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DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO

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DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
Sobre a Lei 8.078/90, apontamos que se trata de uma norma extremamente protecionista, que vai ao encontro com a determinação do inc. XXXII, art. 5º da CR/88, que reza: "O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor".O CDC, como lei ordinária, trata da defesa e proteção do consumidor em todo o seu texto e ao fim mostra como esta garantia deve ser feita em juízo.Neste estudo faremos uma análise da defesa individual e da defesa coletiva do consumidor perante o Poder Judiciário.
O art. 6º do CDC inclui no rol de direitos básicos do consumidor a defesa deste em juízo quando apresenta que:Art. 6º, CDC. São direitos básicos do consumidor:(...)
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;(...)
Defesa em Juízo
A tutela processual dos interesses e direitos do consumidor é garantida pelo art. 81 e seguintes da lei consumerista. Através destes dispositivos o(s) consumidor(es) pode(m) se proteger processualmente.A defesa dos interesses do consumidor pode ser exercida de duas maneiras: individualmente ou coletivamente, conforme determina o caput do art. 81:
Art. 81, caput, CDC. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
O exercício em juízo da defesa dos interesses e direitos individuais do consumidor é pouco explorado pelo CDC. Este dá maior ênfase à defesa coletiva, como veremos logo à frente.
Entretanto, este é um direito colocado à disposição do consumidor individual e às vítimas de consumo, e portanto, deve ser exercido. Muitos atribuem o desencorajamento do consumidor em buscar a tutela de seus direitos via Poder Judiciário ao alto custo da demanda e ao baixo valor das lesões. Mas isto não deve prevalecer, mesmo que isoladamente, a tutela jurisdicional deve ser exercida.
Lembremos os conceitos de consumidor e vítimas de consumo.
O consumidor "é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final' (art. 2º do CDC). Assim, para ser consumidor, a pessoa física ou jurídica deve ser destinatário final.A vítima do evento é equiparada ao consumidor por força do art. 17 do CDC. Desta maneira, são tratadas como consumidores todos aqueles que, não sendo consumidores, sofrem um dano em virtude de um acidente de consumo. Neste sentido diz a doutrina retirada da melhor jurisprudência:
O ponto de partida desta extensão da aplicação do CDC é a observação de que muitas pessoas, mesmo não sendo consumidores strictu sensu, podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado(...).A proteção do terceiro, bystander, complementada pela disposição do art. 17 do CDC, que aplicando-se somente a seção de responsabilidade pelo fato do produto e serviço (arts. 12 a 16) dispõe: 'Para efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento'. Logo, basta ser "vítima" de um produto ou serviço para ser privilegiado com a posição de consumidor legalmente protegido pelas normas sobre responsabilidade objetiva pelo fato do produto presentes no CDC." (Contratos no Código de Defesa do Consumidor - RT - 4ª ed. - p. 290).
Dispositivos que tratam especificamente da defesa individual
Art. 101, I do CDC - competência do domicílio do autor
A competência para o ajuizamento da ação para apurar a responsabilidade do fornecedor pelos danos causados em ação judicial individual pode ser a do domicílio do autor;
Art. 101, II do CDC - vedação de denunciação da lide
O fornecedor de produtos e serviços que for réu na ação de responsabilidade pode chamar ao processo seu segurador (chamamento ao processo) e não denunciá-lo à lide. Isso amplia a garantia do consumidor de ver seus danos reparados e não retarda o feito;
Arts. 97 e 103, §3º do CDC - liquidação e execução individual das sentenças condenatórias proferidas nas ações coletivas.
Por fim, importa registrar que a defesa dos interesses individuais do consumidor, quando apreciados pelo Poder Judiciário, segue a sistemática do Código de Processo Civil e dos dispositivos acima apontados.
Quando tratarem de causas de menor complexidade, podem ser ajuizadas nos Juizados Especiais Cíveis. Em alguns estados existem comarcas que possuem Juizados Especiais Cíveis de Relações de Consumo (como é o caso de Belo Horizonte).
