Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Estômago Anatomia e Fisiologia Conceito: dilatação sacular do tubo digestivo, interposto entre o esôfago e o duodeno. Localização: cavidade abdominal, abaixo do diafragma, ocupando o epigástrio e o hipocôndrio esquerdo Anatomia: O estômago é divido em: Fundo → parte situada cranialmente ao plano horizontal que passa pela cárdia; Corpo → parte imediatamente distal ao fundo Antro → canal aproximadamente cilíndrico terminando no piloro (representado pelo quadrado verde) Obs.: O ponto mais alto do fundo se encontra no nível do 4º espaço intercostal esquerdo. Obs.: A maior parte da superfície anterior do estômago tem como projeção anterior a área compreendida entre os 4º e 8º arcos costais esquerdos. Obs.: A parte distal do corpo e o antro têm como projeção anterior o epigástrio; o piloro está situado no nível da 1ª vértebra lombar à direita da linha mediana. As membranas peritoneais que recobrem as suas superfícies anterior e posterior se unem ao longo da pequena e da grande curvatura e dão origem aos ligamentos: Há duas paredes, a anterior e a posterior, que se unem ao longo das bordas direita (pequena curvatura) – em amarelo – e esquerda (grande curvatura) – em verde. A grande curvatura forma com o eixo do esôfago um ângulo que fica mais ou menos agudo a depender do enchimento do estômago → Ângulo de Hiss. A cavidade gástrica é dotada de dois orifícios: a cárdia, que corresponde à desembocadura do esôfago, e o piloro, que corresponde à comunicação com o duodeno. Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Hepatogástrico → fixa o estômago ao fígado Gastresplênico → fixa o estômago ao baço Gastrocólico → fixa o estômago à flexura esplênica do colón transverso A irrigação arterial do estômago é fornecida por ramos do tronco celíaco: Artéria gástrica esquerda → Irriga a porção superior direita do estômago (cárdia, pequena curvatura, fundo, corpo) Artéria gástrica direita → irriga a porção inferior direita (pequena curvatura) Artérias gástricas curtas → irrigam o fundo gástrico Artéria gastroepiploica (omental) esquerda → irriga a parte superior da grande curvatura Artéria gastroepiploica direita → irriga a parte inferior da grande curvatura A drenagem venosa é dada por: Veias gástricas direita e esquerda → drenam a pequena curvatura do estômago diretamente para a veia porta. Veias gástricas curtas → drenam o fundo gástrico Veia gastroepiploica esquerda → drena a parte superior da grande curvatura desembocando na veia esplênica. Veia gastroepiploica direita → drena a parte inferior da grande curvatura para a mesentérica superior A inervação do estômago é dada por: Simpática → ramos do plexo celíaco, cujas fibras pré-ganglionares têm origem no 6º, 7º e 8º segmentos torácicos. Parassimpática → nervos vagos direito e esquerdo Essas fibras fazem sinapse com neurônios intramurais que estão distribuídos ao longo do tubo digestivo, em dois plexos: Miontérico (plexo de Auerbach) Submucoso (plexo de Meissner) A parede do estômago é composta de quatro camadas de tecido: 1) Serosa 2) Muscular → Composta de outras três camadas: a longitudinal externa; a circular média (mais espessa no estomago distal e forma o piloro); e a oblíqua interna. 3) Submucosa 4) Mucosa Histologia Mucosa gástrica → composta por epitélio colunar simples, pontuada por criptas, que servem de abertura para glândulas tubulares. Pode-se dividir a mucosa em três regiões principais: 1) A região cárdica → poucos centímetros quadrados em torno da cárdia e tem glândulas de células mucosas, que contêm grânulos de muco ácido. 