Buscar

00.DireitoCivil4 Direito Reais Sobre Coisa Alheia Resumo

Prévia do material em texto

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE DIREITO CIVIL IV 
TURMA: 5DIN – 2016.1 
 
EQUIPE: 
CHARLES SANTOS SILVA 
EDIMAR VAZ DA ROCHA 
JOEL DE SOUZA CORDEIRO 
JÉSSICA RAYANNE DA ROCHA RODRIGUES 
LIDIANI DA SILVA SANTOS 
KLEBER RIBEIRO OLIVEIRA 
MARLANDIA TAVARES CHAGAS 
RAIMUNDO ALVES DA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA 
(De Gozo ou Fruição) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACAPÁ – 2016 
 
 
2 
 
CHARLES SANTOS SILVA 
EDIMAR VAZ DA ROCHA 
JOEL DE SOUZA CORDEIRO 
JÉSSICA RAYANNE DA ROCHA RODRIGUES 
LIDIANI DA SILVA SANTOS 
KLEBER RIBEIRO OLIVEIRA 
MARLANDIA TAVARES CHAGAS 
RAIMUNDO ALVES DA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA 
(De Gozo ou Fruição) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACAPÁ – 2016 
Trabalho apresentado à Faculdade 
Estácio de Macapá, como instrumento 
avaliativo da disciplina Direito Civil IV, 
do Curso de Bacharelado em Direito, 
ministrada pela professora Elaine da 
Costa Pereira. 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
 De acordo com o texto do artigo 1225, do Código Civil Brasileiro de 2002, constituem 
os direitos reais na coisa alheia, a superfície, a servidão, o usufruto, o uso, a habitação, a 
concessão de uso especial para fins de moradia e a concessão de direito real de uso. Nesse 
sentido, podemos considerar que da mesma forma como o direito de propriedade se 
presume pleno, até que se prove o contrário, existem hipóteses nas quais esta presunção 
relativa deixa de existir. 
É justamente no momento em que se verifica a limitação ao uso, ao gozo e fruição 
da coisa, que se estará diante dos direitos reais de gozo e fruição na coisa alheia. As 
servidões prediais, também chamadas de voluntárias, existem para tornar possível o próprio 
uso da coisa ou aumentá-la, conforme a situação, como o caminho em terreno vizinho 
criado para evitar a passagem por estrada mais longa, garantido através de registro legal ou 
alcançada pela usucapião. Elas constituem, de certa forma, na limitação do direito do 
proprietário, que conta com uma contrapartida daquele que utiliza a servidão. 
Quando a norma se refere à prédios, isto não quer significar terrenos 
necessariamente edificados ou construídos. A servidão predial está intimamente relacionada 
à função social da propriedade, na medida em que objetiva, ao final, tornar um prédio útil 
através da conduta solidária do proprietário de um outro prédio. Logo, o terreno poderá 
ser edificado ou não. 
Também, de acordo com o Código Civil de 2002 e os doutrinadores, a finalidade do 
usufruto é meramente assistencial, pois visa garantir a subsistência do usufrutuário 
(pessoa que usufrui) sem a necessidade de transferir-lhe o domínio da coisa. Nesse sentido, 
o usufruto é entendido como um direito real que concede à uma pessoa o poder de usar e 
fruir das utilidades e dos frutos de uma coisa de forma temporária, com a obrigação de 
conservar a substancia do bem. 
Assim sendo, este trabalho baseou-se numa análise bibliográfica, bem como em 
anotações de experiências pessoais, realizadas através do acesso a sites na rede mundial 
de computadores, na leitura e análise de obras científicas sobre o tema, cuja finalidade 
principal foi solucionar dúvidas, ampliar o conhecimento e compartilhá-lo com os 
demais membros de nossa turma acadêmica. 
 
1. SERVIDÃO PREDIAL 
 
1.1. CONCEITO 
 
A servidão predial é o desmembramento da propriedade imposto a certo imóvel 
(prédio serviente) em benefício de outro (prédio dominante), de tal forma que o proprietário 
do primeiro perde, em favor do proprietário do segundo, o uso, o gozo e a disponibilidade de 
uma parte dos seus direitos, o que consistir em ficar obrigado aquele a tolerar que este se 
utilize do imóvel serviente para determinado fim. 
De acordo com o pensamento de Maria Helena Diniz (2015) as servidões prediais 
constituem “direitos reais de gozo sobre imóveis que, em virtude da lei ou vontade das 
partes, se impõem sobre o prédio serviente em benefício do dominante”. Assim essas 
servidões decorrem de lei ou de convenção, constituindo em encargos que um prédio sofre 
em favor de outro, para melhor aproveitamento ou utilização do prédio beneficiado. 
A servidão predial pode ser entendida como é um ônus real, voluntariamente imposto 
a um prédio (o serviente) em favor de outro (o dominante), em virtude do qual o proprietário 
do primeiro perde o exercício de algum de seus direitos dominicais sobre o seu prédio, ou 
tolera que dele se utilize o proprietário do segundo, tornando este mais útil, ou pelo menos 
mais agradável (Gonçalves, 2016). 
 