O título III, denominado "Da defesa do consumidor em juízo" enfoca a proteção / defesa processual dos interesses coletivos divididos em difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Tal ênfase na proteção destes direitos se dá ao fato de que a sociedade massificada em que vivemos gera direitos que pertencem à toda coletividade e não à apenas um indivíduo.
Até que se chegasse ao ponto atual de proteção dos direitos coletivos, um longo e árduo caminho foi percorrido. A CR/88 relatou meios processuais importantes no intuito de tutelar os interesses metaindividuais e os individuais homogêneos, entre eles e o que nos importa neste momento, é o art. 129, III e §1º, que estabelece que o Ministério Público e determinados entes têm a função de promover ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
A defesa dos interesses em comento torna-se completa através de duas importantes normas infraconstitucionais: a Lei 7.347/85 - Lei da Ação Civil Pública e Lei 8.078/90 - Código de Defesa do Consumidor.
Portanto, hoje a defesa coletiva perfaz-se por meio de ações coletivas, sempre que interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos forem afetados 
Contudo surge um questionamento: qual a ligação entre as ações coletivas dispostas pelo CDC e as ações civis públicas tratadas pela Lei da Ação Civil Pública?
Ambas ações se ligam pelo objeto, pois objetivam a tutela dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.
O legislador gerou certa confusão quando dispôs no caput do art. 81 "interesses e direitos" e nos incisos deste mesmo dispositivo "interesses ou direitos".
Contudo, interesses e direitos são palavras sinônimas, pois no contexto da norma significam pretensão fundada em um direito subjetivo, consumindo qualquer confusão.Ficou a cargo do CDC a definição destes interesses:
Art. 81, parágrafo único, CDC. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
Percebe-se que a diferença mais marcante entre interesses difusos e coletivos reside na titularidade.
Os interesses difusos têm como seus titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato, enquanto os interesses coletivos têm como titulares as pessoas integrantes de um determinado grupo, categoria ou classe.
Os interesses individuais homogêneos são, como a própria lei consumerista diz, aqueles decorrentes de origem comum, o que remete a um único fato gerador da pretensão à tutela jurisdicional. Eles são interesses de natureza coletiva apenas na forma em que são tutelados.Reza o art. 83 do CDC:
Art. 83, CDC. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveistodas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Tal dispositivo garante que todas as espécies de ações (conhecimento, cautelar e executória) podem ser interpostas para a defesa dos interesses individuais e coletivos dos consumidores. Ele apenas corrobora com o que já determinava a CR/88 no art.5º. XXXV - "A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito" - e aos acima mencionados incisos VI e VII do art.6º do CDC.
Lembrete:
As ações se classificam em:
- Ação de Conhecimento (pedido que pretende o reconhecimento de um direito);
- Ação de Execução (pedido que visa fazer valer um direito já reconhecido por meio de título extrajudicial);
- Ação Cautelar (pedido de providências urgentes antes ou durante a tramitação do Processo de Conhecimento).
As ações judiciais
A ação de conhecimento pode ser:
- Declaratória: ação que confirma ou não a existência de uma certa relação jurídica. Como exemplo no âmbito consumerista podemos citar a ação que visa a declaração de nulidade de uma determinada cláusula contratual abusiva.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA - ARRENDAMENTO MERCANTIL - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - APLICABILIDADE - LEGITIMIDADE ATIVA DA ASSOCIAÇÃO - CLÁUSULA DE GARANTIA - NOTA PROMISSÓRIA - ABUSIVIDADE CONFIGURADA - NULIDADE DO TÍTULO - OPÇÃO DE COMPRA - AUSÊNCIA DE OBRIGAÇÃO - CONSEQÜÊNCIA - VOTO VENCIDO. Figurando instituição financeira como uma das partes contratantes, na qualidade de fornecedora de serviços de financiamento para fomentar a realização dos contratos de arrendamento mercantil, caracteriza-se a existência de relação de consumo, por se tratar de serviço remunerado de locação de coisa com opção de compra. As associações que tenham como finalidade institucional a proteção de consumidores possuem legitimidade para propor ação civil pública visando a nulidade de cláusulas abusivas inseridas em contrato de arrendamento mercantil. (...).(TJMG - APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.98.098815-8/001 - 11ª CÂMARA CÍVEL - Rel. Dês. DUARTE DE PAULA, data do julgamento: 28/02/2007). 
