Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TEORIA GERAL DO ESTADO EVOLUÇÃO, DEFINIÇÃO E OBJETO DA TEORIA GERAL DO ESTADO Inúmeros são os conceitos e definições para a Teoria Geral do Estado, nomenclatura de denominação formal, de origem alemã, desde sua criação, com primeiros conceitos em 1672. PEDRO CALMON: Teoria Geral do Estado é o estudo da estrutura do Estado, sob os aspectos jurídicos, sociológicos e históricos; Obs: Como ponto de partida, podemos nos alicerçar no entendimento de que a T.G.E. estuda os fenômenos ou fatos políticos, considerando como objetivo mais adequado a ser imputado a essa disciplina, o que afirma ser importante o estudo em todos os seus aspectos, sua origem, sua organização, seu funcionamento, suas finalidades e as influências sofridas pelo Estado. EVOLUÇÃO HISTORICA DA TEORIA GERAL DO ESTADO: Disciplina surgida no século XIX é uma ciência cultural, de fundo sociológico, tem como aspiração compreender o Estado, sua estrutura e funções, o seu dever histórico e as tendências da sua evolução. Dessa forma, pode-se dizer que a primeira manifestação da disciplina, enquanto conteúdo sistematizado e autônomo, é devida ao autor George Jellinek, por volta do ano de 1900, na Alemanha, com a publicação da obra "Teoria Geral do Estado", que trazia concretizado o objeto da disciplina, visando um estudo mais aprofundado do Estado e seus aspectos sociais. No Direito Brasileiro, a disciplina era ministrada nos cursos de Direito como parte do Direito Público e Direito Constitucional. A partir dos anos de 1940 , a disciplina Teoria Geral do Estado, foi destacada do Direito Constitucional, tendo, pois, autonomia. As teorias de formação do Estado e os pensadores : Reconhecidamente, a definição clássica de política foi legado pelos antigos gregos, sendo Aristóteles consagrado como o primeiro homem a estudar a Teoria Geral do Estado quando escreveu um tratado sobre o Estado, a que deu o nome de “Política”. O Estado Grego era formado pelas “polis”, dedicando Aristóteles em sua obra, o estudo do Estado da Antiguidade, começando pela organização política de Atenas e Esparta, os órgãos de governo dessas cidades, para chegar afinal a uma classificação de todas as formas de governo então existentes. O grande filósofo grego pode ser considerado com justiça o fundador da Ciência do Estado, seguindo de forma perpetuada os seus ensinamentos, gerando a noção para real idéia de Estado posteriormente defendida por Platão. Obs: o objetivo do Estado é o bem comum e, sendo o homem um “zoon politikón” (animal político), deveria, na administração da polis, buscar os meios necessários para a aquisição desta finalidade. OBS: A Política vem de polis – politikos - tudo que se refere à cidade (urbano, civil, publico, social), segundo Norberto Bobbio. Em resumo, a estrutura desenhada por Aristóteles para o Estado, se apresenta da seguinte forma: EM DESTAQUE: Aristóteles era do corrente de pensamento NATURALISTA. 1.PODER DELIBERATIVO – com competência para manifestar-se sobre guerra e paz, fazer leis, revogá-las, baixar decretos, etc 2.MAGISTRATURAS OU PODERES CONSTITUIDOS – corresponde ao que hoje temos como Poder Executivo, com competência para a administração publica 3.JURISDIÇÃO – Juízes eleitos ou sorteados entre os cidadãos, competentes para dirimir as questões na esfera particular. Na linha de escritos mais antigos, reconhecidamente perpetuaram Platão, Aristóteles na Grécia Antiga e Cícero em Roma com suas inserções obre governos e sistemas políticos. PENSAMENTOS E SEGUIDORES DA CORRENTE NATURALISTA: A CORRENTE NATURALISTA – sustenta a existência de uma sociedade natural, isto é uma exigência da própria natureza do homem, que o induz a viver agregadamente junto a seus semelhantes. Dentre os defensores desta corrente encontram-se Aristóteles, que define o homem como um “ser eminentemente social”, que necessita relacionar-se constantemente com outros homens para poder se desenvolver’’. Ainda faz referência, ao fato do homem não conseguir viver só, e afirma que apenas um ser superior viveria desta maneira, e este seria uma exceção. Na mesma linha da corrente naturalista, encontra-se Santo Tomás de Aquino, que partindo da idéia de Aristóteles, sendo seu fiel seguidor, esse autor medieval afirma, que o homem é um ser social e político, e este vê na convivência em sociedade a forma de defender seus direitos e bens, externando ainda, que o homem apenas não viveria em sociedade em casos especiais, como doença mental, extrema inteligência, ou ainda ,em caso de desastre. Para Aristóteles, havia uma idéia de participação igualitária dos cidadãos na polis, pelo que, com essa igualdade no exercício do poder, culminou-se no desenvolvimento da democracia ateniense, com apogeu no século V a C no período clássico. Assim, na teoria desse filósofo, já se delineavam uma separação de poderes na Administração Pública, como forma de controle de um poder sobre o outro. CORRENTE CONTRATUALISTA – Os pensadores da corrente contratualista defendem que: o homem vive em sociedade por vontade própria, isto é, mediante um ato consciente de vontade, o que chamam de contrato. EVOLUÇÃO , TEORIAS , NOÇÃO DE ESTADO NAS CORRENTES E PENSAMENTOS: A noção de Estado no século XVI vinda de Maquiavel, na obra “O PRINCIPE”, coloca o Estado como senhor, absoluto do individuo, o elemento político adquire sua autonomia e se desvincula das razões religiosas, morais e filosóficas, relevando o estado como em soberano, fomentando o início dos estudos sobre o Estado moderno. 2 Segue, em síntese, os aspectos principais que nortearam as correntes que evoluíram na idéia, conceito e formação do Estado: Na idade Média, quem detinha a soberania era o Monarca (rei) e havia linha de sucessão, assim, consequentemente a soberania ia passando de um para o outro. MONTESQUIEU- Charles-Louis de Secondatt, -TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS PODERES: ou simplesmente Charles de Montesquieu, político, filósofo e escritor francês. Ficou famoso pela sua Teoria da Separação dos Poderes , atualmente consagrada em muitas das modernas constituições internacionais. - Influenciado pelas idéias de Locke, Montesquieu escreve sua mais famosa e conhecida obra “O Espírito das Leis”, através da qual desenha a separação dos poderes, já bem próxima daquilo que temos atualmente. Aristocrata, filho de família nobre, nasceu no dia 18 de Janeiro de 1689 e cedo teve formação iluminista com padres oratorianos. Revelou-se um crítico severo e irônico da monarquia absolutista decadente, bem como do clero católico. A Teoria da Tripartição dos Poderes Estatais já havia sido formulada por pensadores anteriores à Montesquieu, na antiguidade clássica com o filósofo Platão e mais desenvolvida a idéia por Aristóteles. Mas foi Montesquieu que desenvolveu a idéia de forma coerente e sistemática pela primeira vez; consolidando as idéias de seus antecedentes. A consagração e prática das idéias de Montesquieu: Constituição Americana de 1787. Foi a primeira Constituição