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Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 1 
 
CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR PREVISTOS NA LEI 8.078/90 – CDC: 
 
1. Diferenças em relação aos crimes contra as relações de consumo previstos na Lei 
8.137/90: 
 
A doutrina aponta duas diferenças: 
 
 Os crimes do art. 7º da Lei 8.137/90 são mais graves que os crimes do CDC; 
 O art. 7º da lei 8.237/90 tutela de forma mais abrangente as relações de consumo, 
envolvendo outras pessoas, como por exemplo, o intermediário e não apenas o fornecedor 
e o consumidor final. 
 
2. Parte criminal do CDC: 
 
A parte criminal do CDC tem início no art. 61: 
 Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto no 
Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. 
 
Esse artigo 61 é praticamente inútil, apenas afirmando que podem existir outros crimes 
contra o consumidor além dos tipificados no CDC. 
 
3. Análise do art. 63: 
 
 Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos 
invólucros, recipientes ou publicidade: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
 § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a 
periculosidade do serviço a ser prestado. 
 § 2° Se o crime é culposo: 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 
3.1. Sujeito ativo: 
 
É o fabricante ou fornecedor de produtos ou serviços, tal como definido no art. 3º do CDC: 
 Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, 
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
 § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
 § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de 
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 2 
 
 Atente-se que o art. 3º prevê como fornecedor pessoa física ou jurídica, mas a pessoa 
jurídica não tem responsabilidade penal pela prática de crime contra o consumidor. Pessoa 
jurídica não é sujeito ativo de crime contra o consumidor. 
 
3.2. Sujeito passivo: 
 
É o consumidor, cujo conceito está no art. 2º do CDC: 
 Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário 
final. 
 Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja 
intervindo nas relações de consumo. 
 
Obs.: Esses sujeitos ativo e passivo são de todos os crimes contra o consumidor. 
 
3.3. Tipo objetivo: 
 
A conduta é omitir, ou seja, não indicar ao consumidor, dizeres (que são escritos) ou sinais 
ostensivos, símbolos, desenhos, gráficos sobre a nocividade ou periculosidade. 
Ex. não indicar na embalagem que o produto contém uma determinada substância perigosa ou 
nociva à saúde, como não indicar que o produto é um veneno. 
 Essa omissão ou não indicação pode vir nas embalagens (parte externa), nos invólucros 
(parte interna) ou na publicidade. Ex. propaganda de cigarro que omite que o produto é nocivo. 
 Também há o crime se o produto contém a informação, mas não a contém de forma 
ostensiva – ela é feita de forma disfarçada, não perceptível. 
 As expressões periculosidade ou nocividade são elementos normativos do tipo. 
 
3.4. Elemento subjetivo: 
 
São o dolo e a culpa. O crime é punido tanto na forma dolosa quanto culposa. Pode haver 
omissão dolosa ou culposa. 
 
3.5. Conflito de normas: 
 
Art. 63, CDC Art. 7º, II da Lei 8.137/90 
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a 
nocividade ou periculosidade de produtos, nas 
embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: 
 
 Art. 7° Constitui crime contra as relações de 
consumo: 
 II - vender ou expor à venda mercadoria cuja 
embalagem, tipo, especificação, peso ou composição 
esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que 
não corresponda à respectiva classificação oficial; 
Está sendo punida a simples omissão da 
informação ostensiva, ainda que o produto não 
seja vendido ou exposto a venda. 
O que se pune é a venda ou exposição à venda 
do produto em desacordo com a proibição legal 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 3 
 
3.6. Figura equiparada: 
 
Está prevista no §1º do art. 63: 
 § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a 
periculosidade do serviço a ser prestado. 
 
 A diferença é que no caput, o infrator omite informações sobre o produto. No §1º ele 
omite informações sobre serviço a ser prestado. 
 
3.7. Consumação e tentativa: 
 
Trata-se de crime de mera conduta que se consuma com a simples omissão ou falta de 
aviso, ainda que não haja nenhum dano ao consumidor. 
 A tentativa não é possível pois temos crime omissivo puro ou próprio. 
 
4. Análise do art. 64: 
 
 Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de 
produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
 Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente quando 
determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. 
 
4.1. Sujeitos do crime: 
 
Idem art. 63. 
 
4.2. Distinção com o art. 63: 
 
A diferença entre ambos está no fato de que, no art. 63 a nocividade ou periculosidade do 
produto ou serviço já é conhecida antes da colocação do produto no mercado ou da prestação do 
serviço. 
 No art. 64, a periculosidade ou nocividade do produto somente é descoberta quando o 
produto já está no mercado. 
 O art. 63 aplica-se aos produtos e serviços, enquanto o art. 64 somente se aplica aos 
produtos. 
 