 
4 
 
Nesse sentido o prédio dominante será o beneficiado da servidão, e o prédio 
serviente o que concederá a servidão. Esta somente acontecerá, portanto, no mínimo entre 
dois prédios, quando o serviente, que pertence a dono diferente, proporciona dominante 
uma utilidade, mediante declaração expressa dos respectivos proprietários, usucapião, ou 
mesmo através por meio de testamento. Em todos os casos, será indispensável o 
necessário registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
1.2. ESPÉCIES 
 
 De acordo com o entendimento da doutrina majoritária (Maria Helena Diniz, Carlos 
Roberto Gonçalves, Paulo Nader, dentre outros), as servidões prediais classificam-se 
quanto à natureza dos prédios envolvidos, quanto à conduta das partes, quanto ao modo de 
exercício e quanto à forma de exteriorização. 
Quanto à natureza dos prédios envolvidos. Esta pode ser uma servidão rústica, 
que é a modalidade de direito real de gozo e fruição envolvendo edifícios localizados no 
campo (meio rural), tendo como exemplo: a servidão para tirar água, para condução de 
gado, de pastagem, para tirar areia ou pedras. Ela, também, pode ser uma servidão 
urbana, que é a modalidade de direito real de gozo e fruição envolvendo prédios situados 
nas cidades, tendo como exemplo: a servidão para escoar água da chuva, para não impedir 
a entrada de luz, para a passagem de som, para usufruir de uma vista ou de janela. 
Quanto à conduta das partes. Em relação à conduta das partes existem as 
servidões positivas, que permitem a realização pelo prédio dominante de ações 
comissivas (concretas, efetivas), como se vê nos casos das servidões de aqueduto e de 
passagem. Nesse sentido existem, também, as servidões negativas, caracterizadas pela 
presença de uma obrigação de não fazer do prédio serviente em relação ao dominante, 
existindo uma restrição aos poderes de propriedade no que concerne ao uso e à fruição do 
bem, tendo como hipóteses o dever de não construir ou não abrir janelas; de não levantar 
obra a partir de determinado andar, etc. 
Quanto ao modo de exercício. Quanto ao modo de exercício elas podem ser 
servidões contínuas, quando existem sem a necessidade de ação humana, que 
acontecem, em geral, ininterruptamente, de forma que mesmo não havendo ato humano 
concreto, haverá a servidão, sendo exemplo: a servidão de passagem de som, de imagem, 
de energia, de luz, etc. Ao contrário existem as servidões descontínuas, que exigem a 
conduta humana para existirem, ou seja, necessitam de intervenção repetida e a intervalos 
descontínuos ou não intervenção do homem para continuação do exercício, podendo ser 
considerada como exemplo a servidão de passagem ou transito de pessoas, servidão para 
tirar água de terreno alheio, servidão de pastagem, etc. 
Quanto à forma de exteriorização. Em relação à forma de exteriorização, existe a 
servidão aparente, que são as ostensivas, visíveis, que se revelam por obras ou sinais 
exteriores inequívocos e duradouros, podendo ser identificados por qualquer pessoa. Tem-
se como exemplo: uma servidão de passagem, servidão deaqueduto. Noutro sentido está a 
servidão não aparente, que não são ostensivas, são invisíveis, que não se revelam por 
sinais exteriores, de forma que não se percebe a servidão em sua face. Esta tem como 
exemplo as servidões que veiculam obrigações negativas de não construir. 
 
1.3. CONSTITUIÇÃO 
 
Negócio Jurídico “causa mortis” ou “inter vivos”. Embora a servidão possa ser 
constituída por negócio jurídico (causa mortis) como testamento, o modo mais frequente de 
sua constituição é por inter vivos, isto é pelo contrato em regra a título oneroso (art.108 e 
1.378 CC). Somente os proprietários podem estipular servidão, como ato de alienação, só 
pode constituir quem tem poder, como proprietário. Se casado a concedente precisa de 
outorga. (art. 1.642 e 1.647 CC). Conforme doutrina de Arnaldo Rizzardo, a servidão por 
 
