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UNIFMU FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA C.P.P.G – CENTRO DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Alexandre Barbosa de Souza SÃO PAULO 2004 ALEXANDRE BARBOSA DE SOUZA ATIVIDADE FÍSICA E DIABETE MELITO Monografia apresentada à Faculdade de Educação Física do UniFMU Centro Universitário, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Atividade Física Adaptada e Saúde. ORIENTADOR: PROF. DR. LUZIMAR TEIXEIRA CO-ORIENTADOR: PROF. MS. LUCIANO PONTES JUNIOR AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me dado mais uma chance de evoluir e elaborar esse trabalho, cujo qual espero que sirva de recurso para muitas pessoas que dele precisarem. Minha mãe Yule por me incentivar e apoiar sempre que eu precisei. Te amo mãe Professor Doutor Luzimar Teixeira e professor mestre Luciano Pontes Jr, por me orientarem nas consultas bíbliográficas bem como me ajudarem na montagem do trabalho. Agradeço também a todos os profissionais que me ajudaram: Cleiton Augusto Libardi, David Alvisi, Érika Sarita, Flávia Maluf Romanelli, Maria Cândida Camargo Rolim e Patrícia C. Nogueira, e ainda, aqueles que me apoiaram e também a todos que não acreditaram em mim. A todos o meu muito obrigado. DEDICATÓRIA Em primeiro lugar dedico este trabalho a DEUS, por ter me dado mais uma chance de evoluir como profissional. Dedico á minha mãe, quem mais lutou e se dedicou para que eu conseguisse chegar onde cheguei, mesmo diante de muitas dificuldades. Mãe amo a senhora! Ao meu pai, que onde quer que esteja, está vendo que eu venci mais uma fase. Dedico também a todos os profissionais da área e a todos aqueles estão ligados à mesma de uma forma ou de outra. SUMÁRIO Página AGRADECIMENTOS ..........................................................................................i DEDICATÓRIA ...................................................................................................ii LISTA DE TABELAS ........................................................................................iv RESUMO .............................................................................................................v ABSTRACT ........................................................................................................vi INTRODUÇÃO ...................................................................................................7 OBJETIVO .........................................................................................................10 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................11 DISCUSSÃO ......................................................................................................55 CONCLUSÃO ....................................................................................................68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................69 LISTA DE TABELAS Página Tabela 3. 1 Comparação entre Diabete melito 1 e 2 ............................................7 Tabela 3. 2 Valores de glicose plasmática (mg/dl) para diagnóstico de Diabete Melito e seus estágios pré clínicos .....................................................................15 Tabela 3. 3 Ações da insulina e seus efeitos .....................................................19 Tabela 3. 4 Benefícios do exercício ..................................................................37 Tabela 3. 5 Os hormônios e seus efeitos ...........................................................39 Tabela 3. 6 Alteração percentual dos níveis de insulina ...................................41 Tabela 3. 7 Modelo de treinamento em circuito ................................................53 Tabela 3. 8 Modelo de treinamento em circuito não tradicional .......................54 RESUMO Esta revisão de literatura apresentará informações sobre as complicações associadas à síndrome do Diabete Melito, sua etiologia, diagnóstico, parâmetros fisiológicos, assim como a insulina, seu mecanismo de ação, seu órgão secretor e seu efeitos. Estas informações servirão de subsídios para uma melhor compreensão do assunto principal deste trabalho, que é a utilização da atividade física regular, como coadjuvante no tratamento do Diabete Melito, principalmente para os indivíduos diabéticos tipo 2. Nesse sentido, o foco deste trabalho é demonstrar a importância das atividades físicas, seja ela aeróbia e/ou anaeróbia, em benefício de um controle da síndrome, através da prescrição de atividades físicas individualizadas, com o intuito de otimizar seus efeitos em função da intensidade, duração, freqüência semanal, e ainda, será também apresentada sugestões e propostas do como prescrever o treinamento para diabéticos, seguindo os padrões de eficiência e segurança. O exercício físico confere ao diabético tipo 1, benefícios fisiológicos comuns a todos os indivíduos, porém tem pouca expressão sobre a síndrome em si, de modo que seu maior valor em termos de benefícios no controle da síndrome está mais ligado ao diabético tipo 2. Palavras chaves: atividade física, Diabete Melito, treinamento de força, treinamento aeróbio, endurance, resistência insulínica. ABSTRACT This revision of literature will present information on the complications associated to the syndrome of the Melito Diabetes, its etiology, diagnosis, physiological parameters,as well as the insulin, its action’s mechanism, its secretor organ and its effects. This information will serve of subsidies for a better understanding of the main subject of this work, which is the use of the regular physical activity, as coadjuvante in the treatment of the Melito Diabetes, mainly for the type 2 diabetic individuals. In this sense, the focus of this work is to demonstrate the importance of the physical activities, either aerobic and/or anaerobic it, in benefit of a control of the syndrome, through the prescription of individualized physical activities, with intention to optimize its effect in function of the intensity, duration, weekly frequency, and still, will be also presented suggestions and proposals on how to prescribe the training for diabetic, following the patterns of efficiency and security. The physical exercise provides to the type 1 diabetic, physiological benefit common to all the individuals, however it has little expression on the syndrome itself, in a way that its bigger value in terms of benefits on the control of the syndrome is more related to the type 2 diabetic. Words keys: physical activity, Melito Diabete, strength training, aerobic training, endurance and insulin resistance. 1 - INTRODUÇÃO A síndrome do Diabete Melito está associada a problemas de retirada de glicose do sangue, conforme AMERICAN COLLEGE of SPORT MEDICINE (2000) apud ARAÚJO (2000), podendo ou não apresentar resistência periférica insulínica dos tecidos alvos com possíveis distúrbios como hiperglicemia, glicosúria, tendência ao desenvolvimento da aterosclerose, microangiopatia, nefropatia e neuropatia (SBD, 2000; GROSS et al., 2001; GUYTON, 1973), levando ainda, à morte (POWERS & HOWLER, 2000). Já em 1930, segundo DÂMASO (2001), o Diabete Melito passou a ser considerado uma síndrome causada por vários fatores que interagem entre si e por ser constatado a ausência de sensibilidade à insulina em pacientes de idade mais avançada. De acordo com CAMPOS (2000), devido a esta disfunção, ocorre um elevado nível de açúcar no sangue, bem como sua eliminação pela urina. Tal excesso de açúcar não é utilizado como fonte de energia no diabético, resultando em acúmulo e conseqüentemente em altas taxas de açúcar sangüíneo (VALLE; 1979). WYNGAARDEN & SMITH (1986), definem que o Diabete Melito é uma síndrome que abrange uma constelação de anormalidades anatômicas e bioquímicas, as quais apresentam um distúrbio na manutenção do equilíbrio da glicemia normal, graças a uma disfunção das células beta do pâncreas endócrino. Para SCHAUF et al, (1993) tal síndrome é uma fome celular em meio a abundância. De acordo com a ACSM (2000) apud ARAÚJO (2000), existem dois tipos principais desta síndrome, sendo um o Diabete Melito tipo 1, que resulta de uma deficiência pancreática de produção de insulina ou relacionada com anormalidades metabólicas. O outro tipo da síndrome é o 2, que está associada à sensibilidade celular diminuída de insulina. Conforme as informações de ALBRIGHT, et al., (2003), embora os fatores genéticos que causam o Diabete Melito tipo 2 não estejam bem esclarecidos, em alguns casos, podem também, apresentar uma deficiência pancreática na produção/liberação de insulina