4.3. Tipo objetivo: 
 
A conduta é deixar de comunicar, ou seja, não avisar a autoridade competente e os 
consumidores. 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 4 
 
 O tipo penal impõe um duplo dever de comunicação, daí que a falta de uma das 
comunicações configura o crime. Ex. comunicar às autoridades competentes, mas não comunicar 
aos consumidores. 
 Esse dever de informação se dá quanto a periculosidade e nocividade de produto cujo 
conhecimento seja posterior à colocação no mercado. Ex. uma fábrica de chocolates descobre que 
determinado chocolate que vende contém uma substância que pode ser nociva à saúde. 
 Aqui, no que tange a autoridade competente, o tipo penal é norma penal em branco pois 
precisa ser complementado por outras normas que estabeleçam quem seja a autoridade 
competente. 
 Também há crime se o agente não retirar o produto nocivo ou perigoso do mercado, nos 
termos do p. único do artigo: 
 Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente quando 
determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. 
 
Obs.: Só há crime se a retirada for determinada por autoridade competente. É o chamado recall 
por determinação da autoridade. 
Não há crime se o agente deixar de fazer o chamado recall voluntário.Em outras 
palavras, não há crime contra o consumidor se a autoridade não determinou a retirada do 
produto. 
 A retirada deve ser imediatamente após a ordem, ou seja, a demora injustificada na 
retirada do produto, configura o crime. 
 
4.4. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo. 
 
4.5. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com a simples omissão na comunicação ou com a não retirada do 
produto do mercado, assim q determinado pela autoridade, ainda que não ocorra nenhum dano 
ao consumidor. 
É crime de mera conduta, não sendo admitida a tentativa. 
 
5. Análise do art. 65: 
 
 Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente: 
 Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
 Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à 
morte. 
 
5.1. Sujeitos do crime: 
 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 5 
 
Idem art. 63. 
 
5.2. Tipo objetivo: 
 
É executar (realizar) serviço de alto grau de periculosidade. Alto grau de periculosidade é 
elemento normativo do tipo, que deve ser verificado em cada caso concreto, dependendo de juízo 
de valor, preferencialmente por perícia. 
 Só há crime se o serviço for executado em desacordo com normas legais, ou seja, em 
desacordo com determinação da autoridade, que deve se basear em normas legais. 
 Assim, executar serviços de alta periculosidade, por si só, não é crime. Ex. executar serviço 
com armas nucleares. O que é crime é executar esse serviço contrariando determinação de 
autoridade baseada em normas legais. 
Obs.: O tipo penal se consuma ainda que não ocorrer lesão ou morte de alguém. Se acarretar 
morte ou lesão corporal de alguém, o infrator responderá pelo crime do art. 65, e ainda o crime 
de lesão corporal ou homicídio. 
 
5.3. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo. No parágrafo único, o crime é preterdoloso, para alguns. Ou seja, dolo na 
execução do serviço e culpa na lesão corporal ou morte. 
Para outros, é crime qualificado pelo resultado, ou seja haverá concurso material de crimes 
entre o art. 65 e o homicídio ou lesão corporal. Nesse sentido, Nucci. 
 
5.4. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com a mera execução ilegal do serviço perigoso. 
A tentativa é possível. 
 
6. Análise do art. 66: 
 
 Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, 
qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: 
 Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. 
 § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. 
 § 2º Se o crime é culposo; 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 
6.1. Sujeitos do crime: 
 
Idem art. 63, com uma observação: 
Nesse artigo 66, o sujeito ativo pode ser também o patrocinador da oferta. Ex. amigo que 
financia a propaganda do produto que está sendo colocado no mercado por outro. 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 6 
 
6.2. Tipo objetivo: 
 
O tipo penal pune duas condutas: 
a) Fazer afirmação falsa, mentirosa ou enganosa, que induza o consumidor a erro. 
b) Omitir informação relevante: Se a informação omitida não for relevante, não há crime. 
 
O crime, portanto, é comissivo e omissivo. Comissivo na primeira conduta, e omissivo na 
segunda. A informação falsa ou omitida, deve se referir à qualidade, quantidade, segurança, 
desempenho, durabilidade, preço ou garantia do produto ou serviço. 
Ex. vender 300 ml de refrigerante e constar na embalagem que há 390 ml; constar que 
determinado produto tem garantia de um ano, quando, na verdade, a fábrica dá apenas garantia 
de seis meses. 
 
6.3. Distinção do art. 66 com o art. 7º, II da Lei 8.137/90: 
 
Art. 66, CDC Art. 7º, II da Lei 8.137 
O infrator faz afirmação falsa sobre algumas 
características do produto. 
Aqui se pune o fato desse produto com 
informações falsas ser vendido ou exposto a 
venda. 
Esse artigo não se aplica aos serviços, mas 
apenas a produtos e mercadorias. 
 