escrita da modernidade, profundamente influenciada pelas idéias de Montesquieu e, quanto aos poderes, dispõe da seguinte forma: a) Congresso – faz as leis, mas não influencia diretamente na ação governamental, embora possa impedir nomeação de alguns funcionários e celebração de tratados; b) Executivo – Pode, por vezes, pressionar o Congresso; c) Tribunais – mantém independência, podendo anular atos ilegais do Executivo e atos inconstitucionais do Legislativo. O que se verifica é um sistema que a doutrina achou por bem denominar Sistema de Freios e Contrapesos ou, em inglês, “checks and balances”. A SOCIEDADE, FORMAÇÃO DO ESTADO, SUA RELAÇÃO COM O DIREITO E SEUS ELEMENTOS ESSENCIAIS: Ao estudarmos o Estado e o direito, imprescindível quese analise as relações entre ambos (Estado e Direito) e a importância do poder nesse contexto. O fenômeno da sociedade: Pode-se definir sociedade como a reunião de pessoas com a mesma origem e que são regidas por regras comuns de convivência. Assim, observamos que a sociedade política de maior destaque é o Estado, que terá o papel de coordenar a sociedade de forma que os objetivos pessoais de cada membro não inviabilize os objetivos de outros membros, lembrando que o objetivo genérico a ser alcançado é o bem comum. Essa é a sociedade politicamente organizada. 3 A Palavra Estado no sentido moderno Com o significado que hoje apresenta para indicar a sociedade política, isto é, um agrupamento de homens estabelecido em um território determinado e sob uma autoridade comum, a palavra Estado (do latim, status) é relativamente nova e somente adquiriu consagração nos tempos modernos. Na Grécia, onde existiam as chamadas Cidades-Estado (Atenas, Esparta, Tebas, Corinto, etc.) era usado o termo polis (cidade), como já o dissemos. Daí proveio a palavra política, empregada por Aristóteles como indicando a Ciência do Estado. Em Roma, usava-se a palavra civitas (cujo significado era idêntico ao da polis grega), bem como a expressão res publica. Enquanto isso, a palavra status designava o que até hoje chamamos capacidade jurídica. Mas, para caracterizar a situação da coisa pública, dos negócios do Estado, passaram depois os romanos, a adotar a expressão status republicae. Quem, entretanto, pela primeira vez, empregou a palavra Estado, nitidamente no seu significado atual, no seu sentido moderno, para indicar o poder político, foi Maquiavel, nome pelo qual se tornou conhecido o historiador e publicista italiano Niccolò di Machiavelli (1469-1527), o qual, na sua célebre obra O Príncipe , publicada no início do século XVI, considerava como Estados “todos os domínios que tiveram ou têm império sobre os homens”, classificando-os em repúblicas e monarquias. Conceito de Estado Num conceito simples, podemos definir o Estado como a organização política, dotada de poder soberano, cujas prescrições possuem força jurídica obrigatória para toda a população de um determinado território ou país, constituído por uma ou mais nações. Dotada de um Poder Soberano, significando a soberania, a capacidade de autodeterminação, de decidir em última instância, de resolver com absoluta independência a autonomia todos os assuntos internos ou externos. Em outras palavras, soberania caracteriza-se como um poder ao qual nenhum outro se pode contrapor, tanto no plano interno como no internacional. A força jurídica obrigatória, constituída de normas que o Estado prescreve para toda a população sujeita ao seu poder soberano dando vida ao direito positivo. Este não se caracteriza como tal se não existissem as sanções correspondentes às infrações das normas jurídicas, sanções que somente o Estado pode estabelecer e aplicar. E, para aplicação de tais sanções, é inerente ao seu poder soberano possuir o Estado um aparato de força e de coerção, constituído por polícia, forças armadas, juízes, tribunais, etc. Quando mencionamos que o poder do Estado se estende sobre o território de um determinado país, significa isso que pressupõe ele a existência de uma base territorial, de um meio físico, dentro de cujos limites ou fronteiras se exerce dito poder. Pode esse território ou país, onde existe um Estado, ser constituído por uma ou mais nações, tendo em vista os Estados plurinacionais, em cujo território coexistem mais de uma comunidade nacional, como por exemplo, a ex União Soviética. 4 O Estado é, conforme já explicado uma Pessoa Jurídica, um ente ficto ou fictício criado pela vontade popular para sobrepor-se a ela por meio da soberania e das normas de conduta por ele fixadas. Em linhas gerais, Estado é a nação politicamente organizada; é fonte única do direito; é sociedade política estruturada a partir do direito, tendo como fonte primária e normativa a Constituição, que é resultante do chamado “pacto social”. Cabe ao Estado a aplicação do direito e a manutenção das condições universais de ordem social. Assim, só existe direito emanado do Estado. Formas de Estado Quanto às formas de estado é possível encontrarmos a seguinte classificação: a) Estados simples ou unitários – geralmente, são países de territórios pequenos. Por isso, não há divisão em unidades autônomas – Estados-membros; só um governo central, sem subdivisões político-administrativas. Temos como exemplo, Portugal, Inglaterra e França; b) Estados Federados – formados através da união de várias unidades federadas, na qual cada uma tem uma autonomia político-administrativa, com receitas próprias (podendo cobrar tributos) e com certa autonomia administrativa. Mas estes Estados-membros não possuem soberania. Para que haja uma federação equilibrada – pacto federativo equilibrado – é necessária uma única nacionalidade; repartição constitucional de competências entre a União e os Estados federados; poder auto-regulatório com autonomia prevista na Constituição Federal (no Brasil, este órgão é o Supremo Tribunal Federal). Como exemplo, podemos citar, além do Brasil, Estados Unidos, Argentina, México, dentre outros. c) Estados Confederados – são associações de Estados soberanos instituídos através de Tratados. Apesar de terem personalidade jurídica internacional, esta não elimina a soberania dos Estados Confederados. O ESTADO FEDERAL BRASILEIRO: Estado Federal brasileiro é o modelo em que se preconiza a descentralização política (repartição de competências), a participação dos Estados membros nas decisões do Governo Federal e a possibilidade dos estados membros da federação estabelecer suas próprias constituições, desde que não destoantes da Constituição Federal, base de todo o ordenamento jurídico e sustentáculo do Estado Democrático. Dois são os principais requisitos para a fortificação e manutenção do sistema federativo: o primeiro é a existência de uma Constituição rígida, e o segundo a existência e viabilidade de um controle das leis, para não haver afronta à Lei Maior. A rigidez constitucional não significa um corpo sólido, onde seja impossível qualquer alteração, mas uma proteção para evitar o desnaturamento, a dissolução dos princípios estruturais, por alguns chamados de cláusulas pétreas. Esta seria a parcela inegociável, irrevogável, imutável e inabalável do texto, representando a garantia mínima necessária para a manutenção da federação, porque ficaria impossível alterar qualquer fundamento da mesma. Os Estados membros são dotados de autonomia e a União é detentora da soberania, ou seja, as constituições dos Estados embora autônomas não podem ferir o texto da Lei Maior. 