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AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE RESISTIVIDADE ELÉTRICA E AS PROPRIEDADES DE CONCRETOS COM CINZA DE CASCA DE ARROZ E ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS 
UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TATIANE ISABEL HENTGES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE RESISTIVIDADE ELÉTRICA E AS 
PROPRIEDADES DE CONCRETOS COM CINZA DE CASCA DE ARROZ E 
ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Leopoldo 
2015
 
TATIANE ISABEL HENTGES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE RESISTIVIDADE ELÉTRICA E AS 
PROPRIEDADES DE CONCRETOS COM CINZA DE CASCA DE ARROZ E 
ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão apresentado à Unidade 
Acadêmica de Graduação em Engenharia 
Civil da Universidade do Vale do Rio dos 
Sinos - UNISINOS como requisito parcial 
para a obtenção do título de Engenheira Civil. 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Marlova Piva Kulakowski 
 
 
 
Banca examinadora: Prof. Dr. Cláudio S. Kazmierczak 
Prof. Dr. Mauricio Mancio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Leopoldo 
2015
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais, Ivo e 
Zenaide, irmã Aline e irmão Alencar. Família 
é base sólida na qual minha estrutura sempre 
pode se apoiar. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente agradeço a Deus pela vida e pelas oportunidades que tive. 
Agradeço também aos meus pais, Ivo e Zenaide, as pessoas com quem terei sempre 
uma dívida de amor impagável. Aos meus irmãos Aline e Alencar, parceiros a vida inteira. 
Em especial ao meu irmão que dispôs de suas férias, seu tempo, suas forças, sua 
atenção seu suor para me ajudar nesta pesquisa. Alencar, sem você eu não teria conseguido 
fazer tudo o que está resumido neste trabalho. 
Ao Eduardo, pelo companheirismo durante o curso e paciência durante o TCC. 
Àquelas que estiveram praticamente todos os momentos do curso comigo, Bruna e a 
Laura, vivendo alegrias e nervosismos, dividindo trabalhos, panquecas e festas, e que 
acabaram se tornando melhores amigas. 
À minha querida orientadora Marlova, base e incentivo do meu potencial científico 
durante a graduação desde a iniciação científica. 
Aos colegas que fiz durante a faculdade e se tornaram pessoas especiais. Na iniciação 
científica a Jéssica, a Lucimar e o Vágner. No pensionato a Luci e a Mari. Durante o TCC a 
Josi e a Pati. Nos estágios e trabalho, Cristina, Renato, Cássio, Allana, Jader, Marcella, 
Marcia, Monique, Verônica. Na própria faculdade, a Luana e aNicolle. Vocês fizeram minha 
vida colorida mesmo morando longe da família. 
Aos laboratoristas do LMC: Ingrid, Maurício e Rodrigo que, muito além de excelentes 
profissionais, foram amigos em todos os momentos. 
Ao Carlos Eduardo Braun, por todo o auxílio na montagem dos equipamentos e 
execução dos ensaios de resistividade elétrica no estado fresco. Aos bolsistas que também me 
ajudaram na execução dos concretos. 
Ao laboratório de engenharia elétrica, pelo empréstimo dos equipamentos. 
Ao Laboratório de Caracterização e Valorização dos Materiais, pelas análises do 
cimento e da cinza de casca de arroz. 
À Britasinos, pela doação dos agregados, em especial à Angelica que foi quem 
conseguiu essa concessão. À FAPERGS e à CNPQ, pelo auxílio financeiro à pesquisa. 
A todos vocês, muito obrigada de coração! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nunca se arrependa de nada que te faça 
sorrir” (anônimo). 
 
 
RESUMO 
Os métodos de controle de qualidade para aceitação do concreto em obra, 
estabelecidos em norma técnica, não são capazes de medir características que forneçam as 
informações necessárias para determinar e controlar a relação água/cimento (a/c) no 
recebimento de um lote. O parâmetro que irá definir a aceitação provisória do concreto, 
conforme a ABNT NBR 12.655:2006, é o abatimento de tronco de cone, que deve ter um 
valor pré-estabelecido em projeto. Este ensaio, ao determinar a consistência do concreto pode 
medir indiretamente variações no teor de água da mistura. No entanto, esta consistência não 
reflete a medida da relação água/cimento, nem tão pouco pode dar indicativos de resistência à 
compressão. Além disto, o emprego de aditivos pode alterar este parâmetro. A relação a/c é o 
fator que influencia mais significativamente na resistência e durabilidade do concreto. O 
objetivo deste trabalho é avaliar o emprego do método da resistividade elétrica para a 
determinação a relação água/aglomerante (a/agl) do concreto no estado fresco, analisando a 
influência da cinza de casca de arroz e do aditivo superplastificante nos resultados, e sua 
relação com a resistência à compressão. Para tanto, foi utilizada uma sonda que mede a 
resistividade elétrica dos concretos no estado fresco pelo método dos quatro pontos. Foram 
executados concretos com quatro relações a/agl (0,35, 0,45, 0,55 e 0,65), com e sem aditivo 
superplastificante, e com 0%, 10% e 20% de cinza de casca de arroz em substituição ao 
cimento. Foi analisada a relação da resistividade elétrica no estado freso com a relação 
água/cimento (ou água/aglomerante) e com os ensaios de resistência à compressão, 
abatimento de tronco de cone, absorção capilar e com a resistividade no estado endurecido. 
Os resultados mostram que a resistividade elétrica dos concretos no estado fresco sofre grande 
variação com a alteração das relações a/c e a/agl e é alterada significativamente pela presença 
do aditivo superplastificante e pela diminuição no teor de umidade, porém quase não sofre 
alterações com a presença de cinza de casca de arroz. Há uma forte relação da resistividade 
elétrica no estado fresco com a resistência à compressão e com a resistividade no estado 
endurecido, porém não há relação direta com o abatimento e com a absorção capilar. Por fim, 
foram elaboradas equações para determinação da relação a/c e a/agl a partir da resistividade e 
diagramas correlacionando resistência à compressão, relação a/c e resistividade dos concretos 
no estado fresco. 
 
Palavras-chave: resistividade elétrica; aditivo superplastificante; cinza de casca de arroz. 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Ação do aditivo nas moléculas de cimento e água .................................................. 17 
Figura 2 – Mecanismo de repulsão (a) eletrostática de aditivo plastificante e (b) e (c) estérica 
para aditivo superplastificante .................................................................................................. 18 
Figura 3 – Diagrama esquemático do efeito dos superplastificantes no concreto .................... 19 
Figura 4 – Medida do abatimento ............................................................................................. 28 
Figura 5 – Resistência de meteriais (a) condutores e (b) semicondutores................................ 32 
Figura 6 – Determinação da resitividade de materiais pelo arranjo de Wenner ....................... 34 
Figura 7 – Densidade de corrente em um espaço esférico ....................................................... 35 
Figura 8 – Densidade de corrente em um espaço semiesférico ................................................ 36 
Figura 9 – Campo elétrico semiesférico na superfície terrestre ...............................................36 
Figura 10 – Resistividade ao longo do tempo de concretos no estado fresco .......................... 40 
Figura 11 – Resistividade dos concretos estudados por Braun (2015) ..................................... 40 
Figura 12 – Distribuição granulométrica da Cinza de casca de Arroz. .................................... 44 
Figura 13 – Curva granulométrica do agregado graúdo ........................................................... 47 
Figura 14 – Curva granulométrica do agregado miúdo ............................................................ 48 
Figura 15 – Método de absorção por capilaridade ................................................................... 54 
Figura 16 – Esquema da execução do ensaio ........................................................................... 55 
Figura 17 – Ensaio de resistividade elétrica no estado endurecido .......................................... 56 
Figura 18 – Esquema do circuito elétrico empregado no experimento .................................... 57 
Figura 19 – Aparelhos utilizados nos ensaios de resistividade elétrica .................................... 57 
Figura 20 – Ensaio de resistividade em andamento ................................................................. 58 
Figura 21 – Equipamento utilizado nos ensaios de resistividade elétrica ................................ 59 
Figura 22 – Corte esquemático do equipamento ...................................................................... 59 
Figura 23 – Resistividade ao longo do tempo dos concretos estudados (0% CCA) ................ 62 
Figura 24 – Resistividade ao longo do tempo dos concretos estudados (10% CCA) .............. 62 
Figura 25 – Resistividade ao longo do tempo dos concretos estudados (20% CCA) .............. 63 
Figura 26 – Relação entre resistividade no estado fresco e relação a/c dos concretos com 0% 
de CCA ..................................................................................................................................... 64 
Figura 27 – Relação entre resistividade no estado fresco e relação a/agl dos concretos com 
10% de CCA ............................................................................................................................. 64 
Figura 28 – Relação entre resistividade no estado fresco e relação a/agl concretos com 20% de 
CCA .......................................................................................................................................... 64 
 