 
5 
 
testamento, desde que os dois prédios pertencentes a proprietário diversos, figurem o 
testador como proprietário do prédio que pretende gravar ônus da servidão em proveito do 
prédio vizinho. 
Sentença proferida em ação de divisão. A ação de divisão é regulada no Código 
de Processo Civil art. 967 a 981. Dispõe o art. 979, II, do aludido diploma. Na partilha 
instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis, em favor de um quinhão sobre os 
outros. A servidão pode, assim, ser instituída judicialmente pela sentença que homologar a 
divisão, declarando na folha de pagamento as servidões indispensáveis que recaírem sobre 
o quinhão demarcado ou que a seu favor forem instituídas. 
Usucapião. O artigo 1.379 do Código Civil: “O exercício incontestado e contínuo de 
uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1. 242, autoriza o interessado a 
registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que 
julgar consumado a usucapião”. Acrescenta o parágrafo único: “se o possuidor não tiver 
título, o prazo da usucapião será de vinte anos”. A posse é elemento básico à prescrição. A 
servidão seja aparente decorre do próprio conceito que àquele é atribuído, sendo definida 
como exteriorização do domínio, a sua configuração supõe a visibilidade, a publicidade, que 
inexiste na servidão não aparente. 
O artigo 941 do Código de Processo Civil, que regula a ação de usucapião, concede-
se ao possuidor de servidão predial que, preenchendo os requisitos legais, quiser 
transcrevê-la no registro de imóvel. Tradicionalmente, porém só se admitia tal ação no caso 
de servidão aparente e contínua. O uso prolongado de uma serventia, sem oposição, faz 
presumir o consentimento do proprietário vizinho. Esta presunção como anota Orlando 
Gomes, não cabe quando a serventia não tem sinais exteriores de existência. Súmula 45 – 
STF, verbis: “Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela 
natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção 
possessória”. 
Destinação do proprietário. Dá-se a constituição da servidão por destinação do 
proprietário quando este estabelece uma serventia em favor de um prédio sobre o outro, 
sendo ambos de sua propriedade, e um deles é alienado. Nesse sentido, se o senhor de 
dois prédios estabelece sobre um, serventias visíveis em favor do outro e posteriormente 
aliena um deles, ou um e outro passam por sucessão a pertencer a donos diversos, as 
serventias estabelecidas assumem a natureza de servidões, salvo cláusula expressa em 
contrário. A servidão nasce no momento em que o prédio passa a pertencer a donos 
diversos, deixando de ser mera serventia do anterior, e único proprietário. 
Servidão constituída por fato humano. A jurisprudência revelou uma modalidade 
de servidão, aplicável a de trânsito, decorrente de fato humano. Se o dono do prédio 
dominante costuma servir-se de determinado caminho aberto no prédio serviente, e se este 
se exterioriza por sinais visíveis, como aterros, mata-burro, bueiros, pontilhões e etc., 
nascem o direito real sobre coisa alheia, digno de proteção possessória (Súmula 415 STF). 
Se o caminho não é demarcado e visível, a situação será encarada como mera tolerância do 
dono do prédio serviente. Se alguém passa constantemente por determinada propriedade, 
ora por aqui, ora por ali, ou mesmo sempre pelo mesmo lugar, mas sem que exista um 
caminho visível e conservado, sem possuir título transcrito de servidão, tal passagem será 
sempre encarada como mera tolerância do dono do prédio serviente. 
 
1.4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 
 
Servidão vem de “servitus”, que significa escravidão, submissão. E prédio em direito 
não significa edifício, mas sim imóvel edificado ou não. De modo que em linguagem jurídica 
uma fazenda, uma casa, um terreno, etc. São exemplos de prédios. Servidão predial seria 
assim a submissão de um imóvel, tratando-se de assunto importante neste semestre, 
juntamente com superfície. As servidões prediais apresentam algumas características 
básicas: 
 
 
6 
 
A servidão é uma relação entre dois prédios distintos. O serviente e o 
dominante. O serviente sofre um gravame em beneficio do dominante. A vantagem ou 
desvantagem adere ao imóvel e transmite-se com ele independente da pessoa do 
proprietário. 
É necessário que os prédios pertençam a donos diversos. Se pertencerem ao 
mesmo proprietário, este estará simplesmente usando o que é seu, sem que se estabeleça 
uma servidão, e sim uma serventia que pode se transformar em direito real se o domínio dos 
prédios passarem a titulares diferentes. 
Nas servidões serve a coisa e não o seu dono. Isto porque o proprietário não tem 
uma obrigação de fazer, mas de não fazer ou de suportar o exercício da servidão. 
A servidão não se presume, pois só se constitui mediante declaração expressa dos 
proprietários, ou por testamento, e por posterior registro no Cartório de Imóveis (art. 1378, 
CC). 
A servidão deve ser útil ao prédio dominante, ela deve trazer alguma vantagem 
de modo a aumentar o valor do imóvel dominante. Essa vantagem não precisa ser 
necessariamente reduzida a dinheiro, podendo constituir maior utilidade ou simples 
comodidade para o prédio dominante. 
A servidão é direito real e acessório. É direito real porque incide diretamente sobre 
os imóveis. Sendo assim, está munido de sequela e ação real e é oponível a terceiros. E é 
acessório porque decorre do direito de propriedade e acompanha os imóveis mesmo que 
sejam alienados. 
A servidão tem duração indefinida, pois perderia sua característica se fosse 
estabelecido um limite de tempo. Ela dura por tempo indefinido, enquanto não seja extinta 
por nenhuma causa legal, ainda que os prédios mudem de donos. 
A servidão é indivisível, porque não se desdobra em caso de divisão do prédio 
dominante ou do serviente. Ela só pode ser reclamada em sua totalidade, mesmo que o 
prédio dominante pertença a várias pessoas (art. 1386, CC). 
A servidão é inalienável. Por decorrer de uma necessidade do prédio dominante, 
não se concebe sua transferência a outro prédio, pois isso extinguiria a servidão e 
constituiria outra. 
 
