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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 9. Refrigeração 1. Conservação pelo frio Frio é um excelente método de preservação de alimentos. Há muito tempo atrás, fazendeiros e pescadores de regiões geladas já conservavam peixes, carnes e etc, por congelamento. O congelamento de peixes, em escala comercial, começou nos EUA por volta de 1865. É provável que o congelamento de carnes comercial, tenha tido inicio na Nova Zelândia, por volta de 1891, para conservar carcaças de carneiros exportados para a Inglaterra. Em 1905 começou no leste dos EUA o congelamento de frutas. O inicio do congelamento comercial de hortaliças tem origem no ano de 1929. As temperaturas baixas são utilizadas para retardar as reações químicas e a atividade enzimática bem como para retardar ou inibir o crescimento e a atividade microbiana. Quanto mais baixa for a temperatura, mais reduzirá a atividade enzimática e a atividade microbiana. Pode chegar a inibir o crescimento microbiano, porém a atividade metabólica continua, ainda que lentamente, até um certo limite. Exemplo são bactérias do gênero Pseudomonas, Achromobacter e Micrococcus que podem viver em temperaturas de -4 a -7oC. A conservação dos alimentos pelo frio pode ser feita por resfriamento seguido de armazenamento refrigerado ou por congelamento seguido de armazenamento congelado. 2. Refrigeração O resfriamento e armazenamento de alimentos ocorre em temperatura que varia entre 0 a 7oC, sem limites muito rígidos. O objetivo da refrigeração é manter a qualidade original dos alimentos até o transporte, transformação industrial, outros processos de conservação e o consumidor final. Não se evita, porém se retardam as reações químicas, enzimáticas e microbiológicas. Em alimentos perecíveis deverá ser feita imediatamente após a colheita ou o abate, e mantida durante toda a vida comercial, incluindo transporte, armazenamento, etc. Isto é muito importante especialmente nas frutas e hortaliças de metabolismo bastante ativo, e mais ainda se considerarmos que muitas delas são colhidas em época que predominam elevadas temperaturas. Embora a retirada de calor de um corpo seja designada, de uma maneira geral, de Refrigeração, podemos fazer algumas distinções: a). Arrefecimento: Consiste na diminuição da temperatura de um corpo até a temperatura ambiente. b). Resfriamento: Consiste na diminuição da temperatura de um corpo da temperatura ambiente até a de congelamento (T = 0ºC). UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 c). Congelamento: Redução da temperatura de um corpo aquém da sua temperatura de congelamento. Considerando que a tendência natural do calor é passar do corpo mais quente para o mais frio, podemos concluir que o arrefecimento de um corpo, em relação ao ambiente, pode dar-se naturalmente, enquanto que no resfriamento e o congelamento haja a necessidade da criação de um fluxo de calor em sentido contrário ao gradiente térmico natural, o que exige, de acordo com o segundo princípio da termodinâmica, dispêndio de energia utilizável. 3. Métodos de refrigeração Existem diversos métodos de resfriamento de alimentos, dentre eles: - Resfriamento a ar; - Resfriamento a vácuo (ao evaporar a água provoca o resfriamento do produto); - Resfriamento a água (hidro-resfriamento); - Nitrogênio líquido. A conservação de um sistema a uma temperatura inferior à do meio ambiente exige a criação de resistências térmicas elevadas, a fim de reduzir o fluxo natural de calor que tende a uniformizar as temperaturas do corpo. Elas são obtidas por meio dos isolamentos térmicos, sendo assim, a técnica da conservação de frio está ligada a construção de ambientes isolados e a problemas relacionados com o cálculo da carga térmicas. Estes ambientes isolados, podem ser: caixas, armários, câmaras móveis, fixas, containers, caminhões, vagões, barcos e aviões. De acordo com o recurso de que dispõe esses ambientes isolados para a manutenção do frio, os mesmos podem se classificados como: 1) Isotérmicos - Quando são simplesmente isolados, impedindo a troca de calor. 2) Refrigerados - Quando utilizam gelo comum, soluções eutéticas ou gelo seco. 3) Frigoríficos - Quando dispõe de equipamentos de produção contínua de frio. 4. Componentes do Circuito de Refrigeração Figura 1. Sistema de Refrigeração UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 a). Evaporador: São trocadores de calor onde ocorre a evaporação do refrigerante, ou seja, onde o líquido refrigerante evapora, absorvendo calor com esta mudança de estado. Nesta etapa há uma troca de calor entre o refrigerante (baixa temperatura) e o ambiente em que se deseja resfriar, de forma que quando sair do evaporador o líquido refrigerante esteja todo na fase vapor, pois o mesmo recebeu calor do meio, fazendo com que houvesse mudança de fase. b). Compressor: O Compressor toma o vapor do refrigerante a uma baixa pressão e temperatura, comprimindo-o até a pressão de condensação requerida. Assim pode-se afirmar que ele aumenta a pressão e a temperatura do refrigerante no condensador o suficiente para permitir