incidindo a maior faixa de ocorrência em questões de idade avançada, histórico familiar, baixo nível econômico e obesidade (principalmente a distribuição de gordura intra abdominal). A síndrome do Diabete Melito atinge aproximadamente 7,6% da população adulta entre 30 a 69 anos (GROSS et al., 2001; VIVOLO et al., 1996), sendo a maior parcela portadora de Diabete Melito tipo 2 (VIVOLO et al., 1996) e ainda abrange cerca de 0,3% das gestantes, entretanto, cerca de 50% dos portadores de Diabete Melito desconhecem que apresentam tal síndrome (GROSS et al., 2001). Além dos problemas metabólicos relativos à manutenção da glicemia, o indivíduo diabético pode também apresentar várias outras complicações associadas (CAMPOS, 2000; VALLE, 1979; WYNGAARDEM & SMITH, 1986; McARDLE et al., 1996). Entre estas complicações, que serão citadas no decorrer deste trabalho, de acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA de DIABETES (2000), a hipertensão arterial está presente em aproximadamente 50% dos diabéticos tipo 2, e nos diabéticos tipo 1 se manifesta tardiamente juntamente com o surgimento da microalbuminúria progredindo para macroproteinúria e redução da função renal. ALBRIHGT (2003) relata que a hipertensão arterial está presente em cerca de 60% dos indivíduos diabéticos tipo 2 e suas complicações estão fortemente ligadas as de origem microvascular e macrovascular, além da incidência do risco cardiovascular ser 50% maior no homem diabético e 150% maior na mulher diabética. Além disso, os diabéticos tipos 2 apresentam uma influência da síndrome sobre a saúde psicológica e quando instalada por um longo tempo requer ajustes psicossociais mais pronunciados, sendo a depressão um dos fatores de forte expressão nos portadores do diabete (ALBRIGHT et al, 2003). É de fundamental importância para o indivíduo diabético a adesão a programas de atividades físicas regularmente (CAMPOS, 2000; COLBERG, 2003; McARDLE et al., 1996;), principalmente o diabético tipo 2, pois são os que mais se beneficiam (McARDLE et al, 1996; VIVOLO et al., 1996). Para CAMPOS (2000), se o exercício tem ou não alguma influência na manutenção dos níveis plasmáticos de glicose isso merece mais estudos, porém a atividade física é de fundamental importância na redução dos riscos de doenças coronarianas através da redução de hiperinsulinemia ou na redução da gordura corporal. COLBERG (2003), afirma que os efeitos benéficos do exercício físico regular podem retardar os processos de envelhecimento e reduzir os riscos associados ao Diabete Melito a longo prazo. Programas de exercícios físicos bem elaborados, incluindo treinamento de endurance e exercícios resistidos, têm sido muito utilizados como terapia para indivíduos portadores de Diabete Melito tipo 2 (ALBRIGHT et al, 2003). N.A. SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes. ACSM - American College Science Medicine 2- OBJETIVO O objetivo deste trabalho é apontar, através de uma revisão literária, os distúrbios associados à síndrome do Diabete Melito, a importância da atividade física regular como coadjuvante no tratamento e prevenção desta disfunção metabólica e também apresentar uma proposta de planejamento do treinamento para diabéticos. 3 - REVISÃO DE LITERATURA A manifestação do Diabete Melito é causada geralmente por um processo auto imune, no qual são destruídas as células beta do pâncreas, que é a glândula produtora e secretora de insulina (ALBRIGHT, 2003; COLBERG, 2003). Ocorre normalmente em indivíduos mais jovens e está associada à deficiência absoluta da secreção de insulina (McARDLEet al., 1996; POWERS & HOWLERS, 2000). O Diabete Melito pode ser causado por lesão das células beta do pâncreas induzida por vírus, fatores genéticos e imunológicos (DÂMASO, 2001). O Diabete Melito tipo 1 tem sua origem primária na destruição das células beta do pâncreas, onde tal destruição, além de ter origem em casos de doença auto imune, apresenta também causas desconhecidas, onde em ambos os casos, com tendências à cetoacidose (SBD, 2000). De acordo com WILMORE & COSTILL (1999) a destruição das células beta pode estar relacionada também com a maior susceptibilidade a viroses e degeneração das células do pâncreas, sendo manifestada geralmente na infância ou na adolescência. Para VALLE (1979) a gravidade do Diabete Melito está associada ao número de células beta destruídas no pâncreas. Quando ocorre a destruição de células beta, há a suspensão total ou parcial de secreção de insulina (COSTILL, 1999; GUYTON, 1973), conseqüentemente, o diabético passa a utilizar gordura como fonte de energia, ocasionando um quadro de cetoacidose diabética (GUYTON, 1973), que, segundo GROSS et al (2001) é a expressão máxima da deficiência de insulina. Raramente é encontrada a deposição de amilóides nas Ilhotas de Langerhans nesse tipo de síndrome (BELL et al., 1996) apud KOESLAG et al (2003). POWERS & HOWLER (2000) alertam que os sinais que merecem atenção para a detecção da existência do Diabete Melito tipo 1 são a micção freqüente, sede exagerada, fome exagerada, perda rápida de peso, fraqueza, fadiga e irritabilidade. Com relação ao Diabete Melito tipo 2, a síndrome é caracterizada por uma resistência insulínica por parte dos tecidos alvos do hormônio pancreático insulina, o que causa uma redução na eficiência da insulina em retirar glicose do sangue (ACSM, 2003; CAMPOS, 2000; McARDLE et al., 1996; NEDEAU & PERONNET et al., 1985), sendo esse quadro resultado de uma desordem metabólica (DÂMASO, 2001), podendo também apresentar uma certa deficiência na produção/liberação de insulina por parte do pâncreas (AIRES et al., 1999: GROSS et al., 2001; SBD, 2000). Conforme colocado por BOOTH et al., (2002), 91% dos casos de Diabete Melito tipo 2 são causados por uma combinação de fatores ambientais, tais como, índice de massa corporal maior que 25, dietas baixas em fibras e cereais, alto consumo de gordura polissaturada, fumo e vida sedentária, como por exemplo a execução de menos de trinta minutos diários de atividades físicas. A obesidade tem uma grande contribuição para o desenvolvimento do Diabete Melito tipo 2 (BOOTH et al., 2002), causando uma redução da resposta aos aumentos de glicose sangüínea pelas células beta, conseqüentemente, as células do corpo que são alvos da insulina, inclusive as células do tecido muscular, passam a ter também menor resposta à ação da insulina, devido à redução do número ou da eficiência dos receptores de tal hormônio (WILMORE & COSTILL, 1999; NEDEAU & PERONNET et al., 1985). Outro resultado da obesidade é a elevação acentuada da secreção de insulina causando a hiperinsulinemia, a qual acompanha o aumento de peso em função da própria obesidade e estilo de vida sedentário, constituindo um fator de risco para o surgimento do Diabete Melito tipo 2, bem como para doença cardiovascular. Também podem ocorrer anormalidades mais sutis na secreção de insulina no início do desenvolvimento deste tipo de Diabete Melito, como a menor freqüência de pulsos de insulina e sua resposta retardada ao aumento dos níveis plasmático de glicose acompanhado de alterações no ciclo e evolução deste quadro, até que ocorra o total não reconhecimento de glicose como estímulo para liberação de insulina pelo pâncreas (BERNE & LEVY et al., 1998). A destruição auto imune de células pancreáticas beta não se faz presente nesse tipo de síndrome, surgindo normalmente por volta de quarenta anos de idade, atingindo seu pico de incidência por volta de sessenta anos (GROSS et al., 2001). Evidências apontam que o desenvolvimento deste tipo de Diabete Melito está associado com a inatividade física e o baixo nível de condicionamento, independentemente da obesidade (POWERS & HOWLER, 2000). De acordo com WESTERMARK & WILANDER (1978), COOPER et al (1978), KHAN (2000) e HAYDEN (2002) apud KOESLAG et al (2003), em cerca de 90% dos casos de Diabete Melito tipo 2 o mais substancial e uniforme aspecto morfológico da doença é a deposição exclusiva de corpos amilóides nas Ilhotas de Langerhans, sendo que, a severidade desse tipo da síndrome, está relacionada com a quantidade de amilóides depositadas nas Ilhotas o que causa a destruição de células beta do pâncreas (KAHN, 2000) apud KOESLAG et al. (2003). O surgimento da deposição dos amilóides em diabéticos tipo 1 é extremamente raro (BELL et al., 1996) apud KOESLAG et al (2003). Algumas comparações entre os dois principais tipos de Diabete Melito são citadas na tabela 1 de acordo com WYNGAARDEN & SMITH (1986): Tabela 3. 