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O ESTUDO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: CONCEITOS BÁSICOS Prof. Leonardo Ramos Grupo de Pesquisa dos Países Emergentes O estudo das Relações Internacionais 2 � O propósito das Relações Internacionais: � Influenciar pessoas, instituições e organizações, em algum momento e em algum contexto, de maneira tal que tenha impacto em suas ações � O problema da persuasão � A pluralidade de possibilidades neste contexto � A importância do estudo das Relações Internacionais: � A existência de elementos no mundo social que não são imediatamente óbvias � Ciência vs. senso comum neste contexto � A existência de um sistema internacional de extensão global que influencia a vida das pessoas � A relação entre: indivíduos Estados SI Sociedade vs. comunidade 3 � Distinção fundamental entre sociedade e comunidade: a. A comunidade é uma unidade natural e espontânea, enquanto a sociedade é, em alguma medida,artificial. A questão da individualidade na comunidade e na sociedade; b. A comunidade é uma maneira de “ser” para o indivíduo que dela participa, enquanto que a sociedade é uma maneira de “estar”; c. A forma constitutiva da comunidade é uma lei hierárquica e distribuição; a da sociedade uma convenção comutativa; d. Na comunidade se destacam os valores convergentes; na sociedade os valores divergentes � Consequência: a comunidade prima pelo ético (valores comuns) enquanto a sociedade prima pelo jurídico (legislação) O Sistema Internacional 4 � Definição de sistema internacional – o conjunto de interações entre os diferentes atores internacionais, enfatiza a totalidade sobre as partes. � Raymond Aron: “sistema internacional é o conjunto constituído por uma série de unidades políticas, que mantém entre si relações regulares e que são todas suscetíveis de se ver imbricadas em uma guerra geral” (Aron apud Barbé, 1995, p. 113). � “O sistema internacional está constituído por um conjunto de atores, cujas relações geram uma configuração de poder (estrutura) dentro da qual se produz uma rede complexa de interações (processo) de acordo com determinadas regras” (Barbé, 1995, p. 115). Desta forma, atores, estrutura e processo constituem os três pontos de referência básicos para a análise. Os atores internacionais 5 � Conceito de ator internacional – ator internacional é aquela unidade do sistema internacional (entidade, grupo ou indivíduo) que goza de habilidade para mobilizar recursos que lhe permitam alcançar seus objetivos, que tem capacidade para exercer influência sobre outros atores do sistema e que goza de certa autonomia � Sistema internacional x sistema interestatal e a importância do Estado � Tipos de atores internacionais: Estados, Organizações Internacionais, Atores subnacionais, Atores Não-Estatais, indivíduos. As potências: definição e classificação 6 � Definição de potências: aqueles Estados que estabelecem as regras do jogo e que dispõem de recursos e são capazes de mobilizá-los para defender tais regras � Duas grandes tendências no processo de definição de grande potência: 1) Centralização nos recursos; 2) Ênfase no sistema � Mudanças no sistema internacional desde 1945 e a classificação das potências � Superpotência � Desempenham em um sistema bipolar um papel equivalente ao das grande potências européias quando do Congresso de Viena – ou seja, são responsáveis pelo estabelecimento, em conjunto, do equilíbrio do sistema As potências: definição e classificação 7 � Potência hegemônica � Aplicado aos EUA com base em sua capacidade para estabelecer as regras do jogo nos terrenos econômico e político-militar � Grande potência � Aplicado aos países, com interesses mundiais, que desempenham funções diferentes no sistema. França, Alemanha, Inglaterra, China, Japão, Rússia. Os critérios para destacar esse grupo são variados e dizem respeito a questões de caráter econômico, militar e político – cf. por exemplo a membresia no Conselho de Segurança da ONU As potências: definição e classificação 8 � Potência média � O mais abarcador. Muito utilizado contemporaneamente com relação aos países de grandes ou medianas proporções com uma diplomacia ativa em certas áreas (direitos humanos, mediação, forças de manutenção de paz) que se supõe, gozam de certo