5 ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ESTADO: Segundo a doutrina tradicional, o Estado é uma associação humana (povo), radicada em base espacial (território),que vive sob o comando de uma autoridade (poder) não sujeita a qualquer outra (soberana). Soberania – o poder próprio do Estado, a ele inerente, a capacidade total de independência, de autodeterminação, que se caracteriza por não estar o Estado sujeito a qualquer outro poder, dentro ou fora de suas fronteiras. FINALIDADE: Várias correntes já incluem esse elemento que na verdade seria o objetivo do Estado. O objetivo do Estado deve ser, sempre e invariavelmente, o Bem Comum. PODER X ESTADO X DIREITO X DEMOCRACIA Segundo o Professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho1: “Não há nem pode haver Estado sem poder”. Este é o princípio unificador da Ordem Jurídica e, como tal, evidentemente é uno. A soberania é exercida de forma popular, através do sufrágio universal e pelo voto diretoe secreto, com valor igual para todos. Em suma, o povo é o titular legitimo do poder, sendo essa premissa indispensável ao Estado Democrático de Direito. TEORIAS DA REALIDADE ENTRE ESTADO E DIREITO TEORIA MONÍSTICA Também chamada do estatismo jurídico, segundo a qual o Estado e o Direito confundem-se em uma só realidade. Para os monistas só existe o direito estatal, pois não admitem eles a idéia de qualquer regra jurídica fora do estado. O Estado é a fonte única do direito, porque quem dá vida ao Direito é o Estado através da “força coativa” de que só ele dispõe. Logo, como só existe o Direito emanado do Estado, ambos se confundem em uma só realidade. TEORIA DUALÍSTICA Também chamada pluralística, que sustenta serem o Estado e o Direito duas realidades distintas, independentes e inconfundíveis. Para os dualistas o Estado não é a fonte única do Direito nem com este se confunde. O que provém do Estado é apenas uma categoria especial do Direito: o direito positivo. Mas existem também os princípios de direito natural, as normas de direito costumeiro etc. Afirma esta corrente que o Direito é criação social, não estatal. O Direito, assim, é um fato social em contínua transformação. A função do Estado é 1 Filho, Manoel Gonçalves Ferreira, Curso de Direito Constitucional, p.130. 6 positivar o Direito, isto é, traduzir em normas escritas os princípios que se firmam na consciência social. A TEORIA TRIDIMENSIONAL DO ESTADO E DO DIREITO: Os três elementos integrantes do Estado são: FATO, VALOR E NORMA Segundo essa teoria tridimensional, o Direito se compõe de três dimensões. Primeiramente, há o aspecto normativo, em que se entende o Direito como ordenamento e sua respectiva ciência. Em segundo lugar, há o aspecto fático, em que o Direito se atenta para sua efetividade social e histórica. Por fim, o Direito cuida de um valor, no caso, a Justiça. O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL VIGENTE: Princípio Democrático: Podemos ressaltar que o Estado Democrático nasceu das lutas contra o absolutismo (ditadura – governo que impera a vontade do chefe). Devemos salientar, ainda, dois grandes movimentos político-sociais que transpuseram do plano teórico para o prático os princípios que iriam conduzir ao Estado Democrático: - A Revolução Americana e a Revolução Francesa. A Revolução Americana, expressou a sua busca por um governo popular e anti-absolutista na Declaração de Independência das treze colônias americanas, em 1976. E a Revolução Francesa que, sob evidente influência dos pensamentos de Jean Jacques Rousseau, universalizou os seus princípios quando expressou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. No mundo moderno, a democracia surgiu sob a forma indireta ou representativa, mantendo-se o princípio da soberania popular, no qual todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido. Neste sentido, pode-se afirmar que a idéia moderna de um Estado Democrático tem suas raízes no século XVIII. A questão do Estado Democrático de Direito ser recepcionado em nossa Constituição Federal, em seu Art.1º. dá a verdadeira concepção da grandiosidade e preciosismo que nossos Constituintes tiveram ao vislumbrar a condição da representatividade que lhes foi outorgada pelo mandato emanado pelo voto direto dado pelo cidadão, sendo uma preocupação tutelada desde seu primeiro artigo na Constituição Federal, que a participação do povo estaria garantida a partir do Brasil optar em ser e ter um Estado Democrático de Direito como modelo. Fundamentos do Estado democrático do Brasil Pela simples leitura do art. 1º da Constituição da República Federativa do Brasil, percebe-se que o Estado Brasileiro tem como fundamentos a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Esses fundamentos devem ser interpretados como os principais valores da organização da ordem social e jurídica do Brasil. A DEMOCRACIA: Direta e Indireta: 7 A DEMOCRACIA DIRETA - seria uma forma ideal de exercício do poder, pelo qual todos os cidadãos participam ativamente e também diretamente dos processos decisórios da sociedade. Atualmente é quase inexistente essa forma de democracia tendo em vista a dificuldade de todos os cidadãos participarem efetivamente dos processos decisórios e pela complexidade dos assuntos a serem discutidos. A DEMOCRACIA INDIRETA – O governo é exercido por representantes do povo, livre, periódica e legalmente eleitos pelos governados, por meio de sufrágio universal, devendo tomar decisões em nome de toda a sociedade. A DEMOCRACIA E O CASO BRASILEIRO A Constituição brasileira combina representação e participação direta, como se observa desde o art. 1°, parágrafo único, quando afirma que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos (democracia representativa), ou diretamente (democracia participativa). Consagram-se, nesse dispositivo, os princípios fundamentais da ordem democrática representativa, tendendo para a democracia participativa. DIREITOS POLITICOS E SISTEMAS PARTIDÁRIOS Quando falamos de cidadania e direitos políticos, se faz necessário um breve comentário à respeito de nacionalidade, cidadania e partidos políticos. NACIONALIDADE E CIDADANIA A Nacionalidade faz parte do vínculo jurídico na sociedade política estatal. Melhor esclarecendo, nacionalidade é o “status” do indivíduo em face do Estado, ou ele é nacional ou estrangeiro. É a qualidade de quem é nacional (natural do Estado), justamente no vínculo jurídico é que se distingue o estrangeiro do nacional, pois este sediado ou não, morando ou não neste território, é um cidadão nacional (no nosso caso, é um brasileiro). A Constituição Federal considera nacional a pessoa que se vincula ao Brasil pelo nascimento ou pela naturalização. O Estrangeiro, embora protegido em nosso país pelo art. 5º, Caput, com igualdade dos direitos fundamentais, é todo aquele que não é tido por nacional, sofrendo algumas restrições no campo de direitos políticos e certas atividades como as referidas no artigo 12, parágrafo 3º da Constituição Federal (cargos privativos ao brasileiro nato). Cidadão: é conceito restrito, para designar os nacionais (natos ou naturalizados) no gozo dos direitos políticos e participantes da vida do Estado. A nacionalidade é: “jus sanguinis” - Nacional é todo aquele que for filho de nacionais, são os nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileiros (direito de sangue)- artigo 12, II, “a, b,” da C.Federal “jus solis” - nacionais são todos aqueles nascidos em seu território. (solo, terra), artigo 12, I, “a, b,c” da C. Federal. 