1: Comparação entre Diabete Melito 1 e 2 TIPO 1 TIPO 2 Sinonímia Início juvenil, tendência a cetose e instável Início na maturidade, resistência a cetose e estável Dependência da insulina Eventualmente 100% Não freqüente Necessidade insulínica Sempre, exceto nas fases iniciais Cerca de 20 a 50% dos casos Idade de início Pico aos doze anos Pico na quinta ou sexta década de vida Hereditariedade Cromossoma 6? dominante Dominante para o multigênico Gêmeos monozigóticos Concordante entre ¼ à metade Sempre concordante Causa viral, auto imune Provável Não implicada Obesidade Não freqüente Muito freqüente Wingaarden & Smith, (1986). O Diabete Melito inclui uma série de doenças metabólicas oriundas da hiperglicemia, como resultado da deficiência tanto da secreção como da ação da insulina. A hiperglicemia é manifestada por poliúria (urinar excessivamente), polidipsia (ingestão excessiva de água), perda de peso (devido ao metabolismo elevado de gordura, mais freqüente em diabéticos tipo 1), visão turva (devido ao excesso de glicose circulante nos capilares dos olhos), polifagia (a não absorção de glicose nas células originando sensação de fome e não saciedade) e ainda pode ocorrer complicações agudas induzindo à morte. São exemplos a cetoacidose diabética e a síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica (GROSS et al., 2001). O conseqüente aumento do uso das proteínas como fonte de energia em ocasiões especiais, a presença de hormônios que contribuem para hiperglicemia, a prática inadequada de exercícios, estresse, ingestão inadequada de medicamentos, entre outros, podem contribuir para o agravamento de todas essas manifestações de origem hiperglicêmica (CANCELLIÉRE, 1999). O indivíduo diabético descontrolado pode ainda apresentar um quadro de desidratação tanto intracelular como extracelular, devido ao efeito osmótico aumentado da hiperglicemia sangüínea, retirando os líquidos do meio intracelular, como também pela diurese excessiva, na tentativa de eliminar os altos níveis de glicose (CANCELLIÉRE, 1999; GUYTON, 1973).Os principais problemas associados à síndrome são de origem microvascular e macrovascular, os quais incluem uma série de complicações em diferentes órgãos do corpo. Dentre elas estão a doença vascular, ateriosclerose cerebral e cardiovascular, hipertensão, neuropatia autonômica e periférica, nefropatia e retinopatia (GROSS et al, 2001; ALBRIGHT et al, 2003). As doenças cardiovasculares (aterosclerose, arteriosclerose e enfermidades coronárias graves) apresentam uma maior incidência em indivíduos diabéticos, sendo que tais doenças têm seu caráter dentro do alto nível de metabolismo de lipídeos (GUYTON, 1973) e ainda um baixo nível de condicionamento aeróbio está ligado aos riscos de desenvolver uma doença cardiovascular (ZINMAN et al., 2003). O diabético tipo 2 apresenta um VO2max reduzido quando comparado com um indivíduo não diabético (ALBRIGHT et al, 2003). Como forma geral as doenças vasculares são denominadas de doença vascular periférica onde durante o exercício físico, pode ser notada uma dor isquêmica por incompatibilidade de suprimento de oxigênio muscular ativo e demanda, sendo que essa dor ocorre geralmente na panturrilha, mas também pode começar no glúteo e irradiar-se para os membros inferiores. As manifestações isquêmicas podem ainda ser detectadas por sensações de queimação, cãibras, insensibilidade, aflição e tensão e os sintomas geralmente somem com a cessação do exercício ACSM (2000) apud ARAÚJO (2000). Além disso, o excesso de morbidez, bem como a mortalidade no diabético tipo 2 está fortemente associados a tais doenças (McARDLE et al., 1996). A neuropatia periférica é uma doença que afeta os nervos responsáveis pela sensibilidade e que controlam o funcionamento muscular (CAMPOS, 2000). Está associada a úlceras e lesões nos pés do indivíduo diabético sendo sua avaliação possível de ser feita por toques com filamentos finos na sola dos pés do indivíduo, sensibilidade vibratória, reflexos dos tendões e posição dos membros inferiores (ZINMAN et al., 2003). A neuropatia autonômica atinge os nervos que controlam as funções dos órgãos internos importantes como o coração (CAMPOS, 2000) podendo aumentar o risco de problemas cardiovasculares durante a atividade física, apresentar taquicardia de repouso (mais de 100 batimentos por minuto), queda da pressão arterial sistólica em mais de 20 mmHg, ou ainda outros distúrbios do sistema nervoso autônomo, envolvendo a pele, pupilas, sistema gastrointestinal ou sistema geniturinário (ZINMAN et al., 2003). De acordo com WYNGAARDEN & SMITH (1986), na retinopatia a concentração excessiva de glicose nos cristalinos dos olhos e nos rumores ópticos resultam na turvação da visão e dificuldades de acomodação e miopia, podendo também ocorrer a opacificação do cristalino formando a catarata, bem como a presença da lipemia retinalis, onde as artérias e veias do globo ocular apresentam uma cor avermelhada ao invés de sua coloração normal que é vermelho escuro. As lesões de retina nos diabéticos consistem de uma retinopatia de fundo, que apresenta microaneurismas e exsudatos devido a distúrbios na parede capilar levando à formação de bolsas, micro aneurismas e aumento de extravasamento de proteínas (WYNGAARDEN & SMITH, 1986). Segundo SCHAUF et al, (1993), os elevados níveis de glicose sangüínea saturam os mecanismos renais de transporte da glicose causando seu extravasamento pela urina. Para WYNGAARDEN & SMITH (1986), os rins ficam sujeitos a infecções, sendo, o principal problema para o diabético, a microangiopatia, onde a presença da proteinúria relatada em cerca de dois terços dos pacientes, com média de vinte anos da instalação da doença progride para o comprometimento dos rins e manifestação da uremia em cerca de cinco anos, com 40% de diabéticos tipo 1 levados à morte por insuficiência renal. Com menor freqüência podem surgir também em indivíduos diabéticos, manifestações dermatológicas, resultantes das complicações micro e macrovasculares, das predisposições a infecções e aos distúrbios lipídicos secundários do sangue (SCHAUF et al, 1993). A incidência de Diabete Melito, principalmente tipo 2, é bem relevante na população portadora de lesões da coluna vertebral, bem como doenças cardiovasculares, sendo ambas associadas à obesidade e estando diretamente correlacionadas ao grau de inatividade física, nível de lesão da coluna vertebral e ao período decorrido após a ocorrência da lesão. Portanto, desta forma, em relação a pessoas não portadoras de lesão de coluna vertebral, a incidência de Diabete Melito tipo 2 é bem maior em portadores de LCV (KOCINA, JOHNSON e ALBUQUERQUE, 2002). Em um estudo realizado por Imai e Col. apud KOCINA, JOHNSON e ALBUQUERQUE (2002), foi observado a presença de Diabete tipo 2 em 22% de todos os paraplégicos analisados, sendo que a incidência da síndrome era de 11% nas pessoas da população em geral observadas, portanto indivíduos com LCV apresentam uma alta concentração de glicose plasmática e maior resistência à insulina. Outro estudo realizado por Duckworth e Col. apud KOCINA, JOHNSON e ALBUQUERQUE (2002), detectou uma estreita relação entre o nível de resistência à insulina e o nível e duração da LCV. Neste estudo foram observados 52% portadores de LCV e em 23% foram detectados níveis de glicose plasmática acima de 130mg/100ml de sangue em jejum, 30% apresentaram hiperglicemia (acima dos 200mg/100ml) após receberem glicose via oral e mais de 40% apresentaram elevados níveis de insulina durante o teste de tolerância glicose por via oral. Esses indivíduos resistentes à insulina eram mais obesos e estavam com LCV há mais tempo que os não resistentes ao hormônio. Segundo HURLEY & ROTH (2000), a obesidade pode ser um fator que aumente a resistência à insulina sendo assim, de acordo com KOCINA, JOHNSON e ALBUQUERQUE (2002), a inatividade física pode explicar tal estudo, pois a maioria dos receptores de insulina está localizada no sarcolema, além das membranas adipócitas e a reduzida massa muscular pode diminuir o número de receptores insulínicos. Outro fator que pode induzir pessoas com LCV à síndrome do Diabete são as lesões acima de T4, o que afetam significativamente o sistema nervoso simpático, prejudicando a estimulação/liberação de adrenalina em quadriplégicos, uma vez que a adrenalina promove glicogenólise e aumenta a absorção de insulina no músculo esquelético. Tais conseqüências podem reduzir a atividade dos receptores de insulina dos músculos esqueléticos atrofiados (KOCINA, JOHNSON e ALBUQUERQUE, 2002). De acordo com o ACSM (2000) apud ARAÚJO (2000), de forma geral as doenças vasculares são denominadas de doença vascular periférica onde