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O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 1 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 2 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 3 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás Santo André 2014 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 4 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 5 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 6 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 7 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .................................................................................................................10 Rafael Marques - Presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC O GRANDE ABC ESTÁ PRONTO PARA O DESAFIO .............................................14 Luiz Marinho - Presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de São Bernardo do Campo GRANDE POTENCIAL E DESAFIOS A VENCER: O ADENSAMENTO DA CADEIA DE PETRÓLEO E GÁS NO ABC ...................18 Jefferson José da Conceição - Coordenador do GT de Desenvolvimento Econômico do Consórcio Intermunicipal Grande ABC Roberto Vital Anau - Assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo A AMAZÔNIA AZUL E O PRÉ-SAL: PLANOS E PROJETOS PARA PROTEGÊ-LOS ...........................................................26 Julio Soares de Moura Neto - Almirante-de-Esquadra e Comandante da Marinha PETRÓLEO E GÁS: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA NACIONAL ..................................................................................34 Mauro Borges Lemos - Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) P&D: UMA MARCA GENUINAMENTE NACIONAL ............................................44 Luís Cláudio Sousa Costa - Gerente do CENPES- Petrobras Marcelo Marinho Simas - Economista da PETROBRAS/ CENPES Rafael Machado Moreira César - Mestrando da Universidade de Bocconi – Milão/Itália COMPROMISSO COM O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL ..........................50 Nelson Silva - Presidente da BG Brasil PRÉ-SAL: POTENCIALIDADES DA REGIÃO DO ABC PARA INTEGRAÇÃO À CADEIA PRODUTIVA DE PETRÓLEO E GÁS .......................54 Nilza de Oliveira - Secretária de Orçamento e Planejamento Participativo (SOPP) de São Bernardo do Campo Sérgio Vital - Secretário adjunto da SOPP Marcelo Benedito - Técnico da SOPP O POLO PETROQUÍMICO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LOCAL ........................................................74 Ciomar Okabayashi - Secretário de Desenvolvimento Econômico de Mauá A CADEIA DO PLÁSTICO COMO FATOR DE DINAMISMO INDUSTRIAL PARA O ABC .................................................................80 Oswana Fameli - Vice-Prefeita e Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de Santo André Organizador Roberto Vital Anau Projeto Gráfico Baracase Design Gráfico Tradução e Revisão QVP Traduções Fotos Divulgação Braskem – Rogério Lorenzoni Studio3x (páginas 4/5; 9; 12/13; 17; 24/25; 32/33; 43; 49; 53; 73; 79; 86/87; 104/105; 109; 114/115; 130/131) Dino Santos (páginas 93; 98/99; 120/121; 125; 135) Capa Foto: Divulgação Braskem – Rogério Lorenzoni Studio3x Criação: Casé Nagot Realização Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo da Prefeitura de São Bernardo do Campo Apoio Braskem Consórcio Intermunicipal Grande ABC Contatos Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC – Tel: 55 11 4433-7352 agenciagabc@agenciagabc.com.br / www.agenciagabc.com.br Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo – Tel: 55 11 4348-1053 gsdet@saobernardo.sp.gov.br Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Marta Lima – CRB-8/5886 A134 O ABC do petróleo e gás: o potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à cadeia de petróleo e gás. / Organizador Roberto Vital Anau. – Santo André : Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, 2014. 278p. : il. color. ; 30 cm. Textos em português e inglês. ISBN: 978-85-68284-00-1 1. Petróleo e gás – ABCD Paulista. 2. Desenvolvimento econômico – ABCD paulista.I. Anau, Roberto Vital, org. II. Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. CDU 665.6/.7(815.6)ABC O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 8 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 9 RIBEIRÃO PIRES E O DESENVOLVIMENTO DAS EMPRESAS NA CADEIA PRODUTIVA DO PETRÓLEO E GÁS .........................88 Paulo Silotti - Secretário de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Pires Larissa Lovato Baumeister Eloiza Reinoso RIO GRANDE DA SERRA PRONTO PARA O DESENVOLVIMENTO ......................................................................................94 Gilvan Mendonça - Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turístico de Rio Grande da Serra PRÉ-SAL: GÁS PARA A GERAÇÃO DE EMPREGOS NO ABC ......................... 100 Paulo Lage - Presidente do Sindicato dos Químicos do ABC O PAPEL DOS TRABALHADORES DO SETOR METAL MECÂNICO NA CADEIA PRODUTIVA DE PETRÓLEO E GÁS ..................... 106 Rafael Marques - Presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC O PAPEL DA UFABC NA SUPERAÇÃO DOS DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS NO ABC ................................................. 110 Klaus Werner Capelle - Pró-reitor de Pesquisa da UFABC Caetano Rodrigues Miranda - Pesquisador do Grupo NanoPetro A FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E A GERAÇÃO DE CONHECIMENTO COMO SUPORTE À INDÚSTRIA DE ÓLEO E GÁS ............................................................ 116 Agenor de Toledo Fleury - Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Carlos Eduardo Thomaz - Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica SUSTENTABILIDADE APLICADA À CADEIA PRODUTIVA DE PETRÓLEO E GÁS E SEUS REQUISITOS PARA A RECONVERSÃO OU DIVERSIFICAÇÃO PRODUTIVA NO ABC .................. 122 André José Araújo Gabriel - Coordenador do curso de Engenharia Ambiental da UMESP A INDÚSTRIA DO ABC E O GÁS NATURAL ......................................................... 126 Prof. Valcir Shigueru Omori - Diretor Geral da Faculdade de Tecnologia Termomecanica Prof. Wilson Carlos da Silva Junior - Diretor Acadêmico da Faculdade de Tecnologia Termomecanica CONTRIBUIÇÃO DO SENAI À INDÚSTRIA DA REGIÃO DO ABC ............. 132 José Heroino de Sousa - Diretor da Escola SENAI “Almirante Tamandaré” BREVE REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS PESQUISAS SOBRE OS NOVOS MARCOS REGULATÓRIOS DO PETRÓLEO ........................................ 136 Marcelo Mauad - Diretor da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 10 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 11 om imensa satisfação, apresento aos investidores nacionais e estrangeiros e à sociedade brasileira esta publicação. Este livro constituiuma coletânea de artigos redigidos por personalidades nacionais e locais. Representantes da indústria petrolífera, inclusive de capital externo; do Governo Federal; da Petrobras; das universidades da região; dos sindicatos e de outros agentes importantes do progresso econômico e social no nosso território e no Brasil, trazem contribuições importantes para o debate. Nosso objetivo com esta obra é discutir e apresentar visões desses diversos setores sobre o enorme potencial do Grande ABC como fornecedor de produtos e serviços à cadeia de petróleo e gás. Cadeia na qual a região já está inserida, mas pode, certamente, ampliar sua relevância na estrutura produtiva, aproveitando as oportunidades que surgem agora, especialmente com a exploração da camada pré-sal. A Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, entidade que presido, voltada à promoção do desenvolvimento econômico sustentável da região, está empenhada em se aprofundar nesse tema, buscando alternativas para que a inserção do Grande ABC nesse setor possa ser efetivamente ampliada. Um exemplo é o potencial que se abre para os trabalhadores do setor metal mecânico da região, que poderá ser bem aproveitado caso as empresas se reestruturem para tal, conforme abordo em meu artigo que também compõe este livro. Outras abordagens relativas a esse tema são apresentadas aqui, sempre com o foco voltado às oportunidades que se abrem para a nossa região e às estratégias necessárias para que se possa aproveitá-las da melhor forma. Nesse contexto, alguns artigos abordam setores específicos como o Polo Petroquímico de Capuava ou o arranjo produtivo local do setor de plásticos. Outros analisam o papel das universidades, a contribuição do Sistema S da região, a formação dos recursos humanos e a geração de conhecimento. O prefeito de São Bernardo do Campo e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Luiz Marinho, também deixa sua importante contribuição ao abordar as ações regionais que estão sendo realizadas para que o ABC possa comportar esse crescimento e