6.4. Elemento subjetivo: 
 
É dolo e culpa. 
 
6.5. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com a simples informação falsa ou enganosa, com o simples 
patrocínio da oferta, no caso do §1º, não sendo necessário haver prejuízo para o consumidor. 
 Na conduta comissiva a tentativa é possível. Já na conduta omissiva, não é pois o crime é 
omissivo puro ou próprio. 
 
7. Análise do art. 67: 
 
 Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 
7.1. Sujeitos do crime: 
 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 7 
 
Os mesmos do art. 63, atentando-se que pode ser sujeito ativo o publicitário ou 
responsável pela publicidade. 
 O proprietário da agência de propaganda pode responder por esse crime contra o 
consumidor, caso contrário não há esse crime. 
 
7.2. Tipo objetivo: 
 
A conduta é fazer (realizar) ou promover (organizar) publicidade, ou seja, propaganda 
enganosa que induz o consumidor a erro ou abusiva (desrespeita os direitos do consumidor de 
alguma forma). 
 Essa publicidade pode ser realizada (veiculada) por qualquer forma. Ex. internet, TV, jornal, 
panfletos, etc. 
Apesar do art. 67 não mencionar, essa propaganda deve ser sobre produtos ou serviços 
pois estamos diante de crime contra o consumidor. 
 
7.3. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo direto e eventual. O dolo eventual é extraído da expressão que deveria saber. 
Não se pune a forma culposa. 
 
7.4. Distinção em relação ao art. 7º, VII da Lei 8.137: 
 
Art. 67, CDC Art. 7º, VII, da Lei 8.137 
 Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou 
deveria saber ser enganosa ou abusiva: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 
 Art. 7° Constitui crime contra as relações de 
consumo: 
 VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via 
de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a 
natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de 
qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação 
publicitária; 
 
Tanto o art. 67 do CDC como o art. 7º, VII da lei 8.137/90 estão punindo a conduta de fazer 
publicidade enganosa. 
Para resolver esse conflito surgem duas correntes: 
1ª Corrente: aplica-se o art. 7º, VII da lei 8.137 quando o dolo for o de especificamente induzir o 
consumidor a erro, quanto ao produto. Já se o dolo for de apenas fazer ou promover propaganda 
enganosa, o crime é o do art. 67 do CDC. Essa é a diferença que Herman Benjamim faz. 
2ª Corrente: diz que não há diferença entre os crimes. Portanto, o art. 67 do CDC está tacitamente 
derrogado pelo art. 7º, VII da lei 8.137, no que se refere a produtos e mercadorias. O art. 67 do 
CDC só continua vigente no que se refere à publicidade abusiva, que não é tratada no art. 7º, VII 
da lei 8.137/90, e quanto a publicidade de serviços, que também não é tratada e mencionada no 
art. 7º. 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 8 
 
7.5. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com a mera publicidade, ainda que não ocorra nenhum prejuízo aos 
consumidores. 
 A tentativa é tecnicamente possível, se a propagada não for veiculada ou não for 
promovida por circunstâncias alheias a vontade do agente. 
 
Obs.: Aplica-se ao art. 68 tudo que foi dito tudo que foi ditoem relação ao art. 67, com apenas 
uma diferença: no art. 68 o objeto material não é publicidade enganosa ou abusiva e sim, 
publicidade capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à 
sua saúde ou segurança, ou seja, é a propaganda capaz de provocar uma alteração 
comportamental nos consumidores. Ex. propaganda de cigarro ou cerveja vinculada a sucesso 
profissional, à beleza, à saúde, a esportes. Essas propagandas induzem o consumidor a consumir 
o produto e se comportarem de forma prejudicial à saúde ou à segurança. 
 Nucci entende que esse artigo 68 conflita com o Princípio da Adequação social, pois essas 
propagandas de cigarros, cervejas estão induzindo as pessoas a terem comportamentos 
socialmente aceitos, tolerados e seria um absurdo considerar crime a propaganda de cerveja. 
 Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se 
comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: 
 Parágrafo único. (Vetado). 
Se o infrator deixar de organizar dados técnicos ou científicos que embasaram a publicidade 
comete o crime do art. 69 do CDC. Ex. propaganda de xampu afirma que o mesmo reduz em 90% 
as caspas. Os dados científicos que deram origem a essa propaganda devem estar organizados 
até para serem apresentados pela autoridade, se necessário. 
 Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 
8. Análise do art. 70: 
 
 Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem autorização do 
consumidor: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 
8.1. Sujeitos: 
 
Idem art. 63. 
 