1. Primária ou originária Resultante do fato natural, do próprio nascido no território brasileiro (involuntária). 2. Secundária ou adquirida 8 Esta poderá ser adquirida voluntariamente após o nascimento. A nacionalidade primária poderá ser adquirida não somente pelo Jus solis, mas também nos casos, conforme disposto nas alíneas “a”, “b”, “c”, do art. 12, inciso I, da Constituição Federal. Nascidos na República Federativa do Brasil (ius solis) - evidentemente nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que, qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil (ius sanguinis mais a serviço do Brasil para entidades de Direito Público brasileira ou Administração Indireta). No caso de nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, que não estejam a serviço do país, a emenda 3/94 alterou a condição e não mais pode ser registrado na repartição consular brasileira competente. Assim, enquanto não residir no Brasil, nessa situação a pessoa é APÁTRIDA, pois não reconhecida pelo país de origem ou do nascimento. Ao oposto, existem casos onde a pessoa podevincular-se a diversos ou pelo menos a mais de um Estado, isto é passa a ter múltiplas nacionalidades, por força da diversidade de critérios de aquisição da nacionalidade, sendo chamado de POLIPATRIDA. A mesma emenda 3/94, que culminou por aumentar o número de apátridas, determinou que o cidadão pode optar em qualquer tempo pela condição de brasileiro. A alínea “c” do artigo 12 foi alterada pela Emenda 3/94, pois anteriormente exigia que fosse a nacionalidade registrada em repartição brasileira e que viesse a residir no Brasil antes de completar 21 anos e após optasse pela nacionalidade brasileira em quatro anos. Há que se respeitar a dupla nacionalidade caso o país onde nasceu o filho exija e adote o critério ius solis. Assim, os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira não registrados em repartição brasileira competente que venham a residir na República Federativa do Brasil antes da maioridade e alcançada esta, optem em qualquer tempo pela nacionalidade brasileira, tem garanto esse direito no texto constitucional. EXCEÇÕES AO NATURALIZADO E GARANTIAS AO BRASILEIRO NATO - CARGOS PRIVATIVOS Artigo 12, II – parágrafo 3: São privativos de brasileiro nato os cargos: I- de Presidente e Vice Presidente da Republica II- de Presidente da Câmara dos Deputados III- de Presidente do Senado Federal IV- de Ministro do Supremo Tribunal Federal V- da carreira diplomática VI- de oficial das Forças Armadas VII- de Ministro de Estado de Defesa (inciso acrescentado pela Lei Complementar 97/99, que criou o Ministério da Defesa e Emenda Constitucional n. 23/99). Convém ainda ressaltar que outro cargo privativo ao brasileiro nato consta do artigo 89, inciso VII – membro do Conselho da Republica. Ao naturalizado, serão garantidos todos os direitos, excluindo-os dos cargos privativos do brasileiro nato, elencados nos itens de I à VII, de suma importância, pelo que alertamos da necessidade de consulta nos referidos incisos. DIREITOS POLÍTICOS 9 Direitos Políticos – Instrumento pelo qual a Constituição Federal garante o exercício da soberania popular. Direito de Sufrágio (voto)- CARACTERISTICAS DO VOTO: 1) Direto: voto direto, personalíssimo, o povo vai as urnas para externar seu direito, como regra a eleição deve ser direta no Brasil, ou seja, o cidadão vota em seu candidato sem qualquer intermediário. 2) Secreto: direito de intimidade. Não há que ter publicidade o voto do eleitor, sua opção, é livre e soberano em sua decisão. 3) Universal - Não mais existe no Brasil o voto censitário, aquele que exigia a capacidade econômica do eleitor para ter direito ao voto, tão pouco subsiste o voto Capacitário, que exigia a comprovação de capacidade intelectual. O voto no Brasil tem o mesmo valor para todos, não é restrito, tendo sua opção o mesmo grau de importância ao candidato a que pretende eleger. Outrossim, não há mais discriminação de cor, sexo, religião para o exercício do voto, sendo tão somente previstas condições mínimas de idade, situação de constrito como requisitos necessários até mesmo a preservação da democracia ampla. 4)Periódico: Para manter a democracia, essencial que seja mandatos com prazos determinados e para tal mantém- se como regra o período de votação de 4 em 4 anos. 5) Personalíssimo – está diretamente ligado ao voto direto, ou seja, o eleitor irá pessoalmente às urnas para votação, sem representação de procurador ou qualquer representante, tendo como obrigação tão somente ter seu alistamento eleitoral. 6) O voto é ainda: FACULTATIVO - entre 16 e 18 anos / maiores de 70 / analfabetos e OBRIGATÓRIO: maiores de 18 e menores de 70 anos. O texto das constituições brasileiras desde a do Império de 1.824, por diversas vezes sofreram alterações, geralmente vinculados a idade e principalmente a renda financeira, a condição econômica do eleitor e na maioria das Constituições a proibição do voto para mulheres, analfabetos e até a libertação dos escravos, esses também estavam impedidos de exercer a cidadania ativa. Podemos destacar que na Constituição do Império a idade mínima para o exercício do voto era de 25 anos, mas com renda mínima anual comprovada, embora os analfabetos tivessem o direito ao voto, as mulheres estavam impedidos de exercê-lo. Evidenciando as alterações no texto das Constituições, a Carta de 1882 passa a excluir os analfabetos do direito de voto, seguindo tais mudanças na Constituição de 1889, com a proclamação da Republica que passou para 21 anos a idade mínima para o voto, mas deixou de exigir a renda mínima anual, permanecendo a vedação ao voto feminimo. Finalmente em 1932, foi instituído o VOTO FEMININO, permanecendo o impeditivo para o analfabeto que somente foi restituída na Constituição através da Emenda em 1985. Nosso Código Eleitoral Brasileiro veio em 1932 , pelo que além de instituir o voto feminino, reduziu para 18 anos a idade mínima dos eleitores. 