2) A região do fundo e do corpo → tem glândulas com quatro tipos distintos de células: Células mucosas; Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Células parietais (secretam ácido clorídrico e fator intrínseco); Células principais (secretam pepsinogênio e lipase gástrica); Células endócrinas (grânulos com serotonina e outros peptídios) 3) A região pilórica→ tem glândulas com células G (produtoras de gastrina). As células superficiais produzem muco neutro e, provavelmente, bicarbonato. Fisiologia Durante o processo digestivo, o esvaziamento gástrico é regulado precisamente, de maneira que as capacidades de digestão biliopancreática e de absorção intestinal nunca sejam superadas por excesso de substrato. A atividade funcional do estômago é, primordialmente, dependente de sua motilidade. A secreção gástrica contribui para a fragmentação das partículas ingeridas e para eliminar as bactérias ingeridas com os alimentos. A função de armazenamento dos alimentos ingeridos é cumprida pelo estômago proximal (corpo e fundo) Ao sofrer ação da secreção gástrica, os alimentos são transferidos para o estômago distal devido às contrações tônicas lentas do corpo e fundo. O estômago distal, durante a fase digestiva, é percorrido intermitentemente por ondas peristálticas de pressão elevada que, geradas no nível do corpo, se deslocam caudalmente. Quando uma contração se aproxima do piloro, o volume situado proximalmente a ela é, em parte, propelido para o duodeno e, em parte, retropelido para a cavidade gástrica. Esta atividade do estômago distal se repete a cada 20 segundos e promove a fragmentação das partículas e a mistura do conteúdo gástrico. Inibidores do esvaziamento gástrico (em ordem de potência): triglicerídeos, ácidos graxos, peptonas, aminoácidos, açúcares e outros solutos osmoticamente ativos, e íons hidrogênio. Secreção gástrica Secreção de ácido clorídrico Realizada pelas células parietais do estomago A magnitude da secreção é variável → Na ausência de estímulos, a secreção é muito inferior à capacidade máxima de produção de ácido pelo estomago. Em resposta à ingestão de alimentos, ocorre aumento da secreção, que se torna próxima da capacidade máxima em alguns minutos/horas. A ativação das células parietais se dá por: 1) Estimulação cefálico-vagal 2) Distensão gástrica → desencadeia reflexos vagogavagais longos e reflexos intragástricos Obs.: a distensão do antro promove a liberação de gastrina (induz liberação de HCl) 3) Efeitos dos alimentos sobre a mucosa gástrica → proteínas e os produtos de sua digestão interagem com receptores da mucosa antral, determinando a liberação de gastrina pelas células G. Secreção de pepsinogênio Realizada, principalmente, pelas células principais do estômago Em meio ácido, o pepsinogênio transforma-se na enzima pepsina As variações de secreção de pepsinogênio são semelhantes às de secreção do ácido clorídrico e dependem dos mesmos fatores Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Secreção de muco Gel viscoso produzido pelas células superficiais da mucosa gástrica e por células produtoras de muco Protege a mucosa gástrica de agravos químicos e mecânicos → forma uma barreira de muco Secreção de bicarbonato Realizada pelas células superficiais da mucosa Ocorre em quantidade 10 vezes menor que a secreção de ácido O bicarbonato é retido na camada de muco aderente à mucosa e neutralizam os íons H+ que se difundem através da barreira de muco Secreção de fator intrínseco Realizado pelas células parietais Se ligam ás moléculas de vitamina B12, carreando-as até a mucosa do íleo, onde é absorvida. Exame clínico Anamnese pode apresentar: I. DOR Sintoma mais frequente Percebida na linha mediana doepigástrio, poucos centímetros abaixo do apêndice xifoide (Obs.: essa é precisamente a localização dada pelos portadores de úlcera péptica → menos frequente em pacientes com gastrite aguda e câncer gástrico) Muitos pacientes cuja queixa única ou principal é a dor epigástrica bem localizada, apresentam estômago normal à endoscopia e nenhuma evidência objetiva de qualquer outra doença orgânica → Nesses casos, supõe-se que a dor resulte de anormalidades funcionais do estômago Doenças inflamatórias