Buscar

RODRIGUES, Rosângela Hammes. Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem: uma abordagem de Bakhtin. (p.152 - 183) In: MEURER, J. L.; BONINI, Adair; MOTTA-Roth, Désirée (orgs.). Gêneros: teorias, métodos. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

RODRIGUES, Rosângela Hammes. Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem: uma abordagem de Bakhtin. (p.152 - 183) In: MEURER, J. L.; BONINI, Adair; MOTTA-Roth, Désirée (orgs.). Gêneros: teorias, métodos. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. 
FARIAS JUNIOR, Luiz Carlos De Holanda.[1: 	Acadêmico do curso de licenciatura de Letras Português/Francês – 2015.2 da Universidade Federal do Amapá.]
O conceito de gêneros de discurso para Bakhtin resulta em formas-padrão relativamente estáveis de um enunciado, determinado sócio historicamente, ou seja, concretizamos os nossos discursos em gêneros textuais. A partir dos gêneros do discurso, o sujeito envolve-se nas práticas letradas cotidianas. Nesse sentido, no texto de Rosângela doutora em Linguística Aplicada, “Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem: uma abordagem de Bakhtin” na obra Gêneros: teorias, métodos, debates (2005), são discutidos conceitos de gêneros do discurso, a autora mostra uma análise de um gênero e a preparação didática na esfera escolar.
A linguista faz uma ótima introdução na primeira seção do capítulo, falando um pouco sobre o Circulo de Bakhtin na área da Linguística Aplicada e tece algumas considerações conceituais, preparando para uma discussão acerca das concepções de gêneros textuais/discursivos e podemos extrair a informação de que os textos foram produzidos entre 1919 e 1974 e sua divulgação só foi iniciada a partir da metade da década de 1960 na ex-União soviética e no ocidente. Segundo a autora “... podemos situar o Circulo de Bakhtin na linguística aplicada, pois as suas ideias tem impulsionado as discussões teóricas e os desenvolvimentos pedagógicos na área de ensino de línguas a partir de meados da década de 1980.” 
O capitulo é dividido em quatro seções, a primeira seria a introdução, na segunda seção, discute-se a concepção de gênero do discurso, associando-a outros conceitos integradores da teoria. Na seção três, apresenta-se a analise de um gênero, o artigo jornalístico; na ultima seção, são consideradas a analise de gêneros e sua elaboração didática na esfera escolar.
Na segunda seção, nos fundamentos da teoria de gênero temos algumas considerações, a primeira é a flutuação terminológica na obra do Círculo - processo de tradução. Exemplo: Em Marxismo e Filosofia da linguagem, têm-se os termos: gêneros linguísticos e categorias de atos de fala; speech genres e speech performance. Logo na segunda compreensão da noção de gênero na rede conceitual do pensamento bakhtiniano é abordada a concepção sócio histórica e ideológica da linguagem, o caráter sócio histórico; ideológico e semiótico da consciência e a realidade dialógica da linguagem e da consciência; interação verbal, comunicação discursiva, língua, discurso, texto, enunciado e atividade humana. 
A linguagem como fenômeno sócio ideológico, no Marxismo e Filosofia da Linguagem (1988), Bakhtin (Volochinov) considera a linguagem como fenômeno sócio ideológico, mas, para ele, o lugar da realização do ideológico na linguagem não está na língua como um sistema abstrato de formas, mas no signo linguístico, na palavra. Para mostrar isto, Bakhtin utiliza um conceito de ideologia bastante amplo. Ideologia, para ele, além de designar as manifestações culturais em geral, diz do que é relativo a índices de valor que se confrontam, determinados pelos conflitos de interesses sociais. 
Nesse sentido, para ele, todo signo é ideológico, pois está sujeito a critérios de avaliação. Isto porque "o ser, refletido no signo, não apenas nele se reflete, mas também se refrata". Esta refração é determinada pelo confronto de interesses sociais, ou seja, a luta de classes (Bakhtin, 88:46). 
Não só na obra maior Marxismo e Filosofia da Linguagem, cuja autoria é dada como sendo de Voloshinóv, mas em todas as demais obras, a posição bakhtiniana é clara em rechaçar a noção de língua fundada na forma objetiva ou na subjetividade pura. Bakhtin descarta tanto o subjetivismo individualista como o objetivismo abstrato, para adotar a noção de atividade e de dialogicidade ou interação. A linguagem só opera na relação de um eu para um tu, ou seja, na mediação. Assim, a linguagem é de natureza sócio ideológica, sendo que entre linguagem e sociedade existem relações dinâmicas e complexas que se materializam nos discursos, ou melhor, nos gêneros do discurso.
Num sub-tópico “Gênero do discurso: tipos relativamente estáveis de enunciados”, o gênero e o enunciado mantém uma relação bastante interessante na medida em que o enunciado é irrepetível e individual e o gênero é relativamente estável e não individual e sim histórico, quase impessoal. Para a escritora, “os gêneros do discurso se constituem como uma das grandes forças sociais de estratificação da língua.” Isto porque eles são organizadores de ações e se organizam de acordo com as ações. Os gêneros se constituem historicamente a partir da vida social em situações típicas tais como a religiosa, estética, jurídica, educacional etc. que estão na relação com seus participantes (atores sociais) em suas formações históricas e socioeconômicas.
Na terceira seção, na análise do gênero Artigo, na esfera jornalística, temos o levantamento das categorias de análise, a partir de certas regularidades. Existem dois passos de estudo: o 1° Esfera jornalística: o modo de constituição e de funcionamento da comunicação jornalística no conjunto da vida social, seus gêneros, a relação entre gênero e mídia. E o 2° Gênero Artigo – a sua dimensão social e o material verbal dos dados, olhando-a do ponto de vista do enunciado, à luz de algumas perguntas de natureza sócio-discursiva, pragmático-enunciativa.
Na quarta e ultima seção, são consideradas a analise de gêneros e sua elaboração didática na esfera escolar; é observado “...um grande volume de pesquisas sobre o tema, feitas a partir de diferentes teorias ou de articulações de campos teóricos diferentes desenvolvimento da própria pesquisa e para a elaboração didática da noção de gêneros em documentos oficiais de ensino, livros didáticos etc.”, “...a articulação requer cuidado com as terminologias e as definições, processo fundamental para o desenvolvimento da própria pesquisa e para a elaboração didática da noção de gêneros em documentos oficiais de ensino, livros didáticos etc.”.
O capitulo, além de possuir relevância na obra como um todo ao abordar os gêneros do discurso no ensino e aprendizagem da língua materna, é de interesse aos profissionais, acadêmicos e pesquisadores que buscam conhecimento científico no ensino e aprendizagem da área da linguagem, uma vez que, é de suma importância para os mesmos entenderem as relações do sujeito nas práticas letradas do gênero discursivo na sociedade urbana contemporânea.
Desse modo, os gêneros do discurso são relativamente estáveis de enunciados, elaborados pelas diferentes esferas de utilização da língua. A situação escolar apresenta uma particularidade: nela se opera uma espécie e desdobramento que faz com que o gênero deixe de ser apenas ferramenta de comunicação, passando a ser, ao mesmo tempo, objeto de ensino e aprendizagem. Espera-se que com a atividade do ensino/aprendizagem dos gêneros discursivos na escola contribuam para o ensino do português e a produção de novos gêneros textuais mais relevantes para o desenvolvimento linguístico.

Continue navegando