10 Entretanto em 1965, tivemos a edição do novo Código Eleitoral Brasileiro que sob grande influência do regime militar , não proporcionava a democracia verdadeiramente participativa ante ao controle efetivo dos militares sobre os movimentos que lutavam pela liberdade partidária, direitos de cidadania, o que somente foi possível restabelecer os princípios previstos na legislação eleitoral com o restabelecimento do Estado Democrático de Direito. A Constituição de 1988, vigente, trouxe a consagração do voto facultativo para os menores entre 16 e 18 anos e maiores de 70 anos, ratificando o direito do voto feminino e dos analfabetos. Como dito, o sufrágio universal consagrado na Constituição vigente, muito se evoluiu a partir da extinção do SUFRAGIO CENSITÁRIO, onde o direito ao voto estava ligado à ordem econômica, ao patrimônio ou rendimento anual do eleitor, totalmente discriminatório. De igual forma, o SUFRAGIO CAPACITÁRIO discriminava o exercício do voto, pois somente teria direito aqueles que comprovassem as condições especiais cultural, intelectual, exigindo o grau mínimo de escolaridade. O Estado Democrático consagrado na Constituição vigente prevê o SUFRAGIO UNIVERSAL – não há discriminações. Assim, no cenário político atual estão impedidos de votar tão somente: - os estrangeiros, pois não tem o requisito formal do alistamento eleitoral; (tal impedimento cessa com a naturalização) e; - os Constritos – aqueles que estão cumprindo o serviço militar obrigatório. (cessa o impedimento com o fim do serviço militar obrigatório) A Constituição Federal, no seu artigo 17, garante o pluralismo político, ou seja, é livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos. A noção de partido político deve partir da união de várias pessoas, que se associam com base em ideologias e interesses comuns, visando atingir determinado objetivo. No que diz respeito à organização externa, o sistema dos partidos podem ser: PARTIDO ÚNICO – UNIPARTIDARISMO - quando se verifica no Estado a existência de um só partido, mas isso não significa que o sistema vigente seja antidemocrático, pois são travadas discussões políticas dentro do próprio partido em vez de se dar entre partidos opostos. Esses partidos, então, possuiriam princípios basilares comuns a todos os membros do partido e as divergências se dariam a respeito de assuntos secundários. BIPARTIDARISMO - Sistema de dois partidos. É característico da Inglaterra e pelos Estados Unidos (Democrata/ Republicano). PLURIPARTIDARISMO - Acolhe a Constituição Federal o sistema de partidos, a multiplicidade, objetivando assegurar a representação: é regra em nosso País. Resumidamente: no pluripartidarismo, exige-se no mínimo três partidos com propostas e programas à nível nacional.Nopluripartidarismo, o que tem em vista é a representação de todas as tendências e correntes de opinião. 11 Envolve debates e divergências na solução dos problemas de governo. A experiência do bipartidarismo no Brasil perdurou de 1966 a 1979. A abertura para novos partidos iniciou no Governo Geisel, sendo vastamente facilitado, na Constituição Federal de 1988, o que por vezes, é matéria de crítica por conta de estudiosos no assunto, aqueles que entendem que a excessiva proliferação de partidos é conseqüência de enfraquecimento do próprio sistema democrático, pelo que, na política brasileira ainda, se valoriza relevantemente o candidato e não partido político e seus programas ou idéias. Assegura a Constituição Federal, a autonomia aos partidos políticos, a fidelidade e disciplina partidária, podendo definir sua estrutura interna, organização e funcionamento. (incisos de I a IV do art. 17 da Constituição Federal). PODER CONSTITUINTE: O Poder Constituinte trata da supremacia da Constituição, ou seja, sendo a Constituição rígida é lei suprema, base da ordem jurídica, subordinando-se a ela todas as demais leis. A Constituição Federal é pedra angular do sistema jurídico político do país, conferindo validade e legitimidade aos poderes do Estado, dentro dos limites por ela impostos, não podendo ser contrariada por qualquer texto ou dispositivo legal do ordenamento jurídico, sob pena de ser considerado inconstitucional. A Nação é a titular do Poder Constituinte, o povo através de seus representantes instituem a Constituição, a modificam ou a substituem por outra. O povo é o titular através de representantes. Assim, o Poder Constituinte exprime a vontade política da própria sociedade, sendo o povo o titular desse poder que delega aos representantes especialmente eleitos para representá-los. Espécies: Poder Constituinte Originário: É exercido através de convenção constitucional, ou assembléia constituinte, no qual o grupo constituinte discute e aprova suas regras, nada impede que às vezes a deliberação seja submetida à votação popular, haja vista o ideal democrático. Inaugura a nova ordem constitucional. Diz-se originário quando o Poder Constituinte edita Constituição nova em substituição à anterior. Poder Constituinte Derivado: Para melhor aprendizagem, em linguagem simples podemos definir que o Poder Constituinte Derivado é subordinado, condicionado e limitado, pois provém do próprio Poder Constituinte Originário. (Constituição em vigência). O Poder Constituinte Derivado abrange dois subtipos, a saber: Poder Constituinte Derivado Reformador: Poder de alterar o texto, respeitando a regulamentação especial prevista na própria Constituição. Poder Constituinte Derivado Decorrente: Os Estados-membros tem em virtude de sua autonomia, por meio de suas Constituições Estaduais, respeitando-se a própria Constituição Federal. 12 CONSTITUIÇÕES, CONCEITOS E FORMAS . CONCEITO: CONSTITUIÇÃO. Constituição “é lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas” (J.J.Gomes Canotilho). Em sentido jurídico, as Constituições podem ser classificadas (tipificadas): a) QUANTO AO SEU CONTEÚDO: materiais Formais MATERIAIS: As constituições quanto ao seu conteúdo material consiste no conjunto de regras codificadas ou não.-(Exs: Constituição de 1.824 e Constituição vigente- artigos 1, 2 e18). Luiz Aberto David Araújo2, define a constituição material como: “Aquelas que identificam a forma e a estrutura do Estado, o sistema de governo, a divisão e o funcionamento dos Poderes, o modelo econômico e os direitos, deveres e garantias fundamentais. Assim seriam materialmente constitucionais, dentre outros, os arts. 1º. (que identifica o titular do Poder Constituinte), 2º. (que enumera as funções do Estado, garantindo independência e harmonia) e 18 (que identifica as unidades autônomas da Federação)”. FORMAIS: conjunto de regras codificadas, cujo conteúdo não é, necessariamente, constitucional, isto é, embora conste do texto da carta magna e mereçam importância, se dispensadas fossem do conceito de estrutura mínima do Estado, não teria cunho essencial ao núcleo da lei maior. b) QUANTO A FORMA: escritas ou (dogmáticas) Não-escritas ESCRITAS ou (dogmáticas): Alguns autores classificam as constituições escritas como dogmáticas, classificando a forma e elaboração como um único conceito, outros preferem distinguir forma de elaboração, como Alexandre de Moraes3. De qualquer forma, é o conjunto de regras sistematizadas num único documento, organizada, representada por um texto completo (Constituição Brasileira, Constituição Argentina). NÃO-ESCRITA (consuetudinária, costumeira, histórica): conjunto de regras baseadas nos usos e costumes, reunidas em documentos esparsos. Por tal fato, alguns autores, classificam as constituições quanto à elaboração em: c) QUANTO A ELABORAÇÃO: dogmáticas históricas 2 Araújo, Luis Alberto David, Curso de Direito Constitucional. 