durante o exercício físico, pode ser notada uma dor isquêmica por incompatibilidade de suprimento de oxigênio muscular ativo e demanda, sendo que essa dor ocorre geralmente na panturrilha, mas também pode começar no glúteo e irradiar-se para os membros inferiores. As manifestações isquêmicas podem ainda ser detectadas por sensações de queimação, cãibras, insensibilidade, aflição e tensão e os sintomas geralmente somem com a cessaçãodo exercício. Além disso, o excesso de morbidez, bem como a mortalidade no diabético tipo 2 estão fortemente associados a tais doenças (McARDLE et al., 1996). A neuropatia periférica é uma doença que afeta os nervos responsáveis pela sensibilidade e que controlam o funcionamento muscular (CAMPOS, 2000). Está associada a úlceras e lesões nos pés do indivíduo diabético sendo sua avaliação possível de ser feita por toques com filamentos finos na sola dos pés, sensibilidade vibratória, reflexos dos tendões e posição dos membros inferiores (ZINMAN et al., 2003). A neuropatia autonômica atinge os nervos que controlam as funções dos órgãos internos importantes como o coração (CAMPOS, 2000), podendo aumentar o risco de problemas cardiovasculares durante a atividade física, apresentar taquicardia de repouso (mais de 100 batimentos por minuto), queda da pressão arterial sistólica em mais de 20 mmHg, ou ainda outros distúrbios do sistema nervoso autônomo, envolvendo a pele, pupilas, sistema gastrointestinal ou sistema geniturinário (ZINMAN et al., 2003). De acordo com WYNGAARDEN & SMITH (1986), na retinopatia a concentração excessiva de glicose nos cristalinos dos olhos e nos rumores ópticos resultam na turvação da visão e dificuldades de acomodação e miopia, podendo também ocorrer a opacificação do cristalino formando a catarata, bem como a presença da lipemia retinalis, onde as artérias e veias do globo ocular apresentam uma cor avermelhada ao invés de sua coloração normal que é vermelho escuro. As lesões de retina nos diabéticos consistem de uma retinopatia de fundo, que apresenta microaneurismas e exsudatos devido a distúrbios na parede capilar levando à formação de bolsas, micro aneurismas e aumento de extravasamento de proteínas (WYNGAARDEN & SMITH, 1986). Segundo SCHAUF et al, (1993), os elevados níveis de glicose sangüínea saturam os mecanismos renais de transporte da glicose causando seu extravasamento pela urina. Para WYNGAARDEN & SMITH (1986), os rins ficam sujeitos a infecções, sendo, o principal problema para o diabético, a microangiopatia, onde a presença da proteinúria relatada em cerca de dois terços dos pacientes, com média de vinte anos da instalação da doença progride para o comprometimento dos rins e manifestação da uremia em cerca de cinco anos, com 40% de diabéticos tipo 1 levados à morte por insuficiência renal. Com menor freqüência podem surgir também em indivíduos diabéticos manifestações dermatológicas, resultantes das complicações micro e macrovasculares, das predisposições a infecções e aos distúrbios lipídicos secundários do sangue (SCHAUF et al, 1993). O diagnóstico do Diabete Melito tem como base as alterações de glicose plasmáticas de jejum ou após sobrecarga oral de glicose, sendo o jejum de 8 horas e a sobrecarga oral de glicose contendo 75 gramas de glicose e ainda para indivíduos adultos fora de gravidez, o teste deve ser repetido em um dia subseqüente para real confirmação dos resultados, sendo esse procedimento desnecessário para indivíduos com sintomas típicos de descompensação ou com glicemia plasmática igual ou acima de 200mg/dl, para crianças que não apresentam quadros típicos de descompensação metabólica utiliza-se 1,75 gramas de glicose por quilograma corporal, porém nunca ultrapassar as 75 gramas de glicose recomendada (GROSS et al., 2001). Outras formas de detecção da presença da síndrome como, por exemplo, a determinação da glicose urinária, investigação de corpos cetônicos na urina hemoglobina glicolisada, secreção de insulina, bem como a detecção de glicose no sangue e o teste de tolerância à glicose são propostas por SKINNER (1999). A ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE DIABETES (1997) apud GROSS et al (2001), propôs que os critérios diagnósticos da síndrome fossem fundamentados na glicose plasmática de jejum, devido à dificuldade de aplicação do teste de tolerância à glicose (TTG), em função do fato da possível ocorrência de náuseas e necessidade de preparação prévia, porém sempre que for possível a utilização deste procedimento, deverá então ser realizado, pois apresenta uma maior exatidão quanto sua função em relação à glicose plasmática de jejum. Essa por sua vez, apresenta como principal ponto negativo, o fato de que seu ponto de corte não está baseado no surgimento de complicações macrovasculares e sim de surgimento de complicações microvasculares (a partir de 126mg/dl, como a retinopatia), sendo que o principal fator de morte de indivíduos diabéticos são as doenças cardiovasculares (58% dos óbitos em diabéticos). Estudos de meta regressão demonstram que concentrações de glicose plasmática de jejum em torno de 75mg/dl, já representam risco de desenvolver doenças cardiovasculares, sendo 30% dos indivíduos que são submetidos ao teste de tolerância à glicose (TTG), apresentam neste tipo de teste, uma glicemia de 100mg/dl. Em função destes dados em relação à taxa de glicose do teste, associada às possíveis complicações de ordem macrovascular no diabético, o EXPERT COMITTEE on the DIAGNOSIS and CLASSIFICATION of DIABETES MELLITUS (2003), conclui que o novo critério para detecção da síndrome situa-se em glicose plasmática de jejum maior ou igual a 100mg/dl. A SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (2000), também preconiza que são dois os testes de tolerância à glicose para diagnosticar a presença de Diabete Melito, sendo eles a medida da glicose no soro ou plasma após jejum de 8 a 12 horas e o teste de tolerância à glicose (TTG), após a administração via oral de 75 gramas de glicose anidra com medidas de glicose plasmáticas dentro de 0 a 120 minutos após a ingestão da solução. A hemoglobina glicada não apresenta eficiência para diagnosticar o Diabete Melito e não deve ser utilizada como instrumento para tal fato (GROSS et al., 2001; SBD 2000) e o uso de tiras reagentes de glicemia também não são considerados adequados para diagnosticar o Diabete Melito (SBD 2000). A seguir será demonstrada uma tabela com os valores de glicemia de acordo com as orientações da SBD (2000) e dos estudos de GROSS et al (2001): Tabela 3. 2: Valores da glicose plasmática (mg/dl) para diagnóstico de Diabete Melito e seus estágios pré clínicos. Categorias Jejum 2 horas após 75 gramas de glicose Casual Glicemia de jejum alterada Acima de 110 e abaixo de 126 Abaixo de 140 (se realizada) Tolerância à glicose diminuída Abaixo de 126 e Acima ou igual a 140 e abaixo de 200 Diabete Melito Acima ou igual a 126 ou Acima de 200 ou Acima ou igual a 200 (com sintomas clássicos) Adaptado de SBD (2000) A insulina é o principal hormônio controlador do metabolismo energético (AIRES et al., 1999). Ela realiza o transporte de glicose para o interior das células alvo e controla o metabolismo intermediário da mesma, além do que, promove a produção de glicogênio, lipídeos e proteínas estimulando a incorporação dos aminoácidos nestas últimas (DÂMASO, 2001), promovendo o reparo das estruturas compostas por proteínas e lipídeos (SCHAUF et al, 1993). Conforme VANDER et al (1981), é um hormônio protéico secretado pelas ilhotas de Langerhanssituadas no pâncreas. Este hormônio é armazenado nos grânulos das células beta na forma de hexâmero cristalino com 2 átomos de zinco em cada hexâmero, e no plasma a insulina é transportada na forma de monômero (BULLOCK et al., 1995). O cálcio extracelular promove a secreção de insulina quando esse se liga a uma proteína no interior da célula beta, que é uma proteína de ligação de cálcio denominada de calmodulina. A insulina apresenta ainda uma meia vida de cerca de 5 minutos (BULLOCK et al., 1995). Exerce importante função sobre o direcionamento do fluxo metabólico de carboidratos, proteínas e gorduras nos tecidos hepáticos, muscular e adiposo (AIRES et al., 1999), atua nos receptores IGF, o que pode contribuir de forma adicional ao anabolismo do organismo de uma maneira geral (BACURAU et al., 2001). Tem como principal função o metabolismo de glicose em todos os tecidos do corpo, com exceção do cérebro e áreas encefálicas, acarretando uma redução da glicose sangüínea (McARDLE et al., 1996; VANDER et al., 1981). A insulina é secretada pelo pâncreas, mais