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UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -1 DISCIPLINA DE ZOOLOGIA MÉDICA E PARASITOLOGIA I Prof. Katherina Coumendouros VENENO E PEÇONHA Todos animais portadores de substâncias tóxicas são reunidos sob a designação de “animais venenosos”. • Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Portanto, peçonhentos são os animais que injetam veneno com facilidade e de maneira ativa: Ex. serpentes, aranhas, abelhas, escorpiões e arraias. • Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu). CLASSE AMPHIBIA Certos anfíbios apresentam um tipo de secreção tóxica, peçonhenta, do tipo defensiva. De nossos anfíbios, somente os sapos do gênero Bufo (Bufonidae), são realmente produtores de peçonha. O sapo utiliza-se do mecanismo de produção e difusão da peçonha pelo seu próprio corpo para sua defesa. O sapo não consegue expelir sua secreção à distância, a menos que seja comprimido com força, se não, apenas derrama a secreção pelo corpo. Uma pressão excercida sobre as glândulas aglomeradas situadas atrás dos tímpanos, na pele dos sapos, chamadas de glândulas Paratoides, faz saltar gotas de peçonha, que podem ser projetadas com força a mais de meio metro de distância. Tipos de glândulas dos sapos 1. Granulosas - formada por ácinos holócrinos alongados da derme. Secreção leitosa, tóxica, que é composta de duas substâncias: bufotenina e bufotalina; 2. Mucosas - formadas por ácinos na parte superior externa da derme, são pequenos, arredondados e visíveis à olho nú. Secreção de substância hialina, umectante. BIOLOGIA A fecundação é externa, o macho coaxa chamando a fêmea para o acasalamento, próximo à água. O macho sobe na fêmea e comprime o seu abdome para a liberação dos óvulos e então lança os espermatozóides. Na água os espermatozóides fecundam os óvulos e formam as larvas, que tem cauda (Girinos). Os machos são mais fortes e tem uma calosidade. Os anfíbios tem uma fase larval longa (neotenia) e aquática. A respiração é branquial. Nos adultos, a respiração é pulmonar. Ocorrem mudanças no aparelho digestivo, além da reabsorção da cauda. A pele é nua, sem escamas e o ânus é terminal. O esqueleto não tem costelas e é meio cartilaginoso, meio ósseo. Os eritrócitos são nucleados. São pecilotermos. Há algumas espécies de sapos parteiros, que o macho carrega os cordões de ovos presos nas pernas. Inimigos naturais: cobras e tartarugas. UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -2 FAMÍLIA HYLIDAE Gênero Hyla São as pererecas. Os dedos das mãos e pés freqüentemente terminados em discos (ventosas). O corpo é liso. Têm vários gêneros e espécies, na sua maioria com hábitos trepadores e arborícola. FAMÍLIA LEPTODACTYLIDAE Gênero Leptodactylus São as falsas rãs. A maxila possui dentes. Glândulas paratóides ausentes, sem palmouras. FAMÍLIA RANIDAE Gênero Rana São as rãs verdadeiras. A maxila possui dentes. Glândulas paratóides ausentes. A pupila é horizontal, língua protrátil, ligada apenas anteriormente, dentes vomêricos presentes, dedos das mãos livres e dos pés com membrana interdigital ou palmouras. Família das mais numerosas dos Anuros, com representantes em todo o globo, exceto na Austrália. São comestíveis. FAMÍLIA BUFONIDAE São os sapos verdadeiros Espécies adaptadas a todos modos de vida: terrestre, aquático, fossador, ou mesmo arborícola. Gênero Bufo Gênero Rhinella As maxilas não tem dentes. Dentes voméricos ausentes. Pupila horizontal, língua protrátil de contorno oval, com a margem posterior livre. Tímpano presente, mais ou menos distinto. Dedos da mão livres, dedos dos pés palmados com membrana interdigital, não separando os metatarseanos externos. Extremidades dos dedos simples ou dilatados em pequenos discos. Espécies mais comuns: Rhinella schneideri (syn. Bufo paracnemis) - glândulas paratóides grandes, duas vezes mais longas que largas, terminando adelgaçadas, glândulas tíbiais presentes; Rhinella icterca (syn. B. ictericus) - paratóides grandes, duas vezes mais longas que largas, terminando arredondadas, glândulas