Figura 29 – Efeito isolado do fator “AD” na resistividade elétrica no estado fresco ............... 66 
Figura 30 – Efeito isolado do fator “CCA” na resistividade elétrica no estado fresco ............ 66 
Figura 31 – Efeito isolado do fator “a/c” na resistividade elétrica no estado fresco ................ 67 
Figura 32 – Efeito isolado do fator “Tempo” na resistividade elétrica no estado fresco ......... 69 
Figura 33 – Interação entre os fatores “CCA”, “a/c” e “AD” na reistividade elétrica no estado 
fresco ........................................................................................................................................ 69 
Figura 34 – Variação da resistividade elétrica e do abatimento de tronco de cone (0% CCA) 70 
Figura 35 – Variação da resistividade elétrica e do abatimento de tronco de cone (10% CCA)
 .................................................................................................................................................. 71 
Figura 36 – Variação da resistividade elétrica e do abatimento de tronco de cone (20% CCA)
 .................................................................................................................................................. 71 
Figura 37 – Taxa de absorção capilar e resistividade dos concretos estudados no estado fresco
 .................................................................................................................................................. 72 
Figura 38 – Relação entre resistência à compressão e resistividade elétrica no estado fresco de 
concretos com 0% de CCA ....................................................................................................... 76 
Figura 39 – Relação entre resistência à compressão e resistividade elétrica no estado fresco de 
concretos com 10% de CCA ..................................................................................................... 76 
Figura 40 – Relação entre resistência à compressão e resistividade elétrica no estado fresco de 
concretos com 20% de CCA ..................................................................................................... 77 
Figura 41 – Evolução da resistividade dos concretos no estado endurecido ............................ 78 
Figura 42 – Diagrama de correlação entre resistividade e resistência à compressão (0% CCA)
 .................................................................................................................................................. 83 
Figura 43 – Diagrama de correlação entre resistividade e resistência à compressão (10% 
CCA) ......................................................................................................................................... 83 
Figura 44 – Diagrama de correlação entre resistividade e resistência à compressão (20% 
CCA) ......................................................................................................................................... 84 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 – Classes de abatimento no ensaio de tronco de cone ............................................... 29 
Tabela 2 – Fatores de controle com níveis variáveis de estudo................................................ 42 
Tabela 3 – Caracterização química e física do cimento CPII F-32 .......................................... 43 
Tabela 4 – Caracterização química da cinza de casca de arroz ................................................ 45 
Tabela 5 – Característcas do aditivo superplastificante ........................................................... 46 
Tabela 6 – Caracterização física do agregado graúdo .............................................................. 46 
Tabela 7 – Composição Granulométrica do agregado graúdo ................................................. 46 
Tabela 8 – Caracterização física do agregado miúdo ............................................................... 47 
Tabela 9 – Composição Granulométrica do agregado miúdo .................................................. 48 
Tabela 10 – Traços unitários e consumo de materiais para concretos sem aditivo .................. 50 
Tabela 11 – Traços unitários e consumo de materiais para concretos com aditivo .................. 50 
Tabela 12 – Resultados da calibração da sonda ....................................................................... 61 
Tabela 13 – Resistividades médias dos concretos (.m) ......................................................... 63 
Tabela 14 – Análise de variância (ANOVA) para a resistividade elétrica no estado fresco .... 65 
Tabela 15 – Análise de variância (ANOVA) dos fatores “Tempo” e “a/agl” para a 
resistividade elétrica no estado fresco ...................................................................................... 68 
Tabela 16 – Porosidade efetiva dos concretos estudados ......................................................... 73 
Tabela 17 – Resistência à compressão dos concretos estudados .............................................. 74 
Tabela 18 – Análise de variância (ANOVA) para resistência à compressão ........................... 75 
Tabela 19 – Comparação entre a relação a/c efetiva e a estimada (0% CCA sem aditivo) ...... 80 
Tabela 20 – Comparação entre a relação a/agl efetiva e a estimada (10% CCA sem aditivo) . 80 
Tabela 21 – Comparaçãoentre a relação a/agl efetiva e a estimada (20% CCA sem aditivo) . 80 
Tabela 22 – Comparação entre a relação a/c efetiva e a estimada (0% CCA com aditivo) ..... 81 
Tabela 23 – Comparação entre a relação a/agl efetiva e a estimada (10% CCA com aditivo) 81 
Tabela 24 – Comparação entre a relação a/agl efetiva e a estimada (20% CCA com aditivo) 81 
Tabela 25 – Equações de ajustes da curva de Abrams, 28dias ................................................. 82 
 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS 
a/c Água/cimento 
a/agl Água/aglomerante 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ANOVA Analysis of Variance 
ASTM American Society for Testing and Materials 
E Campo Elétrico 
CCA Cinza de casca de arroz 
Cm Centímetros 
CP II – E Cimento Portland composto com escória 
CP II - F – 32 Cimento Portland composto com fíler 
CP II - Z Cimento Portland composto com pozolana 
CP III-RS Cimento Portland de alto forno 
CP IV Cimento Portland pozolânico 
CP V – ARI Cimento Portland de alta resistência inicial 
NaCl Cloreto de Sódio 
σ Condutividade 
i Corrente elétrica 
J Densidade de corrente 
EUA Estados Unidos da América 
Hz Hertz 
RILEM International union of laboratories and experts in construction materials, 
systems and structures 
± Mais ou menos 
MAPA Ministério da cultura, pecuária e abastecimento 
mm Milímetros 
mS Microsiemens 
NBR Norma Brasileira de Regulamentação 
Ω Ohm 
kg Quilograma 
R Resistência elétrica 
 Resistividade elétrica 
 
SEMAE Serviço Municipal de Agua e Esgotos (São Leopoldo/RS) 
H Teor de umidade (%) 
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
Unisinos Universidade do Vale do Rio dos Sinos 
V Volts 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 
1.1. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 13 
1.2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 15 
1.2.1. Objetivo geral .............................................................................................................. 15 
1.2.2. Objetivos específicos ................................................................................................... 15 
1.3. ESTRUTURA DA PESQUISA ........................................................................................ 15 
1.4. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO................................................................................ 16 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 17 
2.1. CONCRETO COM ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE ............................................. 17 
2.2. CONCRETOS COM CINZA DE CASCA DE ARROZ .................................................. 21 
2.2.1. Cinza de casca de arroz .............................................................................................. 21 
2.2.2. Concretos com cinza de casca de arroz no estado fresco ......................................... 23 
2.2.3. Concretos com cinza de casca de arroz no estado endurecido ................................ 24 
2.3. CONTROLE DO CONCRETO ........................................................................................ 25 
2.3.1. Controle no estado endurecido................................................................................... 25 
2.3.2. Controle no estado fresco ........................................................................................... 27 
2.4. RESISTIVIDADE ELÉTRICA ........................................................................................ 30 
2.4.1. Resistividade de materiais porosos e o uso na geofísica ........................................... 32 
2.4.2. O princípio dos quatro pontos.................................................................................... 34 
2.5. A RESISTIVIDADE ELÉTRICA NO CONCRETO ....................................................... 36 
2.5.1. Estado endurecido ....................................................................................................... 36 
2.5.2. Estado fresco ................................................................................................................ 38 
3. PROGRAMA EXPERIMENTAL ............................................................................ 42 
3.1. VARIÁVEIS DA PESQUISA .......................................................................................... 42 
3.1.1. Fatores de controle com níveis variáveis ................................................................... 42 
3.1.2. Fatores de controle com nível fixo ............................................................................. 42 
3.1.3. Fatores não controlados .............................................................................................. 42 
3.1.4. Variáveis de resposta .................................................................................................. 43 
3.2. MATERIAIS ..................................................................................................................... 43 
3.2.1. Cimento ........................................................................................................................ 43 
3.2.2. Cinza de casca de arroz .............................................................................................. 44 
3.2.3. Aditivo superplastificante ........................................................................................... 45 
3.2.4. Agregado graúdo ......................................................................................................... 46 
3.2.5. Agregado miúdo .......................................................................................................... 47 
3.2.6. Relação água/cimento e água/aglomerante ............................................................... 48 
3.3. PRODUÇÃO DOS CONCRETOS ................................................................................... 49 
3.3.1. Determinação dos traços ............................................................................................. 49 
3.3.2. Execução das misturas ................................................................................................ 51 
3.3.3. Moldagem e cura dos corpos de prova ...................................................................... 51 
3.4. MÉTODOS DE ENSAIO ................................................................................................. 52 
3.4.1. Abatimento de tronco de cone .................................................................................... 52 
3.4.2. Resistência à compressão axial .................................................................................. 53 
3.4.3. Absorção de água por capilaridade ........................................................................... 53 
3.4.4. Resistividade elétrica no estado endurecido ............................................................. 54 
3.4.5. Resistividade elétrica no estado fresco ...................................................................... 56 
3.4.6. Análise dos dados ........................................................................................................ 59 
 