especificamente pelas células beta das Ilhotas de Langerhans situadas no pâncreas endócrino, as quais são também sensíveis à concentração de glicose sangüínea (KOESLAG et al., 2003; McARDLE et al., 1996). Sua secreção é controlada por fatores metabólicos, neurais e hormonais, sendo a glicose o principal regulador metabólico da secreção de insulina desencadeando sua liberação em torno de 30 a 50 segundos (AIRES et al., 1999), atingindo seu pico em cerca de 5 a 10 minutos. Primeiro ocorre a fase da liberação com posterior queda de secreção para depois aumentar novamente, de maneira mais lenta e prolongada, atingindo o pico em torno de 15 a 30 minutos persistindo enquanto forem mantidos altos os níveis de glicose (AIRES et al., 1999; WYNGAARDEN & SMITH, 1986). A glicose por sua vez, estimula tanto a liberação de insulina como sua síntese, sendo que a concentração de glicose necessária para estimular a síntese pode ser apenas a metade da concentração necessária para estimular a liberação (AIRES et al., 1999). De acordo com WEST et al., (1985) o sistema endócrino é influenciado pelos fatores alimentícios e também pelos intermediários metabólicos, como por exemplo, a ingestão de glicose, a qual estimula a liberação de insulina e suprime a de glucagon, porém a liberação de insulina também está relacionada ao metabolismo de gordura e proteínas. A secreção de insulina é diretamente controlada e proporcional à concentração de glicose sangüínea que passa pelo pâncreas, sendo esta concentração detectada pelos GLUT 2, contidos nas células beta e informando ao pâncreas a quantidade adequada de insulina a ser produzida e/ou liberada (KOESLAG et al., 2003; McARDLE et al., 1996). Normalmente a secreção de insulina obedece a uma concentração de glicose sangüínea a partir de 80mmg/ml ou 4,5 mmol/l (BULLOCK et al., 1995). Para um melhor entendimento de sua secreção BERNE & LEVY et al., (1998) fazem a seguinte descrição: 1) O GLUT 2, situado nos canalículos entre as células beta, promove a entrada de glicose para o interior destas aumentando sua concentração; 2) A resposta da célula beta em relação ao aumento da concentração de glicose em seu interior parece ser controlada por uma enzima denominada de glicocinase, que promove a primeira etapa responsável pela limitação da velocidade na utilização da glicose pelas ilhotas de Langerhans (fosforilação da glicose). Um sinal para liberação de insulina é gerado pela glicose 6 fosfato e o ritmo de secreção da insulina é paralelo à oxidação da glicose; 3) Simultaneamente à oxidação de glicose, ocorrem aumentos nas concentrações de ATP, ATP/ADP, NADH, NADPH e íons de hidrogênio; 4) É aberto um canal de potássio, sensível ao ATP, se ele fecha, o fluxo de potássio proveniente da célula beta é suprimido causando a despolarização da célula. Isso permite o aumento da concentração de íons de cálcio no interior da célula beta promovendo rapidamente a ativação do mecanismo dos grânulos secretores ao longo dos microtúbulos e uma proteína G monomérica (GTPase) se fixa aos grânulos fazendo-o aderir na membrana da célula e segue-se a liberação da insulina. Estes processos descritos acima levam cerca de um minuto, após a exposição à glicose, para acontecerem. O transporte da insulina através da parede capilar constitui a primeira parte da ação deste hormônio (BERNE & LEVY et al., 1998). É conhecido também como hormônio da abundância, pois quando a disponibilidade de nutrientes é excessiva à demanda do corpo, tal excesso é armazenado na forma de glicogênio no fígado, gordura no tecido adiposo e proteína no músculo (CONSTANZO, 1999). Quando a insulina atinge sua célula alvo ela combina-se com seu receptor específico situado na membrana plasmática (receptor glicoprotéico) (BERNE & LEVY et al., 1998), após ter sido efetuada a ligação da insulina com seu receptor específico, é então desencadeado o efeito metabólico do hormônio (STADIE et al., 1953; ROTH et al., 1975; KAHN et al., 1981) apud WEST et al, (1985). As principais ações da insulina e seus efeitos sobre os níveis sangüíneos são citados na tabela 3.3 por CONSTANZO (1999). Tabela 3. 3: Ações da insulina e seus efeitos Ação da Insulina Efeitos Sobre os Níveis Sangüíneos Aumenta a captação de glicose Reduz a glicose sangüínea Aumenta a formação de glicogênio Reduz a glicogenólise Reduz a gliconeogênese Aumenta a síntese protéica Diminui a concentração de aminoácidos no sangue Aumenta deposição de gorduras Reduz a concentração de ácidos graxos no sangue Reduz a lipólise Reduz a concentração de cetoácidos no sangue Aumenta a captação de potássio nas células Reduz a concentração de potássio no sangue Adaptado de CONSTANZO, (1999). A diminuição da glicose sangüínea pode ser explicada da seguinte maneira: a insulina estimula a captação de glicose pelos tecidos como os músculos e tecido adiposo, bem como inibe a liberação de glicose pelo fígado (CONSTANZO, 1999; WEST et al., 1985), promove a formação de glicogênio muscular e hepático a partir de glicose (BULLOCK et al., 1995; CONSTANZO, 1999) e a insulina ativa a enzima glicogênio-sintetase que produz glicogênio e ativa a fosfofruquinase que causa a utilização de glicose (BULLOCK et al., 1995). Em relação às concentrações sangüíneas de ácidos graxos e cetácidos a insulina tem um efeito metabólico global que inibe a mobilização e oxidação das gorduras aumentando sua deposição, sendo assim reduz-se os níveis de circulantes de ácidos graxos e cetoácidos circulantes (CONSTANZO, 1999). No tecido adiposo a insulina estimula a deposição de ácidos graxos e inibe a lipólise, ao mesmo tempo em que isso causa a inibição da formação de cetoácidos pelo fígado e significando a redução da degradação de gordura e conseqüentemente redução do substrato de acetil como enzima A disponível para formar cetoácidos (CONSTANZO, 1999; GUYTON, 1973). A captação de aminoácidos sangüíneos também é aumentada na presença de insulina,causando sua redução no sangue e reduzindo o catabolismo dos tecidos que os captam (CONSTANZO, 1999; GUYTON, 1973). Quanto a captação de potássio, a insulina apresenta uma ação protetora contra a elevação sérica deste, sendo ele transportado para as células alvo juntamente com a glicose e outros substratos. Além disso, a insulina parece ter também um efeito direto sobre o centro de saciedade hipotalâmico, independente das variações que produz na concentração sangüínea de glicose (CONSTANZO, 1999). Os tecidos em que a insulina manifesta suas ações metabólicas, são os tecidos do músculo esquelético, músculo cardíaco, músculo liso, tecido adiposo, leucócitos, cristalino, pituitária, fibroblastos, glândula mamária, aorta e fígado. Os tecidos em que a insulina não manifesta suas ações metabólicas são: o cérebro (provavelmente com exceção da área do hipotálamo), túbulos renais, mucosa intestinal e glóbulos vermelhos (GANONG, 1973). Como dito anteriormente por BURNE & LEVY et al, (1998), a primeira etapa da ação da insulina é seu transporte pela parede dos capilares, porém para CONSTANZO (1999) a ação da insulina começa quando este hormônio se liga ao seu receptor específico na membrana celular, que é um tetrâmero formado por duas subunidades alfa (que ficam no exterior da célula) e duas subunidades beta (que atravessam a membrana), com uma ponte dissulfeto conectando as subunidades alfa, cada uma destas, se comunica com uma subunidade beta também por ponte dissulfeto. De acordo com MARZZOCO & TORRES (1996), essa modificação estrutural do receptor de insula promove a ligação à proteína G fazendo com que a subunidade alfa se ligue à GTP promovendo a dissociação de suas outras subunidades permitindo que se crie o complexo alfa-GTP-adenilato ciclase, causando dessa maneira a formação do segundo mensageiro (CAMP). A função desse segundo mensageiro é promover a migração de vesículas citoplasmáticas para a membrana plasmática, tais vesículas contêm os GLUTS-4 que são expostos ao contato com a glicose, permitindo assim o seu carregamento para o interior das células musculares. O pâncreas é o responsável pela secreção de insulina e é uma glândula de formato alongado que pode ser dividida em cabeça, corpo e cauda, sendo também uma glândula mista, ou seja, exerce uma função endócrina e outra exócrina (ROSS & ROWRELL, 1993). Apresenta cerca de 14 centímetros, pesando aproximadamente 60 gramas, estando situada logo abaixo do estômago (McARDLE et al, 1996). As Ilhotas de Langerhans constituem a porção endócrina do pâncreas (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999), compondo aglomerados arredondados e discretos de células distribuídas