Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE FLORIANÓPOLIS – SC CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS - CFM DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QMC 5230 – QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL I Professor: Antônio Luiz Braga Experimento 1 solubilidade dos compostos orgânicos Estudante: Gabriela Westphal Vieira Florianópolis, 26 de agosto de 2015 1. Objetivos Identificar as diferentes amostras desconhecidas, classificando-as de acordo com sua solubilidade em meio aos solventes utilizados para teste. 2. Introdução A regra geral que explica a solubilidade com base na polaridade de moléculas é que “semelhante dissolve semelhante''. Em outras palavras, substâncias polares (com pólos positivos que envolvem os pólos negativos do produto, ou o inverso) dissolvem em solventes polares e substâncias apolares (força de Van der Waals soluto-soluto, solvente-solvente e soluto-solvente são bem próximas) dissolvem em solventes apolares. A interação entre um solvente e uma molécula ou um íon dissolvido naquele solvente é chamada solvatação. O processo de solubilização de uma substância química resulta da interação entre a espécie que se deseja solubilizar (soluto) e a substância que a dissolve (solvente), e pode ser definida como a quantidade de soluto que dissolve em uma determinada quantidade de solvente, em condições de equilíbrio. Solubilidade é, portanto, um termo quantitativo. As estruturas tridimensionais das moléculas orgânicas desempenham papel fundamental na determinação de suas propriedades químicas e físicas. Essas interações estão intimamente ligadas à polaridade da molécula e podem ser do tipo: Forças de Van de Waals (Dipolos Induzidos): ocorre entre moléculas neutras a pequenas distâncias; Dipolo-dipolo: ocorre entre grupos polares e resulta da interação do polo positivo de uma molécula com o polo negativo de outra. Ligações de hidrogênio. Além disso, em alguns caso a solubilidade de um composto pode estar relacionada à ocorrência de uma reação química, mudando a estrutura da molécula. A reação ácido/base por exemplo, umas das reações mais comuns, podendo ter ácidos ou bases parcialmente insolúveis, poderá formar um sal solúvel. 3. Procedimento experimental 3.1 Materiais - Tubos de ensaio; - Grade para tubo de ensaio; - Conta-gotas; - Espátulas; - Pipeta graduada; Reagentes: - Amostras desconhecidas (6, 8, 13, 23); - Água destilada; - Éter etílico; - Ácido Clorídrico (HCl) 5% (m/v); - Ácido Fosfórico (H3PO4) 85% (m/v); - Ácido Sulfúrico (H2SO4) 96% (m/v); - Hidróxido de Sódio (NaOH) 5% (m/v); - Bicarbonato de Sódio (NaHCO3) 5% (m/v). 3.2 Métodos 3.2.1 Adicionou-se 1 mL do solvente (neste primeiro momento água) em um tubo de ensaio, após isso foi adicionada uma gota da amostra a ser analisada (no caso da amostra líquida), ou uma pequena quantidade da amostra sólida. 3.2.2 Após observar sua solubilidade, seguiu-se o caminho mostrado na figura 1, adicionando 1 mL dos diferentes solventes (sempre em um novo tubo de ensaio), a mesma medida de amostra, até que se pudesse chegar a uma conclusão sobre a classe que a amostra pertencia. Imagem 1: caminho para analisar a amostra desconhecida Cada teste deveria ser feito com a amostra junto um único solvente, analisando-os separadamente, evitando a interferência de dois ou mais solventes. Em alguns casos foi feito o aquecimento em banho-maria para confirmar a solubilidade (ou não) de fato. 4. Resultado e discussão Neste experimento foi passada uma lista com 30 compostos que possivelmente são pertencentes das amostras desconhecidas (que forma analisadas), sem uma base de compostos, ficaria bastante amplo as definições das amostras. Tabela 1: possíveis compostos 1 – Acetanilida 2 – Acetato de isoamila 3 – Acetato de sódio 4 – Acetona 5 – Ácido acético 6 – Ácido acetilsalicílico 7 – Ácido adípico 8 – Ácido benzóico 9 – Ácido p-aminobenzóico 10 – Ácido salicílico 11 – Álcool isoamílico 12 – Álcool t-butílico 13 – Anilina 14 – Benzaldeído 15 – Benzoato de sódio 16 – cicloexano 17 – cicloexanol 18 – Cicloexanona 19 – cloreto de t-butila 20 – diclorometano 21 - Etanol 22 – Éter dibutílico 23 – Glicina 24 – Hidroquinona 25 – N,N- dimetilamina 26 – Naftaleno 27 – p-Iodonitrobenzeno 28 – p- Toluidina 29 – Sacarose 30 - Tolueno Tabela 2: resultado dos testes realizados nas amostras desconhecidas Amostra Água NaOH (5%) HCl (5%) H2SO4 (96%) Éter NaHCO3 (5%) H3PO4 (85%) 6 Insolúvel Solúvel - - - Solúvel - 8 Solúvel - - - Insolúvel - - 13 Insolúvel Insolúvel Insolúvel Solúvel - - Insolúvel 23 Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel - - - De acordo com o caminho estabelecido acima, foi possível classificar as amostras em grupos menores (A1, S2, I, etc.), e com a tabela já fornecida para a prática de possíveis compostos, fica ainda mais fácil excluir alguns produtos que não se encaixam em nenhum dos grupos encontrados. Tabela 3: classificação das amostras desconhecidas após os testes realizados. Amostra Classe de Solubilidade n (º) tabelado n (º) medido PF (ºC) tabelado PF (ºC) medido Composto 