- Constitutiva: ação que busca a exceção, modificação ou extinção de uma certa relação jurídica. Como exemplo no âmbito consumerista podemos citar a ação que visa desconstituir todo um contrato que foi maculado por apenas uma cláusula abusiva.
- Condenatória: a pretensão é de imposição de uma obrigação à parte contrária. Como exemplo no âmbito consumerista podemos citar a ação que visa conferir direitos individuais homogêneos.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONDENAÇÃO. SANÇÕES CUMULATIVAS. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. Deve ser mantida a sentença que, ao fixar a condenação, observou os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, diante do fato concreto. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70015763329, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em 20/07/2006 
Mandamental: não busca uma condenação para fazer ou dar, é uma ordem de fazer ou não fazer, de dar ou não dar. Como exemplo no âmbito consumerista podemos citar a ação que visa a proibição de produção, divulgação e distribuição de um produto nocivo à saúde dos consumidores.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 491.218-1 - 2.6.2005 BELO HORIZONTE AÇÃO CIVIL PÚBLICA - MINISTÉRIO PÚBLICO - LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM - DIREITO COLETIVO - INTERESSE DE AGIR - ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO - OMISSÃO DO ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA NAS FATURAS ENVIADAS AOS SEUS CLIENTES - VIOLAÇÃO DO DIREITO DOS CONSUMIDORES DE OBTEREM AMPLA INFORMAÇÃO A RESPEITO DOS SERVIÇOS UTILIZADOS. - (...) Os consumidores têm direito à informação adequada a respeito da origem dos serviços prestados pela administradora de cartão de crédito, pelo que há utilidade e adequação (interesse de agir) da tutela coletiva pleiteada por meio da ação civil pública. - Ao omitir seu endereço para correspondência nas faturas enviadas aos clientes, a ré (administradora de cartão de crédito) dificulta e restringe o ajuizamento de ações por parte dos consumidores que se virem lesados por quaisquer motivos, o que implica descumprimento da obrigação daquela de prestar informação ampla e acessível a respeito dos serviços disponibilizados a estes..(TJMG - Apelação Cível nº 491.218-1 - 13ª CÂMARA CÍVEL - Rel. Dês. ELPÍDIO DONIZETTI, data do julgamento: 02/06
Para que o direito de ação seja exercido, é necessário o preenchimento de certas condições. Estas são chamadas de condições da ação e devem estar presentes desde o momento de ajuizamento da ação.
As condições da ação são: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade da parte para a causa. São tratadas pelo art. 3º do CPC, que assim dispõe: "Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade". Como o Poder Judiciário não é órgão de consulta e sim de composição de conflitos, para que o juiz resolva o conflito de interesses a ele apresentado, estas condições devem necessariamente estar presentes. Quando ausentes, o titular do direito de ação torna-se carecedor de ação.
Para que o juiz aprecie o conflito de interesses, aqueles que estão litigando devem ser os titulares da pretensão deduzida em juízo. É uma questão de titularidade. São partes legítimas aquelas que têm, pela natureza da questão a ser dirimida, o direito de pedir, quanto ao autor (legitimidade ativa), e direito ou dever de atender ao pedido, quando réu (legitimidade passiva). Assim, o direito de ação só pode ser exercido por quem tem legitimidade.
Já sabemos que a defesa dos interesses do consumidor pode ser exercida de duas maneiras: individualmente ou coletivamente, e isso enseja legitimidades ativas diversas.
São legitimados para a defesa individual em juízo: o consumidor individual e as vítimas de consumo.
Estes possuem a chamada legitimação ordinária, pois há uma correspondência de titularidade na relação de direito material e na de direito processual 
O CDC enumerou os entes legitimados para a propositura das ações coletivas nos incisos do art. 82. Assim reza este dispositivo consumerista:
Art. 82, CDC. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