pelo tecido pancreático e estão situadas em seu componente exócrino (STEVENS & LOWE, 2001; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999). Segundo GANONG (1977) as Ilhotas de Langerhans estão espalhadas por todo o pâncreas, mas em maior concentração na cauda que no corpo e na cabeça, constituindo cerca de 1 a 2% de seu peso. No homem existem cerca de 1 a 2 milhões de Ilhotas de Langerhans sendo cada uma delas provida de um abundante suprimento sangüíneo, STEVENS & LOWE (2001) a porção central das Ilhotas de Langerhans contém as células beta. Assim como em todas as glândulas endócrinas, os produtos das Ilhotas são transportados ao seu destino via corrente sangüínea (ROSS & ROWRELL, 1993). As Ilhotas de Langerhans são inervadas pelo sistema nervoso autônomo (S.N.A) em cerca de 10% de todas as células, sendo tanto a parte simpática como a parassimpática inervadoras das ilhotas, as quais apresentam junções gap (STEVENS & LOWER, 2001). Tais junções conectam as células alfa com as células beta e permitem a rápida comunicação célula a célula através do fluxo de corrente iônica ou pela transferência de moléculas (com peso molecular de até 1.000 Daltons). As inervações das células da Ilhota são feitas por neurônios adrenérgicos, colinérgicos e peptidérgicos com as células delta apresentando uma aparência neuronal, enviando prolongamentos semelhantes a dendritos que se ligam às células beta, sugerindo uma comunicação neural intra Ilhota (CONSTANZO, 1999). A estimulação parassimpática aumenta a liberação de insulina e glucagon e a simpática inibe a liberação de insulina (STEVENS & LOWER, 2001). Com relação à atividade física, de uma maneira geral, todos os diabéticos que pretendem começar um programa de exercícios físicos regulares, deverão ser submetidos a uma criteriosa avaliação médica com o intuito de detectar complicações micro e macrovasculares. O objetivo de tal procedimento é para que os programas de treinamento individualizados não tragam qualquer agravamento e possam ser elaborados da melhor maneira possível (ZINMAN et al., 2003). O diabético tipo 2 é o que mais se beneficia com a prática regular de exercícios físicos (CAMPOS, 2000), portanto será dada uma maior importância aos benefícios das atividades físicas para este grupo de portadores de Diabete Melito, bem como algumas características individuais de tal grupo. Com menor ênfase, serão também comentadas as atividades físicas para os portadores de Diabete Melito tipo 1, além de seus riscos e limitações particulares em um subtítulo específico. A atividade física é recomendada para o diabético como uma importante parte de seu tratamento, porém pode apresentar alguns riscos para indivíduo YOUNG (1998) apud NETTO (2000), os quais serão comentados mais adiante. Embora exista uma grande importância das atividades físicas para o indivíduo diabético, não existe ao certo uma dose de exercícios que otimizem os benefícios destes. Contudo é certo que o aumento dos níveis de atividades físicas promovam uma melhora na captação da glicose sangüínea (KELLEY & GOODPASTER, 2000). As atividades físicas para este grupo de indivíduos deverão seguir certas normas como, por exemplo, ser predominantemente aeróbia, não oferecer riscos desnecessários evitando situações onde o socorro não seja possível, deve respeitar as limitações físicas do indivíduo, evitar riscos de lesões ortopédicas em diabéticos com neuropatia periférica ou lesões vasculares periféricas, evitar esportes do tipo boxe e outras artes marciais quando o diabético for portador de retinopatia, entre outras. Portanto temos então como atividades recomendadas para diabéticos a caminhada, jogging, natação, ginástica aeróbia de baixo impacto, hidroginástica, ciclismo, dança e muitas outras; entre as não totalmente desaconselhadas podemos citar a maratona, alpinismo, halterofilismo, mergulho em profundidade e competições em geral, porém necessitam de um cuidado mais minucioso (CANCELLIÉRE, 1999). De acordo com COLBERG (2003), o indivíduo diabético apresenta uma baixa capacidade aeróbia quando comparado a um indivíduo não diabético. Este quadro pode ser explicado pelo fato de que, quando criança, o diabético tenha sido superprotegido evitando assim a prática de atividades físicas, ou ainda, podendo ser também uma conseqüência direta da síndrome devido ao fato de que a ineficiência ou a parcial e/ou total ausência da insulina, pudesse danificar a síntese protéica destes indivíduos, ocasionando um maudesenvolvimento das enzimas oxidativas dos músculos dos diabéticos. Em homens não diabéticos e sedentários a potência aeróbia pode oscilar entre 40 – 50 ml/kg/min e em mulheres 32 – 40 ml/kg/min (PLATONOV & BULATOVA, 2003). É estabelecido que a prática de atividades físicas para indivíduos diabéticos melhora sua capacidade aeróbia devido ao aumento significativo das enzimas oxidativas, porém, estudos relatam que estes aumentos são menores do que em indivíduos não diabéticos (COLBERG, 2003). A prescrição de atividades aeróbias nos programas de atividades físicas para promoção de saúde é uma constante (CARPENTER, 2002), e segundo LEITE (1986) apud CARPENTER (2002) esse tipo de atividade é sugerida para indivíduos de populações especiais, entre outros, os diabéticos, devido à facilidade de monitoramento de alguns parâmetros fisiológicos, tais como a freqüência cardíaca, volume sistólico, controle de pressão arterial e outros. Para CANCELLIÉRE (2000) e NETTO (1999) o melhor tipo de atividade física para indivíduos diabéticos é uma questão de preferência individual do próprio aluno, embora haja uma certa preferência em escolher atividades de caráter aeróbio, devido às contrações rítmicas e envolvimento de uma grande massa muscular, com preferência em selecionar atividades de baixo impacto. COLBERG (2003) cita que para se obter uma condição cardiovascular otimizada o programa de atividades físicas deverá conter exercícios aeróbios. Estudos recentes demonstraram que o treinamento de força favorece uma melhora na utilização da glicose, porém esses benefícios estão associados a aumentos da massa muscular e sua realização deverá ser com uma carga baseada em endurance muscular, com o objetivo de não acarretar elevados níveis de pressão sistólica ao diabético (NETTO, 2000). Segundo COLBER (2003), podem ser utilizados como estímulos para impedir a perda de massa magra com a idade e o desuso, além de promover o aumento da necessidade calórica diária, contribuindo para a sensibilidade insulínica e redução de glicemia. Para FRANCISCHI et al (2001), o treinamento de força, através do aumento de massa magra, pode gerar uma grande contribuição no gasto calórico total do indivíduo. Conforme BACURAU et al (2001), a afirmação de que o gasto calórico é otimizado com o aumento de massa magra através do treinamento de força, deve ser repensada, pois foi demonstrado através de estudos científicos, que para cada um quilo de massa magra adquirido com tal treinamento, indivíduos adultos saudáveis ganharam um aumento na TMR de apenas 7-10 kcal/dia. Foi realizado um estudo composto por 10 sujeitos diabéticos (tipo 2) e 7 homens adultos e saudáveis (grupo controle). Os portadores de Diabete Melito, bem como os homens saudáveis, treinaram força três vezes por semana durante 6 semanas por 30 minutos, porém foi exercitado apenas um dos membros inferiores e, como conclusão de tal experimento, foi verificado um aumento da sensibilidade insulínica por parte da musculatura do membro treinado (HOLTEN et al., 2004). O resultado obtido foi atribuído à melhora dos níveis das proteínas contendo os GLUT-4, enzima glicogênio sintetase e proteína Kinase. A melhora do controle glicêmico do diabético não está exclusivamente associada à potência aeróbia, pois estes indivíduos foram submetidos a um programa de treinamento resistido de intensidade moderada e volume moderado e como resultado do treinamento, houve uma melhora significativa do controle de glicemia, aumento de massa muscular e nenhum efeito sobre a potência aeróbia. Segundo o autor de tal pesquisa, este dado demonstra que o controle glicêmico não está associado exclusivamente ao treinamento aeróbio, mas também ao tamanho do tecido muscular devido ao aumento dos estoques de glicogênio e aumento dos capilares musculares, demonstrando uma forte correlação inversa entre o tamanho do tecido muscular e a concentração de glicose plasmática (ERIKSSON et al., 1996). Após cinco meses de treinamento de força em indivíduos saudáveis foi detectado um aumento de 66% nas reservas intramusculares de glicogênio, porém não é qualquer tipo de