ou neoplásicas que afetam a face serosa do estômago causam dor contínua e intensa na parte alta do abdome, principalmente epigástrio. Quando uma lesão gástrica se estende a estruturas retroperitoneais, é comum que ela seja percebida na região dorsal do tronco. O alívio da dor imediatamente após a ingestão do alimento é frequentemente relatado por pacientes com úlcera péptica (particularmente de úlcera duodenal) Obs.: Quando ocorre repetidamente, determina a ritmicidade da dor, que é apresentada como característica na descrição clássica da sintomatologia da úlcera duodenal: dor surgindo ou se intensificando nos períodos pós-prandiais tardios e aliviando, total ou parcialmente, nos períodos pós- prandiais precoces. II. NÁUSEAS E VÔMITOS Manifestações comuns Frequentemente, estão apenas associadas à dor Obs.: portadores de úlcera gástrica ou duodenal e gastrites podem apresentar vômitos simultaneamente com a crise dolorosa sem que isso denote obstrução do trato de saída do estômago. → Nesse caso, o conteúdo do vômito consiste em um suco gástrico puro ou contendo pequena quantidade de bile (pode conter alimentos, se recentemente ingeridos). Se há grande quantidade de alimentos ingeridos várias horas antes, há forte indicação de estase gástrica. Quantidades elevadas de bile no vômito sugerem obstrução intestinal alta Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Em caso de hematêmese, as causas mais comuns são: úlcera péptica, varizes esofágicas, lacerações da transição esofagogástrica pelo esforço do vômito (síndrome de Mallory-Weiss), gastrite aguda e carcinoma do estômago. Obs.: Náuseas → sensação desconfortável na faringe e abdome superior associada a vontade de vomitar ou vomito iminente; ocorre em ondas; precede o vomito ou é isolada; há relaxamento gástrico. Vômito → Fase de pré-ejeção: salivação, palidez, taquicardia Fase de ejeção: contrações do diafragma, musc. Abdominais e antro; relaxamento do esfíncter esofágico; perilstalse reversa e abertura da boca e glote Fase pós-ejeção: mal-estar; cansaço III. DISPEPSIA Designação genérica para qualquer dor ou desconforto na parte alta do abdome (epigástrio e/ou hipocôndrios) Inespecífica → pode ser causada por diversas doenças orgânicas. Obs.: alguns casos não têm causa orgânica reconhecível, sendo rotulada como dispepsia funcional, que se caracteriza por saciedade precoce, plenitude pós-prandial, dor ou queimação epigástrica, se não há doenças orgânicas sistêmicas ou metabólicas que possam explicar a sintomatologia O diagnóstico se aplica quando, em um prazo de pelo menos 6 meses, os sintomas ocorreram durante no mínimo 3 meses, de maneira contínua ou não IV. PIROSE Dor ou sensação de queimação na região retroesternal A causa mais frequentemente reconhecida é a doença do refluxo gastresofágico, nas suas formas erosiva e não erosiva Pode ser relatada por pacientes com úlcera péptica e outras doenças Exame físico Inspeção Revela a presença de tumores no epigástrio Obstrução do trato de saída do estômago é denunciada pelo peristaltismo gástrico visível (peristaltismo de kussmaul) → comum quando a obstrução do trato de saída do estômago é crônica, tendo já ocorrido hipertrofia da musculatura lisa do antro e diminuição da espessura da parede abdominal pelo emagrecimento que inevitavelmente sobrevém nesta situação. Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Percussão Não tem valor para o diagnóstico das afecções do estômago Quando há suspeita de estase gástrica, pode-se tentar provocar o ruído de vascolejo, que será útil ao diagnóstico se o paciente estiver em jejum prolongado. → Se o estômago conter volume líquido, ouve-se, a cada abalo, um ruído semelhante ao causado pela agitação de água em uma bolsa de borracha. Palpação Devem ser realizadas a palpação superficial e a profunda A posição do paciente é aquela em que há o máximo relaxamento da parede abdominal: decúbito dorsal, a cabeça apoiada em plano ligeiramente superior àquele em que se apoiam os ombros, que devem estar ligeiramente elevados com relação ao restante do tronco, braços estirados ao longo do corpo e joelhos levemente fletidos. Na palpação superficial, as polpas digitais das duas mãos deverão comprimir pontos simétricos de cada hemiabdome, de maneira simultânea, procurando possíveis assimetrias. Na palpação profunda, as mãos devem estar juntas e repousando sobre a superfície abdominal com os seus eixos paralelos à linha mediana. No início da expiração (fase de máximo relaxamento da parede abdominal), a palpação deve ser aprofundada até que seja percebida a resistência oferecida pelas estruturas retroperitoneais, deslizando as polpas digitais no sentido craniocaudal. Exames complementares 1) Exame radiológico O exame contrastado convencional do estômago torna possível detectar a maioria das neoplasias e das lesões ulceradas do estômago, mas não as lesões superficiais da mucosa gástrica. Possibilita também o reconhecimento de anormalidades grosseiras do esvaziamento gástrico A técnica do duplo contraste apresenta maior sensibilidade do que o exame convencional na detecção de úlceras e neoplasias e de lesões superficiais. A estase gástrica e as compressões extrínsecas do estômago são mais bem caracterizadas pela radiologia (em comparação à endoscopia) Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 2) Endoscopia digestiva alta Possibilita a visualização de toda a superfície interna do estômago e a realização de biopsia para exame histopatológico da lesão O exame endoscópico é mais acurado do que o radiológico para o diagnóstico de quaisquer das doenças orgânicas mais comuns do estômago e duodeno (úlceras pépticas, neoplasias e lesões inflamatórias superficiais) Método preferencial de exploração do estômago na maior parte das situações em que há suspeita de doença orgânica. 3) Estudo da secreção gástrica A determinação da secreção basal e da capacidade máxima de secreção de ácido pelo estômago auxilia o reconhecimento da acloridria (suspeitado na síndrome de carência de vit. B12 - anemia perniciosa) e da hipersecreção patológica de ácido (suspeitado em portadores de úlc. Péptica que: Sejam crianças ou adolescentes → ↑probabilidade de gastrinoma ou hiperfunção de células G Evidência adicional de hipersecreção (úlceras múltiplas, síndrome de má absorção sem causa definida, resistência à terapêutica farmacológica convencional) História familiar de doença péptica Portadores de síndromes endócrinas Previamente submetidos a cirurgia para doença péptica) 4) Cintigrafia Estudo do esvaziamento gástrico Este exame pode ser associado à pesquisa de refluxo gastresofágico. Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Doenças do estômago ÚLCERA PEPTICA Causa comum de morbidade, mas rara mortalidade No geral, mais comum em homens que em mulheres Úlcera duodenal: mais comum entre os 30-50 anos Úlcera gástrica: mais comum após os 60 anos A incidênciada úlcera duodenal é maior no sexo masculino, e a da úlcera gástrica é maior em mulheres Ocorre sempre pela ruptura do balanço entre a agressão representada pela secreção acidopéptica à mucosa e os mecanismos de defesa desta → É a perda limitada de tecido no TGI até a submucosa em áreas banhadas pelo HCl As principais causas conhecidas dessa ruptura são a infecção pelo Helicobacter pylori (presente em 95 a 100% dos casos de úlcera duodenal e em 80 a 90% dos casos de úlcera gástrica) e os anti-inflamatórios não hormonais (AINEs). Fisiopatologia – Infecção por HP: Infecção do antro pelo HP → Aumento da secreção de HCl → metaplasia duodenal → infecção pelo HP → úlcera Muitos portadores de úlcera duodenal têm secreção basal e secreção máxima de ácido mais elevadas do que as de indivíduos normais Pessoas com úlcera gástrica têm secreção acidopéptica normal ou diminuída Alguns fatores