Assim, a Lei 8.078/90 concede, através do art. 82, legitimidade para o Ministério Público, União, Estados, Municípios, Distrito Federal, entidades e órgãos da Administração Pública e associações, para exercerem a defesa coletiva dos consumidores.
A Lei 7.347/85 também indica os legitimados para a propositura de ação civil pública (ação coletiva) através do art. 5º:
Art. 5o, Lei 7.347/85. Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública; 
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; 
V - a associação que, concomitantemente: 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; 
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
Estes dois dispositivos (art. 82 da Lei 8.078/90 e art. 5º da Lei 7.347/85) se complementam em prol do consumidor, pois demonstram de forma exaustiva quem são as pessoas e entes legitimados para a defesa dos interesses metaindividuais.
legitimidade para o ajuizamento de ações coletivas em defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos classifica-se em:
Concorrente: a todasas pessoas e entes dispostos nos arts. 82 da Lei 8.078/90 e 5º da Lei 7.347/85 é permitido o ingresso de ação coletiva, sem que haja exclusividade. Assim, se o Ministério Público ajuíza uma ação em defesa do consumidor, isso não impede que uma associação de defesa do consumidor (como por exemplo a ABC) ajuíze ação que tutele o mesmo bem.
Disjuntiva: as pessoas e entes dispostos nos arts. 82 da Lei 8.078/90 e 5º da Lei 7.347/85 podem ingressar em juízo sozinhos sem a necessidade de autorização dos demais ou formação de litisconsórcio.
Classificação da legitimidade ativa para a defesa coletiva  
Lembrete:
Litisconsórcio equivale à presença de várias (duas ou mais) pessoas ou entes que, em geral, se reúnem pela comunhão ou conexidade de interesses (direitos ou obrigações) sobre o objeto da demanda, com o intuito de obterem os mesmos resultados.Classificação da legitimidade ativa para a defesa coletiva 
No que tange ao bem tutelado existe uma certa divergência doutrinária. Para a maioria dos doutrinadores a legitimidade das pessoas e entes dispostos nos arts. 82 da Lei 8.078/90 e 5º da Lei 7.347/85 é apenas autônoma, pois defendem interesses metaindividuais (indivisíveis), cuja necessidade de individualizar ou identificar os titulares do direito pleiteado é totalmente descartada.Classificação da legitimidade ativa para a defesa coletiva
Outros dizem que esta se divide em autônoma e extraordinária conforme os direitos metaindividuais envolvidos. Para estes, entre os quais se encontra o eminente Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Rizzatto Nunes, se o que se pleiteia é a defesa de interesses difusos e coletivos, a legitimação é autônoma. Contudo, no caso de defesa de direitos individuais homogêneos, a legitimação é extraordinária.
Há ainda aqueles que acreditavam que a legitimação é apenas extraordinária, mas isto antes do advento da Lei 7.347/85 e Lei 8.078/90.
Vejamos o que significa legitimidade autônoma e o que significa legitimidade extraordinária.
- Autônoma: as pessoas e entes dispostos nos arts. 82 da Lei 8.078/90 e 5º da Lei 7.347/85 pleiteiam em nome próprio direito próprio.
- Extraordinária: as pessoas e entes dispostos nos arts. 82 da Lei 8.078/90 e 5º da Lei 7.347/85 pleiteiam em nome próprio direito alheio, o que demonstra hipótese de substituição processual. O CPC permite esta legitimação quando dispõe: "Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei" (art. 6º do CPC).
Legitimidade do Ministério Público 
O Ministério Público, por força do inciso I do art. 82 do CDC é um dos legitimados para o ajuizamento de ação coletiva para a defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Após anos de luta pelo reconhecimento desta legitimidade, atualmente exige-se do parquet apenas a demonstração da relevância social do objeto da ação coletiva, principalmente para a defesa dos direitos individuais homogêneos.
Legitimidade da União, Estados, DF e Municípios   
A CR/88 já estabelecia esta legitimidade à União, Estados, DF e Municípios, através do art. 5º, XXXII, que reza: "O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
O CDC veio de encontro ao que determinou a Carta Magna e especificou que estes são entes públicos legitimados para promover a defesa dos interesses coletivos dos consumidores em juízo.
Nos ensinamentos de Kazuo Watanabe:
Legitimidade da União, Estados, DF e Municípios 
 