treinamento de força que promove melhoras na produtividade das enzimas glicolíticas e sim um trabalho que apresente pelo menos trinta segundos de execução com cargas adequadas por série. Foi também demonstrado que os níveis de glicose sangüínea não são significativamente alteradas durante o treinamento de força (FLECK & KRAEMER, 1999). Várias pesquisas revelam que, com o objetivo atingir um bom controle metabólico, são cinco os principais pontos para o tratamento nos portadores dessa síndrome. São eles a dieta, exercícios físicos regulares, administração de insulina, uso de hipoglicemiantes orais e a educação do indivíduo diabético, sendo que atividade física regular pode dar uma grande contribuição para as melhoras da resistência insulínica pelos tecidos alvos, os quais têm seus transportadores de glicose (GLUT-4) acionados pela contração muscular, semelhantemente à ação da insulina (DÂMASO, 2001). No caso do diabético tipo 2, os fatores genéticos associados à resistência insulínica e à tolerância reduzida de glicose podem resultar em uma baixa e prejudicada capacidade do indivíduo diabético adaptar-se ao treinamento físico, e ainda existem evidências de redução da capacidade funcional mesmo em indivíduos saudáveis que apresentam riscos para desenvolver um Diabete Melito tipo 2, mesmo antes do surgimento da intolerância à glicose (ALBRIGHT et al., 2003). É estabelecido que indivíduos diabéticos quando comparados com indivíduos saudáveis de mesma idade apresentem valores baixos de VO2máx, alterações hiperglicêmicas, redução da densidade capilar, menor extração artério venosa, maior viscosidade do sangue, além da possibilidade de apresentar complicações neuropáticas e vasculares, o que contribui para a redução do VO2máx (ALBRIGHT et al., 2003). Os diabéticos apresentam também distúrbios metabólicos à resposta ao exercício físico, sendo que estes dependem da intensidade, duração, tipo do exercício, condição física do indivíduo, controle metabólico, horário da refeição, e também do horário, tipo e local da administração de insulina ou outro medicamento (NETTO, 2000). Os possíveis efeitos benéficos da atividade física para os diabéticos tipo 2 são substanciais e estudos recentes fortalecem a idéia destas nas terapias e/ou prevenção da ocorrência da síndrome (ZINMAN et al., 2003). Durante a execução das atividades físicas, em indivíduos diabéticos tipo 2, não ocorre diminuição da liberação de insulina e conjuntamente ocorre aumento periférico da utilização de glicose circulante. Isso faz com que a glicemia sangüínea atinja valores muito baixos nesses indivíduos (GOODYEAR & SMITH, 1994, P. 93) apud NETTO (2000). O estilo de vida sedentário, entre outros, é um forte fator ambiental que contribui para o desenvolvimento do Diabete Melito tipo 2, sendo que a obesidade central e um alto nível de ácidos graxos livres podem contribuir para o desenvolvimento de tal síndrome (ALBRIGHT, 2003). Além disso, a atividade física tem umimportante papel na redução dos riscos de doenças coronarianas devido ao fato de reduzir a hiperinsulinemia ou a porcentagem da gordura corporal, o que afeta, sem dúvida, a qualidade de vida do diabético (CAMPOS, 2000; McARDLE et al., 1996), atuando também no perfil psicológico, bem como na prevenção do próprio Diabete Melito em si (McARDLE et al., 1996). Conforme colocado por JAKICIC et al (2001), é muito importante a atividade física para redução de peso corporal, principalmente para os indivíduos que apresentam circunferência abdominal com medida igual ou superior a 102 cm para homens e igual ou superior a 88 cm para mulheres. Além disso, a obesidade tem sido fortemente associada ao surgimento de doenças crônicas, tais como o Diabete Melito tipo 2. A atividade física foi sugerida para diabéticos tipo 2 inicialmente por BJORNTORP, FAHLEN & GRIBY (1972) apud NETTO (2000), quando então foi detectado por estes pesquisadores que o exercício físico melhorava o grau de resistência à insulina e a tolerância à glicose, com níveis de insulina plasmática reduzidos em homens não diabéticos, atletas e homens de meia idade, sendo eles comparados a indivíduos sedentários de mesma idade e altura. RUNDA e Col. (1979) apud NETTO (2000), demonstram que alguns meses de exercícios físicos praticados regularmente apresentam modestas melhoras na tolerância à glicose, sendo que não é necessário que o treinamento físico seja de período prolongado para promover essas melhoras, apenas uma semana já é o suficiente. De acordo com ALBRIGHT (2003) a atividade física, incluindo exercícios de endurance e treinamento resistido, tem sido considerada uma das mais importantes terapias no controle do Diabete Melito tipo 2, ocasionando mudanças favoráveis no grau de resistência insulínica, sendo que estas alterações são deterioradas após 72 horas da realização da última sessão de exercícios. Portanto, é de fundamental importância que a atividade física para o indivíduo diabético seja administrada regularmente para manter os benefícios sobre o grau de resistência insulínica, de forma também a atingir um gasto calórico com cerca de um mínimo 1000 kcal por semana, além de promover também mudanças fisiológicas favoráveis como o aumento do VO2máx, redução da freqüência cardíaca de repouso, volume de curso e ejeção aumentados, melhora da extração artério venosa e redução da pressão arterial de repouso. O treinamento resistido também ajuda o indivíduo a aumentar ou manter seu nível de massa muscular, bem como sua força e resistência localizada. Em concordância com vários autores, POWERS & HOWLEY (2000), sugerem que a atividade física para diabéticos tipo 2 apresente-se na forma de treinamento aeróbio, com intensidade em torno de 70-85% da freqüência cardíaca máxima com a duração de 20-60 minutos e de 5 a 7 vezes por semana, para facilitar o aumento à sensibilidade insulínica bem como para redução de peso corporal. Acima da intensidade citada ocorre nenhum ou poucos ganhos. Os que trabalham a 50% da freqüência cardíaca máxima, em relação à sensibilidade insulínica, recebem o mesmo efeito do que aqueles que trabalham em torno de 70% da freqüência cardíaca máxima e o treinamento de força também deverá ser introduzido no tratamento, porém com pouco peso (POWERS & HOWLEY, 2000). Em um estudo científico realizado por HOUMARD et al (2003), em indivíduos sedentários, com sobrepeso e obesos, foram analisados três protocolos de uma atividade física de caráter aeróbio. Tal estudo contava com um grupo que executava atividades com baixo volume e moderada intensidade (12 milhas com 40 – 55% de VO2Máx por semana), outro grupo que realizava as atividades com baixo volume e alta intensidade (12 milhas com 65 – 80% de VO2Máx por semana) e um terceiro grupo com alto volume e alta intensidade (20 milhas com 65 – 80% de VO2Máx por semana). A conclusão de HOUMARD et al (2003), foi de que todas as formas de execução de atividade física foram eficientes em relação às melhoras da sensibilidade insulínica, porém, o grupo que mostrou melhores resultados foi o que treinou em alto volume e alta intensidade, sendo o menos eficaz, o grupo de baixo volume e moderada intensidade. De acordo com HURLEY & ROTH (2000), a síndrome do Diabete Melito está associada com o envelhecimento bem como uma redução das respostas insulínicas e de massa magra. Tendo esse parâmetro como referência os respectivos pesquisadores levantam a hipótese de que o treinamento de força e o conseqüente aumento de massa muscular podem contribuir para o controle da resposta à ação da insulina bem como com o controle da glicemia, sendo encontradas confirmações em indivíduos jovens, de meia idade e idosos. Entretanto a resistência à insulina não é observada em atletas idosos que também sofrem a deterioração de massa magra, porém apresentam maior massa muscular embora não participem de atividades físicas com o intuito de aumentar a mesma. ERIKSSON et al (1996), também chegaram à conclusão de que a síndrome do Diabete Melito tipo 2 está fortemente associada ao envelhecimento, cujo qual é acompanhado da redução de massa muscular, portanto, segundo o referido autor, essa idéia garante grande suporte à hipótese de que o treinamento resistido deverá ser incluído na programação de atividades físicas para indivíduos com Diabete Melito tipo 2. Os efeitos de redução plasmática da insulina, proporcionado pelo treinamento aeróbio, gera uma contradição na hipótese levantada pelos próprios autores acima citados, pois se acredita que o treinamento aeróbio não aumente a massa muscular e indica que a redução de massa magra com o avanço da idade, não seja