1.5. EXTINÇÃO 
 
Dispõe o art. 1.387 do Código Civil: “salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez 
registrada, só se extingue, com respeito a terceiros, quando cancelada. Parágrafo único. Se 
o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título hipotecário, será 
também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor”. 
O dispositivo ora transcrito encontra-se em sintonia com o sistema de constituição 
das servidões, que só podem ser estabelecidas por meio de registro (art. 1.378, CC). Sendo 
assim, enquanto permanecerem registradas no Cartório de Registro de Imóveis, subsistirão 
em favor do dono do prédio dominante. 
Somente no caso de desapropriação é que a extinção ocorre sem necessidade de 
cancelamento do registro. Segundo a doutrina de José Carlos De Moraes Salles, “o 
momento consumativo da desapropriaçãoé aquele em que se verifica o pagamento ou o 
depósito judicial de indenização fixada pela sentença ou estabelecida em acordo. A 
aquisição decorrente de desapropriação, pela natureza especial desta última, não se 
subordina ao registro do título translativo, o que não significa, entretanto, que não seja uma 
formalidade útil, a fim de dar continuidade ao registro e operar efeitos extintivos da 
propriedade anterior”. 
Preleciona, por sua vez, Celso Antônio Bandeira De Mello: “dizer-se que a 
desapropriação é forma originária de aquisição de propriedade significa que ela é, por si 
 
 
7 
 
mesma, suficiente para instaurar a propriedade em favor do Poder Público, 
independentemente de qualquer vinculação com o título jurídico do anterior proprietário. É a 
só vontade do Poder Público e o pagamento do preço que constituem a propriedade do 
Poder Público sobre o bem expropriado”. 
No capítulo concernente à extinção das servidões cuida o legislador, em dois artigos, 
das diversas maneiras como as servidões se extinguem. No art. 1.388, defere ao dono do 
prédio serviente o direito de promover o cancelamento do registro da servidão, ainda que o 
dono do prédio dominante lho impugne, nos seguintes casos: “I - quando o titular houver 
renunciado a sua servidão; II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou 
a comodidade, que determinou a constituição da servidão; III - quando o dono do prédio 
serviente resgatar a servidão”. 
O titular da servidão pode abrir mão do benefício instituído em seu favor, 
renunciando-o expressamente (art. 1.388, I), desde que seja capaz e tenha poder de 
disposição. A renúncia, segundo Clóvis Beviláqua, “é ato voluntário do titular do direito e 
deve ser expressa. É o ato renunciativo, que, apresentado ao registro, autoriza ao 
cancelamento da servidão, e consequentemente, a liberação do prédio”. 
Embora a renúncia deva ser expressa e revestir a forma jurídica adequada, admite-
se, no entanto, que possa ser tácita. É tácita, segundo quando, por exemplo, o senhor do 
prédio não impede que o dono do serviente faça nele obra incompatível com o exercício da 
servidão. 
O inciso II do mencionado art. 1.388 autoriza o cancelamento da servidão em 
decorrência da perda da utilidade ou comodidade que determinou a sua constituição. É 
comum a substituição de uma servidão por uma obra pública. Tal fato afasta, em regra, a 
razão para a sua manutenção. 
Não raramente os locais destinados ao escoamento de águas, ou à passagem de 
pessoas, perdem a utilidade em virtude de esgotos e estradas que o Poder Público constrói. 
A continuação da servidão, por capricho de uma pessoa, é desarrazoada e injustificável, 
como salienta Arnaldo Rizzardo. 
Efetivamente, malgrado o prédio serviente deva suportar as águas que correm do 
superior em local determinado, deixa de existir razão para que o ônus seja mantido no caso 
de ser instalada rede de esgoto. 
O artigo 709, II, do Código de 1916 dispunha que a abertura de estrada pública 
acessível ao prédio dominante constituía causa de extinção da servidão de passagem. 
Embora o legislador tivesse feito confusão, nesse caso, entre servidão de trânsito e 
passagem forçada, que é admitida somente na hipótese de o prédio se encontrar 
encravado, a regra era aplicada como causa de extinção das servidões. 
A fórmula do Código de 2002 é mais abrangente, não se restringindo a uma espécie 
de servidão, malgrado a ideia central permaneça: a extinção sobrevém em decorrência da 
perda da razão de ser da servidão. 
Admite-se também a extinção da servidão pelo mesmo fundamento quando o dono 
do prédio dominante adquire área contígua, que já possuía saída para estrada pública. A 
regra ora em estudo tem sido especialmente utilizada para negar a existência de servidões 
de trânsito não tituladas, quando o prédio pertencente a quem a postula tem acesso a 
estrada pública. 
Já se decidiu, todavia, que a construção de estrada municipal, perto do local litigioso, 
não altera a situação, uma vez que esse novo acesso não se mostra menos oneroso para 
os autores, titulares da servidão de trânsito, contínua e aparente. 
O resgate, mencionado no inciso III do aludido art. 1.388 do Código Civil, só poderá 
ocorrer quando convencionado, ou seja, quando previsto e regulado pelas partes. Difere, 
pois, da enfiteuse, que autoriza sempre o resgate. 
Extinguem-se, ainda, as servidões prediais, nos termos do art. 1.389 do Código Civil: 
 