"A legitimação será concorrente e disjuntiva sempre que todos os entes públicos tenham, pelas características da lide, seja pela natureza do bem jurídico ameaçado ou lesado, seja pela amplitude da ameaça ou da lesão, seja ainda pela quantidade e localização dos titulares dos interesses ameaçados ou lesados, a atribuição de promover a defesa dos consumidores no caso concreto, em razão do vinculo que possuam com esses consumidores." (GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, pág. 759)
Legitimidade de entes públicos sem personalidade jurídica 
  
 
A Lei 8.078/78 estendeu a legitimação também aos entes públicos (entidades e órgãos públicos da administração direta ou indireta) que não tenham personalidade jurídica.
Contudo, estes devem ser especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos dos consumidores. Alguns doutrinadores dizem que estas entidades e órgãos da administração pública não têm personalidade jurídica, mas sim personalidade judiciária.
Legitimidade de entes públicos sem personalidade jurídica 
 
O Procon (Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor) é um exemplo de órgão público sem personalidade jurídica e com esta legitimação ativa em muito tem contribuído para a defesa e proteção do consumidor.
Mas há que se ressaltar que o Procon possui apenas legitimidade ativa, sendo excluída do mesmo a legitimidade passiva, haja vista ser órgão sem personalidade jurídica. Vejamos uma decisão do STJ a este respeito:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DE MULTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO PROCON. FALTA DE PERSONALIDADE JURÍDICA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 5º, INCISO XXXII, DA CF/88 E 81 E 82 DO CDC. NULIDADE DO JULGADO. INOCORRÊNCIA. I - O Tribunal a quo julgou satisfatoriamente a lide, pronunciando-se sobre o tema proposto, tecendo considerações acerca da demanda, tendo apreciado a questão acerca da legitimidade passiva da recorrida, ainda que não tenha expressamente dissecado acerca dos artigos apontados pela recorrente. II - Não há que se falar, ainda, em obscuridade do acórdão vergastado, pois esse expressou de forma transparente que a recorrida teria legitimidade ativa ad causam, com base nos arts. 81 e 82 do CDC, sendo que lhe falta a legitimação passiva em razão da falta de personalidade jurídica, inexistindo, portanto, contradição. (...). IV - De acordo com os arts. 81 e 82 do CDC, os PROCONs possuem legitimidade ativa ad causam para a defesa dos interesses dos consumidores. Precedente: REsp nº 200.827/SP, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de 09/12/02. 
 
Legitimidade de entes públicos sem personalidade jurídica 
 
Continuação:
V - No entanto, pela interpretação dos referidos artigos do Código Consumerista e do art. 5º, inciso XXXII, da CF/88, bem como de acordo com a doutrina pátria, ainda que tenham capacidade postulatória ativa, os PROCONs não podem figurar no pólo passivo das lides, eis que desprovidos de personalidade jurídica própria, mormente não extensível à legitimação passiva a regra prevista na Lei nº 8.078/90. VI - Recurso especial improvido. . (STJ - REsp 788006 / PB- 1ª Turma - Rel. Francisco Falcão, data do julgamento: 09/05/2006).
Legitimidade das associações 
 
O CDC permite que as associações sejam partes legítimas para a interposição de ação judicial em defesa do consumidor.
Contudo, faz duas exigências:
1) Que as associações sejam legalmente constituídas há pelo menos um ano;
2) Que as associações incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos do consumidor.
Legitimidade das associações 
 