que dissipe calor para o ar ou água a temperatura existente. Ao sair do compressor será ainda gás, porém com temperatura elevada. Esta elevação de temperatura é devida ao calor de compressão. c). Condensador: É o componente do circuito de refrigeração no qual o refrigerante, na fase vapor, a alta temperatura e pressão é condensado, ou seja, retorna a fase líquida. Os condensadores são trocadores de calor onde ocorre a condensação do refrigerante. Todos os ganhos de calor de um sistema de refrigeração devem ser rejeitados no condensador. Sendo, portanto, sua função básica liquefazer o fluido refrigerante. Essa condensação só será possível caso exista outro fluido em menor temperatura que a do vapor para que haja a troca de calor. Existem vários tipos de condensadores, mas os dois principais são: - condensador resfriado a ar (geladeira); - condensador resfriado a água (indústria). d). Válvula de expansão: A função dos dispositivos de expansão é reduzir a pressão no sistema entre o maior valor no condensador e menor valor no evaporador de modo que possa ser obtido a uma baixa temperatura no evaporador e regular a vazão que entra no evaporador. É montada entre o condensador e o evaporador, o mais próximo possível deste último, com as funções de expandir o líquido, que estava a alta temperatura e pressão, para baixa pressão e temperatura e controlar a injeção de líquido no evaporador para garantir que a evaporação seja total, impedindo que o compressor aspire refrigerante na fase líquida. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 5. Fluidos Refrigerantes Na prática um refrigerante é um fluido que absorve calor evaporando-se a baixa temperatura e pressão e cede calor condensando-se a uma alta temperatura e pressão. A ciência da refrigeração baseia-se no fato de que um líquido pode vaporizar a qualquer temperatura que se deseje, alternando-se a pressão que sobre ele se exerce. Água ferve: 100oC com P=101,325 kPa 40oC com P=7,3874kPa 5oC com P=0,872kPa 120oC com P=200 kPa A vaporização de um líquido refrigerante no evaporador é responsável pela retirada de calor do ambiente, portanto, são usados fluidos que podem facilmente ser submetido à mudança de fase líquida para vapor. Figura 2. Fluxo do fluido refrigerante Esse fluido deve possuir algumas características,tais como: - Possuir baixo ponto de ebulição; - Não ser inflamável ou explosivo; - Deve possuir alto calor de vaporização; - Não deve ser corrosiva, nem alterar os óleos lubrificantes; - Não deve ser tóxica; - Não deve exigir pressões elevadas para condensar; - Deve possuir baixo custo. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 As características dos refrigerantes são fatores dominantes na escolha. A seguir, estão listados alguns dos principais refrigerantes usados e suas características: - Ar: O maior uso com refrigerante é em aviões, onde o peso reduzido de um sistema é o ar. - Amônia: É mais freqüente o seu uso em grandes instalações industriais de baixa temperatura. É muito utilizada por aspectos econômicos sob condições normais, é um gás incolor, é possível obter grandes efeitos de refrigeração com equipamentos relativamente pequenos. É um gás irritante, podendo causar asfixia em pequenas quantidades. - Dióxido de carbono: Usado as vezes para congelar alimentos por contato direto, sua aplicação é limitada por sua alta pressão de condensação sendo aplicada na parte de baixa temperatura no sistema de cascata. - Refrigerante 11: Este refrigerante teve o seu uso proibido, por ser CFC e provocar danos a camada de ozônio. Foi substituído pelo R-123, que é utilizado em sistemas com compressores centrífugos. - Refrigerante 12: O seu uso também é proibido e foi substituído principalmente pelo 134a. O seu uso se dava, sobretudo, em compressores alternativos de equipamentos de refrigeração doméstica e condicionadores de ar de automóveis. - Refrigerante 22: A sua maior aplicação é em condicionadores de Ar. O seu uso tem aumentado em substituição ao refrigerante 12, porque utiliza um compressor menor e mais barato, e não é tão agressivo a camada de ozônio. - Refrigerante 502: É outro refrigerante que o seu uso foi proibido. Os seus substituídos pelos R- 402 e 404. Eles concorrem com o R-22, exibindo algumas vantagens do refrigerante 22 e apresenta vantagens adicionais de melhor comportamento com o óleo e To de descarga do compressor inferior às do refrigerante 22. Existem outros fluidos refrigerantes alternativos, como o R-12, usado principalmente em sistemas de ar condicionado automotivo, refrigeração doméstica, comercial, etc. O alternativo isento de cloro para o R-12 é o R-134a (tetrafluoretano), com propriedades físicas e termodinâmicas similares ao R-12. O R-134a pertence ao grupo dos HFCs, fluorcarbonos parcialmente halogenados. Com potencial de destruição do Ozônio igual a zero, devido ao menor tempo de vida na atmosfera. Apresenta uma redução no potencial de efeito estufa de 90% comparado ao R-12. A Hoechst e a DuPont, grandes fabricantes de fluidos frigoríficos, produzem o R-134a. ADuPont começou produzindo quantidades comerciais em dezembro de 1990 em