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“PÉ DIABÉTICO” Dr. Salim Haber Jeha Universidade Federal do Pará Centro de Ciências da Saúde Faculdade de Medicina Introdução A ocorrência de doença vascular, infecção e neuropatia pode produzir lesões nos pés de certos pacientes diabéticos caracterizando o quadro clínico denominado “pé diabético”. Nos EUA, em 1999 houve 67.000 amputações em diabéticos. Após uma amputação de coxa, 50% dos diabéticos perdem a outra perna em 5 anos. “Pé Diabético” Considerações Gerais O “Pé Diabético” apresenta alterações em todos seus componentes, sejam as artérias, veias, vasos linfáticos, ossos, articulações em geral, músculos, pele e nervos. O termo “Pé Diabético” engloba múltiplos sinais e sintomas que ocorrem no pé de pacientes diabéticos, desde os distúrbios funcionais leves iniciais até as lesões gangrenosas mutilantes finais. “Pé Diabético” Considerações Gerais A descoberta da insulina, na década de 1940, permitiu que os diabéticos atingissem uma idade mais avançada, surgindo as complicações degenerativas e as suas consequências, sendo a aterosclerose a mais comum. Com o advento da moderna cirurgia vascular e endovascular, a revascularização passou a ser realizada com o propósito de evitar ou adiar uma amputação. “Pé Diabético” Quadro Clínico Deformidades do pé: - Atrofia do coxim dermoadiposo plantar - Dedos em martelo - Dedos sobrepostos - Halux Valgus - Subluxações articulares - Cabeça de metatarsianos proeminentes - Convexidade mediana reduzida - Queda de pêlos - Anidrose - Anomalias de unhas “Pé Diabético” Quadro Clínico As deformidades descritas se associam a vários distúrbios como: - Micoses interdigitais e ungueais - Calosidades - Mal perfurante - Fissuras no calcâneo - Ulcerações superficiais - Hiperpigmentação macular “Pé Diabético” Quadro Clínico Consequências: - Abscessos - Celulites, linfangites, infecções de pele, etc. - Úlceras - Necorse tecidual - Lesões ósseas - Gangrenas “Pé Diabético” Quadro Clínico Neuropatia sensitiva periférica: - Hipoestesia - Anestesia - Parestesias - Urência cutânea - Dor fulgurante - Distúrbios vasomotores “Pé Diabético” Classificação do “Pé Diabético” Quanto às lesões ulceradas: 1 Macroangiopáticas: - Lesões cutâneas isquêmicas, situadas nos pododáctilos ou em locais onde ocorreu algum trauma. São dolorosas (salvo na presença de neuropatia sensitiva) e com grande dificuldade de cicatrização. - Não há sinais de infecção, nem secreção purulenta. A úlcera é pálida, sem tecido de granulação, bordos irregulares, por vezes necróticos e com cicatrização lenta. “Pé Diabético” Classificação do “Pé Diabético” Quanto às lesões ulceradas: 2 Microangiopáticas: - Lesões cutâneas bem localizadas e delimitadas, em regiões do pé ou perna sem relação com pontos de pressão, geralmente muito dolorosas, de difícil cicatrização, com bordos atróficos e indefinidos, fundo pálido, sem tecido de granulação. O estudo arteriográfico nesses casos é normal. “Pé Diabético” Classificação do “Pé Diabético” Quanto às lesões ulceradas: 3 Infecciosas: - Lesões purulentas, edemaciadas e com tecido infeccioso adjacente. Pode haver formação de abscesso com intensa flogose, febre, linfonodomegalias e descompensação do DM. Pode acometer menos frequentemente, as mãos, braço e pênis. “Pé Diabético” Classificação do “Pé Diabético” Quanto às lesões ulceradas: 4 Neuropáticas: - Lesões cutâneas localizadas em pontos de pressão, atróficas, com espessamento cutâneo, indolor, associada a lesões ósseas ou osteoarticulares. - A lesão cutânea é denominada de “mal perfurante plantar”, caracterizada pela úlcera isolada, em ponto de maior pressão, geralmente na região plantar, com bordos elevados e com hiperceratose, indolor, fundo bem vascularizado e sem sinais de infecção. “Pé Diabético” Classificação do “Pé Diabético” Quanto às lesões ulceradas: 5 Mistas: - Angiopáticas e infecciosas - Neuropáticas e infecciosas - Neuropáticas e angiopáticas “Pé Diabético” Classificação do “Pé Diabético” Quanto a indicação cirúrgica ( SZILAGYI ): Classe I: claudicação intermitente progressiva e incapacitante Classe II: Dor em repouso Classe III: Lesão pré-necrótica ou necrose isquêmica Diabéticos classe I Tratamento clínico Diabéticos classe II e III Tratamento Cirúrgico “Pé Diabético” Fisiopatologia Neuropatia sensitiva - Diminuição da sensibilidade, reduzindo a dor nas lesões, não alertando para sua presença. - Isquemia do nervo, por obstrução do vasa nervorum. - A hiperglicemia provoca redução na velocidade de condução do nervo. - Redução do fator de crescimento do nervo e degeneração precoce das terminações nervosas. “Pé Diabético” Fisiopatologia Arteriopatia oclusiva crônica - O processo de aterosclerose é exacerbado, devido elevados níveis de colesterol e triglicerídeos. - A hiperlipidemia e hiperglicemia levam à glicosilação da membrana basal do vaso sanguíneo. - Há aumento da viscosidade sanguínea e da agregação plaquetária. - A insulina exógena, quando administrada em altas doses, acelera a doença microvascular. “Pé Diabético” Diagnóstico Lesões neuropáticas - Característica da lesão ( mal perfurante plantar ) - Exame neurológico (redução dos reflexos patelar e aquiliano) - RX pé ( pé de Charcot, fraturas espontâneas, luxações ) - Ressonância magnética do pé ( osteomielite ) - Eletroneuromiografia ( velocidade de condução nervosa ) “Pé Diabético” Diagnóstico Lesões infecciosas - Característica da lesão ( pus, flogose, abscessos ) - Swab da secreção para cultura e antibiograma - Ultrassonografia de partes moles - Ressonância magnética ( coleções intersticiais ) “Pé Diabético” Diagnóstico Lesões isquêmicas - Característica das lesões - Palpação dos pulsos femorais, poplíteos, tibiais posteriores e pediosos - Doppler de ondas contínuas ( índice tornozêlo-braço ) - Eco Doppler à cores - Angio tomografia computadorizada - Angio ressonância magnética - Arteriografia “Pé Diabético” Tratamento Lesões neuropáticas - Carbamazepinas ( estabilizador do humor ) - Antidepressivos tricíclicos - Analgésicos e sedativos - Ressecção do tecido hiperceratótico - Desbridamento de tecidos necróticos - Ressecção de estruturas ósseas “Pé Diabético” Tratamento Lesões infecciosas - Antibióticos e antimicóticos - Drenagem dos abscessos, fasciotomia e desbridamento de tecidos desvitalizados - Oxigenoterapia hiperbárica ( germes anaeróbios ) - Curativos com carvão ativado e prata - Amputação de pododáctilos, ante-pé ou completa do pé e em coxa “Pé Diabético” Tratamento Lesões isquêmicas - Antiagregantes plaquetários ( AAS, Ticlopidina, Clopidogrel ) - Hemorreológicas ( Pentoxifilina ) - Vasodilatadores ( Cilostazol, Alprostadil ) - Cirurgias de revascularização ( convencional e endovascular ) “Pé Diabético”
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