de risco: fatores genéticos; tabagismo; portadores de doença sistêmica (incidência de afecção elevada) Quadro clínico: Dor epigástrica não incapacitante, do tipo queimação, e aliviada pela ingestão de alimentos (ou uso de antiácido), que desperta o paciente à noite e ocorre periodicamente → quadro típico da úlcera duodenal não complicada As manifestações da úlcera gástrica são semelhantes às da úlcera duodenal: dor intensa, anorexia e perda de peso mais acentuada. Complicações (30% dos casos não tratados): hemorragia digestiva alta (20%), perfuração (6%) e obstrução irreversível (4%) Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Quando ocorre a perfuração (a úlcera se rompe), o ar que estava no estômago escapa para o peritônio e a caixa torácica, formando um pneumoperitônio (como se o peritônio formasse uma bolha). A presença de ar na área onde está o fígado “abafa” a macicez da percussão, gerando uma percussão hipertimpânica → Sinal de Jobert Diagnostico: endoscopia digestiva alta e pesquisa de HP Tratamento: associação de um antissecretor de HCl + 2 antibióticos para erradicar o HP (em caso de infecção) → tratamento de 7 a 10 dias Ex: Omeprazol 20mg (inibidor de bomba de prótons) + claritromicina 500mg e amoxicilina 1g (2x/dia por 7 a 10 dias) Obs.: Prolonga-se para 4 a 8 semanas o uso de antissecretor nos casos de HDA e após cirurgia para úlcera perfurada Um a três meses após o tratamento: repetir EDA e pesquisa de HP. H. pylori Bactéria gram-negativa Capaz de colonizar de forma persistente o estomago do homem Dispõe de vários mecanismos para escapar da ação do ácido do estômago, entre os quais a alta concentração da urease na sua membrana externa, que promove a alcalinização do meio pela clivagem de moléculas de ureia. Os microrganismos aderem à superfície das células epiteliais, causando infiltração de células inflamatórias na mucosa e, consequentemente, dano ao próprio epitélio. → Predispõe: úlcera péptica, carcinoma gástrico e linfoma MALT Fragmentos de mucosa gástrica obtidos durante exame endoscópico podem ser usados para cultura, histopatologia ou teste da uréase Fisiopatologia da infecção: Infecção do antro → hipersecreção ácida → inibição da somatostatina → aumento da liberação de gastrina pelas células G do antro → maior oferta de ácido no duodeno → metaplasia gástrica no duodeno colonizadas pelo HP → úlcera duodenal CANCÊR GÁSTRICO Neoplasia frequente Predomina no sexo masculino (3:1) Maior incidência em indivíduos acima de 50 anos → aumenta gradativamente com a idade, alcançando pico máximo na sétima década da vida Os principais tipos histopatológicos são o adenocarcinoma (90%), os linfomas e os sarcomas. Fatores de risco: gastrite crônica por HP; história familiar positiva; ingestão elevada de sal; tabagismo, alcoolismo, pólipos adenomatosos, baixa condição socioeconômica e ingestão de alimentos que contenham nitratos e nitrosaminas (conservantes); alimentação pobre em vitamina C e A Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 Em geral, assintomático durante um longo período de seu desenvolvimento → quando diagnosticado, ele já se estendeu a camadas profundas da parede do estômago e metastatizou, tornando-se incurável. Manifestações: sintomas de dispepsia simples (epigastralgia, náuseas...), saciedade precoce, dor epigástrica, vômitos, perda de peso, astenia, hepatomegalia ascite, hemorragia dig. Alta e anemia. Algumas vezes, massa palpável no epigástrio é a primeira manifestação. Obs.: Sintomas dispépticos acima de 45 anos tem que investigar. Exames: Endoscopia digestória alta (+ biopsia) → detecta 95% dos carcinomas superficiais; padrão ouro Rx → demonstra a maioria dos carcinomas avançados; não detecta 50% dos carcinomas superficiais Pode ser vegetante, ulcerado (maioria), infiltrante ou misto (pela classificação de Borrman) Tratamento: Gastrectomia parcial ou total com linfadenectomia (única chance de cura). Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 GASTRITE Denota qualquer inflamação da mucosa gástrica. Existem três grupos: 1) Gastrite erosiva → lesões erosivas exsudativas e hemorrágicas, de gravidade e extensão variáveis, reconhecidas à endoscopia. Associada à ingestão de medicamentos, bebidas alcoólicas, anti-inflamatórios e a doenças sistêmicas graves. Achado comum no coto gástrico após retirada do estomago distal (dano causado pelos sais biliares à mucosa, que reflui livremente). O quadro clínico varia de desconforto epigástrico ligeiro a dor intensa, náuseas e vômitos. A hemorragia digestiva é a principal complicação e pode ocorrer em pessoas assintomáticas. 2) Gastrite não erosiva → condição definida pelo exame histopatológico, que revela inflamação da mucosa gástrica. É classificada pela gravidade histológica do processo (gastrite superficial ou atrófica e atrofia gástrica) e pela localização anatômica no estômago, onde se manifesta mais intensamente (tipo A: fundo e corpo; tipo B: antro). Não tem etiologia específica nem manifestações clínicas definidas (com exceção da carência de vitamina B12). A relação entre gastrite não erosiva e Helicobacter pylori é inquestionável, estando presente em cerca de 50% dos casos biopsiados HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA Causada, frequentemente, por lesões do estômago e duodeno (proximais ao ângulo de Treitz). Pode ocorrer de forma aguda, súbita, manifestando-se por: Hematêmese, melena e, nas formas mais graves, enterorragia e sinais de hipovolemia; Ou de forma crônica, causando sinais de anemia e/ou episódios transitórios de melena. Causas mais comuns: úlcera péptica, varizes esofágicas e gástricas; Síndrome de Mallory Weiss; Tumor de estômago; A endoscopia digestiva alta é o exame complementar de escolha para o esclarecimento da causa da HDA. A HDA aguda configura urgência, obrigando à admissão do paciente em hospital com atenção à manutenção dos parâmetros circulatórios. A taxa de mortalidade por esta causa é particularmente elevada nos idosos, portanto, seu tratamento requer atenção elevada. Um alto grau de suspeição para HDA deve ser mantido em pacientes em tratamento com fármacos anti-inflamatórios, politraumatizados, queimados e portadores de doenças sistêmicas grave HDA por varizes de esôfago Etiologia: hipertensão portal secundária a hepatopatia crônica (70% dos casos); Terapia: • Reposição volêmica criteriosa (meta HB 8 g/dl e PAS 90 mmHg); • Terapia farmacológica – vasoconstricção esplâncnica: Terlipressina e Octreotídeo; Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 • Endoscopia digestiva alta para hemostasia(ligadura elástica ou esclerose das varizes); Terapia de resgate: • Balão de Sengstaken Blakemore; • Derivações porto-sistêmicas (hemodinâmica ou cirúrgica). Profilaxia contra infecções nos cirróticos com HDA por varizes • Ciprofloxacina ou Ceftriaxone por 7 dias Perdas sanguíneas 500 ml –1000 ml: Geralmente nenhum. Raramente síncope vasovagal 1000 ml –1500ml: - Em supino poucas alterações: de pé ou com exercício, taquicardia e leve hipotensão frequentes 1500-2000 ml: Hipotensão postural e taquicardia acentuadas; redução da pressão venosa central, débito cardíaco e pressão arterial; pulso filiforme; pele fria e úmida, sede, falta de ar, cefaleia e síncope frequentes 2500 ml: Choque grave, frequentemente levando a morte QUESTÕES DA AULA 1) Paciente feminina, 29 anos, com queixas de dor epigástrica em queimor há 1 ano, intermitente, com duração de 2 dias e intervalos assintomática até 2 meses. Acorda pela manhã com queimação e melhora com antiácidos. Nega dor noturna. Nega relação da dor com alimentos (às vezes melhora, às vezes piora). Tem eructações frequentes e às vezes plenitude gástrica. Relaciona a dor com ansiedade. Marque a alternativa falsa. a) A dor é típica de úlcera péptica b) A ausência de dor noturna