 
8 
 
Pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa. Nesse caso opera-
se a confusão. Sendo pressuposto básico da existência das servidões a pluralidade de 
prédios pertencentes a proprietários diferentes, ocorre a sua extinção quando os imóveis 
passam ao domínio do mesmo dono. 
Pela supressão das respectivas obras, por efeito de contrato ou de outro título 
expresso. Trata-se de modo de extinção que se aplica às servidões aparentes. 
Pelo não uso, durante dez anos contínuos. A falta de uso por prazo prolongado 
revela não só o desinteresse do titular, como a desnecessidade da servidão, para o prédio 
dominante. Conta-se o prazo, nas servidões positivas, a partir do momento em que cessa o 
seu exercício; e, nas negativas, do instante em que o dono do prédio serviente passa a 
praticar aquilo que devia omitir. 
Pela destruição do prédio dominante, como a invasão das águas do mar, ou a 
inundação definitiva em virtude do erguimento de uma barragem. 
Pela destruição do prédio serviente, nos mesmos casos do item anterior. 
Por se ter realizado a condição ou por se ter chegado ao termo convencionado. 
Pela preclusão do direito da servidão, em virtude de atos opostos. 
Por decisão judicial, como na hipótese de desapropriação. 
Pela resolução do domínio do prédio serviente. 
 
2 - USUFRUTO 
 
2.1. CONCEITO 
 
Segundo o conceito clássico, originário do direito romano, usufruto é o direito de usar 
uma coisa pertencente a outrem e de perceber-lhe os frutos, ressalvada sua substância. 
Alguns dos poderes inerentes ao domínio são transferidos ao usufrutuário, que passa a ter, 
assim, direito de uso e gozo sobre coisa alheia. Como o usufruto é temporário, ocorrendo 
sua extinção passará o nu-proprietário a ter o domínio pleno da coisa. 
A ideia de preservação da substância é essencial à noção de usufruto. Efetivamente, 
enquanto ao usufrutuário se transfere o direito temporário de usar e gozar da coisa alheia, 
se impõe lhe o dever de preservar a substância. 
O proprietário no uso e gozo da coisa tem a faculdade ampla de alterá-la, 
transformá-la, de destruir-lhe, enfim, a substância. Mas o direito do usufrutuário não pode 
ser levado tão longe. 
Desde que o proprietário conserva direito à substância do objeto, o usufrutuário é 
obrigado a respeitá-lo: não há direito contra direito. Assim o usufruto é um direito sobre a 
coisa alheia, salva a substância da mesma coisa. 
Em resumo, o usufruto é o direito real de retirar da coisa alheia durante um certo 
período de tempo, mais ou menos longo, as utilidades e proveitos que ela encerra, sem 
alterar-lhe a substância ou mudar-lhe o destino. 
Caracteriza-se o usufruto, assim, pelo desmembramento, em face do princípio da 
elasticidade, dos poderes inerentes ao domínio: de um lado fica com o nu-proprietário o 
direito à substância da coisa, a prerrogativa de dispor dela, e a expectativa de recuperar a 
propriedade plena pelo fenômeno da consolidação, tendo em vista que o usufruto é sempre 
temporário; de outro lado, passam para as mãos do usufrutuário os direitos de uso e gozo, 
dos quais transitoriamente se torna titular. 
 
2.2. ESPÉCIES 
 
 
 