3 Moraes, Alexandre, Direito Constitucional, pg. 38 e 39. Araújo, Luiz Alberto David e Serrano Nunes. Curso de Direito Constitucional. 13 DOGMÁTICAS: são elaboradas de acordo com os dogmas sociais e políticos da época, e representam a realidade daquele momento. HISTÓRICAS: são fruto da lenta e gradual evolução da sociedade e representam a realidade atual do Estado. Neste aspecto, os documentos históricos são fundamentais para sua elaboração, sedimentados em costumes derivados das decisões anteriormente tomadas (Constituição da Inglaterra). d) QUANTO A ORIGEM: promulgadas outorgadas cesaristas PROMULGADAS: aquelas elaboradas por representantes do povo, em Assembléia Constituinte. Fruto do poder democrático: são denominadas também de votadas (Constituições Brasileiras de 1.891, 1934,1946 e 1988). OUTORGADAS: aquelas impostas pelos governantes, sem participação popular. Em sua origem, predomina o autoritarismo, o poder excessivo do governante, também denominada Carta Constitucional pela própria imposição. (Constituições Brasileiras de 1.824,1937, 1967). CESARISTAS: aquelas elaboradas unicamente pelo governante e levadas a referendo popular. Alguns autores mencionam que embora elaboradas pelo governante, eram levadas a plebiscito popular, pelo que há alguma divergência entre a forma como eram ratificadas ou não pelo povo. e)QUANTO A SUA ESTABILIDADE: imutáveis: Rígidas: Flexíveis: Semi-rígidas IMUTÁVEIS: aquelas cujo texto não pode sofrer qualquer espécie de alteração. RÍGIDAS: aquelas cujas alterações no texto dependem de processo legislativo especial, mais difícil que o legislativo ordinário para sua alteração. Constam ainda as cláusulas pétreas, totalmente inalteradas (art. 60 §4º). FLEXÍVEIS: aquelas que podem ser alteradas por processo legislativo ordinário, não exigindo procedimento especial, como acontecem com as constituições não escritas e costumeiras. SEMI-RÍGIDAS: (semi-flexíveis): aquelas que podem ser alteradas em parte por procedimento legislativo ordinário e, em parte, por processo especial. O procedimento legislativo especial somente é exigido para alterar suas normas materialmente constitucionais. f) QUANTO A SUA FINALIDADE: Sintéticas Analíticas SINTÉTICAS: são aquelas que regulamentam exclusivamente, os princípios e normas gerais da organização do Estado e do Poder. Todos os atos contidos na própria Constituiçãodevem ser compatíveis ao texto. Na considerável parte da doutrina, os autores nos reportam a Constituição americana que tendo a finalidade sintética, limita-se a traçar apenas os princípios fundamentais e estrutura do 14 Estado, o que consequentemente a tornam mais duradoura, adequando-se a evolução e aos novos anseios, justificando assim, sua permanência por mais de 200 anos. ANALÍTICAS: são aquelas que estendem seu aspecto de atuação a matérias sem conteúdo materialmente constitucional, em verdade, estendendo a previsão a todos os assuntos. Nas Constituições analíticas, o elenco dos princípios e normas fundamentais acabam por se enquadrarem no próprio texto da Lei Maior, mesmo nos casos que seriam enfoque de regras infra constitucionais, sendo essa, uma das características de nova Carta Magna vigente. Estudiosos do Direito Constitucional apresentam na classificação das constituições, outras, denominadas dualistas ou pactuadas, nominalista e semântica. Na primeira, efetiva-se um compromisso entre o rei e o Poder Legislativo, sujeitando-se o monarca aos esquemas constitucionais e resultando a constituição de dois princípios: monárquico e o democrático. No que se refere à constituição nominalista, o texto contem direcionamentos para os problemas concretos, bastando à mera aplicação das normas constitucionais para resolver os problemas concretos. Semântica é a constituição onde a interpretação de suas normas depende de averiguação de seu conteúdo significativo, da análise do conteúdo sociológico, ideológico para maior aplicação político normativa social do texto constitucional. A Constituição da República Federativa do Brasil vigente é classificada como: formal, escrita, dogmática, promulgada (democrática popular), rígida e analítica e eclética (formada por diversas ideologias ao oposto de constituição ortodoxa). Os Regimes ou Sistemas de Governo O Parlamentarismo O chefe de governo tem como encargo, a direção política e administrativa, e que de modo geral recebe o título de primeiro-ministro (ou presidente de governo, na Espanha; presidente do conselho de ministros, na Itália; chanceler, etc.). O chefe de Estado (que pode ser um rei ou um presidente) simboliza a unidade nacional que mantém e assegura a continuidade do sistema político, atuando como intermediário entre o aparelho estatal e a comunidade. Em virtude disso, possui como atribuição reconhecida a nomeação do chefe de governo, que de qualquer modo não é arbitrária, pois deve ser realizada indicando-se o líder do partido ou da coalizão majoritária. O Chefe de Estado Os chefes de Estado, de modo geral, apresentam pouca visibilidade no cenário político e sua função não é de direção, mas de integração e moderação. Constituem o símbolo da unidade nacional e a representam. Os chefes de Estado nas monarquias apresentam mais visibilidade que nas repúblicas em virtude de maior exposição e tradição da realeza, como a rainha da Inglaterra, o rei da Espanha, etc. 15 A estreita relação entre governo e Parlamento - Há estreita relação entre governo e Parlamento, a partir do princípio da responsabilidade política daquele (governo) diante deste (Parlamento). O governo, que constitui um órgão colegiado formado pelos ministros e seu presidente – se legitima a partir do apoio parlamentar, de modo que não pode existir, nem subsistir, sem a confiança do Parlamento. A manutenção o equilíbrio de poderes do parlamentarismo se fecha com a instituição da dissolução do parlamento, que é da competência do governo. Deste modo nenhum dos poderes tem garantido um mandato de prazo fixo – como ocorre com o presidencialismo. O governo depende da confiança do Parlamento, e este depende da confiança do governo. Deste modo os eventuais conflitos entre Legislativo e Executivo podem ser resolvidos do seguinte modo: pela iniciativa do Parlamento, através da derrubada de um governo e a abertura da possibilidade de construir outro. Através da decisão do governo de dissolver o Parlamento, reconduzindo a decisão para o eleitorado, que deverá escolher novos membros. O Presidencialismo Este sistema tem origem racional, fruto de reflexão e fortemente inspirado