a necessidade de 
respostas e soluções práticas no campo da técnica, um movimento que acarretou 
transformações sem precedentes na história da humanidade. 
A Psicologia que até meados do século XIX constituía um ramo da Filosofia 
encontrava-se marcada por duas vertentes teóricas antagônicas e inconciliáveis, sendo uma de 
tendência objetivista e a outra de tendência subjetivista. Ambas herdadas das proposições de 
dois grandes filósofos: Bacon (1214-1292), fundador do materialismo inglês, cujas idéias 
valorizam o papel da experiência da ciência (FREITAS, op.cit.) e Descartes (1596-1659). 
Descartes, um dos filósofos mais expressivos para o avanço da ciência, postula a 
separação radical entre o corpo e a alma, ou seja, entre o físico e o psíquico, argumentando 
que o estudo científico do homem deveria restringir-se ao seu corpo físico, enquanto que à 
Filosofia estaria designado o estudo da sua alma (DESCARTES, 2000). O dualismo corpo-
mente proposto por Descartes dá origem às duas grandes vertentes da Filosofia no século XIX 
- o idealismo, de tendência subjetivista e o materialismo-mecanicista, de tendência objetivista 
- que permeiam a Psicologia em geral (FREITAS, 2000; LURIA, 2001; COLE&SCRIBNER, 
2000, entre outros). 
Conforme pontua Freitas (2000, com base em Japiassu e Marcondes, 1990:68), 
Descartes foi quem introduziu os conceitos de reflexo e de consciência (muito embora ele não 
tenha usado o termo consciência mas o cogito que é "a descoberta do espírito por si mesmo, 
que se percebe que existe como sujeito"). Com Descartes, portanto, de acordo com Freitas 
(2000:49), surge "o princípio da introspecção, da auto-reflexão da consciência, que teve 
influência sobre as tendências idealistas, enquanto a interpretação mecanicista ou naturalista 
da conduta humana representou a sua influência sobre as tendências materialistas". 
Emmanuel Kant, filósofo alemão cujas idéias filosófico-racionais derivam da 
incorporação de elementos como liberdade, individualismo e igualdade que constituíram a 
concepção de mundo da burguesia européia entre os séculos XII e XVIII, exerceu grande 
influência rumo ao subjetivismo "ao situar o mundo das idéias na consciência individual" 
(FREITAS, op.cit.). No continente europeu, seus seguidores afirmavam que "idéias de espaço 
e tempo e conceitos de quantidade, qualidade e relação originavam-se na mente humana e não 
poderiam ser decompostas em elementos mais simples” (COLE&SCRIBNER, 2000). 
A tendência materialista-mecanicista de Descartes foi refletida nos materialistas 
franceses do século XVIII e no materialismo sensualista de John Locke (1632-1704), na 
Inglaterra. Os seguidores de Locke desenvolveram sua visão empirista de mente dando conta 
 
88 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
de que as idéias eram constituídas a partir de sensaçõesproduzidas por estimulação ambiental. 
Comte (1798-1857) introduz a era da positividade, e a noção de introspecção, sendo as suas 
idéias seguidas por psicólogos empiristas que partiram para o estudo positivo. 
Com Wundt (1832-1920) foi dado o passo definitivo para a constituição da Psicologia 
Experimental e, portanto, da Psicologia como ciência. Para Wundt importava uma Psicologia 
que só admitisse fatos e, dessa forma, o seu programa de estudos voltou-se à experimentação 
e à mensuração a fim de controlar os dados fornecidos pela introspecção. A trajetória de 
consolidação da Psicologia como ciência inclui, ainda, a influência da Biologia Evolucionista 
de Darwin (1809-1882), da Psicologia Experimental dos animais de Thorndike (1874-1949) e 
da Reflexologia russa de Pavlov (1849-1936). 
Em síntese, a linha evolutiva da Psicologia é marcada por um constante oscilar entre as 
duas vertentes teóricas antagônicas, ora o pêndulo aponta para os princípios de uma tendência 
objetivista que prioriza o dado externo, e ora aponta para uma tendência subjetivista calcada 
na consciência, ambas, por sua vez, objetivando atender às demandas configuradas em cada 
momento histórico que as originam. 
 