9 
 
Podem ser classificadas em diversas formas: quanto á origem, quanto a duração, 
quanto ao objeto, quanto a extensão e quanto aos titulares. 
Quanto a origem pode ser constituído por determinação da lei ou por ato de 
vontade.No primeiro caso, cita-se como exemplo, o disposto no art. 1689 
"O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar dos bens do filho. Trata-se de uma 
compensação pelos encargos trazidos na qualidade de administrador dos bens do filho 
incapaz. Trata se então por ato de vontade, resulta de contrato entre as parte (ato inter 
vivos), ou de testamento (causa mortis). Para a aquisição, no entanto, não basta acordo, 
deve-se registrar no cartório de registro de imóveis e no caso de bens imóveis, a realização 
da tradição. 
Uma terceira forma de constituição do usufruto é pela usucapião, nos casos em 
que for celebrado contrato com o proprietário aparente, e posteriormente a propriedade for 
atribuída a outrem, terá direito o usufrutuário a ser respeitado sua aquisição. 
Quanto a duração, classifica-se em temporário ou vitalício. 
No temporário, as partes estipulam o prazo de duração, e advindo o termo, extingue-se o 
contrato. No vitalício, fica estipulado que o contrato valerá enquanto for vivo o usufrutuário. 
Aqui é válido lembrar que o usufruto perdura mesmo com a morte do nu-proprietário, se 
transferindo o bem aos herdeiros deste gravado com o usufruto, posição está muito 
criticada, tendo em vista que o usufrutuário contratou com a pessoa do proprietário, e não 
com seus sucessores. 
Quanto ao objeto classifica-se em próprio e impróprio. Próprio, é aquele que 
recai sobre bens infungíveis, devendo o próprio bem ser entregue ao proprietário ao fim do 
contrato. Impróprio, é o que tem por objeto bens fungíveis, devendo ser entregue outro bem 
na mesma espécie e qualidade e quantidade ao fim do contrato (chamado de quase 
usufruto). 
Quanto à extensão classifica-se em universal e particular, pleno e restrito. 
Universal é o que recai sobre uma universalidade de bens, como uma herança. Particular 
incide sobre bem individualizado, como um prédio. 
Pleno compreende frutos e utilidades, enquanto que o restrito restringe o gozo da 
coisa a parte das utilidades existentes. 
Quanto aos titulares classifica-se em simultâneo ou sucessivo. No simultâneo 
há pluralidade de sujeitos (usufrutuários ou nus-proprietários). No sucessivo, fica estipulado 
que enquanto determinada pessoa for viva, será sujeito do contrato de usufruto, mas 
quando falecer será substituída por outra pessoa fixada no contrato. Não há importância 
nesse instituto para nosso ordenamento, visto que nele não se encontra previsto, 
extinguindo-se o usufruto com a morte o usufrutuário (art. 1410, inc. I/CC). 
 
2.3. CONSTITUIÇÃO 
 
O Usufruto constitui-se diferentemente se a coisa for móvel ou se for imóvel. A 
constituição relativa ao bem móvel se conclui com a tradição, enquanto ao bem imóvel com 
o registro em cartório. Consoante ao art. 108 do Código Civil, o instrumento deve ser feito 
por escritura pública se o imóvel tiver valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo 
vigente no País. 
A Lei Civil (art. 1391), dispensa do registro apenas o usufruto instituído por 
usucapião, mas nesse ponto o legislador vacilou, pois o que se forma por testamento 
prescinde igualmente do ato registral. O usufruto dos pais, em relação aos bens dos filhos 
menores, dispensa, igualmente. O ato pode ser gratuito ou oneroso, inter vivos ou causa 
mortis. São modos de constituição do usufruto: 
 
 
10 
 
Usufruto legal. A lei o institui em favor de certas pessoas, especialmente no âmbito 
familiar, como o usufruto dos pais sobre os bens do filho menor (art.1.689, l, do CC). 
Encontrável no direito de família e no direito das sucessões. 
Usufruto indígena. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, isto é, por 
eles habitadas em caráter permanente e as utilizadas para suas atividades produtivas, são 
bens da União, a teor do disposto no art. 20, Xl, da Constituição Federal. Aos índios é 
conferido o usufruto exclusivo de tais terras e sua posse permanente, conforme o art. 231, § 
2º, da Constituição. Portanto, apesar de pertencentes ao patrimônio da União, são bens 
afetados por efeito de destinação constitucional a fins específicos (Farias; Rosenvald, 2008). 
Usufruto judicial. O juiz pode conceder ao exequente o usufruto de móvel ou 
imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento do 
crédito (art. 716, CC). O juiz da execução pode determinar, desde que as partes concordem, 
o usufruto de móvel ou imóvel do devedor, por prazo determinado, para que o credor receba 
seus créditos, nomeando-se, para tanto, um administrador. O usufruto destina-se ao 
pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios, o executado não perde a 
propriedade do bem temporariamente gravado. O usufruto determinado na execução é de 
direito processual e não de direito material. Outra possibilidade de usufruto judicial é o 
usufruto de alimentos, regulado pelo art. 21 da Lei de Divórcio (Lei nº 6.515/77), o qual 
concede ao alimentário o pagamento do débito alimentar originário do usufruto de 
determinados bens do cônjuge devedor. O usufruto alimentar possui caráter cautelar e 
satisfativo. (Farias; Rosenvald, 2008). 
Usufruto voluntário ou convencional. É constituído por negócio jurídico inter vivos 
ou mortis causa, unilateral ou bilateral, gratuito ou oneroso. O ato jurídico causa mortis é 
representado por testamento ou legado. Trata-se de doação pura, independe da aceitação 
expressa do beneficiário. 
Usufruto por usucapião. A hipótese de usufruto por usucapião pode ocorrer se um 
possuidor obteve o uso e gozo da coisa em relação entabulada com o proprietário, mas 
depois fica ciente de aquele que lhe transferiu a posse direta não era o verdadeiro 
proprietário, caracterizando a posse a no domino. Em ambas as situações o possuidor 
deverá dispor de ânimo de usufrutuário. 
Usufruto por sub-rogação real. Maria Helena Diniz (2002), apresenta este modo 
constitutivo, que se verifica “quando o bem sobre o qual incide o usufruto é substituído por 
outro. Por exemplo, o usufruto de um crédito pode ser convertido em usufruto de coisa se o 
devedor pagar ao usufrutuário a coisa devida, que passa a ser propriedade do credor”. 
 