6 A1 - - 136 137,8* Ácido acetilsalicílico 8 S2 - - 122 ** Benzoato de sódio 13 N2 1,586 1,542 -6,8 - Anilina 23 I 1,386*** 1,384 234 - Cloreto de t-butila*** * Temperatura em que começou a ocorrer a fusão, em 150ºC ocorreu a fusão total. ** Foi medido até cerca de 160ºC e não houve qualquer indício de fusão. *** 1,37 é o valor da dimetilamina que também foi cogitada como composto, sendo descartada após os valores tabelados do cloreto de t-butila serem bastante próximos ao valor obtido em laboratório. O composto 6 foi testado em água (insolúvel) → testado em hidróxido de sódio (solúvel) → testado em bicarbonato de sódio (insolúvel). Seguindo este caminho o único grupo que se encaixa é o A1. Neste grupo entram: Ácidos orgânicos fortes, ácidos carboxilícos com mais de 6 átomos de carbono, fenóis com grupos eletrofílicos em posição orto e para. Dos compostos dados, o que se encaixa é o ácido acetilsalicílico, com o ponto de fusão obtido na literatura (Oswaldo Cruz¹), como ele não é líquido, não foi possível testar o índice de refração. O composto 8 foi também testado em água (solúvel) → depois em éter (insolúvel) e com esses dois testes já foi possível determinar o grupo pertencente (S2), como a amostra é sólida o único teste possível foi o da temperatura de fusão, a temperatura alcançada foi 160ºC e não houve um mínimo indício de fusão. Da listagem fornecida, os compostos possíveis de S2 são: acetato de sódio, glicina e benzoato de sódio. Altos pontos de fusão são característicos de sais de compostos orgânicos, o composto que se encaixa nesse grupo é o benzoato de sódio. O composto 13 foi testado em água (insolúvel) → hidróxido de sódio (insolúvel) → ácido clorídrico (insolúvel) → ácido sulfúrico (insolúvel) → e ácido fosfórico (insolúvel). Terminando a bateria de testes o grupo em que essa amostra pertence é o N2, por ser uma amostra líquida o teste para definir o composto foi o de índice de refração. Alguns dos compostos que poderiam ser: acetanilida, éter dibutílico, anilina. Pelo índice de refração foi observado a proximidade com os dados obtidos da anilina. O composto 23 passou pelos mesmo testes dos anteriores, em água (insolúvel) → hidróxido de sódio (insolúvel) → ácido clorídrico (insolúvel) → ácido sulfúrico (solúvel), com isso o grupo que foi obtido foi o I. As substâncias pertencentes a esse grupo são: Hidrocarbonetos Saturados, alcanos halogenados, haletos de arila, éteres diarílicos, compostos aromáticos desativados. Já da tabela dada, os compostos que podem sera amostra desconhecida são: Hidroquinona,cloreto de t-butila, cicloexano, naftaleno, diclorometano, p-iodonitrobenzeno e tolueno. Com o índice de refração medido (amostra líquida), o composto é o cloreto de t-butila. Índice de refração: Quando estudamos a refração com a intenção de considerar a variação na velocidade de propagação da luz, estamos definindo, para os meios homogêneos e transparentes, um número denominado índice de refração. Sendo assim, podemos definir o índice de refração, que é representado pela letra n, de um meio para uma dada luz monocromática, como sendo o quociente entre a velocidade de propagação de um raio de luz no vácuo (c) e sua velocidade de propagação no meio onde está sendo estudado. 5. Conclusão Pelos testes realizados em laboratório através da solubilidade, foi possível separar as possíveis amostras desconhecidas em grupos (em todos os casos poderia ser mais do que uma substância, já que o teste de solubilidade é bastante amplo neste caso). Porém com outros testes realizados, foi possível uma maior aproximação da amostra desconhecida. Os testes que foram possíveis as conclusões foram baseadas no índice de refração (nas amostras líquidas) e ponto de fusão (amostras sólidas). Essas técnicas só são úteis diante da listagem de compostos pré-fornecida, já que existe uma infinidade de compostos orgânicos que muitas vezes aparentam semelhanças em alguns testes, sendo necessário uma outra análise mais específica. Alguns outros testes possíveis são necessárias técnicas mais avançadas, como, por exemplo uma espectrometria de infravermelho ou a cromatografia. 6. Referências 1. Ácido acetilsalicílico. Disponível em: https://www.oswaldocruz.br/download/fichas/ %C3%81cido%20acetilsalic%C3%ADlico2003.pdf. Acesso em: 24 de agosto de 2015. 2. MARTINS, C. R.; LOPES, W.A.; ANDRADE, J. B. SOLUBILIDADE DAS SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v36n8/v36n8a26.pdf. Acesso em: 24 de agosto de 2015 3. Anilina. Disponível em: http://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/brazil/chemicals/anilina,MDA_CHEM-1012 61. Acesso em: 22 de agosto de 2015. 4. Benzoato de sódio. Disponível em: http://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/BENZOATO-DE-S %C3%93DIO,MDA_CHEM-106290. Acesso em: 22 de agosto de 2015. 5. MARTINS, Claudia R.; LOPES, Wilson A.; ANDRADE, Jailson B. Solubilidade das substâncias orgânicas. Quím. Nova vol.36 no.8 São Paulo, 2013 6. SOLOMONS, T. W. Graham; FRYHLE, Craig B. Química orgânica. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005
Compartilhar