é mais comum na dispepsia não ulcerosa c) A dor sem relação com alimentos é mais comum na dispepsia d) Se a dor ocorre pela manhã não tem relação com o ácido clorídrico e) A dor que melhora com antiácidos pode ser tanto dispepsia quanto úlcera 2) Paciente feminina, 55 anos, com queixas de desconforto abdominal associado a sensação de saciedade precoce há 6 meses. Está muito ansiosa devido a separação familiar. Há 3 meses vem observando perda progressiva de peso e astenia (cerca de 4Kg). Ao exame físico apresentava mucosas descoradas ++/4+. Demais segmentos sem alterações. Marque a alternativa verdadeira a) A história é compatível com dispepsia não ulcerosa devido a ansiedade b) Os sintomas são típicos de úlcera duodenal c) A idade da paciente é fator de risco para úlcera gástrica d) A saciedade precoce, perda de peso e anemia sugerem processo neoplásico e) O exame físico normal afasta a possibilidade de neoplasia 3) Paciente masculino, 42 anos, com história de que há 3 meses vem com episódios de dor em queimor em epigástrio (azia), piorando no final da manhã e final da tarde, melhorando com alimentos e piorando com o jejum. Há 2 semanas teve dois episódios de dor noturna. Acordou 1h da manhã com azia, tomou 1 copo de leite e melhorou. Os sintomas são diários, até 7 dias e passa períodos assintomático de até 10 dias, quando retornam os sintomas com as mesmas características. Relaciona a alimentação no trabalho que é muito gordurosa (sic). Não perdeu peso. O exame físico não apresenta alterações. Marque a alternativa falsa. a) O paciente é portador de úlcera péptica, possivelmente úlcera duodenal Estômago Bárbara Matos e Carol Almeida Aula 2 – PM4 b) O acordar à noite (cloking) é patognomônico de úlcera, devido ao ritmo circardiano do ácido c) A alimentação irregular causa úlcera péptica d) A dor tem ritmicidade (piora no final da manhã e no final da tarde e tem dor noturna) e) A dor tem periodicidade (passa períodos com sintomas e períodos assintomático) 4) Paciente masculino, 38 anos, comparece ao ambulatório com história de que há 1 ano teve diagnóstico de úlcera gástrica, tratado com omeprazol e desde então vem sem sintomas. Na época teve um episódio de hematêmese. Fez endoscopia, mas não fez biópsia da lesão porque tinha evidências de sangramento recente. Fez uso de hemotransfusão (1 bolsa). É etilista de fins de semana há 18 anos e tabagista nesse mesmo período, cerca de 15 cig/dia. Não perdeu peso. Diz que já teve gastrite (sic) no passado. Retorna assintomático, querendo fazer “todos os exames”. Ao exame: mucosas descoradas +/4+. Demais segmentos sem alterações. Marque a alternativa falsa. a) Deverá realizar endoscopia para avaliar cicatrização da úlcera b) Deverá realizar biópsia gástrica mesmo se não tiver lesão, para pesquisa de H. pylori c) O tabagismo e etilismo podem interferir na cicatrização da úlcera d) A “gastrite” no passado deve ter sido a causa da úlcera e) Será necessário realizar hemograma, perfil hepático e radiografia do tórax 5) Paciente masculino, 58 anos, cardiopata, hipertenso. Vinha em uso de AAS e Marcoumar (anticoagulante), após episódio de trombose venosa profunda. Foi atendido na emergência com quadro de tonturas, extremidades frias e hematêmese (vômito com sangue vivo). Nega dor epigástrica prévia. Em casa apresentou dois episódios de melena (fezes escuras). Ao exame: Palidez em face, hipoativo. TA: 100X60mmHg P- 110bpm, débil. Mucosas descoradas +++/4+. ACV- Ictus no 5º/6º. EIE, 2cm para fora da LMC. SS grau II/VI em FA. Demais segmentos sem alterações. Marque a alternativa falsa. a) O paciente tem evidências clínicas de hemorragia digestiva alta (HDA) b) A causa mais provável foi o uso das medicações citadas c) A melena é característica de hemorragia digestiva baixa d) Úlcera péptica, câncer gástrico e gastrite erosiva são causas de HDA e) Há evidências de choque hipovolêmico
Compartilhar