tibiais ausentes; Rhinella crucifer (syn. B. crucifer) - glândulas paratóides pequenas. BUFOTOXINAS A peçonha dos Bufos é uma substância protéica, composta basicamente por Bufotenina, Bufotalina, Adrenalina e noradrenalina. Dentre os sapos, somente os Bufos são capazes de produzir estas substâncias. A peçonha do bufo é facilmente absorvida pela mucosa, podendo determinar acidentes graves e até morte. Tem efeito cumulativo. Pode penetrar na pele integra, mas a absorção é menor. Na mucosa a absorção é maior. UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -3 AÇÃO - Na pele integra- ação moderadamente caustica; Na mucosa- ação cáustica, absorção em grande quantidade, náuseas, taquicardia, isquemias. * não esquecer do efeito cumulativo. EMERGÊNCIA - Lavagem imediata com água corrente abundante; - Socorro médico; - Anti-alérgicos e tratamento sintomático. FAMÍLIA DENDROBATIDAE Essa família não incluí somente as verdadeiras "falsas rãs venenosas". Há cerca de 175 espécies descritas, sendo que 65 dessas espécies são venenosas. Algumas espécies produzem toxinas ou veneno secretadas em sua pele. São bastante semelhantes aos membros da Família Lepdodactilidae. Essas falsas rãs têm na superfície da ponta dos dedos 2 pequenas carúnculas em relevo, o primeiro dedo é sempre mais curto que os outros que são bastante compridos. Nem todos Dendrobates venenosos são coloridos, mas quanto mais vistosa a coloração maior a possibilidade de se tratar de uma espécie venenosa. As cores comuns que aparecem são os fundos vermelhos, amarelos, verde e azul, normalmente bastante brilhosos. Os Dendrobates são ativos durante o dia (hábitos diurnos) e vivem em locais úmidos, principalmente florestas, dentro de plantas e bromélias. Podem ser encontrados nas florestas tropicais úmidas da América, inclusive na Amazônia (como por exemplo Amazonian Poison Frog - Dendrobates ventrimaculatus, Brazilian poison Frog - D. vanzolinii, Brazil-nut Poison Frog - D. castaneoticus). UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -4 CLASSE REPTILIA ORDEM SQUAMATA SUBORDEM OPHIDA CLASSIFICAÇÃO DOS OFÍDEOS (Ophis = serpente) SEGUNDO A DENTIÇÃO SEGUNDO A FUNÇÃO VENENOSA 1. Desprovidas de veneno A. Espécies grandes ou gigantescas, não subterrâneas. Família: Boidae- jibóia, sucuri, píton. B. Espécie de vida aquática, com uma única espécie brasileira. Família: Anilidae- coral d’água, Amazonas. 2. Venenosas sem importância médica A. Aglifas- sem dentes sulcados, incapazes de inocular veneno. Família Colubridae (Boipeva, caninana, jararacuçu do brejo); B. Opistoglifas- com dentes sulcados e colocados posteriormente, de modo que dificilmente inoculam seu veneno no homem ou em animais domésticos. Família: Colubridae (falsas corais, muçurana). 3. Venenosas e de importância médica AGLIFA OPISTOGLIFA PROTEROGLIFA SOLENOGLIFA UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -5 A. Proteroglifas- dentes anteriores fracos, sulcados, por onde escorre o veneno. Normalmente são terrestres e de hábitos subterrâneos. No Brasil, é o tipo que ocorre na corais verdadeiras. Também nas Najas européias e asiáticas; B. Solenoglifas- dentes anteriores fortes, perfuradospor um canal central. Ex. Família Viperidae. Crotalinae- com fosseta lacrimal ou loreal entre o olho e a narina. Peçonhentas das Américas e Ásia; Viperinae- sem fosseta lacrimal ou loreal entre o olho e a narina. Peçonhentas da Europa e Ásia. BIOLOGIA A. Características morfológicas Ausência de membros locomotores; Ausência de ouvido (osso mandíbular, columela, capta vibrações, mas não sabe a direção; Pálpebra fixa; Corpo revestido por escamas córneas (evita a perda de água e diminui o desgaste causado pelo atrito do corpo com o solo; Respiração pulmonar; Esqueleto ósseo; Mandíbulas inferiores não soldadas e Coração com três cavidades (2 átrios e um ventrículo, onde ocorre a troca gasosa. Cansaço físico) Longevidade - 5 a 35 anos B. Alimentação Pequenos roedores, sapos, ovos de aves domésticas e silvestre. Digestão de 10 a 15 dias. C. Hábitos Terrestre - Boipeva Aquática - Cobra D’água Semi-aquática - Sucuri Arborícolas - Cobra papagaio Semi-arborícolas - Caninana Subterrâneas - Cobra-cega Noturna - Muçurana Diurna - Cobra cipó Crepusculares – Jibóia D. Bote A cobra pode levantar-se até 1/3 do seu comprimento, normalmente, cerca de 30 cm de altura, o que coincide com a canela ou o focinho. É a fosseta loreal que capta os estímulos térmicos sobre a distância que a presa se encontra para o bote. E. Reprodução As cobras são dióicas e a reprodução é sexuada através da cópula. As espécies podem ser ovíparas ou vivíparas e o período de pré-postura é de cerca de 2 meses (Bothrops e Crotalus). O número de ovos é variado e eclodem em cerca de 60 a 90 dias. UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -6 SERPENTES NÃO VENENOSAS FAMÍLIA: BOIDAE Jibóia- não peçonhenta Tamanho grande. Presença de vestígio de cintura pélvica. Cabeça coberta por pequenas escamas. As escamas do corpo são lisas. Sem fosseta loreal. Sem presas de veneno. FAMÍLIA: COLUBRIDAE Não peçonhenta Aglifas ou opistoglifas. A cabeça é pouco distinta do corpo e é coberta de placas, os olhos são grandes com pupila circular, fosseta loreal ausente. Escamas do corpo lisas, não imbricadas. Cauda longa e afilada. Em geral são ovíparas. Hábitos diurnos. SERPENTES VENENOSAS FAMÍLIA: VIPERIDAE Subfamília: Crotalinae Solenoglifas. Dentes inoculadores de veneno, fosseta loreal presente, cabeça achatada e triangular bem destacada do corpo, escamas em quilha ou embricadas (casca de arroz), focinho terminando em ponta. Olhos com pupila elíptica vertical. Corpo curto e grosso, cauda curta, quase sempre afilando bruscamente. Ovovivíparas. Características da cauda 1. Cauda lisa: Bothrops 2. Cauda com creptáculo: Crotalus 3. Cauda com escamas arrepiadas: Lachesis GÊNERO: Bothrops- Jararacas. Cauda lisa, não espinhosa, faixa escura atrás dos olhos, escamas cefálicas achatadas, dorsais, dorso amarelado com manchas laterais triangulares, em forma de telefone, ventre esverdeado. Ovovivíparas. Habitat: campos e roçados Veneno proteolítica coagulativa B. jararaca- Jararaca. Pode alcançar mais de 1 metro de comprimento. RS, SC, PA, SP, RJ, algumas áreas de MS e BA. B. jararacussu- Jararacuçu. Pode alcançar mais de 2 metro de comprimento. SC, PA, SP, RJ, ES, MS, algumas áreas de MS e BA. B. alternatatus- Urutu, urutu cruzeiro. Pode alcançar mais de 1 metro de comprimento. Ocorrência: RS, SC, PA, SP, MG e MG; B. atrox- Jararaca grão de arroz. Pode alcançar mais de 1 metro de comprimento. Floresta amazônica. B. cotiara- Cotiara, Jararaca de barriga preta. É menor que 1 metro. RS, SC, PA e SP. B. moojeni- Caiçaca. Pode alcançar mais de 1 metro de comprimento. Ocorre nos campos cerrados desde o PA e SP até MA. UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -7 B. neuwiedi- Boca de sapo, jararaca pintada. Pode alcançar pouco mais de 1 metro de comprimento. Ocorre em praticamente todo o Brasil, exceto no vale amazônico. GÊNERO: Crotalus- Cascavel. Cauda com guizo, chocalho ou creptáculo. Cabeça coberta de escamas imbricadas, curta, distinta do pescoço, corpo cilíndrico e robusto. Ovovivípara. Habitat: terrenos secos e pedregosos. Veneno de ação neurotóxica e hemolítica. C. durissus- Cascavel ou Boicininga. Podem alcançar mais de 1 metro de comprimento. Ocorre em praticamente todo o Brasil, exceto no vale amazônico. Tem muitas subespécies: C. durissus cascavella, C. durissus collineatus, C. durissus marajoensis, C. durissus terrificus e C. durissus ruruima. GÊNERO- Lachesis- Surucucu pico de jaca. Cabeça curta, coberta de escamas, escamas cefálicas granulosas dorsais com imbricamento muito saliente, escamas caudais espiniformes. Dorso pálido amarelado, com losangos castanhos ao longo da região vertebral. L. mutans- Surucucu pico de jaca, surucucu de fogo, surucutinga. São as maiores serpentes peçonhentas das Américas, podendo alcançar mais de 4 metros de comprimento. Ocorre nas florestas litorâneas do estado do Rio de Janeiro para o norte, e por todo o vale amazônico. Tem 2 subespécies L. mutans mutans e