3.5. CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO E DETERMINAÇÃO DO FATOR 
GEOMÉTRICO K .................................................................................................................... 60 
3.5.1. Fator geométrico (k) teórico ....................................................................................... 60 
3.5.2. Fator geométrico (k) medido ...................................................................................... 60 
4. APRESENTAÇÃO,ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................ 62 
4.1. RESISTIVIDADE ELÉTRICA DO CONCRETO NO ESTADO FRESCO ................... 62 
4.2. ABATIMENTO DE TRONCO DE CONE ...................................................................... 70 
4.3. TAXA DE ABSORÇÃO DE ÁGUA CAPILAR ............................................................. 72 
4.4. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ................................................................................. 74 
4.5. RESISTIVIDADE ELÉTRICA DO CONCRETO NO ESTADO ENDURECIDO ........ 78 
4.6. ESTIMATIVA DA RELAÇÃO A/C E A/AGL A PARTIR DA RESISTIVIDADE 
ELÉTRICA ............................................................................................................................... 79 
4.7. ESTIMATIVA DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO A PARTIR DA 
RESISTIVIDADE ELÉTRICA ................................................................................................ 82 
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 85 
5.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................ 87 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 88 
APÊNDICES ........................................................................................................................... 95 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
O controle de qualidade do concreto é importante em obras pelo fato de, quando bem 
conduzidas, prevenir uma possível mistura que não alcance a resistência determinada em 
projeto, e que possa acarretar na demolição de uma parte da estrutura da edificação, atrasando 
o tempo de construção e gerando aumento nos custos do empreendimento. 
Para que um lote de concreto seja aceito quando o caminhão betoneira chega à obra, é 
realizado o ensaio de abatimento de tronco de cone, o slump test, conforme especificado na 
NBR 12655 (ABNT, 2006). Neste ensaio, obtém-se uma medida da consistência do concreto, 
medida esta que deve ter sido pré-determinada pelo projetista estrutural. Porém, a consistência 
não é um fator que corresponde à resistência final do concreto, como pode ser visto no 
trabalho de Mascolo (2012) que, ao relacionar valores obtidos no ensaio de tronco de cone 
com os valores da resistência à compressão de diferentes traços de concreto, demonstra que 
não há uma relação direta de um ensaio com outro. 
A adição de aditivos, como o superplastificante, é um dos fatores que pode alterar a 
consistência do concreto sem interferir em sua resistência final. O ensaio de abatimento 
também pode obter resultados diferentes conforme a habilidade daquele que o executa. Já a 
resistência final à compressão do concreto pode variar por vários fatores como: tipo de 
concreto, tipo de cura, traço da mistura, teor de agregados, adições e aditivos, grau de 
adensamento, relação água/cimento (a/c). E estes últimos não podem ser medidos pelo ensaio 
de abatimento e mesmo assim este é universalmente aceito devido à facilidade de execução 
(NEVILLE; BROOKS, 2013). 
A NBR 7212 (ABNT, 2012) normatiza os prazos de entrega de concretos executados 
em centrais dosadoras. Porém, com os problemas de trânsito e logística atuais, é normal que o 
transporte demore mais do que o estipulado, sendo necessária e recorrente a utilização de 
aditivos para correção do abatimento da mistura, e também para que não sejam alterados 
fatores como a relação a/c. Esta prática não diminui significativamente a resistência do 
concreto e evita que vários metros cúbicos da mistura sejam descartados, processo que se 
torna cada vez mais difícil tanto pelo volume quanto pela impacto ambientar (POLESELLO et 
al, 2013). 
Por sua vez, para obter melhorias técnicas no concreto e redução de custos, adições 
minerais são adicionadas à mistura. A cinza de casca de arroz, uma pozolana que é originada 
na geração de energia, vem sendo estudada por diversos autores com o objetivo de reduzir o 
impacto ambiental causado pelo resíduo da produção do arroz e melhorar o desempenho do 
13 
 
concreto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014), das 12,3 milhões 
de toneladas de arroz colhidas no Brasil em 2014, 68% foram produzidas no Rio Grande do 
Sul. Em média, 20% do volume de casca resultam em cinza com grandes teores de sílica 
amorfa, o que possibilita sua utilização no concreto como pozolana. 
Conforme Mehta e Monteiro (2008), a relação a/c apresenta forte influência na 
resistência à compressão do concreto endurecido, sendo esta inversamente proporcional à sua 
porosidade, ou seja, quanto maior a relação a/c do concreto, maior o número de vazios que 
este apresenta e menor sua resistência mecânica. A adição ou substituição de alguns materiais, 
como agregados miúdos e graúdos, pozolanas, escórias de alto forno, na mistura do concreto 
também mostra grande relevância em seu comportamento final, porém o teor de água é o fator 
de influência mais significativa. 
Com base nisto, diversas pesquisas já foram realizadas com vistas à determinação da 
relação a/c do concreto ainda no estado fresco. Com essa informação, poderia se evitar a 
aceitação de concretos que não venham a alcançar a resistência projetada, bem como a recusa 
de lotes que apenas não apresentaram a consistência desejada. Dentre os diversos métodos 
testados, um dos mais atuais é o da resistividade elétrica (MANCIO et al., 2010), no qual a 
resistência final do concreto pode ser estimada ainda no recebimento deste em obra com a 
inserção de uma sonda na mistura, a qual determinará a resistividade elétrica do concreto em 
questão. 
Alguns poucos trabalhos já foram realizados com o método: em concretos produzidos 
com cimentos americanos e com adição de cinza volante (MANCIO et al., 2010); em 
concretos com cimentos brasileiros CP IV–32 e CP V–ARI (GASPARI, 2013); e, mais 
recentemente, com concretos com os cimentos CP II-E-32, CP II-E-40; CP II-F-32, CP II-Z-
32, CP III-40, CP IV-32 e CP V-ARI (BRAUN, 2015). Porém ainda não existem trabalhos 
que investiguem a influência de aditivos superplastificantes na resistitividade elétrica, nem da 
cinza de casca de arroz. Nesta lacuna foi proposto o presente trabalho. 
1.1. JUSTIFICATIVA 
A eficiência do controle de qualidade do concreto se torna mais essencial à medida 
que o empreendimento vai encarecendo e a resistência do concreto se tornando mais 
solicitada. O treinamento de pessoal para a execução do ensaio de abatimento é 
imprescindível tendo em vista que os resultados deste ensaio são facilmente influenciados 
pela destreza e habilidade de quem o executa. Tais investimentos com o controle tecnológico 
14 
 
se tornam altamente rentáveis à medida que diminuem os custos decorrentes do desperdício 
de material seja antes ou após a concretagem. 
A utilização de pozolanas no concreto, como a cinza de casca de arroz é uma 
alternativa para a redução de resíduos no meio ambiente que traz benefícios ao concreto. 
Aditivos como os superplastificantes são, também, formas de melhorar propriedades do 
concreto sem ser necessário grande aumento nos custos. Em função disso, esses materiais vêm 
sendo empregados em concretos e necessitam de estudos. 
Outro ponto importante a ser observado, colocado por Pacheco e Helene (2013), é que 
o Brasil possui um dos mais rígidos controles de qualidade do concreto. Constantemente 
surgem no mercado da construção civil materiais e equipamentos com melhorias e inovações 
que permitem aumentar a confiança nos ensaios, como por exemplo prensas hidráulicas para 
ensaios de corpos de prova com alta tecnologia ao controlar a velocidade e a carga aplicadas 
nas amostras (CONCRETE SHOW,2014; TÉCHNE, 2014). Porém, para o controle do 
recebimento do concreto em obra são utilizados equipamentos simples, os quais não obtêm as 
informações que realmente demostrarão a qualidade do produto. 
A determinação da relação a/c do concreto, ainda no estado fresco, viria a preencher 
tal lacuna deixada pelos métodos de controle existentes, principalmente dos ensaios de 
abatimento que apenas informam a consistência e são facilmente influenciados por fatores 
externos. Sabendo disso, em 1955 Hime e Willis testaram a separação de cimento e água por 
meio de uma centrífuga. Em 1970, Bavelja desenvolveu um método de filtro-pressão para 
retirar a água do cimento. Após isso, métodos como a titulação de cálcio, técnicas de pulsos 
ultrassônicos, e até mesmo medidor nuclear foram desenvolvidos, alguns obtendo resultados 
bastante precisos, porém todos demandavam, tempo longo demais para o canteiro de obras ou 
corpo técnico especializado para serem executados. O método da determinação de massa de 
água da amostra pelo micro-ondas se destacou, porém há restrições ao uso deste pelo tempo e 
pelos minerais que podem conter em algumas misturas (MANCIO et al., 2010). 
Mancio et al. (2010) na Califórnia (EUA) desenvolveram uma sonda que, pelo método 
da resistividade elétrica, pode estimar a resistência à compressão do concreto no momento do 
recebimento do caminhão betoneira, tendo em vista que a resistência elétrica do concreto é 
influenciada pelo teor de água e íons solúveis na mistura. Por ser um método de fácil 
execução e que apresenta influência da relação a/c da mistura, acredita-se que há potencial de 
utilização no mercado. 
15 
 