continuar dando sua contribuição ao desenvolvimento sustentado do País. Agradeço a todos que participaram com textos e subsídios para a elaboração dessa obra. Estamos certos de que as reflexões aqui apresentadas serão muito importantes para que se possa pensar a região do ABC que queremos para o futuro e, principalmente, o que pode ser feito desde já para alcançar esses objetivos. Boa leitura. APRESENTAÇÃO Rafael Marques Presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 12 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 13 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 14 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 15 Grande ABC já está inserido na cadeia de Petróleo e Gás, com a Refinaria de Capuava e o Polo Petroquímico da Braskem, inúmeras indústrias químicas e plásticas e um forte complexo metal-mecânico. Contudo, nossas sete cidades podem e devem ocupar posição de maior destaque na estrutura produtiva do setor. As imensas oportunidades abertas pela exploração do pré-sal – que devemos sempre recordar com orgulho como a maior conquista da excelência adquirida pela Petrobras na prospecção em águas profundas – representam um desafio inédito para o Brasil e para inúmeras regiões próximas às principais bacias petrolíferas. O Grande ABC está disposto a vencê-lo. A localização privilegiada da Região do ABC – a meio caminho entre a Capital paulista e a Baixada Santista - sua boa logística, ampliada com o Rodoanel, sua excelência acadêmica, sua força de trabalho qualificada, sua expertise empresarial, gerencial e técnica, juntam-se para posicioná-lo como território capacitado a desempenhar papel muito relevante no novo ciclo econômico brasileiro. O Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que tenho a honra de presidir, e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC empenham-se em ampliar as vantagens de nossa região para se inserir com maior ousadia nas novas atividades-líderes do desenvolvimento econômico do País. Destaco, entre tantas iniciativas regionais, a elaboração de um plano regional de mobilidade urbana, entregue pelos Prefeitos das sete cidades ao Governo Federal, durante a visita da Ministra de Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, ao Consórcio Intermunicipal em abril deste ano. O Plano prevê intervenções que priorizam o transporte coletivo e abrange a interligação entre as cidades por meio de corredores. Estima-se um valor de aproximadamente R$ 10 milhões, o conjunto dessas intervenções. Destaco também a chegada da linha 18 do Metrô – que consegui antecipar junto ao Governo do Estado. A ação regional não se limitou às ações na infraestrutura – indispensáveis – mas também teve foco direto na área de Petróleo e Gás. Inúmeros workshops e seminários realizados pelos nossos municípios e nossas entidades regionais com a presença da Petrobras buscaram sensibilizar nosso empresariado para os novos negócios que se abrem neste novo ciclo. Sem abandonar as vocações atuais – automotivo, químico, petroquímico - podemos e devemos diversificar nosso parque produtivo para atender às novas demandas de produtos e serviços. Esse esforço deve envolver as empresas, as universidades, os sindicatos e o poder público em âmbito local e regional. Em uma das oficinas ocorridas na Região do ABC, recebemos, em agosto de 2011, a Sra. Maria das Graças Foster, à época, Diretora de Gás e Energia e, hoje, Presidente da Petrobras. Em sua palestra, a Sra. Graça Foster conclamou o Grande ABC a apoiar o esforço da Petrobras, fornecendo componentes e serviços para as atividades da empresa. Na ocasião, lancei um desafio também às universidades presentes, a partir de informação da atual Presidente da O GRANDE ABC ESTÁ PRONTO PARA O DESAFIO Luiz Marinho Presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC (2013-2014) Prefeito de São Bernardo do Campo Ministro do Trabalho (2005-2006) e da Previdência Social (2007-2008) O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 16 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 17 Petrobras: já havia então uma centena de instituições de ensino superior conveniadas com a estatal para atuar em Pesquisa e Desenvolvimento, mas o ABC, com sua excelência acadêmica, não constava da lista. Insisti com os gestores acadêmicos da região para que buscassem inserir-se na rede de ensino e pesquisa que a Petrobras está construindo no Brasil. As gestões de nossa Região junto à Petrobras pela instalação de um Posto Avançado de Cadastramento (PAC) resultaram na sua efetiva abertura, em junho de 2012, em área específica na Sala do Empreendedor, no Paço Municipal de São Bernardo. Seu campo de ação é regional e visa dar apoio técnico às empresas que desejam inserir-se no cadastro de fornecedores da Petrobras. Essa inserção não é fácil, como se sabe, e a função do Posto é disponibilizar o “caminho das pedras”, especialmente às pequenas e médias empresas. Em seu primeiro ano de funcionamento, encerrado em agosto de 2013, o PAC atendeu cerca de quinhentas empresas do Grande ABC. A partir de 1o de outubro de 2013, o PAC passou a funcionar na sede da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, em Santo André, em nova etapa mais voltada ao conjunto da região, com a expectativa de ser novamentebem-sucedido. Estou convencido de que o Grande ABC tem diante si a possibilidade de uma nova era de crescimento e prosperidade, ancorada em setores de atividade que formarão o eixo do desenvolvimento brasileiro nas próximas décadas, com destaque para a indústria de defesa e o setor de Petróleo e Gás. A região, por meio de seus gestores e seus agentes econômicos – empresários, sindicatos, universidades e governos – tem plenas condições de tirar proveito desse novo ciclo econômico. Dessa forma, o Grande ABC mantém e manterá sua forte contribuição ao desenvolvimento do Brasil. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 18 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 19 tema desta publicação reside nas oportunidades e desafios para a integração mais intensa do parque produtivo do Grande ABC à cadeia produtiva de Petróleo e Gás. Nela, os principais atores da economia local e regional – empresários, sindicalistas, reitores, pesquisadores, autoridades públicas – expõem as óticas dos segmentos participantes da complexa rede econômica do Grande ABC, o maior parque industrial da América Latina. Este artigo apresenta a ótica do poder público. O Grande ABC já possui uma forte inserção na cadeia de Petróleo e Gás, por meio do Polo Petroquímico (Braskem) e da Refinaria de Capuava, acompanhados de um robusto segmento de indústrias químicas em alguns dos sete municípios. O efetivo de empregados dessas empresas atinge o total de 34.658 trabalhadores, em 841 estabelecimentos (RAIS, 2012)1. O Valor Adicionado Fiscal (VAF) gerado no setor chega a R$ 72,9 bilhões (2010), ou cerca de 8,0% % do VAF setorial no Estado de São Paulo2. No entanto, o potencial para a integração regional à cadeia nacional de Petróleo e Gás é muito maior. As enormes oportunidades abertas pela exploração do pré-sal, especialmente na Bacia de Santos, projetam uma demanda gigantesca de produtos e serviços, envolvendo não apenas as indústrias química e petroquímica, mas um conjunto de segmentos industriais – com destaque, não exclusivo, para a metal-mecânica - e grande multiplicidade de serviços. Abordaremos, a seguir, aspectos que estruturam a ação regional rumo ao adensamento da cadeia de Petróleo e Gás: a estratégia de desenvolvimento econômico regional, os fatores favoráveis ao Grande ABC e os desafios que restam por enfrentar e vencer. Estratégia de desenvolvimento econômico regional As Prefeituras da Região do ABC, por meio das suas Secretarias de Desenvolvimento Econômico, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, têm buscado, em linhas gerais, fortalecer o parque produtivo instalado e, por conseguinte, abrir caminho a novos investimentos, inclusive de empresas ainda não estabelecidas na região. Um dos instrumentos de reforço ao parque instalado, que está agora em fase de multiplicação e aperfeiçoamento na Região, são os Arranjos Produtivos Locais (APL’s). Trata-se da reunião periódica de empresas do mesmo setor de atividade, em conjunto com as Gestões Públicas, as instituições representativas do segmento, as instituições de ensino técnico e superior, as instituições financeiras, entre outras, em torno de problemas comuns, em busca de cooperação para seu enfrentamento em conjunto. Vários APL’s estão em funcionamento na Região do ABC neste momento: Ferramentaria; Defesa; Químicas; Autopeças; Indústrias Gráficas; Móveis; GRANDE POTENCIAL E DESAFIOS A VENCER: O ADENSAMENTO DA CADEIA DE PETRÓLEO E GÁS NO ABC Jefferson José da Conceição Coordenador do GT de Desenvolvimento Econômico do Consórcio Intermunicipal Grande ABC Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo Prof. Dr. da