2.4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 
 
É direito real sobre coisa alheia. Tal característica trata-se de direito real sobre 
coisa alheia, porque o usufrutuário exerce poderes sobre coisa de outrem, ou seja, o 
usufrutuário exerce temporariamente poder sobre coisa pertencente à outra pessoa. 
Para entendermos tais direitos devemos analisar as prerrogativas destinadas às 
partes da relação. O nu-proprietário é o dono legítimo da coisa do usufruto, tendo em si 
totais direitos sobre o bem, como usar, gozar, alienar, modificar, alterar toda a substância 
como a lei lhe confere. Já o usufrutuário é aquele que passa a ter o direito de gozar, fruir 
das utilidades e frutos de um bem de propriedade de outrem, o qual por definição é o 
proprietário do bem objeto do usufruto do qual se destacam os direitos de uso. Todavia tais 
direitos são cobertos por deveres que recai sobre o usufruto, impõe-se ao usufrutuário a 
responsabilidade de conservar e preservar a coisa. 
Ainda falando do usufrutuário, ele vem munido do direito de sequela, sendo aquele 
em que o usufrutuário pode perseguir ir atrás de qualquer pessoa que injustamente detenha 
a coisa. Por exemplo, João tem o direito real sobre o seu celular, e vem outra pessoa 
emprestar-lhe e esquece devolver-lhe, João tem o direito sobre a coisa podendo ir à busca 
 
 
11 
 
do seu direito de sequela. Além disso, o usufrutuário tem direito oponível erga omnes, ou 
seja, direito pleno contra todos. 
Tem caráter temporário. O caráter temporário é aquele que limita o tempo de sua 
duração, ou seja, não se prolonga além da vida do usufrutuário conforme o artigo 1.410 do 
código civil: ”o usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no cartório de registro de 
imóveis. I - Pela renuncia ou mortedo usufrutuário”. 
A própria lei nos remete o caráter temporário quanto à pessoa física do usufruto por 
não lhe ser atribuído a perpetuidade. Portanto se fosse lhe atribuído a perpetuidade, mesmo 
que depois da morte, estaria desfigurado o usufruto, violando assim seu caráter temporário. 
Mas em relação à pessoa jurídica a lei estipula prazo de trinta anos em caso de não se 
extinguir antes. 
Deve o direito de usufruto ser temporário, pois do contrario, seria prejudicial à 
expectativa do nu-proprietário de recuperar a propriedade plena, não mais despojada dos 
elementos que lhe dão conteúdo. 
Divisibilidade. Art.1.411 do CC/02: “constituído o usufruto em favor de duas ou mais 
pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por 
estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente”. 
Percebe-se a possibilidade de sua constituição em favor de duas ou mais pessoas, o 
que gera o co-usufruto. Afirma assim Silvio de Salvo Venosa (2003) que “o usufruto é 
divisível podendo ser atribuído simultaneamente a mais de uma pessoa, mais de um 
usufrutuário, estabelecendo-se o co-usufruto”. 
Inalienabilidade. Art. 1.393 do CC/02: “não se pode transferir o usufruto por 
alienação; mais o seu exercício pode ceder-se por titulo gratuito ou oneroso”. De acordo 
com o artigo citado, nota-se que a regra sempre foi a intransmissibilidade do usufruto, sendo 
que no código civil de 1916 abria uma única exceção à inalienabilidade do usufruto, 
podendo ser transferido por alienação ao dono da coisa. 
Contudo o código de 2002 não reproduziu a regra. Todavia nos dois sistemas, seria 
possível a cessão do exercício do usufruto, a titulo gratuito ou oneroso. Dessa forma poderá 
o usufrutuário locar ou emprestar, em comodato o bem objeto real a outrem. Logicamente 
sendo por regra inalienável. 
É insuscetível de penhora. O usufruto é também impenhorável, somente sendo 
admissível a constrição desse seu exercício, como é o caso dos frutos decorrentes. De 
acordo com Carlos Roberto Gonçalves (2015) “o direito em si não pode ser penhorado, em 
execução movida por divida do usufrutuário, porque a penhora destina-se a promover a 
venda forçada do bem em hasta pública”. 
Porém, o exercício desse direito pode ser penhorado geralmente admitido e 
sancionado por pacifica jurisprudência. Nesse caso, o usufrutuário fica provisoriamente 
privado do direito de retirar da coisa os frutos que ela produz. Logo os frutos produzidos 
serão objeto de pagamento aos credores até que se extinga totalmente a divida. Assim 
sendo sua divida liquidados, seus direito sobre os frutos voltam para seu poder, já que seu 
direito de usufruto não se perde, apenas o exercício desse direito em razão da penhora. 
No entanto se a divida for do nu-proprietário, o objeto de penhora torna-se diferente 
ao do usufrutuário, logo, ele tendo o direito de dispor da coisa, o imóvel pode ser penhorado, 
já que a penhora recairá sobre os seus direitos. 
 