1.2. OBJETIVOS 
1.2.1. Objetivo geral 
O objetivo geral deste trabalho é avaliar a relação entre medidas de resistividade 
elétrica de concretos com cinza de casca de arroz e aditivo superplastificante com 
propriedades no estado fresco e endurecido. 
1.2.2. Objetivos específicos 
Os objetivos específicos são: 
a) avaliar a influência da cinza de casca de arroz e do aditivo superplastificante na 
resistividade elétrica do concreto no estado fresco; 
b) estabelecer a relação das medidas de resistividade elétrica no estado fresco com a 
relação água/aglomerante dos concretos estudados; 
c) avaliar a relação da resistividade elétrica no estado fresco com o abatimento de 
tronco de cone; 
d) estabelecer relações entre a resistividade elétrica no estado fresco com a resistência 
à compressão com resistividade no estado endurecido e com a absorção de água; 
1.3.ESTRUTURA DA PESQUISA 
Este trabalho é desenvolvido em cinco capítulos. 
No primeiro capítulo se encontra a introdução, a justificativa, os objetivos, a estrutura 
e as delimitações da pesquisa. 
O segundo capítulo aborda a revisão bibliográfica dos assuntos pertinentes ao tema 
pesquisado, enfocando em concretos com aditivo superplastificante, concretos com cinza de 
casca de arroz, controle tecnológico do concreto nos estados endurecido e fresco, teoria da 
resistividade elétrica e trabalhos abordando estudos de resistividade elétrica de concretos nos 
estados endurecido e fresco. 
O programa experimental do estudo, bem como os materiais e métodos que foram 
utilizados na pesquisa estão contemplados no capítulo três. 
O capítulo quatro apresenta os resultados obtidos na pesquisa, bem como a análise e 
discussão destes. 
16 
 
 No quinto e último capítulo são demonstradas as conclusões obtidas na pesquisa. 
1.4. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO 
O desempenho do concreto pode ser influenciado por vários fatores e por isso são 
estabelecidos limites durante o programa experimental Destacam-se neste trabalho: 
Tipo de cimento: como o objetivo geral da pesquisa é verificar a influência da 
utilização de aditivo superplastificante e a substituição de parte do cimento por cinza de casca 
de arroz (CCA) na resistividade de concretos, frente à utilização de sonda no estado fresco; 
decidiu-se trabalhar com apenas um tipo de cimento, o CPII F-32, pois não há adição 
pozolânica na sua composição. 
Percentuais de substituição de cimento por CCA: foram empregados apenas dois 
percentuais de substituição do cimento pela cinza de casca de arroz, 10% e 20%. 
Foi, também, empregado o uso de aditivo superplastificante em parte dos concretos 
para verificar qual a influência deste na resistividade elétrica. 
Foram, ainda, executados concretos com quatro relações a/c e a/agl: 0,35, 0,45, 0,55 e 
0,65, que se embasam no estudo feito por Braun (2015). 
Tipo de aditivo: o aditivo que foi utilizado para o estudo é o superplastificante 
Glenium, à base de policarboxilato, da marca Basf. 
Tipo de cinza de casca de arroz: cinza comercial. A cinza é oriunda de um mesmo lote 
de produção. 
17 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
Na revisão bibliográfica estão apresentados assuntos pertinentes ao estudo como 
concretos com aditivo superplastificante e com cinza de casca de arroz, o controle tecnológico 
do concreto, teoria da resistividade elétrica, o uso desta na geofísica e trabalhos que utilizaram 
esta para estudo do concreto. 
2.1. CONCRETO COM ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE 
O aditivo superplastificante, conforme a NBR 11768 (ABNT 2011), é definido como 
um produto que, quando adicionado às misturas de concreto, pode reduzir em até 12% a água 
de amassamento para que se mantenha certa consistência, e pode também aumentar o índice 
de consistência do concreto caso permaneça a quantidade de água. 
O cimento tem uma forte tendência de flocular quando misturado com a água devido 
às forças de Van der Waals. Esta forte ligação entre as moléculas de água e os grãos de 
cimento prende a estrutura floculada durante a mistura do concreto, demandando uma maior 
quantidade de água para que seja trabalhável. Este excesso de água será útil apenas para a 
trabalhabilidade, pois originará poros que diminuirão a resistência e a durabilidade da 
estrutura (HARTMANN et al., 2011). 
Para impedir tal efeito, são adicionados aditivos químicos que se ionizam 
imediatamente na água e impedem a dissolução dos componentes do cimento, ou seja, o 
aditivo quebra a ligação da estrutura floculada e causa uma repulsão eletrostática entre os 
grãos de cimento, retardando seu endurecimento e proporcionando melhor trabalhabilidade 
sem a necessidade de adição de água na mistura, pois a água já adicionada está disponível 
para tornar o concreto mais fluido (MEHTA, MONTEIRO, 2008; HARTMANN et al., 2011). 
Na Figura 1 são representados esquemas das partículas de cimento misturadas à água antes e 
após a adição de aditivo, demonstrando a desfloculação das moléculas. 
 
Figura 1 – Ação do aditivo nas moléculas de cimento e água 
 
Fonte: Mehta; Monteiro (2008, p. 294) 
18 
 
 
Esse efeito ocorre devido à estrutura química do aditivo. Nos aditivos plastificantes 
que apresentam em sua ase condensados de formalde do-sulfonato de melamina ou de 
naftaleno, o ácido sulfônico adsorve às partículas de cimento, carregando-as negativamente 
(NEVILLE; BROOKS, 2013). Já nos superplastificantes à base de policaboxilatos as 
principais forças de repulsão são os chamados efeitos estéricos. Da mesma forma que nos 
plastificantes, as moléculas de policarboxilato são adsorvidas pelas partículas de cimento e, 
por apresentarem maiores cadeias laterais de polímeros, desenvolvem efeito dispersante maior 
que os plastificantes. (HARTMANN et al., 2011). Portanto, conforme colocam Mehta e 
Monteiro (2008), enquanto a dosagem de aditivos plastificantes alcança uma redução de até 
10% da água de amassamento do concreto, a dosagem de aditivos superplatificantes pode 
reduzir de 20 a 30% da mesma. Na Figura 2, é ilustrada a diferença entre os aditivosplastificantes (à base de naftaleno e melamina) e o aditivos superplastificantes (à base de 
policarboxilato), quanto à sua ação nas partículas de cimento. 
 
Figura 2 – Mecanismo de repulsão (a) eletrostática de aditivo plastificante e (b) e (c) estérica 
para aditivo superplastificante 
 
Fonte: Hartmann et al. (2011 p. 356) 
 
Com essas propriedades, Collepardi (2005) mostra que os aditivos superplastificantes 
proporcionam às misturas de concreto o resumo apresentado no esquema da Figura 3. Ou seja, 
há várias possibilidades de melhorar as propriedades do concreto no estado endurecido sem 
19 
 
aumentar os custos ou até mesmo de reduzir os custos, reduzindo a utilização de materiais, 
sem perder a qualidade. 
Sem a inserção de aditivo, ocorre maior retração no concreto endurecido e produção 
de calor na cura tanto para situações em que se objetiva (a) a obtenção de maior resistência, 
aumentando-se a quantidade de cimento, quanto (b) no caso onde se procura uma maior 
trabalhabilidade, aumentando tanto o cimento quanto a água. Collepardi (2005) completa 
ainda mostrando que o aditivo superplastificante pode ser utilizado como (c) redutor de água, 
aumentando a resistência e durabilidade do concreto, sem perda de trabalhabilidade. Pode, 
também, ser utilizado para (d) economia de cimento e água, proporcionando a mesma 
resistência, durabilidade, trabalhabilidade de concretos sem aditivos e diminuindo a retração, 
a fluência e o calor de hidratação, que é bastante benéfico no caso de estruturas de grandes 
dimensões ou climas quentes. Por fim, há a possibilidade de (e) manter todas as quantidades 
de materiais e adicionar o aditivo, que manterá as características do concreto endurecido e 
aumentará a trabalhabilidade deste no estado fresco, o que é muito importante no caso de 
estruturas com alta taxa de armadura. 
 
Figura 3 – Diagrama esquemático do efeito dos superplastificantes no concreto 
 
Fonte: Adaptado de Collerpadi (2005) 
 
Para concretos dosados de centrais, o limite de tempo de entrega conforme a NBR 
7212 (ABNT, 2012) é de 60 minutos, sendo que o caminhão poderá ficar parado no máximo 
20 
 