L. mutans noctivaga. Ovípara. Habitat: florestas densas e sombrias da região tropical. Veneno de ação proteolítico coagulante. FAMÍLIA: ELAPIDAE Proteroglifas. São pequenas, de cabeça pequena, pouco distintas do corpo, o corpo é revestido de placas e anéis contínuos, coloridos de preto, marrom ou vermelho, não tem fosseta loreal, olhos reduzidos, com pupilas elípticas ou sub-elípticas. São ovíparas Hábitos subterrâneos. Gênero: Micrurus M. corallinus- Coral verdadeira. Cabeça negra, primeiro anel negro situado logo após a cabeça, anéis afastados e em número de 15 a 31 ao longo do corpo. Veneno de ação neurotóxica. UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -8 Chave para identificação de cobras Coral (não cai na prova – mas é legal!) Baseada em uma classificação existente, o nome coral pode ser dado para cobras com características diversas. Isto porque a adaptação a coloração de cobras do gênero Micrurus é bastante comum, uma vez que estas cobras são possuidoras de venenos poderosos. Temos assim, um exemplo de um caso de mimetismo da coloração aposemática (coloração chamativa que indica perigo) das cobras corais. Chave dicotômica para classificação de cobras corais Corpo vermelho sem anéis................................................................. Elapomorphus tricolor Corpo vermelho com algum tipo de anel............................................pg.2 Página 2 Corpo vermelho com anéis ou faixas simples.................................... pg.3 Corpo vermelho com anéis múltiplos..................................................pg.6 Página 3 Dorso com faixas pretas transversais..................................................Pseudoboa rhombifera Dorso com séries de anéis pretos e amarelos......................................pg.5 Página 5 Focinho saliente e arrebitado..............................................................Lystrophys semicinctus Focinho arredondado ........................................................................Erythrolamprus aesculapil Página 6 Focinho saliente e anguloso...............................................................Simophis rhinostoma Focinho arredondado ..........................................................................pg.7 Página 7 Cauda fina e longa. Cabeça mais larga que o pescoço. Olho visível ....Pseudoboa trigemina Cauda grossa e curta. Cabeça tão larga o pescoço. Olho mal visível .............pg.8 Página 8 Anéispretos iguais - Parietal afastado de labiais.....................................pg.9 Anéis pretos desiguais (sendo o central mais largo)................................pg.10 Página 9 Cabeça preta manchada de amarelo......................................................Micrurus frontalis Cabeça amarela com 2 faixas pretas....................................................Micrurus lemniscatus Página 10 Parietal afastada de labiais................................................................Micrurus fischeri Parietal contigua a labiais...................................................................Micrurus decoratus UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -9 PEÇONHA OFÍDICA O veneno das serpentes é secretado por um par de glândulas supralabiais volumosas, situadas simetricamente nos lados da cabeça, logo abaixo e para trás dos olhos, posição que determina maior alargamento e a conseqüente forma triangular da cabeça das espécies peçonhentas. Há uma perfeita adaptação do canal glandular ao canal dentário das presas inoculadoras das serpentes solenóglifas, de modo que a peçonha é inoculada sob pressão, graças a uma expansão da mucosa e à potente musculatura da região. A peçonha é um líquido pouco viscoso, transparente, levemente leitoso ou amarelado. É constituído de complexos elementos protéicos (enzimas proteolíticas, neurotóxinas, fosfatidases), que variam nas diferentes espécies. Desse modo, suas ações no homem também são variáveis, mas são basicamente: Ação proteolítica - decompõe as proteínas, causando destruição dos tecidos (necrose). Ação coagulante - quando o veneno penetra