na teoria de Montesquieu sobre a separação de poderes. A Constituição dos EUA, de 1787, cria um regime político inovador, diferente da monarquia inglesa, a qual enfrentava as ex-colônias antes da obtenção da independência. Quando foi elaborada a Constituição norte-americana, não existiam precedentes referenciais que servissem de modelo para estruturar o sistema de governo, ou seja, não havia uma Constituição anterior, nem o princípio democrático de legitimação. O que havia era uma teoria, e, quanto à forma de governo, havia sido exposta por Montesquieu em sua obra “Do Espírito das Leis”, na qual analisava o sistema político na Inglaterra. Revisando a obra de Montesquieu, os legisladores norte-americanos a depuraram de seus princípios monárquicos e aristocráticos e a adaptarem a uma forma de governo republicana, destacando-se o princípio da separação de poderes. O que se obteve foi uma separação estrita entre Poderes Legislativo e Executivo, constituindo-se uma forma de governo conhecida como: presidencialismo. Este sistema tem sua principal característica no princípio da separação das funções dos Poderes Executivo e Legislativo. O presidente e seus ministros não fazem parte do Congresso ou do Parlamento. Existe uma independência recíproca entre os dois órgãos institucionais: o presidente não está sujeito ao voto de censura do Congresso, e nem este pode ser dissolvido pelo Executivo. Neste sistema de governo, o seu funcionamento repousa numa interdependência recíproca coordenada, na qual cumpre um papel importante o sistema partidário. As principais características do presidencialismo são: O poder Executivo está concentrado em uma pessoa, o presidente da República. O Presidente do Brasil, como dos Estados Unidos da América ou da Argentina, é o chefe de Estado e dirige efetivamente a política interior e exterior. Existe um conjunto de altos funcionários – secretários e ministros – a serviço da Presidência. A decisão política é uma prerrogativa somente do presidente. 16 O presidente brasileiro, assim como os demais supracitados, goza de independência de origem, porque é eleito pelo povo através de sufrágio universal. Ou seja, recebe sua legitimidade diretamente do povo, à margem da vontade de qualquer outro poder do Estado. Desfruta também de independência de exercício, porque seu mandado – de quatro anos, que pode ser renovado por outros quatro – não pode ser interrompido, por razões políticas, pela ação de nenhum dos outros poderes. No entanto, o mandato pode ser interrompido por razões jurídico-criminais, através do procedimento de “impeachment”, como ocorreu com Fernando Collor de Mello em 1992. O Poder Legislativo é atribuído a um Parlamento Bicameral. O Congresso, formado por Senado e Câmara dos Deputados. O Parlamento também goza de dupla independência: independência de origem (legitimado diretamente pelo sufrágio universal) e independência de exercício (não pode ser dissolvido pelo presidente e seu mandato, outorgado pelo eleitorado, tem prazo fixo: oito anos para o Senado e quatro para a Câmara dos Deputados). Risco de conflitos devido à estrita divisão de poderes. Ocorre que o Estado, conceitualmente, inclusive o Estado democrático, é uma unidade de decisão. Isto não significa que deve haver uma organização política monolítica, mas que mesmo quando as decisões são tomadas a partir da complexa estrutura existente, as eventuais discrepâncias devem ser relegadas a um segundo plano em nome da unidade de decisãoe de comando. Há sempre o risco de dualidade, mais ainda se considerar-se a independência do Supremo Tribunal Federal que, embora não tenha legitimidade de origem porque seus membros são designados pelo presidente, com o consentimento do Senado, goza de independência de exercício porque o cargo é vitalício. A separação estrita de poderes carrega sempre o risco de enfrentamento entre estes, que poderá impedir ou dificultar a unidade de decisão. No sistema presidencialista, não existe mecanismos jurídicos para garantir a unidade de decisão, sendo perfeitamente possível a existência de um presidente em atrito freqüente com o Parlamento. Um Parlamento que tenha a maioria de membros da oposição pode bloquear os projetos elaborados pela Presidência. CONCEITO E CONSEQUÊNCIAS DO GOLPE DE ESTADO E REVOLUÇÃO Golpe de Estado É usurpação do poder vigente por um grupo social (forças armadas, setores empresariais, financeiros, etc.), violando a legalidade institucional em um Estado, instaurando-se geralmente uma ditadura. É uma ação que implica a extinção ou total controle dos organismos de governo, constituindo- se num ataque à legalidade e à soberania. O controle dos meios de comunicação, a proibição de qualquer tipo de oposição e a suspensão do Estado de direito. As ditaduras do Estado Novo, de Vargas, e a ditadura militar implantaram-se através de golpes de Estado. Revolução Trata-se de um movimento radical de transformações com apoio popular, com o objetivo de modificar profundamente as estruturas jurídicas, políticas, sociais e econômicas de um Estado. Pode ser definida, também, como uma mudança rápida e profunda, geralmente violenta, das 17 instituições políticas, econômicas e sociais de um Estado. São revoluções conhecidas a que ocorreu na Rússia, em 1917 e a Francesa, de 1789, entre outras. Durante a maior parte do século XX, a idéia de revolução esteve associada à teoria marxista. De fato, o caráter revolucionário dessa teoria provém da colocação de que as forças produtivas são controladas por uma minoria que conseguiu aproveitar-se da população trabalhadora apropriando-se da mais-valia ou valor excedente. O trabalhador vende sua força de trabalho como uma mercadoria, que é adquirida no mercado pelos capitalistas que buscam reduzir seu custo a um valor mínimo. Esta é uma situação altamente explosiva e que favorece a luta de classes, que tem como protagonista maior a classe operária. Para Marx, o Estado é um instrumento das classes dominantes para manter seu poder de dominação sobre as demais classes na sociedade capitalista. Do mesmo modo, a religião e o sentimento nacionalista são manipulados pelo poder econômico como formas de dominação. Nesse sentido é que a revolução proletária deve destruir o Estado, a religião e o nacionalismo, pois são instrumentos de dominação de uma classe sobre outra. Ou seja, o movimento comunista como um todo tinha como objetivo principal a transformação revolucionária da sociedade. A REDEMOCRATIZAÇÃO, A NOVA REPUBLICA NO MOMENTO ATUAL O estudo da Teoria Geral do Estado, da ciência política nos conduz a uma riqueza de fatos e assuntos que não se esgotariam neste breve resumo, que outro objetivo não tem, senão estimular o aluno a leitura na doutrina. Assim, para finalizarmos os poucos aspectos que conseguimos apontar nesta síntese, reportemo-nos a história atual de nosso País, os pensamentos e conceitos adotados desde 1.985, momento esse, por muitos denominados de NOVA REPUBLICA. Os principais aspectos que nos levam a essa NOVA REPUBLICA está