USCS Roberto Vital Anau Assessor de desenvolvimento econômico da Prefeitura de São Bernardo do Campo Doutorando em Planejamento e Gestão do Território na UFABC 1Dado informado pelo Sindicato dos Químicos do ABC. 2Cálculos próprios, a partir de dados da Fundação Seade (www.seade.sp.gov.br). O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 20 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 21 Plásticos; Cosméticos; Panificação; Turismo; Bares e Restaurantes, entre outros. Em estágios diferenciados, eles expressam a estratégia de fortalecimento do parque instalado e das vocações locais, com um forte componente cooperativo e participativo. Alguns municípios procuram, neste momento, elaborar / atualizar o Cadastro Geral das Indústrias instaladas na Região, com o propósito de ser dado a público mais um instrumento da estratégia. Isto evidentemente contribuirá para que a Região do ABC possa se apresentar com mais força como fornecedora para a cadeia produtiva de petróleo e gás. O elemento-chave dessa estratégia regional é a combinação entre o enfrentamento dos problemas e dificuldades conjunturais do parque produtivo, de forma cooperativa, com a busca de novas oportunidades de negócios, geração de renda e empregos de qualidade. Ou seja, buscamos articular o presente e o futuro próximo, em forte articulação com os principais atores econômicos locais. Essa busca de novas oportunidades precisa estar acoplada às novas realidades do país, da Política Industrial e das políticas de inovação, bem como aos segmentos já em expansão na presente etapa do desenvolvimento econômico brasileiro. Entre esses setores, a cadeia produtiva de Petróleo e Gás e a indústria de defesa assumem especial destaque no cenário projetado para as próximas décadas. Não se trata de projeções teóricas, mas de diretrizes já estabelecidas no modelo regulatório de exploração do pré-sal e na Estratégia Nacional de Defesa, bem como nas exigências de conteúdo nacional expressas na Política Industrial do Governo Federal, em ambos os casos. Nos dois setores, a Região do ABC está particularmente bem posicionada para se engajar no novo ciclo de crescimento previsto. Deve-se ter claro que nossa estratégia de fortalecer a inserção regional nesses segmentos não pretende, em absoluto, realizar-se em detrimento das vocações já consolidadas na metal-mecânica (em especial, no complexo automotivo) e química. Trata-se de adicionar novos mercados aos já tradicionais, o que, para grande parte dos fornecedores situados nos primeiros níveis (“tiers”) dessas cadeias produtivas, é plenamente factível, com algumas adaptações nas áreas tecnológica, comercial e de recursos humanos. Por isso a ênfase na interação universidade-empresa, em termos de inovação, adaptação tecnológica e formação de pessoas qualificadas. Essa interação constitui uma prioridade de nossa ação regional, seja nos APL’s, seja por meio de intermediação de contatos específicos, seja, especialmente, por intermédio dos Parques Tecnológicos previstos nos municípios da Região. No caso específico do segmento de Petróleo e Gás, a região, além da inserção já existente, beneficia-se de uma localização estratégica, muito próxima à Baixada Santista – onde se localiza um dos maiores campos do pré-sal e que já recebe investimentos vultosos da Petrobras - e a meio caminho desta com a Capital e a Região Metropolitana de São Paulo. O Rodoanel acrescentou grande vantagem logística ao ABC. Outros aspectos de excepcional relevância são o parque produtivo instalado, com particular expertise metal-mecânica e química, a força de trabalho qualificada e a excelência das instituições de ensino e pesquisa. A ênfase em Petróleo e Gás e na Indústria de Defesa materializou-se em várias iniciativas, entre as quais destacamos a inauguraçãodo Centro de Inovação Sueco- Brasileiro (CISB), por iniciativa da empresa aeronáutica Saab, em estreita parceria com a Prefeitura; e a instalação, no Paço Municipal, no ambiente da Sala do Empreendedor, de um Posto Avançado de Cadastramento (PAC) da Petrobras. Sua finalidade é facilitar a inclusão de fornecedores e prestadores de serviços no cadastro da empresa. Em um ano de funcionamento, até agosto de 2013, o PAC atendeu 502 empresas de todos os municípios do ABC, resultando em avanços no cadastramento. Informações de empresários dão conta de que, a partir do apoio obtido junto ao PAC, passaram a receber cotações da Petrobras. Em sua segunda etapa, iniciada em outubro de 2013, na sede da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, espera-se que o PAC contribua para integrar um número ainda maior de empresas da região ao cadastro da estatal. A Região vem buscando constituir seus Parques Tecnológicos. Sabemos que vários municípios procuram atualmente avançar em seus Parques Tecnológicos. No município, fundamos, em 19 de dezembro de 2012, a Associação Parque Tecnológico. Os focos temáticos do Parque Tecnológico são o Automotivo, Defesa, Petróleo e Gás, Ferramentaria e Design. Assim, a própria ênfase dessa instituição aponta para o reforço das vocações atuais da economia regional, simultânea com sua abertura para as novas oportunidades existentes. Um Parque Tecnológico constitui uma organização que associa empresas, sindicatos, universidades, centros de pesquisa e o governo, na criação de um ambiente físico e de relações humanas, propício à inovação, à pesquisa aplicada e ao desenvolvimento de soluções em produtos, serviços e processos produtivos. O Brasil já dispõe de exemplos bem-sucedidos e a Região do ABC pretende se somar a eles, aportando sua própria experiência às dos demais municípios e regiões inovadoras do País, apoiada na estratégia explanada acima. São sócios fundadores da Associação: o CIESP; o Centro de Inovação Sueco Brasileiro (CISB); o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; o Sindicato dos Químicos do ABC; o Sindicato de Trabalhadores na Construção Civil e Mobiliário do ABC; a Universidade Federal do ABC; a FEI (Fundação Educacional Inaciana, ex-Faculdade de Engenharia Industrial); a Universidade Metodista; a Faculdade de Direito; a Fatec; e o SENAI Almirante Tamandaré. Pleitearam sua filiação na Assembleia inaugural a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, a Associação Comercial e Industrial ACISBEC e o APL de Ferramentaria do Grande ABCD. A ação voltada ao adensamento da inserção regional na cadeia produtiva de Petróleo e Gás não se limitou à instalação e funcionamento do PAC, ou às perspectivas de Pesquisa e Desenvolvimento nos Parques Tecnológicos da Região. Ela também se materializou em várias oficinas e Rodadas de O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 22 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 23 Relacionamento realizadas nos últimos anos, nas várias cidades da Região. Neste contexto, destaca-se a presença, em um desses workshops (agosto de 2011), da Sra. Maria das Graças Foster, então Diretora de Gás e Energia da Petrobras e atual Presidente da empresa. Essas atividades buscaram sensibilizar o empresariado local e da Região do ABC para as oportunidades abertas pela exploração do pré-sal e pelos vultosos planos de investimentos da Petrobras. Em paralelo, nossas cidades buscaram reunir as universidades e as instituições de ensino superior com a Universidade Petrobras e com o Centro de Pesquisas – CENPES – da empresa. A própria Petrobras necessita estimular a formação de recursos humanos e a pesquisa aplicada para o ciclo de investimentos e crescimento econômico na sua área de atuação. A exigência de aumento progressivo do conteúdo nacional nas encomendas obriga a empresa a investir na capacitação do setor produtivo nacional, inclusive em termos de inovação tecnológica e qualificação de recursos humanos. Além disso, é urgente avançar na pesquisa aplicada às necessidades tecnológicas e de gestão para os desafios abertos pela extração do petróleo em “mares nunca dantes navegados”, como é o caso explícito do pré-sal. Essas novas necessidades têm levado à externalização das atividades daqueles departamentos da empresa, antes voltados ao público interno e agora em busca de parcerias com instituições de ensino e pesquisa em diversas regiões do País. Um dos resultados dessas reuniões com o setor acadêmico local foi o estímulo ao credenciamento das instituições junto à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O credenciamento é indispensável para que uma instituição habilite-se a receber os investimentos determinados pela própria ANP às empresas atuantes na exploração do pré-sal, conforme prevê a Resolução ANP Nº 33, de 24.11.2005. Esta Resolução determina que: “os concessionários devem investir, no Brasil, o valor correspondente a 1% da receita bruta da produção de um determinado Campo, na realização de despesas qualificadas com pesquisa e desenvolvimento (...). (...) pelo menos 50 % desse valor devem ser despesas realizadas