Dispensa de autorização da assembléia
É importante mostrar que sua legitimação ad causam é independente de autorização assemblear. Ou seja, a associação não precisa de autorização concedida em assembléia prévia para ajuizar ação em defesa do consumidor.
Em que pese a CR/88 dispor que "as entidades associativas quando expressamente autorizadas têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente" (art. 5º, XXI), a parte final do dispositivo consumerista dispensou a autorização assemblear.
Exceção à exigência do requisito da pré-constituição da associação
O juiz pode dispensar o requisito de constituição da associação há um ano nas ações coletivas para a defesa dos direitos individuais homogêneos.
Para isso, deve haver:
- manifesto interesse social evidenciado pela dimensãoou características do dano
Ou
- pela relevância do bem jurídico a ser tutelado.
Este é o caso das associações constituídas para a defesa de vítimas e familiares de acidentes aéreos, por exemplo. Elas são criadas com o fim específico de lutar pelos direitos individuais homogêneos destas vítimas e familiares.
O interesse de agir caracteriza pela demonstração de que é necessário ingressar em juízo para obter a pretensão. Em outras palavras, deve haver: a necessidade de se ajuizar uma ação, a adequação desta ao ordenamento jurídico e a utilidade da via judicial para a solução do conflito de interesses.
Aponta Leonardo Roscoe Bessa:
Interesse 
"Em relação ao Ministério Público, o interesse de agir é presumido, sem qualquer possibilidade de discussão ou sentido contrário, considerando principalmente a vocação institucional para a tutela dos direitos coletivos. (...) No tocante aos demais legitimados, a doutrina, de um modo geral, tem exigido a análise da presença do interesse de agir no caso concreto, considerando, entre outros fatores, aspectos regionais e a dimensão do dano." (MARQUES, Cláudia Lima, BENJAMIM, Antônio H. V., BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, pág. 394)
Já vimos que a defesa do consumidor em juízo pode ser realizada de forma individual ou coletiva, variando conforme os direitos a serem protegidos. Assim, a defesa é individual se os interesses são individuais e coletiva, se os interesses são difusos, coletivos ou individuais homogêneos. Vimos, ainda, que são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada e efetiva tutela dos direitos do consumidor. Isso demonstra que para a proteção e defesa do consumidor podem ser propostas ações de conhecimento, executórias e cautelares.
No segundo momento, analisamos a legitimidade ad causam e o interesse, dando ênfase às ações coletivas.
Agora estudaremos a competência para o ajuizamento das ações individuais e coletivas em defesa do consumidor e a questão das custas, despesas e honorários nas ações coletivas.
A competência para a defesa do consumidor em juízo é tratada pelo CDC apenas no Capítulo II do Título III, quando apresenta as disposições sobre as ações coletivas para a defesa de interesses individuais homogêneos.
Contudo, devido ao escopo do CDC, deve-se fazer uma interpretação extensiva de forma a também abranger as ações coletivas para a defesa de interesses difusos e coletivos, de forma a sanar esta lacuna.
A definição mais usual da competência é de que a mesma "é a medida da jurisdição", configurando o exercício pleno da função jurisdicional, limitado, contudo, pela lei.
A competência é justamente o critério de distribuir entre os vários órgãos judiciários as atribuições relativas ao desempenho da jurisdição." (JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de direito processual civil. Volume I. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, pág. 145)
Uma ação só pode ser proposta perante o juiz competente para julgar a causa. Por este motivo, a jurisdição (poder/dever do Estado de dirimir conflitos) só pode ser exercida após a propositura da ação em consonância com a competência correspondente. A competência constitui um pressuposto processual sem o qual o processo não se instaura e desenvolve validamente.
Para a determinação da competência, leva-se em consideração critérios: o valor da causa, a matéria a ser discutida, a função exercida pelo juízo e o território.
A competência em razão do valor e da matéria é tratada pelo CPC conjuntamente através do art. 91.
- Razão do valor: o valor da causa determina o juízo competente para dizer o Direito. Por exemplo, a Lei nº 9.099 dispõe que as causas de valor até 40 (quarenta) salários mínimos são de competência dos Juizados Especiais Cíveis.
- Razão da matéria: o Direito material determina a existência de um juízo especializado. Exemplo: vara de família, vara de sucessões, etc..
- Funcional: leva em consideração a função exercida pelo juízo.
- Territorial: é determinada pelo domicílio da parte, pela localização da coisa ou pelo local do fato. Também é conhecida como competência de foro.
Previsão legal da competência para a defesa individual do consumidor
A competência para o ajuizamento da ação para apurar a responsabilidade do fornecedor pelos danos causados em ação judicial individual é do domicílio do autor, conforme determina o art. 101, I do CDC:
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
Competência ações coletivas
A competência para a defesa dos interesses metaindividuais dos consumidores é determinada basicamente pelo art. 93 do CDC. Vejamos como encontra-se este dispositivo consumerista:
Art. 93, CDC. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
Através da leitura do art. 93 do CDC percebe-se que são dois os fatores que determinam a competência para a defesa dos interesses metaindividuais do consumidor em juízo:
1) a natureza jurídica do fornecedor;
2) a extensão do dano.
A natureza jurídica do fornecedor
A expressão "Ressalvada a competência da Justiça Federal" disposta no início do caput do art. 93 do CDC demonstra a importância do conhecimento da natureza jurídica do fornecedor para a delimitação da competência.
Isso porque, as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem fornecedores, a competência para julgamento é da Justiça Federal. (art.109, I da CR/88). Destarte, nas demais causas, cujos fornecedores não forem pessoas ou entes públicos, devem ser julgados pela Justiça local.
Fatores determinantes da competência para a defesa do consumidor
 