30 minutos na obra. Para descarga, a norma determina que o prazo seja de até 60 minutos, ou 
seja, o período total da entrega não pode ultrapassar 150 minutos. Porém, o transporte vem se 
tornando um grande obstáculo a ser ultrapassado (POLESELLO et al., 2013), tanto em 
grandes cidades, onde o trânsito não permite uma rápida mobilidade, quanto em cidades 
menores, que muitas vezes estão localizadas há muitos quilômetros de distância da central 
dosadora, fazendo com que o caminhão ultrapasse o tempo de entrega por não conseguir 
alcançar altas velocidades devido ao seu peso e aos limites estipulados por lei. 
Para o motivo das limitações da norma, Neville e Brooks (2013) explicam que a 
trabalhabilidade diminui com o tempo, gerando perda do abatimento, que pode variar 
conforme a “riqueza da mistura, o tipo de cimento, a temperatura do concreto e a 
trabalha ilidade inicial”. Por isso, para situações de campo os autores recomendam que se 
realizem os ensaios na situação mais real possível, principalmente quando as condições 
ambientais são ou estão incomuns. 
Uma solução para o problema da perda de trabalhabilidade é indicada no trabalho de 
Polesello et al. (2013). Neste projeto foram comparados os resultados de resistência à 
compressão de concretos onde o tempo de mistura foi de 0, 2, 4, 5 e 6 horas, ultrapassando o 
tempo determinado na norma. Os resultados mostram que ocorre uma estabilidade nas 
resistências mecânicas finais e que, portanto, esses tempos podem, sim, ser aceitos se for 
mantida a mistura e a trabalhabilidade, esta última com o auxílio de aditivos 
superplastificantes. 
No estudo de Diamond (2006) avaliando a microestrutura do concreto, foram feitas 
imagens por microscopia eletrônica de varredura de concretos com diferentes teores de 
aditivos superplastificante à base de policarboxilato. O autor executou concretos referência 
sem aditivo, concretos com adição média de aditivo superplastificante (que gerou aumento do 
abatimento de tronco de cone) e concretos com grande adição do aditivo (que acarretou na 
queda total no ensaio de abatimento). Apresentando as imagens da microestrutura, o autor 
mostra que em todos os concretos estudados ocorrem áreas densas que exibem elevada 
concentração de grãos de cimento não hidratados intercaladas com zonas altamente porosas 
onde quase não são vistos grãos residuais de cimento não hidratados. Assim, concluiu-se que 
a estrutura irregular não é produzida em consequência da condição floculada da pasta de 
cimento nos concretos frescos convencionais. 
21 
 
2.2.CONCRETOS COM CINZA DE CASCA DE ARROZ 
Neste item serão abordadas características da cinza de casca de arroz, sua produção e 
geração e, por fim os efeitos de sua utilização em concretos no estado fresco e no estado 
endurecido. 
2.2.1. Cinza de casca de arroz 
A cinza de casca de arroz é um resíduo da produção do arroz que apresenta alto índice 
de atividade pozolânica devido à presença de sílica amorfa. A adição de pozolanas no 
concreto proporciona grandes melhorias no estado endurecido por reduzir e preencher os 
poros, aumentando a resistência à compressão e a vida útil do material. Porém, no estado 
fresco, a elevada área superficial da cinza resulta em concretos menos trabalháveis, mais 
coesos, demandando maior quantidade de água na mistura (DAL MOLIN, 2011). 
2.2.1.1. Produção do arroz 
O Brasil é o nono produtor mundial de arroz e mais da metade da produção nacional se 
dá na região sul do país (MAPA, 2014). A safra de arroz 2013/2014 foi de aproximadamente 
12,3 milhões de toneladas, o que corresponde a um aumento de 4,4% em relação à safra 
anterior e o Rio Grande do Sul foi responsável por 68,0% desta produção (IBGE, 2014). Já a 
safra 2014/2015 no Rio Grande do Sul apresentou um aumento médio de 3,27% e a produção 
total ao final de maio de 2015 foi de 8.368.093 toneladas de arroz (IRGA, 2015). 
Quando colhido, o grão de arroz apresenta grandes quantidades de impurezas e teor de 
umidade entre 25-30% e, para evitar perdas após a colheita, a secagem deve ser realizada em 
no máximo 24 horas. Para grandes culturas, onde não é possível a secagem imediata de toda a 
colheita, é exigido que seja feita uma pré-limpeza para posterior secagem. Para o 
beneficiamento, o arroz deve estar com 12-15% de umidade e para o armazenamento a 
umidade máxima é de 13% (EMBRAPA, 2005; BIODIESELBR, 2014). Ainda segundo a 
Embrapa (1999), no processo de beneficiamento do arroz polido, a primeira atividade é o 
descascamento dos grãos. 
2.2.1.2. Geração da cinza de casca de arroz 
A casca do arroz representa entre 20 e 22% do peso total do grão (RICE HUSK ASH, 
2008). Esta casca é utilizada nas usinas como biomassa, pois a queima da casca e os gases de 
combustão geram aquecimento para a secagem. O site Biodieselbr (2014) apresenta uma 
22 
 
estimativa de que 50% da casca do arroz produzida em um ano é destinada à produção de 
energia elétrica, tendo em vista que 15% são destinados à secagem e aproximadamente 35% é 
utilizada como biomassa em pequenas indústrias. 
Apesar da grande utilidade que este resíduo possui, ainda ocorre um grande volume de 
descarte incorreto, o que acaba por contaminar o solo. A Fepam-RS, em sua diretriz técnica nº 
002/2011, coloca as diretrizes para as empresas de beneficiamento do arroz quanto à “Gestão 
de resíduos caracterizados como casca de arroz e cinzas resultantes do processo de queima da 
casca”. Entre essas diretrizes consta a incorporação do res duo como parte do processo de 
produção do clínquer. 
Comesta diretriz técnica e com as pesquisas de utilização da cinza de casca de arroz 
como super-pozolana para concreto, este cenário vem mudando a passos lentos no Rio Grande 
do Sul. Só na região de Pelotas são geradas aproximadamente 35 mil toneladas de cinza de 
casca de arroz por ano e 25% disso é utilizado na incorporação de produtos de indústrias 
locais, 53% desse resíduo é escoado por via úmida para minimizar a poluição no local de 
trabalho, porém acarreta no encarecimento da reciclagem final (POUEY, 2006). 
2.2.1.3. Características 
Dependendo das impurezas presentes na casca de arroz, a cinza totalmente queimada 
pode ter coloração branca, roxa ou cinza e, quando a queima não for completa, permanecerá 
grande parte de carbono, responsável pela cor preta. A reatividade da cinza é devida à grande 
área superficial e ao elevado teor de sílica amorfa. (SIDDIQUE; KHAN, 2011). Porém a 
reatividade da sílica irá depender de fatores como a temperatura e duração da queima e do 
tempo destinado à moagem, quando houver. 
Muthadhi e Kothandaraman (2010) encontraram como condição ótima de incineração 
a temperatura de 500 ºC com duração de uma hora, pois essa resulta na maior densidade e 
máxima finura, teor máximo de sílica amorfa e maior índice de atividade pozolânica, este 
também foi o processo que demandou menos energia, pois temperaturas menores acabam 
exigindo mais tempo de incineração e temperaturas maiores acabam por não demandar tanto 
tempo a menos, exigindo mais energia para a produção e ainda assim não alcançando uma 
cinza com a qualidade encontrada na primeira situação citada. Os autores ainda colocam que a 
densidade da cinza é um indicativo qualitativo de seu estado amorfo, ou seja, quanto maior a 
densidade, maior o teor de material amorfo. Esta relação se deve ao fato de cinzas mais 
amorfas possuírem arranjos estruturais mais desordenados, acabando por desintegrar-se com 
23 
 
maior facilidade durante a queima, ocupando um menor volume para mesma massa que outras 
cinzas com características mais cristalinas. 
As condições de queima também têm grande influência na morfologia final das cinzas. 
Silveira et al. (2014) estudaram cinzas geradas em fornos de leito fluidizado e cinzas 
peneirada e natural gerada em forno de grelha deslizante, e os resultados mostram que a 
primeira obteve resultados mais satisfatórios por apresentar maior teor de sílica amorfa, entre 
outras características. Os pesquisadores relacionam estes resultados com a queima controlada 
que este tipo de forno proporciona. 
2.2.2. Concretos com cinza de casca de arroz no estado fresco 
No estado fresco do concreto, o emprego de CCA pode ocasionar alterações 
significativas. Segundo Safiuddin et al. (2012) A viscosidade e fluência de concretos com 
cinza de casca de arroz também são alteradas, pois a grande área superficial da cinza diminui 
a água disponível, aumentando a viscosidade e diminuindo a fluência em diversos ensaios. . 
No estudo conduzido pelos autores, percebeu-se que a presença dessa pozolana também 
afetou a resistência à segregação do concreto para substituições acima de 15% do cimento, 
sendo que, abaixo deste teor ainda há alteração, porém sem grande influência. 
No trabalho de Krug (2011), ao estudar CCA oriunda da queima em grelhas 
deslizantes beneficiadas por peneiramento, foram executados concretos com percentuais de 
0%, 10% e 20% de cinza de casca de arroz em substituição ao cimento e também com três 
relações a/agl (0,41, 0,49 e 0,57). Os resultados das propriedades no estado fresco dos 
concretos demonstraram que quanto maior a inserção da pozolana, maior também é a perda de 
abatimento da mistura. A presença de cinza de casca de arroz resulta no aumento do tempo de 
pega das misturas. Deve ser observado que esta CCA apresentava um elevado teor de carbono 
(na ordem de 7%) e este aspecto deve ser considerado na demanda de água, pois o carbono é 
hidórfilo, adsorvendo-a na sua superfície. 
Viatronski e Kulakowski (2013) estudaram o comportamento da fluidez e o ponto de 
saturação para o aditivo superplastificante de pastas de cimento com e sem substituição de 
20% deste por CCA. Os resultados mostraram que a substituição de cimento por CCA 
acarretou em pastas mais coesas e que nestas houve aumento de 80% do ponto de saturação 
em comparação às de referência. 
24 
 