na contratação de projetos/programas em universidades e institutos de pesquisa e desenvolvimento previamente credenciados pela ANP para este fim, doravante denominados de Instituições Credenciadas” (grifos nossos). Além disso, nos casos de “inadimplência para com as obrigações previstas na Cláusula de Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, os valores serão acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data-limite em que a despesa deveria ter sido efetuada até o mês anterior ao da efetiva despesa e de 1% (um por cento) no mês de pagamento” (D.O.U., 25.11.2005). Percebe-se, no documento acima, o propósito explícito de investir parte dos ganhos da exploração de Petróleo e Gás em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, de forma a modernizar o parque produtivo nacional. A exigência de realizar metade desses investimentos em instituições externas às empresas, credenciadas junto à ANP, visa promover um novo ciclo de inovações com a integração de universidades e centros de pesquisa, estreitamente vinculadas às necessidades da cadeia produtiva em todos os níveis. Trata-se, portanto, de oportunidade ímpar para as instituições de ensino e pesquisa relacionadas às áreas do conhecimento relevantes: engenharias, gestão e direito estão inclusas nesse contexto. São áreas do conhecimento fortes na rede acadêmica do Grande ABC. As estimativas do faturamento nos campos do pré-sal são gigantescas. Imaginar o significado de 0,5% desses valores leva a sonhar muito alto em termos de bolsas de estudo, criação e modernização de laboratórios, criação e alteração de cursos e grades curriculares. Desta vez, trata-se de sonhos possíveis de realizar. A iniciativa e a persistência dos atores relevantes – empresas, sindicatos, instituições de ensino e pesquisa, governos – é indispensável para materializar as possibilidades existentes. Neste contexto, no âmbito do GT de Desenvolvimento Econômico do Consórcio Intermunicipal, temos atualmente como uma de nossas metas a elaboração de um Inventário da Oferta Tecnológica existente na Região do ABC – oferta esta que existe tanto nas universidades, escolas técnicas e centros de pesquisa especializados, quanto nos diversos laboratórios e centros de engenharia das empresas privadas. Este inventário certamente contribuirá também para aprofundarmos nossa intervenção na área de petróleo e gás. Entre os desafios a superar, inclui-se a inércia de uma parte do empresariado regional. O empresáriotípico vive assoberbado pelos problemas do dia-a-dia e dificilmente arrisca entrar em novos negócios quando os tradicionais já o requerem intensamente. Adicionalmente, o nome Petrobras é inibidor: muitos empresários de médio e pequeno porte julgam-se distantes das condições mínimas de integração à cadeia de suprimento de empresa tão gigantesca. As oficinas – em que foram realizados networkings empresariais – e o PAC visam romper esse estado de espírito inercial. Da mesma forma, as diversas instâncias das universidades tiveram e têm dificuldades em perceber, com a rapidez necessária, a inédita oportunidade de modernização laboratorial e obtenção de bolsas de estudo, ainda mais porque seu pleno aproveitamento requer algumas alterações internas (grades, cursos, linhas de pesquisa). Na maior parte, trata-se de mudanças incrementais, mas nem por isso mais fáceis de serem implementadas. Todos esses desafios começaram a ser enfrentados pela ação regional. O caminho já se iniciou; o que não significa que os desafios já foram superados. Requer-se continuidade, persistência, capacidade de articulação, criatividade e aperfeiçoamento das ações, para mobilizar todo o potencial da região na área de Petróleo e Gás. As instituições públicas da Região do ABC – Prefeituras, Secretarias de Desenvolvimento Econômico dos Municípios, Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, entre outras - estão fazendo a sua parte. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 24 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 25 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 26 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 27 ão há nação que disponha de litoral e não identifique interesses marítimos que expressem os anseios, as necessidades, as possibilidades e a cultura de seu povo e que, para serem alcançados, dependem da obtenção e do emprego de meios apropriados, bem como de uma estratégia que prepare e aplique, convenientemente, as potencialidades disponíveis. No final da década de 1950, os Estados começaram a se conscientizar de que precisavam de um novo ordenamento jurídico internacional para os oceanos, uma vez que, a cada dia, aumentavam as informações sobre as riquezas que possuíam. Consequentemente, cresciam os interesses pela potencial exploração desses recursos. Em 1982, em decorrência do reconhecimento pela Organização das Nações Unidas (ONU) da conveniência de estabelecer uma ordem jurídica para os mares e oceanos, com a devida consideração pela soberania de todos os Estados - que facilitasse as comunicações internacionais e promovesse seu uso pacífico, a utilização equitativa e eficiente dos seus recursos vivos e não vivos, e o estudo, a proteção e a preservação do meio marinho - foi assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito no Mar (CNUDM) – ratificada pelo Governo brasileiro em 22 de dezembro de 1988. A Convenção, além de estabelecer os princípios gerais da exploração dos recursos naturais do mar, do solo e do subsolo marinhos, e do controle da poluição, define uma série de conceitos, tais como: Mar Territorial (MT): faixa de mar, cuja largura estende-se até o limite de 12 milhas náuticas (MN), contadas a partir das linhas de base do litoral (linhas de referência na costa), sobre a qual o Estado costeiro exerce plena soberania, incluindo o espaço aéreo sobrejacente, bem como seu leito e subsolo; Zona Contígua (ZC): área marítima que se estende das 12 às 24 MN, onde poderão ser tomadas as medidas necessárias para fazer cumprir as legislações aduaneira, fiscal, sanitária ou de imigração; Zona Econômica Exclusiva (ZEE): faixa situada além do MT, até o limite de 200 MN, sobre a qual o Estado costeiro exerce soberania, para fins de exploração, aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo e, no que se refere a outras atividades com vista à exploração e ao aproveitamento para fins econômicos, como a produção de energia a partir da água, das correntes e dos ventos. Além disso, o Estado costeiro também exerce jurisdição, no que se refere à colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas, investigação científica marinha, proteção e preservação do meio marinho; e Plataforma Continental (PC): compreende o leito e o subsolo das áreas marítimas que se estendem até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância limite de 200 MN das linhas de base, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância. Caso a margem continental se estenda além das 200 MN, o Estado costeiro poderá pleitear junto à ONU o prolongamento da PC, até um limite de 350 MN, o que necessita ser A AMAZÔNIA AZUL E O PRÉ-SAL: PLANOS E PROJETOS PARA PROTEGÊ-LOS Julio Soares de Moura Neto Almirante-de-Esquadra Comandante da Marinha O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 28 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 29 comprovado, tecnicamente, mediante os levantamentos apropriados. Em setembro de 2004, o Brasil apresentou à ONU seu pleito de extensão da PC, coroando um grande esforço nacional, no qual, durante cerca de dez anos, com a participação ativa da Marinha, da comunidade científica e da Petrobras, foram coletados 230 mil km de dados. A ZEE brasileira tem uma área oceânica aproximada de 3,6 milhões de km², os quais, somados aos cerca de 900.000 km² de PC além das 200 MN, reivindicados junto à ONU, perfazem um total aproximado de 4,5 milhões de km². Trata-se de uma extensa área oceânica, adjacente ao continente brasileiro, que corresponde a, aproximadamente, 52% da nossa área continental e que, devido à importância estratégica, às riquezas nela contidas e à imperiosa necessidade de garantir sua proteção, a Marinha do Brasil (MB), buscando alertar a sociedade sobre os seus incalculáveis bens naturais, sua biodiversidade e sua vulnerabilidade, passou a denominá-la “Amazônia Azul”, cuja área é um pouco menor, porém em tudo comparável à “Amazônia Verde”. As potencialidades desse espaço, aliadas à responsabilidade de protegê- lo, conduz-nos a estudá-lo, sob o enfoque de quatro vertentes: Econômica, Ambiental, Científica e Soberania. Sob o ponto de vista econômico, cabe ressaltar que cerca de 95% do nosso comércio exterior é realizado por via marítima, tendo envolvido, em 2012, valores da ordem de 466 bilhões de dólares, entre exportações e importações. Hoje, prospectamos, no oceano, cerca de 90% do nosso petróleo e 77% do nosso gás natural. Estima-se