A extensão do dano
Após a averiguação de que não se trata da competência da Justiça Federal, deve-se levar em conta a extensão do dano para a determinação da competência da Justiça local (Justiça Estadual).
Portanto, para o dano de âmbito local, é competente o foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano. Para o dano de âmbito nacional ou regional, é competente o foro da Capital do Estado ou Distrito Federal.
Local do dano: competência territorial 
O legislador consumerista utilizou-se do critério do local do dano para a fixação da competência para o ajuizamento das ações coletivas. Com isso criou artigos específicos de competência territorial, baseados no critério do local do resultado do dano.
Reitera-se que se o dano de âmbito local, é competente o foro do lugar onde ocorreu (dano real) ou deva ocorrer o dano (dano potencial) - art. 93, I do CDC . Se o dano for de âmbito nacional ou regional, é competente o foro da Capital do Estado ou Distrito Federal - art. 93, II do CDC.
Local do dano: competência territorial
Cabe ainda mostrar que a Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) também opta pelo critério do local do dano em seu art. 2º: "As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa."
O problema do dano de âmbito local 
 
Sempre no intuito de proteger o consumidor, o legislador dispôs no inciso I do art. 93 que a competência para a causa cujo dano é de âmbito local é no foro do lugar onde ocorreu o dano ou deva ocorrer.
Entretanto, em muitos casos este dispositivo age de forma contrária ao seu intuito. Muitas vezes o lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano não coincide com o domicílio das vítimas ou da sede dos entes e pessoas legitimadas, dificultando para estes o acesso e produção de provas.
O problema do dano de âmbito localA solução para este problema seria interpretar e aplicar conjuntamente os dispositivos que tratam da competência das ações coletivas (art. 93, I do CDC) com o das ações individuais (art. 101, I do CDC).
Como ambos encontram-se inseridos no mesmo Título - Da defesa do consumidor em juízo - não se excluem e podem se complementar para benefício do consumidor
O problema do dano de âmbito local 
Assim, quando se tratar de dano de âmbito local, a ação coletiva pode ser ajuizada:
- no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano
Ou
- no domicílio do autor.
Ambigüidade para o caso de dano de âmbito nacional ou regional 
 