lentamente e em pequenas doses na circulação sangüínea ocorre a destruição direta do fibrinogênio ou coagulação de fibrinogênio (proteína do sangue), impedindo a coagulação. Entretanto, quando essa penetração é rápida e em doses ainda pequenas, a desfibrinação é precedida por um aumento da coagulabilidade. Nos casos de penetração rápida de grandes doses, ocorre coagulação maciça dentro dos vasos, seguida de morte. Ação neurotóxica - contém substância tóxica para o sistema nervoso, determinando perturbação da visão, queda das pálpebras superiores (ptose palpebral), torpor, sensação de adormecimento ou formigamento. Ação hemolítica - destruição dos glóbulos vermelhos. O veneno provoca alterações importantes a nível de rins, podendo causar morte por insuficiência renal aguda. Na prática, essa ação é evidenciada pela eliminação da meta-hemoglobina através da urina, que se apresenta com cor de coca-cola. MEDIDAS PREVENTIVAS - Não andar descalço; - Não introduzir a mão em buracos no chão ou sob grandes pedras; - Olhar com atenção por onde caminha, principalmente em matagais; - Evitar o manuseio de serpentes vivas ou mortas; CUIDADOS APÓS O ACIDENTE - Procurar ajuda médica imediatamente, de preferência levando a serpente para a identificação; - Não garrotear o local, pois agrava a necrose e pode induzir ao choque; - Evitar movimentação e agitação; - Tratamento com soro específico e anti-histamínicos. - Se o choque for eminente - administração de corticoterapia. UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -10 IMPORTÂNCIA MÉDICO E VETERINÁRIA • Maior ocorrência anual: Novembro a abril • Durante o dia Homens - pernas: 65%, braços 15%, outros 20% • Trabalhadores rurais • Idade: 15-49 anos • Membros inferiores FREQUÊNCIA DE ACIDENTES EM 2003 • Média de acidentes por ano: 20.400 • Letalidade: 0,5% INFECÇÃO SECUNDÁRIA • Bactérias provenientes da boca da serpente – Morganella morganii – Eschericha coli – Providentia – Streptococcus tipo D SINTOMATOLOGIA (não cai na prova da Parasito 1) – também é legal! GRUPO BOTRÓPICO E LAQUÉTICO - veneno proteolítico coagulante. Todas as serpentes do gênero Bothrops e Lachesis produzem sintomas semelhantes, variando apenas a intensidade, de acordo com a quantidade de veneno inoculado. Há sempre dor, edema e cianose local. Depois aparecem bolhas, que podem conter sangue no seu interior. Quando as reações locais tornam-se mais intensas, aparece febre e freqüentemente infecção secundária. Nos casos graves há vômitos, seguidos de prostração, sudorese e desmaios. Quando há inoculação de grandes quantidades de veneno, como nas picadas de Jararacuçu, pode haver hemorragias pelo nariz, gengiva, borda das unhas e urina. Em situações mais severas, pode ocorrer queda de pressão sangüínea, com possibilidade de colapso periférico e risco de vida para o acidentado. GRUPO CROTÁLICO - veneno neurotóxico e hemolítico. Geralmente não provocam dor local. Após 30 a 60 minutos do acidente, aparecem as dores musculares, particularmente na região da nuca, distúrbios da visão, ptose palpebral (Fascies neurotóxicas). Nesses casos, o acidentado sente tonturas, imagem turva e dupla. Pode haver hemoglobinúria (meta0hemoglobina na urina) que se apresenta em urina cor de coca-cola. Pode haver vômitos. Nos acidentes mais graves, há comprometimento renal, com risco de vida por insuficiência renal aguda. UFRRJ - IV-PARASITOLOGIA -11 GRUPO ELAPÍDICO - veneno neurotóxico. Geralmente não há dor local. Logo após a picada há formigamento da região, com irradiação para a raiz do membro afetado. Após 30 a 60 minutos do acidente, aparecem as dores musculares, particularmente na região da nuca, distúrbios da visão, ptose palpebral (Fascies neurotóxicas). Nesses casos, o acidentado sente tonturas, imagem turva e dupla. Esse quadro pode ser acompanhado de salivação grossa, dificuldade de engolir e de falar. Nos casos mais severos, há risco de vida por paralisia respiratória. Todos os acidentes por coral verdadeira são considerados graves.
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