2.5. EXTINÇÃO 
 
As hipóteses em podem ocorrer a extinção (fim) do usufruto está disposto no Código 
Civil, Capítulo IV, artigo 1.410/CC: 
“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de 
Registro de Imóveis: 
 
 
12 
 
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; 
II - pelo termo de sua duração; 
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi 
constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que 
se começou a exercer; 
IV - pela cessação do motivo de que se origina; 
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 
2ª parte, e 1.409; 
VI - pela consolidação; 
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os 
bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no 
usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação 
prevista no parágrafo único do art. 1.395; 
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 
1.390 e 1.399)”. 
Pela renúncia ou morte do usufrutuário. A renuncia pode ser expressa ou tácita e 
deverá ser realizada por meio de escritura pública. O usufruto, por se tratar de um direito de 
caráter personalíssimo, não podendo haver transferência hereditária, se extingue com a 
morte do usufrutuário. 
Pelo termo de sua duração. Essa hipótese pode ocorre caso haja cláusulas de 
caráter temporal determinado, ou indeterminado. 
Pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, 
ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer. 
Analogamente ao que ocorre com a morte da pessoa física, usufrutuária, acontece com a 
pessoa jurídica, com a sua extinção. O Código Civil faz a menção ao período máximo de 30 
anos de usufruto pela pessoa jurídica, se esta existir por todo este tempo. 
Pela cessação do motivo de que se origina. O usufruto cessa quando o motivo 
que o originou deixa de existir. Esses motivos podem ser: artístico, moral, científico, etc. 
Pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª 
parte, e 1.409. Havendo destruição da coisa, desaparece o objeto, como também o 
usufruto. No entanto, diz-se que o perecimento da coisa deve ser total, ou ainda sua 
modificação deve modificar suas características fundamentais presentes na aquisição do 
direito. 
Pela consolidação. É quando ocorre confusão entre o usufrutuário e nu-proprietário. 
Portanto, quando ambos representam a mesma pessoa. 
Por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, 
não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de 
crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 
1.395. O usufrutuário, além dos direitos sob o bem, ele adquiri deveres que deverão ser 
cumpridos para o manutenção da coisa. Porém, caso o usufrutuário deteriore, aliene ou 
arruíne a coisa por culpa deste, e se provado, põem-se fim ao usufruto. 
Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 
1.399). O Usufruto será extinto, cancelando-se em registro no Cartório de Registro de 
Imóveis, pelo não uso, ou não fruição, da coisa me que o usufruto recai independente, do 
prazo de 10(dez) anos contínuo. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
13 
 
Ambos, tanto o usufruto como a servidão predial, caracterizam-se como um direito 
real, porém, cada um tem características individuais que os distingue, como, por exemplo, a 
incidência do bem. O usufruto incide sobre bens móveis e imóveis, enquanto que a servidão 
predial incorre sobre bens imóveis, sendo caracterizado como imobiliário. 
Observa-se que a servidão predial esta bem presente em nosso meio, como por 
exemplo, a forma mais comum, tem-se as servidões de passagem, autorizando um 
proprietário de imóvel transitar sobre o imóvel de outra pessoa. 
Diferentemente do instituto anterior, o usufruto não é tão comum no nosso meio, 
porém, gera várias controvérsias relacionadas à sua natureza jurídica, das formas de 
consolidação e extinção. Porém, é um instrumento dos mais eficazes quando a questão é 
buscar equanimidade e justiça na utilização dos bens. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: direito das coisas. 30ª ed. São 
Paulo: Saraiva, 2015, vol. 4. 
 
FARIAS, Cristiano Chaves de & ROSENVALD, Nelson. Direitos reais. 5. Ed. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2008. 
 
FIORANELLI, Ademar. O Usufruto e o Novo Código Civil a Proibição de Alienar o 
Direito. Disponível em: <http://www.irib.org.br/obras/o-usufruto-e-o-novo-codigo-civil-a-
proibicao-de-alienar-o-direito>. Acesso em 22/03/2016. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito das coisas. 11ª ed. São 
Paulo: Saraiva, 2016, vol. 5. 
 
GUIMARÃES,Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico. 18ª Ed. São Paulo: 
Rideel, 2015. 
 
JURÍDICA, Central. Servidões Prediais. Disponível em: 
<http://www.centraljuridica.com/doutrina/111/direito_civil/servidoes_prediais.html>. Acesso 
em 20/03/2016. 
 
MACHADO, Antônio Cláudio da Costa (Org.) & CHINELLATO, Silmara Juny (Coord.). 
Código Civil Interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 9ª Ed. Barueri, SP: 
Manole, 2016. 
 
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: direito das coisas. 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2016, vol. 4. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: direitos reais. 24ª ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2016, vol. 4. 
 
SOUZA, Márcia Azevedo Prado de. Direitos Reais. Disponível em: 
<http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=3858&idAreaSel=2&seeArt=yes>. 
Acesso em 25/03/2016. 
 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direitos Reais. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2015, vol. 
5.

Continue navegando