2. O BEHAVIORISMO: O ESTUDO DO COMPORTAMENTO 
Conforme pontua Baum (1999) "a idéia do behaviorismo é simples de ser formulada: é 
possível uma ciência do comportamento". Tal argumento, explica ele, fundamenta-se no fato 
de que - apesar das controvérsias sobre o sentido de "ciência" ou de "comportamento", 
incluindo questões sobre "se a ciência do comportamento dever ser a psicologia" ou "se a 
psicologia é uma ciência" - "todos os behavioristas concordam que pode haver uma ciência do 
comportamento" (id.ibid.). Assim, segundo o autor, o behaviorismo pode ser referido como 
um conjunto de idéias sobre essa ciência chamada de análise do comportamento, e não 
a ciência ela própria, o behaviorismo não é propriamente uma ciência, mas uma filosofia da 
ciência. Como filosofia do comportamento, entretanto, aborda tópicos que muito prezamos e 
que nos tocam de perto: por que fazemos o que fazemos e o que devemos e não devemos 
fazer. 
Visando à melhor compreensão desse conjunto de idéias, abordamos, a seguir, as 
características relacionadas aos três principais modelos de Behaviorismo já que, desde a sua 
primeira geração, o sentido de "comportamento" sofreu transformações importantes. 
 
2.1. A PRIMEIRA GERAÇÃO: BEHAVIORISMO METODOLÓGICO 
John B. Watson, com a publicação do seu artigo intitulado "Psicologia: como os 
behavioristas a vêem", inaugura, em 1913, o termo que passa a denominar uma das mais 
expressivas tendências teóricas ainda vigentes: o Behaviorismo. O termo inglês "behavior" 
significa "comportamento", razão pela qual usamos, no Brasil, Behaviorismo como também 
Comportamentalismo, Análise Experimental do Comportamento, entre outros, para nos 
referirmos à visão teórica em pauta (FURTADO, op.cit.). Ao postular o comportamento como 
objeto de estudos da Psicologia, Watson estabelece um objeto de estudos "observável e 
mensurável, cujos experimentos poderiam reproduzir diferentes condições e sujeitos” (ibid. 
p.45). 
As concepções de Watson, guiadas pela psicologia objetiva de Comte, representam 
uma grande oposição à introspecção, movimento que vigorava na época, assim como 
rejeitavam também a analogia como métodos. As proposições de Watson, portanto, trouxeram 
respostas essenciais aos objetivos que os psicólogos buscavam na época e contribuíram para o 
rompimento definitivo da psicologia com a sua tradição filosófica. Como lembra Staats 
(1980), 
 
89 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
(...) antes do aparecimento do behaviorismo, o método fundamental para a Psicologia 
era o da introspecção. Por algum tempo os psicólogos pensaram que a tarefa da psicologia era 
investigar os conteúdos, a estrutura e o funcionamento da mente, realizando o sujeito um 
auto-exame e relatando a sua experiência (...) o comportamento animal era igualmente 
interpretado adotando-se o conceito de consciência humana. 
O behaviorismo metodológico toma como base o realismo. O realismo defende a idéia 
de que há um mundo real, que ocorre no mundo real, sendo que é a partir desse mundo real 
externo - objetivo - que constituímos o nosso mundo interno - subjetivo. Paradoxalmente, 
temos contato apenas com a nossa experiência interna que nos é dada pelos nossos sentidos. 
Isso porque o mundo externo, objetivo, não nos é accessível diretamente. Assim, os nosso 
sentidos nos fornecem apenas dados sensoriais sobre aquele comportamento real que nunca 
conhecemos diretamente (BAUM, op.cit). 
Como behaviorista metodológico, portanto, o interesse de Watson concentra-se na 
busca de uma psicologia livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos e que possa 
reunir condições de prever e de controlar. Para tanto, torna-se importante, em compasso com 
o realismo, estabelecer uma dicotomia entre o mundo objetivo-mundo subjetivo. À ciência, 
constituída de métodos próprios ao estudo do mundo objetivo, caberia lidar apenas com o 
mundo que está 'fora' do sujeito, o mundo que é compartilhado, accessível a outras pessoas e 
com o qual, por conseguinte, todos poderiam, potencialmente, concordar. 
Entendendo que o homem possui um aparato orgânico que se ajusta ao ambiente em 
que vive por meio de equipamentos hereditários e pela formação de hábitos, Watson defende 
a idéia de que o comportamento deve ser estudado como função de certas variáveis do meio, 
sob o argumento de que certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas. 
Nessa linha de raciocínio, ele procura descrever os eventos comportamentais atribuindo-lhes 
um caráter mecânico e o mais próximo possível da fisiologia, uma vez que as razões que 
estariam subjacentes ao 'levar' o homem a desempenhar o comportamento deveriam ser 
tratadas isoladamente. 
O behaviorismo de Watson fundamenta-se em uma das leis mais famosas do 
behaviorismo metodológico que é a de Pavlov: o condicionamento clássico, ou o reflexo 
incondicionado que consiste, tomando as palavras de Furtado (op.cit.:47), "em respostas que 
são eliciadas (produzidas) por estímulos antecedentes do ambiente (ex. contração das pupilas 
quando há luz forte sobre os olhos)”. Aprofundando e ampliando tais noções, Watson chega 
ao conceito de "reflexo condicionado" que consiste em interações estímulo-resposta 
(ambiente-sujeito) nas quais o organismo é levado a responder a estímulos que antes não 
respondia. Isso se dá em função de um pareamento de estímulos, como por exemplo: imergir a 
mão na água gelada e ouvir o som de uma campainha repetidas vezes. Depois de um certo 
tempo, a mudança de temperatura nas mãos poderá ser eliciada apenas pelo som da 
campainha, isto é, sem a necessidade de imersão das mãos (FURTADO, op.cit.). A 
formulação do behaviorismo de Watson é representada pela relação S-R, onde S é o estímulo 
do ambiente e R a resposta do organismo. 
 