2.2.3. Concretos com cinza de casca de arroz no estado endurecido 
Além da pesquisa sobre influência da cinza em concretos no estado fresco, Krug 
(2011) observou que o tempo maior exigido neste estágio é também demandado no estado 
endurecido, pois, na evolução da resistência à compressão, o concreto de referência obteve 
resultados melhores que os demais até os 28 dias, porém aos 91 dias os traços com cinza de 
casca de arroz atingiram valores quase 10% maiores que os de referência. 
As características de moagem e queima controlada da cinza utilizada como pozolana 
foram estudados por Isaia et al. (2010), onde os autores demonstram que há, sim, a viabilidade 
da utilização de cinza de casca de arroz em concretos estruturais mesmo quando a moagem e 
a temperatura não são controladas, pois os concretos cujas cinzas adicionadas apresentam tais 
características sempre retornam qualidade superior. Apesar de confirmar tal viabilidade, 
Meira (2009) mostra que as porcentagens de utilização de CCA natural não devem ultrapassar 
valores em torno de 25%, pois este valor não se torna técnica e economicamente viável, tendo 
em vista que, para alcançar a mesma resistência à compressão, há um grande aumento no 
consumo de cimento e uma diminuição significativa na relação a/agl, tornando o concreto 
menos trabalhável. 
O motivo disso é que, quando a queima da cinza ocorre em altas temperaturas com 
resfriamento lento, a cinza em geral apresenta uma parcela com fases mais cristalinas, que faz 
com que sua reação não ocorra de forma tão eficiente quanto em estado amorfo. Ou seja, 
quando não se conhece ou não se tem o controle da temperatura de queima e resfriamento da 
casca de arroz, também não se pode prever a composição desta pozolana e, em consequência, 
seu comportamento (SANTOS, 2006). 
Fedumenti (2013), Sartori (2013) e Cecconello (2013) estudaram a influência da cinza 
de casca de arroz em concretos com agregado graúdo reciclado e diferentes relações a/agl 
analisando a resistência à compressão, absorção de água por capilaridade e dando ênfase em, 
respectivamente, o transporte de íons cloreto, a carbonatação e a retração. Nos três trabalhos a 
cinza de casca de arroz promoveu aumento da resistência à compressão e diminuição da 
absorção de água devido à menor porosidade dos concretos com a pozolana. Esta 
característica foi observada até mesmo nos concretos com agregado graúdo reciclado, 
demostrando que a cinza pode melhorar a zona de interface do agregado com a pasta de 
cimento. Todos os resultados foram melhorados quando houve a inserção da CCA, com 
exceção dos coeficientes de carbonatação de concretos com maior relação a/agl, que foram 
majorados significativamente conforme a porcentagem de CCA aumentava. 
25 
 
Tendo em vista todos esses aspectos de melhoria que a CCA proporciona, sua 
incorporação no concreto resulta em economia devido ao aumento da durabilidade das 
estruturas. Sendo assim, essa é mais uma característica da sustentabilidade desses concretos, 
que já começa com a reutilização de um resíduo da produção do arroz. 
2.3. CONTROLE DO CONCRETO 
Atualmente existem vários métodos de controle de qualidade do concreto 
principalmente no estado endurecido. No estado fresco, foram desenvolvidos vários métodos 
de controle de recebimento do concreto auto-adensável, porém para concretos plásticos, que 
são osmais utilizados atualmente, apenas o ensaio de abatimento de tronco de cone é 
utilizado e normatizado pela ABNT. 
2.3.1. Controle no estado endurecido 
Neste item será tratado sobre os ensaios de controle do concreto no estado endurecido: 
método da maturidade e resistência à compressão axial. O método da resistividade elétrica 
será abordado no item 2.4. 
2.3.1.1. Método da maturidade 
Neste método, tendo em vista a evolução da temperatura do concreto ao longo do 
tempo, é possível obter uma estimativa de sua resistência à compressão. Normatizado pela 
ASTM C1074, o método da maturidade é considerado um ensaio não destrutivo para 
verificação do concreto de elementos estruturais (EVANGELHISTA, 2002). 
O grande objetivo deste método é a liberação das estruturas para as próximas etapas da 
obra, como por exemplo a liberação de espaços ocupados por escoras, a remoção de formas 
para serem utilizadas nos próximos pavimentos, aplicação de protensão e/ou cargas (ASTM 
C1074, 2011). Nos ensaios executados neste método leva-se em conta que as amostras 
utilizadas são representativas de toda a estrutura, considerando-se que a temperatura é 
relativamente uniforme e sabendo-se a idade de cada parte do elemento estrutural tendo em 
vista também a data em que foi concretado (MEHTA; MONTEIRO, 2008). A norma fornece 
método de execução e estimativa da maturidade tanto coletando amostras e obtendo os dados 
em laboratório, quanto fazendo-os no local da obra, instruindo como estes devem ser 
executados. 
26 
 
Tutikian et al. (2012) obtiveram bons resultados quando utilizaram o método em obra 
constituída de estrutura de concreto autoadensável. Os autores observam que, com mais 
estudos, a indústria de pré-fabricados poderia se beneficiar bastante com a estimativa das 
resistências mecânicas dos seus concretos. 
Apesar de ser este um método bem aceito, ele não exige que sejam comparados os 
resultados com resultados de resistência à compressão, o que tornaria os resultados mais 
confiáveis tendo em vista que a liberação da retirada de fôrmas e escoras de qualquer 
elemento estrutural é uma atividade que requer bastante atenção quando executada nas 
primeiras idades, ainda mais quando o objetivo é a aplicação de cargas. A ASTM deixa claro 
que este é um método que resulta em uma estimativa, ou seja, é apenas um indicativo da 
resistência alcançada pelo concreto, porém há uma aceitação do ensaio como sendo suficiente 
para o controle tecnológico, ainda mais quando o ensaio é executado com termopares 
inseridos na estrutura. A recomendação geral é de que, ao medir a temperatura pelo método da 
maturidade e esta coincidir com a calibração efetuada e seja indicativa para a liberação da 
estrutura, que a mesma seja confirmada com a execução do ensaio de resistência à 
compressão em corpos de prova. 
2.3.1.2.Resistência à compressão axial 
Segundo Pacheco e Helene (2013), o Brasil possui uma das normatizações mais 
exigentes e rígidas de controle do concreto. As normas americanas, por exemplo, exigem que 
seja feito apenas um exemplar por dia de concretagem. O controle recomendado pelo fib 
Model Code 2010 e EuroCode II para produção contínua de concreto é que, a partir dos 50 m³ 
iniciais, seja retirado pelo menos um exemplar por semana quando este tiver controle de 
produção certificado. 
Já no Brasil, a formação de lotes de amostragem e a estimativa do fck é definida pela 
NBR 12.655 Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento (ABNT, 2015) 
e as quantidade de amostragem de concreto é definida pela NBR NM 33: 1998 Concreto – 
Amostragem de concreto fresco. Nesta norma é determinado que, durante a operação de 
descarga, deve ser coletada amostra “após a retirada dos primeiros 15% e antes de completar a 
descarga de 85% do volume total da etonada”, sendo que neste intervalo devem ser retiradas 
pelo menos duas amostras. 
A aceitação final do concreto se dá pelo resultado do ensaio de compressão axial, 
portanto é extremamente importante que sejam bem executados o adensamento e o ensaio de 
ruptura dos corpos de prova, pois a má execução destes pode diminuir em até, 
27 
 
respectivamente, 50% e 5% a resistência característica das amostras. Outra fase determinante 
nesse processo é o correto acabamento da superfície dos corpos-de-prova que também pode 
diminuir em até 50% o resultado (ANDRADE; TUTIKIAN, 2011). Para evitar tais 
problemas, o procedimento de moldagem e cura dos corpos de prova é normatizado pela NBR 
5738 (ABNT, 2008) e o ensaio de resistência à compressão destas amostras é padronizado 
pela NBR 5739 (ABNT, 2007). 
Para o cálculo da resistência característica (fck) do concreto admite-se uma função 
estat stica de erro, conhecida como “distri uição normal de Gauss”, a qual descreve a média e 
o desvio padrão das amostras. Assume-se, assim, que há a probabilidade de até 5% dos 
exemplares ensaiados não alcançarem a resistência de projeto sem que esses resultados sejam 
significativamente influentes na resistência efetiva (fck,ef), tendo em vista o volume de 
concreto ensaiado se comparado com o concreto que foi destinado à estrutura da edificação 
(HELENE; TERZIAN, 1993). 
2.3.2. Controle no estado fresco 
O controle de aceitação do concreto no estado fresco é normatizado pela NBR 12.655: 
Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento – Procedimento (ABNT, 
2015). Nesta norma está prescrito que para aceitação em obra do concreto no estado fresco, 
deve ser determinada a consistência a cada betonada pelo abatimento de tronco de cone (para 
concretos plásticos) e o espalhamento e habilidade passante em fluxo livre (para concretos 
autoadensáveis). Neste trabalho não serão abordados concretos autoadensáveis devido ao 
enfoque nos concretos de consistência plástica. 
Há também o controle de qualidade de concretos que apresentam misturas mais secas, 
realizado pelo ensaio do Consistômetro de Vebê, porém este não será abordado também pelo 
fato de ser realizado apenas em laboratório, não sendo normalmente aplicável em obras 
(NEVILLE, BROOKS, 2013). 
Neste item será tratado so re os ensaios “Bola de Kelly”, “A atimento de tronco de 
cone” e a ordado ligeiramente so re métodos estudados para a determinação da relação 
água/cimento de concretos no estado fresco. 
 