extremamente ligado com a Constituição Federal vigente desde 1.988, pelo que passaremos a abordar, em síntese, a trajetória de nossos governos desde 1.985. REDEMOCRATIZAÇÃO – Desde 1985, vive o Brasil um momento da sua história que muitos chamam de Nova Republica, pois a redemocratização, as liberdades, direitos e garantias individuais foram restabelecidos e uma nova constituição assegurou várias conquistas sociais. A Constituição Federal promulgada em 05 de outubro de 1988 manteve a forma republicana, a divisão harmônica dos três poderes e ampliou o mandato presencial para 05 anos. Além disso, apresentou importante inovação no tocante ao voto universal, secreto e obrigatório para ambos os sexos dos 18 aos 70 anos, bem como permitiu aos analfabetos. No plano eleitoral foram estabelecidas as eleições diretas em 02 turnos para Presidente da Republica, governadores e prefeitos nas cidades com mais de 200 mil eleitores. No terreno social, garantiram-se a livre criação de sindicatos, a ampliação do direito de greve, a ampliação da licença gestante, 1/3 constitucional sobre as férias do trabalhador, e outros direitos ali constantes. PENSADORES E SUAS OBRAS: 18 Aristóteles: consagrado como o primeiro homem a estudar a Teoria Geral do Estado quando escreveu um tratado sobre o Estado, a que deu o nome de “Política” na Grécia Antiga. Sustenta a idéia de uma sociedade com participação igualitária dos cidadãos na polis e desenvolvimento da democracia ateniense, sec. V a C - a própria natureza do homem induz a viver agregado (sociedade) - Da corrente naturalista – Existindo na Grécia as cidades- estado (polis) Atenas, Esparta, etc, criou o filósofo a palavra Política indicando a Ciência do Estado. SANTO TOMÁS DE AQUINO: tem como principal obra reconhecida “Summa Theológica” cujo teor é a política, relações entre igreja e Estado, sempre prevalecendo a autoridade divina do Papa. A ORDEM POLITICA COM FUNDAMENTO TEOLÓGICO, A AUTORIDADE DIVINA VINDA NA VOZ DO PAPA ERA A AUTORIDADE MAIOR. (NATURALISTA) PLATÃO: Descreveu o Estado ideal tal como devia ser - tal como existia na sua época. Principal obra: “A REPUBLICA” com pensamento voltado a corrente CONTRATUALISTA, há um ato consciente de vontade do homem para viver agregado. Construiu uma concepção ideal de ESTADO, não cabível na época, diferente de Aristoteles que analisava o Estado como era, Platão analisava como deveria ser. Em "A república", Platão evidencia os primeiros traços históricos da sociedade contratualista, a partir da afirmação deste da existência de uma organização social construída racionalmente, afastando, pelo menos aparentemente, a idéia da inspiração natural, quase instintiva, na formação dos grupamentos sociais. THOMAS HOBBES – CONTRATUALISTA com idéias absolutistas - Nasceu na Inglaterra, em 1588. Em 1651 publica sua principal obra, denominada “O Leviatã”. TEORIA DA SOBERANIA (do monarca SEM LIMITES) - O estado de natureza: mesmo um mau governo é melhor do que o estado de natureza”, influenciou no POSITIVISMO JURÍDICO SEM QUESTIONAMENTO, sendo o homem conhecedor de sua condição e meios para alcançar sua prosperidade e não Deus ou a natureza e o faz por meio de contrato (Cretella Junior). Não acatava o direito privado, somente o do governante. JOHN LOCKE - LIBERAL - em uma de suas obras de maior destaque “Cartas sobre a tolerância”, prega o reconhecimento completo do Estado moderno, defendendo a liberdade de religião sem dependência do Estado, sendo uma doutrina liberalista, fortemente seguida por Montesquieu e Rousseau - Os direitos naturais eram consagrados pela razão que dotava o homem para desfrutar da propriedade, vida, liberdade. (contraria Hobbes) JEAN JACQUES ROUSSEAU: Assim como Locke ,defendia a idéia do homem bom em seu ‘’estado de natureza’’, Sua principal obra foi “O Contrato Social”- (Teoria Objetivista da Soberania), mas também dizia que a formação da sociedade humana vem da vontade e não da natureza humana (CONTRATUALISTA) - Defende que a vontade da lei é essencial, o rei é deposto e para noção de Estado defende os três poderes. O Estado Civil é criado e através do contrato social que representa a vontade soberanaé gerada pela vontade geral da nação. AVANÇO NO POSITIVISMO JURIDICO (nega a necessidade da força e sim da lei). APARECE A PRIMEIRA CONCEPÇÃO DE ESTADO ATÉ HOJE RESPEITADA. MONTESQUIEU: famoso pela sua Teoria da Separação dos Poderes, Influenciado pelas idéias de Locke, escreve sua mais famosa e conhecida obra “O Espírito das Leis” através da qual, desenha a separação dos poderes, já bem próxima daquilo que temos atualmente. Seguiu os pensamentos de Platão e Aristóteles, embora o homem adentrasse ao mundo em um estado de natureza, evitaria o conflito, embasando as leis naturais que impulsionavam o homem em direção a vida em sociedade como o desejo de paz, a consciência de suas necessidades, atração pelo sexo oposto, vida com segurança. MAQUIAVEL- Reconhecido como aquele que, pela primeira vez, empregou a palavra Estado nitidamente no seu significado atual, no seu sentido moderno, para indicar o poder político. 19 Escreveu a célere obra “O Príncipe”. Foi o Primeiro a empregar a palavra ESTADO (como atual) no sentido moderno para indicar o poder político, no século XVI. Classificando os domínios que tiveram ou tem império sobre os homens em repúblicas e monarquias. NAÇÃO, NAÇÃO SEM ESTADO Absolutismo:Teoria Política de que uma pessoa (ex: monarca) tem poder absoluto, independe de outro órgão (Jud, leg, religioso ou eleitoral). Liberalismo: Prevalece a vontade da maioria na organização social, não há limites a liberdade individual e igualdades de direitos. Socialismo: Organização social com distribuição equilibrada de riquezas e propriedades proporcionando à todos um modo de vida mais justo. Karl Marx: Idealizou o socialismo; visava a queda da burguesia; vivia a inclusão dos trabalhadores. O socialismo vai minando no mundo voltado ao luxo e acúmulo de riquezas Comunismo: Etapa final de um sistema que visa a igualdade social e passagem do poder político para as mãos dos trabalhadoras. Capitalismo Sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são: Propriedade Privada com fins lucrativos, decisões de oferta, demanda, lucros para proprietários investirem em empresas. Jus Naturalismo: “jus naturali” - teoria que postula a existência de um direito cujo conteúdo é estabelecido pela natureza, e válido em qualquer lugar. O Direito positivo não existe se não houver referência ao Direito Natural, sendo esse superior. Positivismo: Veio com a pretensão de criar uma ciência jurídica com objetividade científica como se fosse uma ciência exata. Dois grandes movimentos de autoritarismo derrubam o Positivismo, derrota do Nazismo e Facismo na Itália (eram barbáries em nome da lei) não observavam os valores éticos e morais. 20 Princípio Democrático: IV- de Ministro do Supremo Tribunal Federal V- da carreira diplomática VI- de oficial das Forças Armadas CONSTITUIÇÕES, CONCEITOS E FORMAS. CONCEITO: CONSTITUIÇÃO.
Compartilhar