2.2 A SEGUNDA GERAÇÃO: BEHAVIORISMO RADICAL 
B.F. Skinner, em 1945, introduz o Behaviorismo radical, defendendo a análise 
experimental do comportamento. Contrapondo-se ao Behaviorismo metodológico de Watson, 
de cunho realista, o programa de Skinner adota os princípios do pragmatismo, cuja base é a de 
que a força da investigação científica reside não tanto na descoberta da verdade sobre a 
maneira como o universo objetivo funciona, mas no que ela nos permite fazer, ou seja, a 
grande realização da ciência é que ela permite dar significado a nossa experiência. Isso 
implica entender que o pragmatismo se preocupa com a funcionalidade do objeto real 
observável, mensurável, e não com a existência de um objeto real por detrásdesses efeitos 
(BAUM, op.cit.; FURTADO, op.cit.). 
 
90 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
Os behavioristas radicais, nessa linha, tentam romper com o dualismo mundo 
objetivo-mundo subjetivo.Ou seja, em vez de se pautarem em métodos, eles adotam conceitos 
e termos "os termos que usamos para falar do comportamento não apenas nos permitem 
compreendê-lo, mas também o definem: comportamento inclui todos os eventos sobre os 
quais podemos falar sobre eles com os nossos termos inventados", conforme citação de 
Skinner, em Baum (op.cit.). Nessa esteira, os behavioristas radicais equiparam a noção de 
verdade com poder explicativo e, então, buscam termos descritivos que sejam "úteis à 
compreensão e econômicos à discussão" - se a pergunta sobre a existência do universo real 
fora do sujeito é fútil, então também é fútil perguntar sobre a existência de uma verdade final, 
absoluta (idem). 
Dessa perspectiva, os behavioristas radicais admitem todos os eventos naturais - 
passíveis de serem acessados - incluindo eventos públicos e privados e excluem os eventos 
fictícios - que não podem ser acessados. A mente e todas as suas partes e processos, como 
causas mentais do comportamento, são considerados fictícios e, portanto, constituem termos 
que devem ser evitados. O mentalismo é, portanto, insatisfatório, na medida em que é anti-
econômico. Os behavioristas radicais assumem, dessa forma, que as causas do 
comportamento encontram-se na hereditariedade e no ambiente passado e presente. 
À luz do que precede, o behaviorismo radical de Skinner está na formulação do 
"comportamento operante" que pode ser representado pela relação: R à S , em que R é a 
resposta e S (do inglês 'Stimuli') é o estímulo reforçador que tanto interessa ao organismo, e a 
flecha significa 'levar a'. A esse respeito, segundo Keller (1973 apud Figueiredo op.cit.) o 
comportamento operante inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa 
dizer que em algum momento têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O 
comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta, quer 
indiretamente. 
Ou seja, no caso do comportamento operante a aprendizagem deixa de ser um mero 
condicionamento de hábitos e passa a considerar a interação sujeito-ambiente. Difere-se da 
relação R-S do comportamento respondente ou reflexo (Watson) na medida em que o 
estímulo reforçador que é chamado de REFORÇO assume a responsabilidade pela ação, 
apesar de ela ocorrer após a manifestação do comportamento. Neste caso, o que vai propiciar 
a aprendizagem dos comportamentos é a relação fundamental - a relação entre a ação do 
sujeito (emissão da resposta) e as conseqüências. Quer dizer, a aprendizagem está na relação 
entre uma ação e o seu efeito, significando entender com isso que as conseqüências das 
respostas às ações que praticamos são as variáveis de controle mais relevantes na 
determinação de nossos comportamentos subseqüentes. 
Em resumo, estudar o comportamento é fazer uma análise funcional do 
comportamento - (F) S à (F)R - é descrever as funções que determinam uma dada resposta, ou 
seja, analisar as contingências (conjunto hipotético de relações funcionais) que determinam o 
comportamento.que envolve três dimensões: (a) eventos antecedentes; (b) respostas; (c) 
eventos conseqüentes. Muito embora só se possa definir a função reforçadora de um evento 
ambiental a partir da função que ele exerce sobre o comportamento do indivíduo, tem-se 
como definição que o 'reforço positivo' representa um evento que aumenta a probabilidade 
futura da resposta que o produz, tanto quanto um 'reforço negativo' representa um evento que 
aumenta a probabilidade futura da resposta que o remove ou atenua (FURTADO, op.cit.). 
 