prestígio. Pode-se dizer que a vontade política prima sobre os recursos do Estado em questão. Assim, potências médias seriam aquelas que, devido às suas dimensões, seus recursos materiais, sua vontade e capacidade de aceitar as responsabilidades, sua influência e sua estabilidade estão em vias de se converter em grandes potências. A partir de tal definição, são listados vários países em tal categoria, como Nigéria, Espanha, Itália, Canadá, Brasil, Índia, África do Sul, Argentina, México, por exemplo. Atualmente, ênfase tem sido dada aos BRICs (na área da economia – sem a China agora) e no IBAS – principalmente no Brasil As potências: definição e classificação 9 � Potência regional � Em muitas ocasiões se sobrepõem ao conceito de potência média. Se aplica àqueles países que por seu peso (demográfico, econômico, militar, etc.) e sua política em um marco regional concreto desempenham o papel de grande potência neste âmbito geográfico, estabelecendo as regras do jogo no mesmo. Neste caso, a complexidade de algumas regiões faz com que a suposição de papel de potência constitua uma fonte permanente de conflito (Índia e Paquistão, Iraque e Síria, Marrocos e Argélia no Magreb, Brasil e Argentina no passado, etc.). Organizações Internacionais 10 � Conceito: “uma associação de Estados estabelecida mediante um acordo internacional por três ou mais Estados, para a consecução de objetivos comuns e dotada de estrutura institucional com órgãos permanentes, próprios e independentes dos Estados membros” (Barbé, 1995, p. 154). � Surgimento: o papel da Revolução Industrial � A I Guerra Mundial e as Organizações Internacionais � Tipologias: composição, funções e estrutura institucional � Dois tipos de organizações: � Organizações universais – ou com vocação de universalidade. Assim, estão potencialmente abertas à participação de todos os Estados do sistema. p.e., ONU. � Organizações restringidas, formadas por um número limitado de membros, também chamadas de organizações regionais. Limitam de modo geográfico ou funcional os potenciais Estados membros. p.e., OCDE, OTAN. A estrutura do sistema internacional 11 � Se trata da configuração de poder que surge das relações entre os atores. � A tipologia dos sistemas internacionais: a importância do número de potências A estrutura do sistema internacional � Unipolar ou imperial � Potência hegemônica possui o poder de coerção; há certa homogeneidade do sistema de valores (que decorre por consenso ou coerção da potência hegemônica) � A mudança: a partir da erosão interna da potência hegemônica, induzida de fora do sistema ou devido às relações horizontais entre os demais Estados do sistema. 12 A estrutura do sistema internacional � Bipolar � Poder de coerção exercido por duas potências. � Valores: homogêneo ou heterogêneo. A heterogeneidade propicia a criação de blocos liderados pelas potências. � A estabilidade decorre do equilíbrio de poder entre as potências. � Mudança: a partir da erosão da liderança das potências com relação aos Estados por ela liderados, a partir do enfrentamento entre as potências (guerra) ou da erosão generalizada do sistema em função do estabelecimento de relações entre os blocos por parte dos Estados liderados por ambos os lados. 13 A estrutura do sistema internacional � Multipolar � Poder de coerção está mais dividido, e o mecanismode equilíbrio de poder está mais associado à idéia de aliança. Assim, a aliança se contrapõe a qualquer tentativa de hegemonia por parte de alguma das potências. � Heterogeneidade de valores suscita uma maior incerteza (cf. Realismo Neoclássico e Schweller). � Mudança: decorre da alteração das alianças entre as potências ou à aparição de novas potências no sistema. 