que o Pré-Sal possua 35 bilhões de barris de reservas recuperáveis. É relevante levar em consideração os macro-valores que estão concentrados em até 200 km do litoral e nos 8.500 km de costa, onde se encontram 17 estados, 16 capitais, cerca de 90% do PIB, 80% da população, 85% do parque industrial, 85% do consumo de energia e em torno de 80 portos e terminais organizados, entre públicos e privados. Na pesca, estima-se que, até 2020, a produção mundial cresça 40%, atingindo 140 milhões de toneladas. Além disso, o segmento lazer, com destaque para o turismo e os esportes náuticos, tem elevadas possibilidades de fomento. Os aspectos ambientais enfatizam a necessidade de o mar ser explorado racionalmente e da preservação da cadeia alimentar, vis-à-vis o desenvolvimento da ciência e a evolução tecnológica,sempre buscando desvendar a diversidade biológica, o potencial biotecnológico e as províncias minerais. As organizações governamentais e não governamentais, que atuam nesse campo, vêm desenvolvendo um importante papel, sensibilizando a opinião pública sobre a imprescindibilidade da implementação de políticas voltadas à preservação das Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB). Dentro da vertente científica, por sua vez, é possível elencar uma série de Programas, coordenados pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), dentre os quais se destacam: Avaliação da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental (REMPLAC); Avaliação, Monitoramento e Conservação da Biodiversidade Marinha (REVIMAR); Biotecnologia Marinha (BIOMAR); Promoção da Mentalidade Marítima (PROMAR); Pesquisas no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (PROARQUIPÉLAGO) e na Ilha da Trindade (PROTRINDADE); e o Sistema de Observação dos Oceanos e Clima (GOOS/Brasil), o qual permite previsões confiáveis das condições oceânicas e atmosféricas. Quanto à soberania, cabe ressaltar que, na “Amazônia Azul”, nossas fronteiras são linhas imaginárias sobre o mar. Elas não existem fisicamente e o que as define é a existência de navios patrulhando-as ou realizando ações de presença. A proteção desse rico patrimônio é uma tarefa complexa, pois, conforme mencionado, são cerca de 4,5 milhões de km² de área a ser monitorada. Nesse contexto, a Marinha desenvolve atividades de Inspeção Naval, Patrulha Naval e Ações de Presença, com o propósito de salvaguardar os interesses brasileiros. Obviamente, qualquer modelo de vigilância para a “Amazônia Azul” passa, necessariamente, pelo adequado aparelhamento da MB. Em 2009, foi elaborado o Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil (PAEMB) que, em consonância com a Estratégia Nacional de Defesa (END), expressa objetivos de curto, médio e longo prazos, de modo a reconfigurar a Força, sob a égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença. Esse plano contempla todas as ações requeridas para dotar a MB de organizações militares: meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais; armamento e munição; e efetivos de pessoal necessários à consecução de suas diversas atribuições. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 30 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 31 Nesse sentido, a Força está desenvolvendo diversos projetos estratégicos, alguns abaixo elencados, que lhe permitirão dispor dos meios capazes de garantir a indispensável segurança da “Amazônia Azul”: a) Construção do Núcleo do Poder Naval – consiste de um conjunto de seis Programas, que têm o propósito de expandir e modernizar a Força Naval, apresentados a seguir: - Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) - em conjunto com o Programa Nuclear da Marinha (PNM), visa a capacitar o País a projetar e construir submarinos convencionais e com propulsão nuclear. Serão construídos quatro submarinos diesel-elétricos de origem francesa, da Classe “Scorpène”, modificados para atender aos requisitos da MB, dos quais o primeiro teve a construção das Seções 3 e 4 iniciada em maio de 2010; e, principalmente, será projetado e construído, no País, um submarino com propulsão nuclear. O PROSUB compreende, ainda, a edificação de uma Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), inaugurada pela Presidenta da República em 1o de março de 2013, e de um estaleiro e uma base naval, todos em Itaguaí (RJ), dedicados à construção, manutenção e apoio logístico de submarinos; - Programa dos Navios-Patrulha de 500 ton. - consiste na construção, no País, de 46 Navios-Patrulha de 500 toneladas, que contribuirão para a patrulha e fiscalização das AJB, em especial as bacias petrolíferas, o que inclui a região do Pré-Sal. Os dois primeiros navios já foram construídos e encontram-se, em construção, outras cinco unidades; - Programa da Construção de Corvetas Classe “BARROSO” - visa a construção de quatro navios dessa classe, totalmente projetados no Brasil, para emprego em áreas costeiras e oceânicas, com elevado índice de nacionalização de componentes e equipamentos. O programa contempla a possibilidade de se agregar novas funcionalidades ao projeto original; - Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER) - traduz- se na obtenção de um conjunto de navios, que inclui cinco navios escolta de 6.000 toneladas, cinco navios-patrulha oceânicos de 1.800 toneladas e um navio de apoio logístico de 24.000 toneladas de deslocamento. Deverão ser construídos no Brasil, a partir de projetos já existentes, adaptados aos requisitos da MB, por meio de associação entre o estaleiro projetista internacional e um ou mais estaleiros privados brasileiros; - Programa de Obtenção de Navios-Aeródromos (PRONAE) - tem o propósito de projetar e construir duas unidades de uma nova classe de Navio- Aeródromo (NAe), com deslocamento aproximado de 50.000 toneladas, uma para substituir o NAe “São Paulo”, e outra para a futura Segunda Esquadra. O projeto deverá ser desenvolvido por um estaleiro / escritório de projetos estrangeiro, com experiência comprovada nessa área particular de engenharia naval, com participação de pessoal da MB; e -Programa de Obtenção de Navios Anfíbios (PRONANF) - fundamenta- se na conjugação da procura por Navios-Anfíbios no mercado internacional (aquisição por oportunidade) e do estudo, objetivando a construção desse tipo de navio em estaleiro brasileiro. b) Sistema de Gerenciamento da “Amazônia Azul” (SisGAAz) - cujo desenvolvimento proporcionará a modernização da estrutura de Comando e Controle e de Inteligência Operacional da Marinha e, por conseguinte, o efetivo conhecimento dos eventos que ocorrem nas águas de interesse do País, assim como contribuirá para o aprimoramento da capacidade de reagir àqueles que representem ameaça à vida humana, à segurança, à economia e ao meio ambiente. Em decorrência de sua característica dual, não se limitará ao processo decisório para a aplicação militar do Poder Naval, mas terá impacto decisivo no cumprimento das atribuições subsidiárias, particularmente na execução de tarefas relacionadas à vigilância, à segurança marítima, às emergências SAR (do inglês “Search and Rescue”), à prevenção da poluição ambiental, à gestão de recursos naturais e à reação às chamadas “novas ameaças”, tais como pirataria, narcotráfico, tráfico de armas, contrabando e descaminho, imigração ilegal e roubo armado de navios, dentre outras; e c) Implantação da Segunda Esquadra e da Segunda Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) - com a aprovação da END, duas regiões do Atlântico Sul foram apontadas como prioritárias: a primeira é a faixa que vai de Santos a Vitória, onde se localizam as maiores bacias petrolíferas; e a segunda, a foz do Rio Amazonas. Assim, como já existem bases no Rio de Janeiro e em Aratu (BA), foi visualizada a necessidade de possuirmos, em local ainda não definido no litoral N / NE, instalações capazes de apoiar uma Segunda Esquadra e uma Segunda FFE, às quais caberia a responsabilidade pela proteção daquela “porta de entrada” para a Amazônia. Sob o enfoque econômico, a consecução desses projetos estratégicos, previstos no PAEMB, impulsionará, de forma ímpar, a Base Industrial de Defesa (BID), compreendida como o conjunto das empresas, estatais e privadas, e das organizações civis e militares que participam de uma ou mais etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção de produtos estratégicos de defesa (bens e serviços). Estima-se, com a aprovação do PAEMB, a criação de 30.000 novos empregos diretos e de 100.000 indiretos, até mesmo pela capacidade multiplicadora da indústria militar-navalque traz reflexos positivos na cadeia produtiva de vários outros campos da atividade econômica, como o eletroeletrônico, metalúrgico, mecânica pesada, motores de propulsão, armamentos, informática, entre outros. Quanto à defesa da nossa soberania, os projetos estratégicos resultarão no aumento da capacidade de monitoramento, vigilância, segurança e defesa das AJB, incrementando o poder dissuasório nacional como um todo. Por meio deles, a Marinha vem canalizando todo o seu esforço com vistas à consolidação de uma Força moderna, equilibrada e à altura do valor da “Amazônia Azul”, nas suas vertentes econômica, ambiental, científica e de soberania, e compatível com a crescente relevância político-estratégica do Brasil no cenário internacional. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 32 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 33 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 34 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 35 Introdução setor de petróleo e gás é o que apresenta maior potencial para a transformação da estrutura industrial brasileira nas próximas décadas. Estima-se que, somente com as primeiras descobertas anunciadas na camada do pré-sal, as reservas provadas nacionais de petróleo possam dobrar nos próximos cinco anos, atingindo a marca de 30 a 35 bilhões de barris. Algumas consultorias internacionais avaliam que, no longo prazo, serão necessários mais de US$ 1 trilhão1 para o desenvolvimento da produção do pré-sal, de modo que a demanda futura por bens e serviços especializados evidencia um cenário promissor. A presença de uma empresa-âncora é estratégica para o país, mas interessa também contar com uma robusta cadeia de fornecedores. De fato, para que a indústria brasileira possa aproveitar integralmente essa oportunidade, é fundamental avançar na consolidação de uma rede nacional de fornecedores qualificada, inovadora, eficiente e capaz de atender adequadamente às necessidades de expansão dessa cadeia de valor globalizada, complexa e competitiva. Para tanto, é necessário estruturar ações voltadas para a organização e o desenvolvimento de fornecedores locais de bens e serviços de todos os portes. No âmbito desses esforços, as vertentes do desenvolvimento regional e da internacionalização fazem parte de uma mesma equação, cujo resultado é a criação de um ambiente propício para a inovação, aprimoramento tecnológico, consolidação corporativa e ampliação do mercado, em função do crescimento esperado das operações de exploração e produção de petróleo offshore no mundo, notadamente na costa ocidental da África e na costa oriental da América do Sul. Amparado em diagnóstico realizado no âmbito do Plano Brasil Maior (PBM), que lançou mão de diversos estudos e contribuições produzidos sobre o assunto, este artigo sistematiza os desafios e oportunidades para a indústria brasileira. Para tanto, divide-se, além desta introdução, em quatro seções adicionais. Na seção que segue, apresentam-se alguns condicionantes do investimento internacional e a situação brasileira, que permite um olhar otimista para o futuro. Na terceira seção, analisam-se as características da cadeia global de fornecedores, enquanto na quarta parte do artigo sistematizam-se as avaliações críticas sobre os desafios para a indústria nacional, à luz das diretrizes do Plano Brasil Maior. Na última seção, por fim, delineiam-se as oportunidades de desenvolvimento regional e inserção competitiva da indústria brasileira na cadeia global de fornecedores de petróleo e gás, com ênfase na demanda prevista para a exploração, desenvolvimento e produção no pré-sal. PETRÓLEO E GÁS: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA NACIONAL Mauro Borges Lemos Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) Economista e mestre em Economia (UFMG) Doutor em Economia (University of London), com pós-doutorado na Universidade de Paris e na Universidade de Illinois Professor titular (licenciado) do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 1Neste caso considera-se uma estimativa de até 70 bilhões em reservas recuperáveis no pré-sal e que o investimento médio em bens e serviços para E&P em águas ultraprofundas é de cerca de US$ 13 por barril recuperável. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 36 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 37 Condicionantes do investimento internacional e contexto nacional A exaustão das reservas de petróleo no mundo desenha um cenário preocupante, expresso pelo quociente resultante da divisão do volume de reservas provadas pela produção corrente, comumente conhecido como relação R/P. Em função disso, a procura por novas reservas para exploração apresenta-se como uma atividade chave, que integra o cotidiano das petroleiras e influencia a dinâmica internacional de investimentos no setor. Avaliação recente (PIB, 2009) sobre os principais condicionantes do investimento internacional em petróleo e gás apontou três questões fundamentais: i. O aumento dos custos relacionados à produção petrolífera: no período entre 2000-2011, os gastos globais de E&P ampliaram-se de US$ 150 milhões para cerca de US$ 250 milhões, enquanto o número de sondas em operação passou de 1000 para mais de 35002; ii. As escassas descobertas de grandes campos: considerando apenas as descobertas de jazidas com mais de 1 bilhão de barris de óleo equivalente nos últimos dez anos, merece destaque a Petrobras, responsável por 7 das últimas 12 grandes descobertas; iii. A reduzida disponibilidade de reservas sob formas contratuais favoráveis às empresas privadas (International Oil Companies – IOC): mais de 60% das reservas provadas no mundo encontram-se sob o controle total ou predominante do Estado. Nesse contexto, as descobertas na camada pré-sal revestem-se da maior importância para o Brasil, levando-se em conta que a atual área de concessão representa apenas 28% do total. Os altos investimentos previstos, em conjunto com a aplicação e a fiscalização da Política de Conteúdo Local para o segmento de E&P, indicam forte crescimento da demanda por bens e serviços dos diversos segmentos da cadeia de fornecedores nos próximos anos. Incluindo as estimativas para o Pré-sal, as reservas de Petróleo e Gás no Brasil representam aproximadamente 6% do total mundial. No entanto, a produção nacional diária hoje representa uma parcela menor, inferior a 3% da produção mundial. A tendência, portanto, é que a participação da produção brasileira de petróleo e gás na produção mundial aumente nos próximos anos, atingindo o patamar de, pelo menos, 6% em 2020. Características da cadeia de valor global de petróleo e gás As companhias petrolíferas são os principais atores produtivos do setor de petróleo, comandando a cadeia global de fornecedores por meio da sua demanda por serviços, equipamentos e infraestruturas especializadas para os elos de exploração, produção, refino, distribuição e comercialização. Além de companhias integradas internacionais de petróleo (IOC) e companhias integradas nacionais de petróleo (NOC), o setor é constituído também de empresas operadoras não integradas e com seu foco em exploração e produção, com destaque para a brasileira OGX, bem como de empresas que fornecem serviços especializados diretamentepara as IOC e NOC e funcionam como drivers da cadeia ou fornecedores diretos. Destacam-se aí as empresas especializadas em serviços de sísmica, informação de reservatórios, perfuração, completação de poços, equipamentos/instalações submarinas, construção de infraestruturas (epcistas e estaleiros) e apoio logístico. Em função da complexidade tecnológica, da exigência de conhecimento acumulado, do tamanho do mercado e da diversidade de serviços/soluções e equipamentos utilizados, a cadeia global de fornecedores é predominantemente composta por empresas transnacionais de grande porte. Essa cadeia tem crescido consistentemente desde o final da década de 1990, quando as empresas petrolíferas passaram a ter seu foco no gerenciamento de reservas e produção, a otimização do custo de capital e a busca de compartilhamento de custos e investimentos com as empresas prestadoras de serviços. É justamente nesse momento que o mercado ofertante passa a contar com empresas cada vez maiores, que executam inúmeras atividades antes restritas às operadoras, ampliando a escala de prestação de serviços e de fornecimento de equipamentos. Essa trajetória pode ser observada no gráfico a seguir, que ilustra a expansão da receita anual dos fornecedores de bens e serviços de petróleo e gás. . Fonte: Spears & Associates (OMR 2011, valor estimado para 2012) Em função desse conjunto de requisitos, a participação relativa das empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços no mercado é bastante reduzida. Aproximadamente 85% dessas empresas são de micro, pequeno e médio porte, não desempenhando atividade exportadora relevante. Assim, o mercado nacional em expansão representa a sua principal oportunidade de consolidação e crescimento. 2De acordo com estimativa da Spears & Associates, estarão em operação, em 2012, 3.777 sondas. O atraso médio de 542 dias na entrega das sondas, relatado no PN 2012-2016 da Petrobras, também indica o aquecimento do mercado de ativos offshore. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 38 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 39 Estudo realizado em conjunto pelo IPEA e pela Petrobras (2011) mostra que, no segmento de bens de capital, a presença de empresas estrangeiras também é bastante significativa. A despeito de representarem apenas 12% do total de firmas, respondem por 31% do pessoal ocupado, 55% do faturamento e 43% dos lucros totais. O mesmo estudo aponta que, de um total de 8.944 empresas industriais fornecedoras da Petrobras, as empresas de capital estrangeiro sediadas no país representam apenas 6%, mas respondem por mais de 56% das compras da empresa. O valor médio dos contratos das empresas estrangeiras é 20 vezes maior que o das empresas de capital nacional. Plano Brasil Maior e o fortalecimento da cadeia nacional de fornecedores3 No âmbito do Plano Brasil Maior (PBM), a construção da agenda e do plano de trabalho para a cadeia de fornecedores de petróleo, gás e setor naval foi precedida por uma análise de âmbito nacional e internacional sobre (i) tendências da demanda; (ii) organização industrial e estrutura produtiva, (iii) mudanças tecnológicas, e (iv) forças, oportunidades, fraquezas e ameaças (Matriz SWOT). A contribuição síntese dessa análise reforça a percepção de que a política de conteúdo local, a demanda perene e as características das atividades de exploração e produção offshore apontam para um cenário ímpar para o desenvolvimento industrial e tecnológico da cadeia de fornecedores localizada no país. É certo que o desenvolvimento de novas soluções a serem aplicadas ao pré-sal abre espaço tanto para atrair fornecedores estrangeiros como para desenvolver fornecedores locais. A escolha depende de uma avaliação estratégica e de desenvolvimento apropriada às características do setor e aos interesses do país. Nesse contexto, políticas para a promoção de joint ventures, transferência de tecnologia, incentivos à cooperação ICT’s – fornecedores – operadoras e formação de arranjos produtivos e tecnológicos locais também devem ser analisadas com atenção. Os segmentos de engenharia básica e de projetos e o segmento de equipamentos subsea voltados para as atividades de exploração e produção offshore são alguns dos focos prioritários dessa análise. Em linha com o padrão de atuação de oligopólios e de agressiva concorrência, observa-se, no setor, forte processo de concentração empresarial, baseado em fusões e aquisições. Empresas estrangeiras, por exemplo, têm buscado uma posição de entrada mais vantajosa no mercado nacional através desses movimentos. No entanto, há também amplo espaço para consolidação da cadeia nacional de fornecedores. Frente ao cenário de crise mundial e de valorização cambial no país, essa poderia ser também uma estratégia de ingresso na cadeia global de fornecedores de bens e serviços de Petróleo e Gás para grandes grupos nacionais de outros segmentos, que apresentem características e capacitações necessárias para atuar nesse mercado. Nos segmentos onde já existe oferta no mercado nacional, acredita-se que haja espaço para políticas macroeconômicas e de incentivo à produção local, com vistas a estimular ganhos de competitividade e apoiar o crescimento do market share das empresas nacionais. O objetivo, em última instância, é o desenvolvimento de empresas competitivas e sustentáveis, capazes de atuar globalmente em posições de liderança no uso de tecnologias-chave e assegurar condições adequadas para a produção do petróleo do pré-sal. As operadoras têm o potencial de direcionar rotas tecnológicas a serem desenvolvidas e empregadas no segmento de E&P. O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES), da Petrobras, apresenta especial condição para atuar nessa direção, em função da rede de inovação constituída e do expressivo valor dos investimentos planejados. Embora a importação de tecnologia ainda seja, usualmente, a primeira opção das empresas estrangeiras instaladas no país, esse cenário vem mudando com a política de conteúdo local. Nesse sentido, é de grande relevância o seu alinhamento com as estratégias para a promoção do desenvolvimento tecnológico no país, a partir da identificação dos segmentos e rotas tecnológicas prioritárias. É importante, também, que instrumentos produtivos e de financiamento adequados às atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I) na fase de escalonamento industrial (scale-up) sejam desenvolvidos, bem como ações sistemáticas sejam adotadas para minimizar a falta de mão de obra qualificada. Nesse sentido, políticas voltadas para o desenvolvimento do setor e de sua cadeia de fornecedores têm sido objeto de discussão, dentre as quais se destacam: (i) a política de conteúdo local; (ii) o aperfeiçoamento dos regimes tributários especiais para o setor; (iii) a coordenação da demanda e do poder de compra; (iv) o acompanhamento e revisão dos instrumentos de crédito para as empresas do setor; (vi) os investimentos na qualificação de mão de obra técnica e de superior; e (vi) a participação ativa na formulação e execução das estratégias para a promoção do desenvolvimento tecnológico do setor. Em linha com esses esforços, cabe destacar recentes iniciativas com o apoio da Petrobras, entre as quais a parceria estabelecida com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para o lançamento do Programa INOVA PETRO e a assinatura de acordo de cooperação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para o desenvolvimento de ações em conjunto com o PROMINP, no entornodos grandes investimentos da companhia e ao longo da cadeia de fornecedores. Além da evidente atenção a aspectos corporativos e setoriais, os investimentos previstos pela Petrobras para esta década no Brasil incorporam preocupação com a questão regional, orientando-se para locais com níveis de 3Este artigo restringe-se somente ao segmento de E&P, elo da cadeia de Petróleo e Gás que apresenta menor percentual de conteúdo local, que concentra a maioria dos investimentos e mais esforço para o desenvolvimento tecnológico e a inovação. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 40 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 41 desenvolvimento variados. A avaliação dos impactos regionais ocasionados pelos projetos da indústria petrolífera requer uma visão sistêmica, que abrange múltiplos aspectos do território envolvido, associados às especificidades e aos requisitos do investimento. A magnitude dos empreendimentos, o tamanho e a densidade das cadeias produtivas envolvidas, por um lado, e as peculiaridades da região analisada, por outro, constituem aspectos indispensáveis para uma análise consistente. É preciso considerar, portanto, o grau de dinamismo econômico e a diversidade das atividades urbanas locais, vinculando-os à especificação dos materiais e serviços necessários à implantação e operação do projeto. Os efeitos-encadeamento e o potencial de indução do desenvolvimento dependerão, em grande medida, do estágio de industrialização regional e das estratégias locacionais dos agentes envolvidos. Conclusões As reservas nacionais de petróleo podem dobrar nos próximos cinco anos somente com as primeiras descobertas anunciadas na camada do pré- sal, atingindo entre 30 e 35 bilhões de barris. A demanda futura por bens e serviços especializados evidencia um cenário promissor para os fornecedores da cadeia e, nesse sentido, é fundamental avançar na consolidação de uma rede nacional de fornecedores qualificada, inovadora, eficiente e capaz de atender adequadamente às necessidades de expansão de uma cadeia de valor global, complexa e competitiva. Para tanto, é necessário estruturar ações voltadas para a organização e o desenvolvimento de fornecedores locais. A Petrobras tem liderado um conjunto de iniciativas para a qualificação profissional, o financiamento de investimentos, o apoio às micro e pequenas empresas, a criação de redes tecnológicas temáticas com universidades e a visibilidade da sua demanda para grandes projetos e para famílias de produtos. Diante da magnitude da demanda para o desenvolvimento do pré-sal, porém, outra dimensão crítica e transversal se faz presente. Trata-se da capacidade de gestão das empresas e que inclui também a gestão ao longo da cadeia de fornecedores. É nessa dimensão que um recente acordo de cooperação técnica entre MDIC, Petrobras e ABDI foi firmado4 para execução conjunta de ações, em estreita sintonia com o Prominp e o Plano Brasil Maior, apontando para a execução conjunta de ações para o desenvolvimento de regiões receptoras de investimentos diretos da Petrobras e de seus fornecedores, potencializando encadeamentos locais e atendendo necessidades de melhoria da gestão privada e pública. Na mesma ocasião, cabe destacar o lançamento do Programa INOVA PETRO. Trata-se de um programa inédito para o desenvolvimento da cadeia de petróleo e gás por meio da cooperação entre