8.2. Conduta: 
 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 9 
 
É utilizar peças ou componentes usados. Só há o crime se essa utilização de peças ou 
componentes usados ocorrer na reparação (conserto) de produtos. Ex. levou automóvel para 
consertar, ou o computador, e depois o mecânico ou técnico o usou peças usadas no conserto. 
Se a utilização de peças ou componentes usados ocorrer na produção de produtos, ou seja, 
uma fábrica produz automóvel utilizando peças usadas, ou fábrica monta computadores utilizando 
peças usadas; haverá o crime de fraude no comércio – art. 175 do Código Penal. 
 
 A reparação deve ocorrer no conserto dos produtos e sem autorização do consumidor. Se o 
consumidor autorizou o uso da peça usada, não há crime. 
 
8.3. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo. 
 
8.4. Consumação e tentativa: 
 
O crime é formal e se consuma com o simples emprego da peça ou componente usado sem 
autorização do consumidor, ainda que não ocorra nenhum prejuízo ao consumidor. 
É corrente adotada por Herman Benjamim, que diz que a peça usada pode ser melhor ou 
de qualidade seja igual e o crime existe mesmo se não houver prejuízo. 
Outros entendem que o crime é material, ou seja, só há crime se a utilização da peça usada 
causar prejuízo ao consumidor. É o entendimento de Nucci, que também afirma que se o 
prestador de serviço utilizou peça usada sem autorização do consumidor, mas cobrou como sendo 
peça usada, não há crime. Só há crime, se o agente usar peça usada sem ordem do consumidor, e 
cobrar como peça nova. 
A primeira corrente é a mais correta pois o tipo penal não exige esse prejuízo. O tipo penal 
tutela não apenas o prejuízo, como também a segurança do consumidor, ou sua comodidade. 
A tentativa é perfeitamente possível, se o infrator não conseguir colocar a peça usada por 
circunstâncias alheias à sua vontade. 
 
9. Análise do art. 71: 
 
 Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas 
incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo 
ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 
9.1. Sujeito ativo: 
 
É o comerciante credor, ou quem realiza em seu nome. Ex. empresas especializadas em 
cobrança. 
 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
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9.2. Sujeito passivo: 
 
É consumidor devedor. 
 
9.3. Tipo objetivo: 
 
Esse tipo penal só se aplica se houver cobrança de dívidas e cobrança de dívidas relativa à 
relação de consumo. 
 Sendo cobrança de dívidas não relativa à relação de consumo, haverá o crime de exercício 
arbitrário das próprias razões (art. 345, CP). 
 O crime existe se, na cobrança da dívida, o infrator utilizar: 
a) Ameaça, coação ou constrangimento físico ou moral: ou seja, agressões, ofensas morais, 
injúrias. 
b) Afirmações falsas, incorretas ou enganosas. Ex. o infrator diz a um consumidor humilde que 
não está cobrando juros e correção monetária na dívida, quando, na verdade, está; ou diz 
que está dando desconto de 30% quando, na verdade está dando desconto de 15%. 
c) O infrator utiliza meio que exponha o consumidor a ridículo, ou que interfira com seu 
descanso, lazer ou trabalho. Ex. cobrar o consumidor em voz alta na presença dos demais 
colegas de trabalho; telefonar todas as madrugadas na casa do consumidor, para cobrá-lo 
ou telefonar insistentemente em seu local de trabalho 
 
9.4. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo. Não se pune a forma culposa. 
 
9.5. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com a simples prática de um das condutas do tipo penal. A tentativa é 
possível, por exemplo, na forma escrita. 
 
10. Análise do art. 73: 
 
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas 
ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata: 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 
10.1. Sujeitos do crime: 
 
Idem do art. 63 do CDC. 
Direito Penal IV - Crimes contra o Consumidor 
 
 Página 11 
 
Aqui merece destaque observar que pode ser sujeito ativo desse crime, o responsável pela 
retirada do registro ou por sua correção. Isso porque, muitas vezes a correção significa retirar o 
nome do devedor. 
10.2. Tipo objetivo: 
 
A conduta é deixar de corrigir, ou seja, não retificar. 
 O objeto material do crime é informação inexata constante de banco de dados, cadastro, 
fichas ou registros. 
 Ex. deixar de retirar o nome do devedor do cadastro de devedores, se não há a dívida, ou 
se a dívida já foi paga. 
Obs.: o tipo penal contém um elemento normativo que está na expressão imediatamente, o que 
significa dizer que, a demora injustificada na retificação configura o crime. 
 
10.3. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo, não havendo a forma culposa. 
 
10.4. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com a simples omissão, ainda que não haja prejuízo ao consumidor. A 
tentativa não é possível por se tratar de crime omissivo puro ou próprio.

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