3. A TERCEIRA GERAÇÃO: BEHAVIORISMO SOCIAL 
Concordando com a idéia de que "as revoluções são feitas, geralmente, contra os 
grupos que estão no poder" mas discordando, contudo, de revolucionários extremistas que 
"demolem a velha ordem e não se preocupam em separar o que existe de certo e errado na 
mesma", Staats (1980) reivindica a sua posição de representante da 3
a
. geração de 
 
91 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
behavioristas, objetivando ultrapassar as duas gerações de behavioristas precedentes. 
Conforme diz ele, os dois movimentos anteriores caracterizam-se, justamente, pelo caráter 
extremista de seus programas. 
Staats (1980) assevera que embora o programa de Watson tenha sido uma correção 
para os abusos da época, ele foi radical e por isso mesmo rejeitou importantes áreas de 
estudos, estendendo esta rejeição aos termos e métodos da introspecção. Da mesma forma, 
enfatiza o autor, a abordagem de Skinner 
Manteve o extremismo da revolução original de Watson. Esta abordagem rejeita, sem 
maiores exames, os métodos, conceitos, princípios e observações das ciências sociais. Ele não 
elabora princípios que considerem a forma pela qual os seres humanos diferem dos animais. 
Não existe evidência de que o conhecimento social de qualquer outra espécie tenha sido 
sistematicamente formulado e tenha valor (...) significa, na prática, que qualquer outra coisa 
que não seja o condicionamento operante ou que não possa ser explicado como tal, incluindo 
muito do próprio behaviorismo, é rejeitado (ibid, p. 100-101) 
Para Staats, uma característica fundamental da abordagem de Skinner e de seus 
seguidores é a de ser um sistema fechado. Trata-se, argumenta o autor, de um sistema 
restritivo e improdutivo, na medida em que a freqüência da resposta é o dado básico de 
Skinner e ele considera ser o único válido. E nesse sentido, enfatiza Staats (1980), Skinner 
"radicalizou o conflito entre o behaviorismo e as ciências humanísticas no que se refere à 
concepção de homem" (ibid p.102). Igualmente, o behaviorismo de Watson, prossegue o 
autor, "fracassou porque não considerou as pesquisas do comportamento humano que seguiam 
outras orientações" (id.ibid). 
Assim, Staats (1980) reivindica para a evolução do behaviorismo a integração e união 
de áreas do conhecimento, enfatizando a necessidade de "um paradigma que conduza à 
unidade todo esse esforço científico no estudo do homem", ou como diz ele "o que precisamos 
é de uma terceira geração de behaviorismo, o behaviorismo social" (ibid p.103). Em linhas 
gerais, os desenvolvimentos mais significativos do quadro conceitual da Teoria da 
Aprendizagem Social, que surgem a partir de Staats, englobam, dentre outros, os seguintes 
aspectos que passamos a discutir. 
A primeira grande modificação introduzida foi o reconhecimento de que a análise do 
comportamento deve considerar os processos simbólicos, uma vez que a capacidade de 
utilizar a linguagem instrumentaliza a possibilidade de representação de eventos e de situar o 
presente com base em experiências passadas. Em decorrência, ao contrário das duas 
abordagens anteriores do behaviorismo, o interesse concentra-se na análise cuidadosa do 
pensamento e dos mecanismos que este utiliza para controlar a ação. 
Uma Segunda inovação importante diz respeito "à concepção de comportamento como 
uma interação contínua e recíproca entre fatores ambientais, comportamentais e cognitivos" 
(DAVIS, s/d: 77). Uma nova visão que se contrapõe à de Skinner que concebe o 
comportamento como uma via de mão única, ou seja, assujeitando o homem à ação do 
ambiente. Em contraste aos pressupostos deterministas das abordagens anteriores que tratam 
os homens como organismos meramente passivos a um constante bombardeio de estímulos 
ambientais, o behaviorismo social coloca em pauta a ênfase nos processos auto-regulatórios. 
Passa a vigorar um determinismo recíproco entre homem-ambiente. O homemé capaz de 
direcionar o curso da sua ação, isto é, transforma-se em um organismo ativo que é capaz de 
selecionar e organizar dentre os estímulos que determinam as suas respostas, aqueles que 
considera relevantes. 
Uma terceira modificação é a noção de "aprendizagem através de modelação" que se 
refere à aquisição de conhecimentos e comportamentos novos por meio de observação. A 
característica fundamental dessa abordagem é a de que "grande parte da aprendizagem 
humana depende de processos perceptuais e cognitivos". Quer dizer, "o reforço direto da 
própria ação é apenas uma das variáveis que atuam o processo de aquisição de novos padrões 
de respostas" (ibid. p.79). Assim, as expectativas individuais independem de resultados 
 