O art. 93, II do CDC reza que a competência para a causa cujo dano é de âmbito nacional ou regional é no foro da Capital do Estado ou do Distrito Federal.
Ambigüidade para o caso de dano de âmbito nacional ou regional 
 
- Uma parte acredita que se o dano for de âmbito nacional, a competência deve sempre ser do Distrito Federal. E, se o dano for de âmbito regional, a competência deve ser do foro da Capital ou Distrito Federal.
- Outra parte (grande maioria e STJ) defende que tal dispositivo deve ser interpretado conforme a opção do autor que frente ao caso concreta opta por ajuizar a ação no foro que lhe beneficia.
A conclusão fica a cargo do leitor após a análise destes posicionamentos. Contudo, apresentamos decisões a este respeito:
ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA. ART 2º DA LEI 7.347/85. ART. 93 DO CDC. 1. No caso de ação civil pública que envolva danode âmbito nacional, cabe ao autor optar entre o foro da Capital de um dos Estados ou do Distrito Federal, à conveniência do autor. Inteligência do artigo 2º da Lei 7.347/85 e 93, II, do CDC. 2. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg na MC 13660 / PR - 2ª Turma - Rel. Ministro CASTRO MEIRA, data do julgamento: 04/03/2008).
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO CIVIL COLETIVA. CÓDIGO DO CONSUMIDOR,ART. 93, II. A ação civil coletiva deve ser processada e julgada no foro da capital do Estado ou no do Distrito Federal, se o danotiver âmbito nacional ou regional; votos vencidos no sentido de que, sendo o danode âmbito nacional, competente seria o foro do Distrito Federal. Conflito conhecido para declarar competente o Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo. (STJ - CC 17532 / DF CONFLITO DE COMPETENCIA - 2ª Seção - Rel. Ministro ARI PARGENDLER, data do julgamento: 29/02/2000).
Assim como a legitimidade ativa, a competência para as ações coletivas ajuizadas devido a dano de âmbito nacional ou regional é concorrente. O Ministro do STJ Peçanha Martins, citado pela Ministra Eliana Calmon em seu voto ao Recurso Especial nº 218.492 ES assim se pronunciou sobre o assunto:
Competência concorrente no caso de dano de âmbito nacional ou regional 
 
Esta corte vem adotando o entendimento no sentido de que não há exclusividade do foro do Distrito Federal para julgamento de ação civil pública de âmbito nacional, na aplicação do art. 93, inc. II do Código de Defesa do Consumidor, já que o referido preceito, ao nomear a capital do Estado e a do Distrito Federal refere-se a competências territoriais concorrentes, ou seja, em planos iguais. Neste sentido os precedentes: Conflito de Competência n. 17.533-DF, DJ 30.10.2000; REsp 294.021/PR, DJ de 02.04.2001.
Competência absoluta 
 
Como forma de complementar nossos estudos, vejamos como o Direito Processual Civil regra a competência absoluta e a competência relativa:
A competência é absoluta quando fixada em razão da matéria, em razão da pessoa ou pelo critério funcional.
A competência é relativa quando fixada em razão do território ou em razão do valor da causa.
Competência absoluta 
Mas, como já visto, o CDC estabeleceu normas específicas de competência para o ajuizamento de ações coletivas, afastando a incidência do CPC.
A competência determinada pelos incisos I e II do art. 93 é territorial. Conforme as regras da Lei 8.078/90 é competência absoluta (diferentemente do critério adotado pelo CPC que a determinaria como relativa).
Desta maneira, com a determinação de competência absoluta, esta torna-se inderrogável e improrrogável pela vontade das partes.
Custas, despesas e honorários nas ações coletivas 
 
Modificando um pouco o rumo de nossos estudos, passaremos agora à análise do art. 87 do CDC que trata da questão das custas, despesas e honorários nas ações coletivas. Vejamos o dispositivo consumerista:
Custas, despesas e honorários nas ações coletivas 
 
Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

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