Corpus Christ,Texas (Estados Unidos). UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 6. Refrigeradores domésticos A geladeira funciona em ciclos, usando um gás refrigerante num circuito fechado. Assim, o gás circula permanentemente, sem perdas, a não ser que haja um vazamento no aparelho. Antigamente, as geladeiras usavam o gás freon 12 (clorofluorcarbono), que é um gás apropriado para essa tarefa: tem elevado valor de calor latente de condensação e baixa temperatura de ebulição, além de não ser inflamável. Mas esse gás foi identificado como um dos que agridem a camada de ozônio. Desde então, os fabricantes vêm substituindo, gradativamente, o freon 12 por outros gases, com propriedades semelhantes e inofensivos para a camada de ozônio - como o HFC-134A. As partes principais de uma geladeira doméstica são: compressor, condensador, válvula descompressora e evaporador. O compressor é movido por um motor elétrico (por isso você liga a geladeira na tomada). Ele tem a função de aumentar a pressão e a temperatura do gás refrigerante, fazendo-o circular pela tubulação interna do aparelho. Quando o gás passa pelo condensador, perde calor para o meio externo, liquefazendo-se - ou seja, tornando-se líquido. Ao sair do condensador, um estreitamento da tubulação (tubo capilar) provoca uma diminuição da pressão. Assim, o elemento refrigerante, agora líquido e sob baixa pressão, chega à serpentina do evaporador (que tem diâmetro maior que o tubo capilar), se vaporiza e, assim, retira calor da região interna da geladeira. É importante notar que o evaporador está instalado na parte superior (congelador) da geladeira. A partir desse ponto, o ciclo se reinicia e o gás refrigerante é puxado outra vez para o compressor. Figura 3. Refrigerador Doméstico UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 7. Câmaras Frigoríficas Nestes sistemas é importante calcular a carga térmica, ou seja, a quantidade de calor que deve ser retirada a um sistema, na unidade de tempo, objetivando a manutenção de determinadas condições térmicas. Figura 4. Cargas Térmicas a). Carga Térmica de penetração: esta é uma parcela de calor sensível das superfícies que limitam o ambiente por condução e convecção. ��� = � � � � (1) Onde: QFO = Fluxo de calor pela superfície (kcal/m2); A = Área total da superfície externa (m2); t = tempo do ciclo b). Carga térmica devido à pessoas: parcela de calor sensível e calor latente liberada pelos ocupantes do ambiente e que variam com a temperatura e a atividade do indivíduo. � = � � � � (2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 Onde: n = número de ocupantes do ambiente (tabelado: depende do volume da câmara); qo = calor liberado por pessoa e por hora (tabelado: depende da temperatura); t = tempo de permanência das pessoas na câmara. c). Carga térmica devido a iluminação: calor dissipado pelas luminárias. É só somar a carga total instalada de lâmpadas em Watts e multiplicar por 0,86. �� = �� � � 0,86 (3) Onde: ql = potencia das lâmpadas t = tempo de permanência ligadas por período d). Carga térmica devido aos equipamentos: a parcela de calor devido ao equipamento é realizada somando-se a potencia dos equipamentos instalados (em W) multiplicando pelo tempo que permanecem ligados e multiplicar pelo conversor para kcal. �� = (�� � � + �� � � … + �)� 0,86 (4) No caso de motor elétrico com a potencia cv, deve se levar em conta o rendimento do motor, que varia conforme a potencia e é tabelado. Pode ser adotada a seguinte equação: �� = 636 ��� � (5) e). Carga térmica devido ao ar exterior: é a parcela de calor trocado devido ao ar exterior que se introduz no ambiente através das frestas, portas ou para renovação do ar no ambiente, sendo uma parte calor sensível e outra calor latente. �!" = # � $ � ∆ℎ (6) Onde: V = volume de ar que se introduz no ambiente (m3/h); Para câmaras frigorificas V = Vc.n (Vc=volume da câmara e n = tabelado em função do tamanho da câmara). UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 γ.∆h = tabelado em função da diferença de temperatura e umidade do ar externo e interno. f). Carga térmica devido ao produto: é aquela formada pelo calor que deve ser retirado do produto a ser refrigerado e pode ser constituída pelas seguintes parcelas: - calor sensível de refrigeração antes do congelamento; - calor latente de congelamento;- calor sensível de refrigeração após o congelamento; - calor vital (para os vegetais) Os três primeiros podem ser englobados na expressão: �&� = '(( ()* − ),) + Ι+ ( ′-), − )./ (7) Onde: G = peso do produto em transito por unidade de tempo; Ti = Temperatura inicial do produto T0 = Temperatura de congelamento do produto; Tf = temperatura final do produto I = Calor latente de congelamento do produto (Tabelado); C = calor específico do produto antes do congelamento; C’ = calor específico do produto após o congelamento O calor vital que resulta do metabolismo dos vegetais, onde consomem O2 e produzem CO2 e vapor de água é encontrado em tabelas. g). Carga térmica total: será o somatório de todas as parcelas calculadas.
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