92 Licenciatura em Pedagogia – Disciplina: Psicologia da Educação 
produzidos pelas próprias ações, ou seja, as respostas às ações de outros são importantes para 
guiar o próprio comportamento. 
Enfim, a noção de behaviorismo social caminha em direção a uma explicação do 
comportamento que leva em conta a interação homem-ambiente de uma forma mais ampla do 
que os programas das duas gerações do behaviorismo anteriores tentaram propor. 
 
CONSIDEAÇÕES FINAIS 
Neste trabalho, a nossa intenção consistiu em focalizar o Behaviorismo, procurando 
traçar as suas condições de emergência e transformações dentro da linha evolutiva da 
Psicologia. Em linhas gerais, abordamos as características dos três principais modelos de 
Behaviorismo: behaviorismo metodológico - que toma como base o realismo e cuja expressão 
máxima é Watson; behaviorismo radical - que toma como base os princípios do pragmatismo 
e que tem como expressão máxima Skinner; e o behaviorismo social - que nasce com Staats, 
em oposição aos dois programas anteriores por considerá-los sistemas fechados e, portanto, 
reducionistas. Dessa forma, o behaviorismo é direcionado a uma concepção mais humanística 
do comportamento. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BAUM, W. Compreender o Behaviorismo. Artes Médicas, 1999. 
DAVIS, C. Modelo da aprendizagem Social. In: RAPPAPOR, FIORI E DAVIS. 
Teorias do Desenvolvimento: conceitos fundamentais. V. 1. EPUD (?) 
COLE, M.; SCRIBNER, S. introdução. In: VYGOTSKY, L.S. A formação Social da 
Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 
DESCARTES, R. Discurso do Método: regras para a direção do espírito. São Paulo: 
Martin Claret, 2000. 
FURTADO, O; TEIXEIRA, M.L.T.; BOCK, A.M.B. Psicologias: uma introdução ao 
estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999 
FREITAS, M.T.A. de. Vygotsky e Bakhtin: Psicologia e Educação: um intertexto. 
4.ed. São Paulo: Ática, 2000 
GABBI JR, O.F.. Leis, Regras e a Psicologização do Cotidiano. Departamento de 
Psicologia Experimental da USP; Depto. de Filosofia da UNICAMP - 1884 
GUILHARDI, H.J. Palestra sobre o behaviorismo - proferida em 30/08/1988 
KAHHALE, E.M.S.P; PEIXOTO, M.G.; GONÇALVES, M. da G.M. A produção do 
conhecimento nas revoluções burguesas: aspectos relacionados à questão metodológica. In, 
KAHAALE, E.M.S.P. (ORG) A diversidade da psicologia: uma construção teórica. São 
Paulo: Cortez, 2002 
LURIA, A.R. Vigotskii. In: VIGOTSKII, L.S.; LURIA, A.R. LEONTIEV. 
Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 7.ed. São Paulo: Ícone, 2001 p. 21-37 
MATOS, M.A. Com que o behaviorismo radical trabalha? (USP) 
SANTOS, BOAVENTURA DE SOUZA. Um discurso sobre as ciências. 9.ed. Ed. 
Afrontamento, 1997 
SKINNER, B.F. Sobre o behaviorismo. São Paulo: Ed. Cultrix, 1974 
STAATS, A.W. Behaviorismo social: uma ciência do homem com liberdade e 
dignidade. In: Arquivos brasileiros de psicologia 32(4): 97-116, 1980

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