14 A estrutura do sistema internacional � Multipolar desequilibrado � O poder é exercido pelo hegemon regional que impede a ascensão de um outro hegemon regional � A agenda é direcionada (e não determinada) pelo hegemon regional � A mudança do sistema se dá quando há uma coalisão contra- hegemônica ou quando as capacidades do hegemon são suplantadas pelas capacidades dos principais rivais 15 Espacialidades alternativas de poder 16 • Áreas civilizacionais separadas com pouca comunicação e interação; • Identidade profundamente diferenciada sem a idéia de elementos comuns compartilhados; • Poder político orientado para questões internas e e direcionado para a manutenção dinástica e da ordem interna 1. Agrupamento de mundos Espacialidades alternativas de poder 17 • Unidades territoriais definidas onde cada Estado ganha poder às custas dos demais e cada um possui controle total de seu território; • Êxito também depende da construção de alianças e da idnetificação de pontos de vulnerabildade nos adversários; •Todas as questões concernentes à política se encontram circunscritas pelas fronteiras dos Estados; • Espacialidade dominante: territorialidade estatal; • elites políticas são as elites estatais � 2.Campo de forças Espacialidades alternativas de poder 18 • Estrutura espacial da economia mundial na qual centros, periferias e semi- periferias estão vinculadas por fluxos de bens, pessoas e investimentos; • Transações de mercado produzem desigualdades e concentrações regionais de riqueza e pobreza; • Poder político é uma função de onde, na hierarquia dos locais, dos centros globais às periferias rurais, um lugar está localizado; •Cidades/regiões, terrorismo global e redes criminosas 3. Rede hierárquica Espacialidades alternativas de poder 19 • Ideal humanístico de um mundo no qual comunidade cultural, identidade política e integração econômica sejam todas estruturadas em uma escala global; • Reflete a percepção de problemas globais comuns que não respeitam as fronteiras; • Espaços virtuais e reais se tornam muito semelhantes 4. Sociedade Mundial Espacialidades alternativas de poder 20 � A co-existência contemporânea dos 4 modelos � As tendências em ambas as direções com uma possível “tendência histórica”- vide debates contemporâneos ns RI A estrutura do sistema internacional 21 � A importância da tipificação do sistema internacional: responde a questões fundamentais sobre a ordem internacional: � quem estabelece a agenda internacional? Quem determina ou influencia normalmente as negociações internacionais/mundiais? Quem possui a capacidade para formular soluções e, no caso extremo, impor soluções para além de suas fronteiras mediante (ou não) o uso da força? Que políticas nacionais e internacionais são as que produzem mais impacto no âmbito mundial? Os processos no sistema internacional 22 � Constituem o aspecto dinâmico do sistema internacional uma vez que suas interações são fundamentais para a erosão da estrutura e, consequentemente, para uma possível mudança do sistema � Definição: diz respeito às redes de interação que se originam entre os atores de um sistema � Dois elementos fundamentais a. Tipos de interação b. Intensidade destas interações Os processos no sistema internacional 23 � Definição de interações: � “As interações internacionais são processos politicamente relevantes de comunicação e troca entre os atores no sistema internacional” (Hocking & Smith apud Barbé, 1995, p. 205) � A importância do critério “relevância política”: a idéia de redistribuição de poder e a diferenciação entre ações em função de sua relevância � Os tipos fundamentais de interação: conflito/cooperação Os processos no sistema internacional O contínuo conflito/cooperação24 Guerra Conflito Cooperação Integração Máximo nível de discórdia Uso da força em defesa dos interesses Incompatibilidade de interesses Coordenação de interesses a partir da percepção de problemas comuns Nível nulo de discórdia Interesse supra- nacional Os processos no sistema internacional 25 a. O conflito como interação básica: a guerra � A pluralidade de definições � Elemento fundamental do conceito: � Ações incompatíveis com os interesses ou com os objetivos de outra(s) parte(s) � Dois aspectos elementares o conceito: i. Escassez ii. Incompatibilidade Os processos no sistema internacional 26 b. A cooperação como interação básica: a integração � Critérios para a distinção entre os tipos de cooperação: 1. Áreas que são objeto de cooperação i. Cooperação política ii. Cooperação econômica iii. Cooperação técnica 2. Nível de formalização da cooperação i. Formais ii. Informais 3. Atores relacionados ou nível da cooperação i. Nível interestatal – bilateral ou multilateral ii. Nível governamental subestatal iii. Nível transnacional iv. Nível supraestatal
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