Bola de Kelly 
Mais simples que o ensaio de abatimento de tronco de cone, o ensaio de bola de Kelly 
pode ser executado com o concreto estando em um carrinho de mão ou até mesmo já na 
28 
 
fôrma. Neste ensaio, um hemisfério de 152 mm pesando 14 kg é solto de uma altura mínima 
de 23 cm sobre a mistura de concreto que não deve ter profundidade menor que 200 mm. Este 
ensaio é utilizado para avaliar alterações nas misturas. Atualmente é rara sua utilização 
(NEVILLE; BROOKS, 2013). 
 
Abatimento de tronco de cone 
O método para a execução do ensaio de abatimento é normatizado pela NBR NM 67 
(ABNT, 1998), e nesta também é determinada a aparelhagem a ser utilizada. Bastante 
simples, tais aparelhos são metálicos e consistem de um molde metálico com forma de tronco 
de cone tendo a altura de 300 mm, com diâmetro superior de 100 mm e inferior de 200 mm. 
Este molde ainda possui alças laterais e é denominado “Cone de A rams”, uma placa metálica 
de base para apoio do molde, uma haste de compactação e um complemento para auxílio do 
enchimento do molde. O resultado é medido em milímetros, conforme mostra a Figura 4. 
 
Figura 4 – Medida do abatimento 
 
Fonte: ABNT (1998, p. 8) 
 
O método consiste basicamente em preencher o molde tronco-cônico com concreto, 
inserindo a mistura neste em três camadas e aplicando, em cada camada, 25 golpes com a 
haste metálica para o adensamentodas camadas. Preenchido com concreto, retira-se o molde 
em dez segundos, coloca-se o molde ao lado do concreto e, com auxílio da haste e de uma 
régua (conforme a Figura 4) mede-se quanto este concreto baixou em altura, esta medida é 
chamada de abatimento. 
29 
 
Este ensaio se tornou universalmente aceito pela sua simplicidade de execução, pela 
possibilidade de dar uma noção da trabalhabilidade do concreto ensaiado, por permitir uma 
inspeção visual caso ocorram misturas muito secas, pobres, variações na dosagem, ou até 
mesmo casos em que o concreto já inicia o endurecimento pelo atraso da entrega na obra 
(NEVILLE; BROOKS, 2013). Tais fatores podem causar problemas para a execução da 
estrutura por impedir o correto adensamento nas formas, por prejudicar o trabalho executado 
pela mão de obra, e até mesmo por diminuir a qualidade do concreto que será aplicado. 
Porém, com o advento dos aditivos químicos, conseguiu-se enfrentar tais problemas e garantir 
a trabalhabilidade e consistência das misturas por um período maior de tempo após a mistura 
de todos os constituintes do concreto. 
Visando proporcionar um concreto de boa trabalhabilidade, até 2012 o projetista 
estrutural determinava o resultado que deve ser obtido no ensaio de abatimento, geralmente 
permitindo uma margem de alguns centímetros de desvio. A partir de setembro deste ano, a 
NBR 7212 (ABNT, 2012) passa a classificar as medidas encontradas no ensaio de abatimento 
conforme a Tabela 1, determinando também os possíveis limites. Caso o concreto não alcance 
ou ultrapasse o abatimento de projeto, ou até mesmo que o responsável técnico perceber 
alguma variabilidade na mistura, o lote inteiro pode ser rejeitado. 
 
Tabela 1 – Classes de abatimento no ensaio de tronco de cone 
Classe Faixa de abatimento 
S10 de 10 a 50 mm 
S50 de 50 a 100 mm 
S100 de 100 a 160 mm 
S160 de 160 a 220 mm 
S220 maior que 220 mm 
Fonte: ABNT (2012, p. 9) 
 
Uma crítica à importância dada a este ensaio é apresentada no trabalho de Mascolo 
(2012), onde o pesquisador discute que os resultados obtidos no ensaio de abatimento de 
tronco de cone não têm relação alguma com os resultados finais de resistência à compressão 
de todos os concretos estudados. 
Para o controle de qualidade do concreto no estado fresco, o que se busca é uma 
determinada trabalhabilidade ótima, porém não existem requisitos normativos de 
determinação desta, pois esta pode variar conforme a obra (MEHTA; MONTEIRO, 2008). A 
trabalhabilidade tem mais relação com a adequação do concreto desde as etapas de mistura e 
30 
 
transporte até o lançamento e acabamento final deste. Já a consistência está mais ligada à 
homogeneidade, coesão e escoamento, ou seja, representa uma pequena parte de um conjunto 
desejado (ROMANO; CARDOSO; PILLEGGI, 2011). Portanto, cada projeto determina o 
ensaio a ser executado conforme as informações que se deseja obter para o controle 
tecnológico. 
 
Métodos para a determinação da relação água/cimento 
Novos métodos vêm surgindo há décadas para o controle do concreto no estado fresco, 
principalmente para a determinação do teor de água nas misturas. Inúmeros testes e ensaios 
foram elaborados como titulação química de cloretos, pulsos ultrassônicos, equipamento 
reflectómetro, método de turbidez, separação de componentes por flutuação, tecnologia 
nuclear, método do micro-ondas e da resistividade elétrica. Nenhum destes métodos 
conseguiu aplicabilidade em obra por vários motivos como dificuldade de execução que 
exigia corpo técnico especializado, equipamentos caros e demanda de tempo maior do que 
uma obra pode aceitar para a aceitação de um lote de concreto, porém destacaram-se os dois 
últimos citados (BRAUN, 2015; MANCIO ET AL., 2010). 
O método do micro-ondas apresentado por Nantung (1998) baseia-se em pesar 
amostras de concreto no estado fresco e secá-las pelo aquecimento em um forno de micro-
ondas. A diferença entre as massas indica o percentual de água das amostras, tendo-se a 
quantidade de cimento especifica para as misturas, pode-se determinar a relação 
água/cimento. 
O método da resistividade elétrica, que relaciona esta propriedade do concreto no 
estado fresco com relação a/c. Tendo em vista o enfoque da pesquisa, neste trabalho o método 
da resistividade elétrica do concreto será abordado no item 2.5. 
2.4. RESISTIVIDADE ELÉTRICA 
A oposição à passagem de corrente elétrica em um material é denominada resistência 
elétrica e sua unidade é o ohm (). Para determinar o valor da resistência, aplica-se uma 
diferença de potencial (V) entre dois pontos de um condutor e mede-se a corrente (i) 
resultante, conforme a Equação 1 (sendo V e Volts e i em Ampéres) (HALLIDAY; 
RESNICK; WALKER, 2012). 
 
31 
 
 
 
 
 Equação 1 
Onde: 
R – Resistência elétrica; 
V – Diferença de potencial, ou tensão; 
i – corrente elétrica. 
 
Já o material condutor que possui/exerce resistência é chamado de resistor ( ). 
Este resistor apresentará maior ou menos resistência à passagem de corrente elétrica conforme 
sua resistividade elétrica () e esta característica é definida como a dificuldade que uma 
corrente elétrica tem ao passar por um meio. O valor da constante de resistividade de cada 
material pode ser encontrado dividindo-se o campo elétrico (E) pela densidade de corrente 
elétrica (J) (Equação 2). Com isso, a unidade de resistividade é ohm-metro (×m) (BAUER; 
WESTFALL; DIAS, 2012). 
 
 
 
 
 Equação 2 
Onde: 
 – Resistividade elétrica; 
E – Campo elétrico; 
J – Densidade de corrente elétrica. 
 
O inverso da resistividade é denominado condutividade (σ), que é representado pelas 
Equações 3 e 4 e tem como unidade (×m)-1. 
 
 
 
 
 Equação 3 
 
 Equação 4 
Onde: 
σ – Condutividade elétrica. 
 
A resistividade característica de soluções líquidas varia com a temperatura, ou seja, 
quanto maior a temperatura, maior o movimento dos íons dissolvidos e, assim, mais 
facilmente ocorre a passagem da corrente elétrica na solução, aumentando a condutividade e, 
logo, diminuindo a resistividade. Em metais, porém, ocorre o efeito contrário, sendo que o 
32 
 
aumento da resistividade tem relação quase diretamente proporcional ao aumento temperatura 
(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). 
Segundo Halliday, Rescnick e Walker (2012) outro fator que pode influenciar na 
condutividade de materiais é o fato de ser um condutor ou semicondutor. Os primeiros 
o edecem à “Lei de Ohm”, onde a resistência do material é constante e independente da 
diferença de potencial aplicada, e com isso, o gráfico da corrente em função da tensão resulta 
em uma reta conforme a Figura 5 (a). Já nos semicondutores ocorrem alterações quando há 
mudanças nas tensões aplicadas aos materiais (ou soluções), sendo assim, haverá um gráfico 
“corrente x tensão” diferente sempre que houver mudança de material, como mostra o 
exemplo da Figura 5 (b), onde passa haver corrente elétrica a partir de uma diferença de 
potencial maior que 1,5 V. 
 