responsável pela deterioração da tolerância à glicose (HURLEY & ROTH, 2000). A respeito do diabético tipo 1, todos os indivíduos sem complicações e bem controlados podem freqüentar qualquer tipo de atividade física independentemente de ser recreativa ou competitiva, sendo importante a monitoração da glicemia sangüínea antes e após a atividade física a fim de proporcionar maior margem de segurança, evitando os riscos de hipoglicemia, a qual pode ocorrer durante, após e ainda muitas horas depois de terminada a atividade física (Mc ARDLE et al., 1996). O diabético tipo 1 não deverá iniciar sua sessão de exercícios se a resposta da tomada glicêmica for maior que 250 mmg/dl e se houver também a presença de cetoacidose. Em caso de ausência de cetoacidose, mas com glicemia acima de 300mmg/dl, deve ser tomado cuidado (POWERS & HOWLEY, 2000; ZINMAN et al, 2003). Para os diabéticos tipo 1 o maior risco da atividade física é o seu efeito hipoglicemiante, pois estes indivíduos estão em tratamento insulínico, o que já é capaz de promover os graus desejados de redução de glicose sangüínea. A hipoglicemia geralmente ocorre em uma sessão de exercícios de intensidade moderada com longa duração, devido ao fato de que a produção hepática de glicose pelo fígado não é capaz de acompanhar as demandas energéticas do exercício (McARDLE et al., 1996), podendo também ocorrer a hiperglicemia, cetose, isquemia miocárdica silenciosa, agravamento de lesões na retina e lesõesnas extremidades inferiores (FOSS & KETEYAN, 1998). Na tentativa de impedir a hipoglicemia tardia pós-exercício, HERNANDEZ et al, (2000), avaliaram a eficiência da água, leite integral, leite desnatado, uma bebida contendo carboidratos e eletrólitos e uma outra bebida contendo carboidratos, gorduras e proteínas, durante 1 hora de atividade física em cicloergômetro a 60% do VO2 Máx, não sendo permitido ajustes nas dosagens insulínicas. O resultado encontrado por HERNANDEZ et al, (2000), foi tal que, com água todos os sujeitos tornaram-se hipoglicêmicos, porém a maioria das bebidas ocasionou uma hiperglicemia moderada (200-280mg/dl). Não foi o caso do leite integral que não permitiu um quadro de hipoglicemia durante o exercício, e ainda, no pós-exercício, a glicemia estava em torno de 80-120mg/dl. É necessário então fazer ajustes nas dosagens insulínicas com o objetivo de evitar a hipoglicemia em diabéticos tipo 1 submetidos ao treinamento físico regular (CAMPOS, 2000., McARDLE et al., 1996; ZINMAN et al., 2003). Além disso, POWERS & HOWLEY (2000), citam que é necessário prestar atenção na presença de complicações como a neuropatia autonômica (podendo apresentar respostas anormais da freqüência cardíaca e da pressão arterial ao exercício), neuropatia periférica (diabéticos com esse tipo de complicação podem apresentar dor, comprometimento do equilíbrio, fraqueza e propriocepção reduzida), retinopatia (o aumento da pressão arterial pode agravar o quadro de retinopatia) e complicações renais (que podem alterar o quadro da pressão arterial prejudicando as condições retinianas do diabético portador de retinopatia). Contudo estudos demonstram que em termos de benefícios para sensibilidade à insulina, a atividade física não tem tanto valor assim quanto para o diabético tipo 2, porém sua prática é aconselhável do ponto de vista de outros benefícios fisiológicos comuns a todos os indivíduos saudáveis (ALBRIGHT et al., 2003; CAMPOS, 2000 MAcARDLE et al., 1996). De acordo com POWERS & HOWLEY (2000), os seguintes cuidados devem ser tomados para o diabético tipo 1 que pretende freqüentar sessões de exercícios físicos: 1) Consumir um lanche com carboidratos se a glicemia for menor ou igual a 80-100 mg/dl, em caso de estar acima de 250mg/dl, o exercício deve ser evitado até que a mesma volte aos seus valores inferiores; 2) Não praticar exercícios no momento da ação máxima da insulina, o que depende muito do tipo do hormônio utilizado, sendo que esta deverá ser injetada em partes do corpo onde não sejam exercitadas no respectivo dia de exercício e sua quantidade deverá ser reajustada; 3) Durante a realização dos exercícios a glicose sangüínea deverá ser verificada (para iniciantes de quinze em quinze minutos e para experientes com um tempo de intervalo um pouco maior), deve ser tomada também logo após e de quatro a cinco horas após a atividade física; 4) Consumir carboidratos após a realização das atividades a fim de evitar o risco de hipoglicemia pós-exercício. Segundo os mesmos autores, no caso da presença das complicações citadas acima (neuropatia autônoma, neuropatia periférica, retinopatia e nefropatia), os seguintes cuidados devem ser tomados: 1) Aplicar um teste de esforço para prescrição da atividade física, baseando-se nas respostas cardíaca, percepção subjetiva do esforço e da pressão arterial obtidas durante o teste; 2) Utilizar atividades de baixo impacto e sem cargas; 3) Evitar o levantamento de peso para minimizar os riscos de manobra de Valsalva, o que pode elevar a pressão arterial comprometendo o diabético; 4) Ingerir bastante líquido, trazer sempre carboidratos de forma disponível e uma identificação visível; 5) Sempre se exercitar acompanhado de alguém habilitado para possível emergência. Quanto aos benefícios, existem dois tipos originados pela prática de atividade física, os benefícios imediatos e os tardios (CANCELLIÉRI, 1999). A utilização de exercícios físicos na terapia para o indivíduo diabético, se justifica pelo fato de que a contração muscular estimula o consumo de glicose pelos músculos, promovendo o seu transporte para o interior destes (YOUNG, 1998) apud NETTO (2000). A atividade física é um fator de grande importância no tratamento do portador de Diabete Melito, contribuindo para uma melhora da qualidade de vida e tal como ocorre em indivíduos não portadores de Diabete Melito, podem ocorrer benefícios importantes (MERCURI & ARRICHEA, 2001) Ao prescrever a atividade física para o indivíduo diabético devemos prestar a atenção a três importantes fatores, onde figuram a freqüência, intensidade e duração das sessões de exercícios (CANCELLIÉRE, 1999), sendo citado também por COLBERG (2003) o fator de progressão dos exercícios. A intensidade e duração são os dois fatores mais importantes no efeito da atividade física sobre a glicemia durante a sessão de exercícios e é de acordo com isso que se irá otimizar a ação das vias metabólicas (CANCELLIÉRI, 1999). Os benefícios em relação às respostas insulínicas em um teste de tolerância à glicose, só são conseguidas com o treinamento aeróbio HERSEY et al (1994) apud HURLEY & ROTH (2000), porém SMUTOK et al (1994) apud HURLEY & ROTH (2000), constataram que ambos os treinamentos, aeróbio e moderado treinamento de força, podem proporcionar os mesmos benefícios às respostas insulínicas mediante o teste de tolerância à glicose. As pesquisas de ISHII et al (1998) apud CAMPOS (2000), relataram que o treinamento de força aplicado em pacientes não obesos e não insulino dependentes, quando comparado com indivíduos sedentários, melhorou em 48% a disponibilidade de glicose. Sendo o treinamento administrado cinco vezes por semana durante quatro a seis semanas, utilizando-se duas séries com nove exercícios diferentes com dez a vinte repetições, chegando-se à conclusão de que o treinamento de força moderado e de alto volume promove melhoras na sensibilidade insulínica em diabéticos não insulino dependentes e não obesos. Os benefícios atingidos com a atividade física são de maior relevância para os indivíduos diabéticos do tipo 2, pois são os que mais se beneficiam da atividade física regular, tendo em vista que este grupo de diabéticos apresenta um certo grau de resistência à ação da insulina e que a contração muscular apresenta uma ação análoga a este hormônio, aumentando a permeabilidade da membrana celular, diminuindo dessa forma a resistência e aumentando a sensibilidade à insulina (CAMPOS, 2000). Em relação ao controle da glicemia estudos severos de longo prazo tem demonstrado efeitos benéficos da atividade física regular em relação ao metabolismo de carboidratos e sensibilidade à insulina, utilizando uma faixa de intensidade com cerca de 50 a 80% do VO2máx com duração de 30 a 60 minutos por sessão, com uma freqüência semanal de 3 a 4 vezes por (ZINMAN et al., 2003). Mudanças favoráveis nos tipos de fibra muscular hipertrofia muscular, aumento da densidade capilar muscular, melhoras no sistema enzimático associados com o armazenamento e oxidação de glicose sangüínea, aumento na oxidação de lipídeos,
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