Figura 5 – Resistência de meteriais (a) condutores e (b) semicondutores 
 
Fonte: Halliday; Resnick; Walker (2012, p. 143) 
 
Tendo em vista que a alteração de materiais acarreta na alteração também da 
resistividade, a geologia utiliza a prospecção geofísica como um método não destrutivo de 
determinação de perfis geológicos e a engenharia utiliza o método da resistividade do 
concreto para controlar a corrosão de armaduras de concreto armado. 
2.4.1. Resistividade de materiais porosos e o uso na geofísica 
Miranda et al. (2012) explicam que as rochas são materiais heterogêneos onde os 
poros são as fases líquidas ou gasosasque preenchem a fase sólida, denominada matriz, e que 
a resistividade destas varia conforme o volume de água e a profundidade da rocha, pois 
quanto mais profunda, maior a concentração mineralógica e, logo, maior a solução de íons 
(TELFORD; GELDART; SHERIFF, 1998). Confirmando isto, Oliveira (2004) descreve que 
33 
 
os solos são materiais trifásicos compostos por sólido, líquido e ar, e coloca ainda que a fase 
gasosa é sempre considerada como corpo isolante. 
A resistividade de rochas também é influenciada pelo tipo de matriz rochosa, sendo 
que as rochas ígneas apresentam as resistividades mais elevadas e, as rochas sedimentares, as 
mais baixas (MIRANDA et al., 2012) 
Em soluções, a condução de elétrons, ou seja, a corrente elétrica ocorre por meio da 
migração dos íons que estão dissolvidos na solução aquosa, este processo é denominado 
condução eletrolítica (TELFORD; GELDART; SHERIFF, 1998). Outros dois processos, a 
condução eletrônica (ôhmica) e a condução dielétrica ocorrem, respectivamente, em 
condutores metálicos por meio dos elétrons livres e em materiais pouco condutores que 
polarizam suas moléculas quando aplicada corrente alternada (OLIVEIRA, 2004; NETO, 
2002). 
Telford, Geldart e Sheriff (1998) e Miranda et al. (2012) apresentam a Lei de Archie 
(Equação 5) para descrever a resistividade de rochas, porém Mancio et al. (2010) colocam que 
esta equação é a que melhor se aplica para determinação da resistividade de materiais porosos 
em geral mesmo que esta tenha sido originalmente destinada para a geofísica (ARCHIE, 
1942). A utilização desta é ampla por considerar a porosidade do material e a resistividade do 
fluido presente nos poros. 
 
 
 
 Equação 5 
Onde: 
ρb – Resistividade elétrica global do material; 
ρf – Resistividade elétrica da solução, 
a e m – constantes empíricas (MANCIO et al., 2010). 
S – fração de saturação; 
ϕ – porosidade; 
n – valor dependente do preenchimento dos poros. 
 
O valor de n é próximo de 2,0 quando o preenchimento dos poros com solução aquosa 
está em mais de 30% (MANCIO et al. 2010; MIRANDA et al. 2012; LI; WEI; LI, 2003; 
TELFORD; GELDART; SHERIFF, 1998). 
34 
 
Sendo assim, para materiais porosos saturados a fórmula para determinação da 
resistividade do material fica como apresentado na Equação 6, tendo em vista que S será igual 
à 1. 
 
 
 
 
 Equação 6 
 
Na geofísica, a determinação da resistividade de rochas e solos é normatizada pela 
ASTM G57-06: 2012. 
2.4.2. O princípio dos quatro pontos 
Sabendo-se que materiais não homogêneos apresentam diferentes resistividades em 
sua constituição, é possível determinar mapas das regiões de diferentes resistividades, 
utilizando-se corrente elétrica contínua, medindo-se a diferença de potencial entre dois pontos 
superficiais por meio da aplicação de corrente através de outros dois pontos na superfície 
conforme mostra a Figura 6 (MEHTA; MONTEIRO, 2008; MIRANDA et al. 2012; 
TELFORD; GELDART; SHERIFF, 1998; CASCUDO, 1997). 
 
Figura 6 – Determinação da resitividade de materiais pelo arranjo de Wenner 
 
Fonte: Modificado de Mehta e Monteiro (2008, p. 424) 
 
É habitual que na Geofísica denominem-se os eletrodos de injeção de eletricidade de 
A e B e os de leitura são designados M e N. No arranjo de Wenner os espaçamentos “a” 
apresentam a mesma dimensão. Existem outras formas similares a este arranjo e nessas os 
espaçamentos adotados são sempre diferentes, com isso ocorre também mudança nos fatores 
geométricos (MIRANDA et al., 2012). 
O método dos quatro pontos aplica a equação da densidade de corrente com o objetivo 
de obter a diferença de potencial obtida nos pontos M e N resultante da aplicação de corrente 
35 
 
elétrica pelos pontos A e B (MIRANDA et al., 2012; MANCIO et al., 2010). A fórmula geral 
dos quatro pontos é apresentada abaixo na Equação 7. Reorganizando esta com o fator 
geométrico de Wenner tem-se, por fim, as Equações 8 e 9 para a determinação da 
resistividade elétrica. 
 
 
 
 
[
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
] Equação 7 
 
 
 
 
 Equação 8 
 
 
 
 
 Equação 9 
Onde: 
k – fator geométrico do equipamento utilizado; 
VM – Tensão medida no eletrodo M; 
VN – Tensão medida no eletrodo N; 
AM, BM, AN, BN – Espaçamento entre os eletrodos A e M, B e M, A e N e B e N. 
 
É interessante observar que há uma pequena alteração na Equação geral quando 
aplicada à geofísica. Pois no caso do concreto, o campo elétrico forma uma esfera conforme a 
Figura 7 (quando mergulhado em um corpo de prova ou estrutura). Já no caso da geofísica, 
como as dimensões da esfera terrestre sempre serão muito maiores do que a profundidade da 
sonda, o campo elétrico forma uma semiesfera (Figura 8 e Figura 9). 
 
Figura 7 – Densidade de corrente em um espaço esférico 
 
Fonte: Mancio et al. (2010) 
 
36 
 
Figura 8 – Densidade de corrente em um 
espaço semiesférico 
 
Fonte: Miranda et al. (2012, p. 140) 
Figura 9 – Campo elétrico semiesférico na 
superfície terrestre 
 
Fonte: Miranda et al. (2012, p. 142) 
 
Sendo assim, na Equação 8, no lugar do denominador “4πa”, entra o valor “2πa”, pois 
é metade de uma esfera (MANCIO et al., 2010; MIRANDA et al., 2012). 
Jordani et al. (2015) ao realizar estudo piloto com equipamento cuja distância entre 
eletrodos é de duas polegadas, concluem que a dimensão mínima da seção transversal à face 
de leitura é de 100 mm. 
2.5. A RESISTIVIDADE ELÉTRICA NO CONCRETO 
Neste item será abordado o assunto de resistividade elétrica dos concretos no estado 
endurecido e no estado fresco. 
2.5.1. Estado endurecido 
A questão da durabilidade das estruturas vem sendo cada vez mais estudada, passando 
no ano de 2013 a ser considerada na NBR 15575 (ABNT, 2013) que abrange exigências 
mínimas em termos de tempo que as estruturas de edificações devem durar sem que estas 
deixem de cumprir as funções que lhe foram atribuídas. Para isso, com as manutenções 
mínimas que devem ser previstas em projeto, as estruturas de concreto armado precisam 
suportar os mecanismos de degradação aos quais estão sujeitas, pois dentre eles, os principais 
têm como consequência a corrosão da armadura do concreto (MEDEIROS et al., 2011). 
Segundo Figueiredo e Meira (2013), a corrosão é um fenômeno que possui natureza 
eletroquímica, provocado pelo movimento de partículas eletricamente carregadas através de 
um eletrólito, que neste caso é a solução presente nos poros do concreto no estado endurecido. 
Segundo os autores, quanto maior a presença desse eletrólito, mais fácil ocorre a passagem de 
37 
 
corrente iônica (condutivdade) e isso acarreta na aceleração do processo de corrosão. Sendo 
assim, concretos com menor porosidade possuem pouco eletrólito (solução iônica) e acabam 
por apresentar maior resistividade, o que reduz a velocidade de corrosão. 
Assim como em rochas, a resistividade elétrica do concreto no estado endurecido é 
determinada pela porosidade, pela concentração de íons dissolvidos nos poros do concreto, 
pela matriz cimentícia (que no caso do concreto são as propriedades dos materiais da mistura) 
e também pelo ambiente em que a estrutura está inserida (RILEM, 2000). A distribuição e 
volume dos poros preenchidos com água também tem influência significativa na resistividade 
e acaba por ter relação com a resistência à compressão do concreto (TASHIRO; ISHIDA; 
SHIMAMURA, 1987). 
Com o objetivo de controlar o potencial de corrosão da armadura no concreto armado 
por meio de um ensaio não destrutivo, foram criados dois métodos de determinação da 
resistividade elétrica do concreto:

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