BNDES, FINEP e Petrobras, contando com recursos da ordem de R$ 3 bilhões para execução até 2016. O ineditismo do programa está na (i) combinação de instrumentos pela união de recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis; (ii) pela parceria BNDES- Finep; (ii) pela contribuição da Petrobras na definição estratégica dos setores apoiáveis; (iii) pelo estímulo à cooperação na cadeia de fornecedores de petróleo e gás; (iv) pela utilização de um comitê de avaliação técnica multidisciplinar e, finalmente, (v) pela possibilidade de inserção de novos temas nas diversas chamadas públicas que serão realizadas ao longo do programa5. É claro que essas ações também requerem o emprego coordenado de um amplo conjunto de instrumentos de política industrial, no contexto de um profundo e profícuo diálogo privado e público, no âmbito do Conselho de Competitividade Setorial de Petróleo, Gás & Naval. Integrado por membros do governo, agência de regulação, empresários, representantes de trabalhadores e associações de classe, esse Conselho é uma das instâncias formais de gestão do PBM, assegurando a participação democrática e coordenada de atores e instituições fundamentais para o desenvolvimento setorial. Além de contribuir para a definição de uma agenda estratégica que identifica desafios, prioriza ações, define instrumentos e dimensiona os recursos necessários, o Conselho também propõe uma importante reflexão para a sociedade brasileira sobre desenvolvimento tecnológico e inovação. Afinal de contas, são os esforços em pesquisa, desenvolvimento e inovação que dão substância à definição da repartição de riscos e do posicionamento competitivo da indústria brasileira na cadeia global de valor de petróleo. Além disso, são esses esforços que, em última instância, definem estratégias e ações para evitar os males da chamada “doença holandesa”. Em um contexto em que recursos naturais, desenvolvimento tecnológico e capacidade corporativa compõem um tripé estruturante para o desenvolvimento da cadeia de fornecedores de petróleo e gás, a busca por referências de políticas públicas e melhores práticas mundiais constitui-se em importante ponto de partida. Nesse sentido, a Noruega apresenta-se como caso de referência, na medida em que o setor tem atualmente uma participação significativa na economia norueguesa se comparado à situação deste à época das descobertas de petróleo no Mar do Norte. Além disso, cabe destacar a intensa discussão da sociedade norueguesa na época, expressa nos 10 mandamentos para o desenvolvimento da indústria do petróleo aprovados pelo Parlamento em 4Em 13 de agosto de 2012, no auditório da Petrobras, foram firmados dois importantes acordos de cooperação envolvendo a Petrobras, MDIC, BNDES, FINEP e ABDI, conforme descrito no texto acima. 5Inicialmente o programa INOVA PETRO está voltado para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas aos seguintes segmentos: (i) projetos de processamento de superfície (top side), aplicáveis no processamento de óleo e gás; (ii) instalações submarinas (subsea), como os diversos equipamentos e dutos que ficam abaixo da lâmina d’água; e (iii) instalação de poços offshore de óleo e gás. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 42 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 43 1971, bem como o modelo norueguês que integrava operadores e fornecedores, preconizando intensos investimentos em tecnologia e inovação. Assim, é urgente o envolvimento da sociedade brasileira nesse debate. É também inadiável avançar nos esforços de coordenação dos diversos atores governamentais em âmbito federal – a partir das suas competências institucionais – e promover maior articulação com os governos estaduais nos principais centros produtivos regionais, com o objetivo central de fomentar o fortalecimento das atividades econômicas a montante e a jusante da produção de petróleo. O Brasil não pode prescindir de instrumentos de política industrial que promovam o transbordamento perene dos benefícios da exploração e produção do petróleo do pré-sal por meio de investimentos produtivos, tecnológicos e em recursos humanos, com o consequente fortalecimento de cadeias produtivas,a geração de renda e de empregos de melhor qualidade. Referências AMARAL, Pedro Vasconcelos M, Estrutura Espacial da Rede de Fornecedores da Petrobras. IPEA, 2010, Convênio Petrobras/IPEA nº 03686, 38 p. DENEGRI, João A (coord.). Poder de Compra da Petrobras: impactos econômicos nos seus fornecedores / coordenação: João Alberto de Negri [et alli.]. – Brasília: Ipea: Petrobras, 2011. IOOTY, Mariana. Perspectivas do investimento em energia. IN: BICALHO, Ronaldo. Perspectivas de Investimento no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, Instituto de Economia, 2009. LEMOS, Mauro Borges (et. alli). Condicionantes territoriais das aglomerações industriais sob ambientes periféricos. IN: DINIZ, Clélio Campolina & BORGES, Mauro Borges (org.) Economia e Território. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005, p. 171-205 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “MDIC, Petrobras e ABDI definem ações para fortalecer cadeia de fornecedores de petróleo, gás e naval” Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/noticia.hp?area=2¬icia=11721, acesso em 31/08/2012. OMR 2011. Oilfield Market Report 2011. Spears&Associates, Inc. PETROBRAS. Plano Estratégico 2020. ______. Plano de Negócios 2011-2015 ______. Plano de Negócios 2012-2016. O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 44 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 45 Histórico estratégia de inovação da PETROBRAS caracterizou-se por três grandes fases. A primeira vai da sua criação em 1953 até meados da década de 1970, quando a implantação da indústria de refino foi o principal direcionador da companhia. Nesse período, o Brasil era importador de petróleo e o grande objetivo era fomentar a capacidade nacional de processamento e produção de combustíveis para abastecer o mercado interno. A PETROBRAS precisava conhecer e assimilar as tecnologias de refino existentes no mundo, para depois aprimorá-las para o contexto nacional. Foi um período de grande ênfase na formação de recursos humanos (RH) qualificados e de aprendizado. O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da PETROBRAS (CENPES) foi fundado em 1963, nesse contexto. Com o 1º Choque do Petróleo em 1973, paradoxalmente, os altos preços da commodity e a enorme dependência externa do Brasil (cerca de 80% importada), viabilizaram a produção nacional na nova fronteira exploratória de então, a Bacia de Campos. Isso fez com que a PETROBRAS modificasse significativamente sua estratégia de inovação e desse início à segunda fase, pois não era mais possível aprender apenas com o que já havia sido feito no exterior. Os desafios para o desenvolvimento destes campos eram inéditos mundialmente e seria preciso desenvolver novas tecnologias in house para viabilizar a então planejada produção em alto-mar, em águas cada vez mais profundas. Buscaram- se parceiros onde a competência estivesse, dentro e fora do Brasil e, com isso, a companhia foi adensando suas redes de conhecimento e tornou-se reconhecida internacionalmente pelo pioneirismo na produção em águas profundas. A terceira fase inicia-se com a descoberta de Lula, em 2006, e a consequente confirmação da nova fronteira exploratória do pré-sal. Novamente, houve uma mudança de patamar para a indústria de Óleo e Gás (O&G) no Brasil não apenas para a produção de óleo, mas também na geração de tecnologia. Há uma gama de oportunidades para os grandes fornecedores de bens e serviços, que não apenas instalam no país suas unidades de produção, como também encontram espaço para gerar tecnologia localmente, por meio de centros de pesquisa cativos e em parceria com instituições nacionais de ciência e tecnologia, altamente alavancadas pelos investimentos do setor. A inovação na PETROBRAS direciona seus esforços para a gestão de uma grande rede de desenvolvimento de tecnologias, baseada em território nacional e, ao mesmo tempo, articulada com os principais polos de excelência tecnológica da indústria de energia no mundo. Os Três Eixos da Estratégia Tecnológica da PETROBRAS A PETROBRAS evoluiu através do tempo de uma companhia de petróleo e, ao alvorecer do Século XXI, vem se tornando uma empresa de energia, por meio da diversificação de suas fontes de não renováveis para renováveis. Essa evolução deve-se ao domínio tecnológico de suas operações. P&D: UMA MARCA GENUINAMENTE NACIONAL Luís Cláudio Sousa Costa Gerente de Relacionamento com as Comunidades de Ciência e Tecnologia do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello da PETROBRAS – CENPES Marcelo Marinho Simas Economista Pleno da PETROBRAS trabalha na Gerência de Relacionamento com as Comunidades de Ciência e Tecnologia do CENPES Rafael Machado Moreira César Mestrando em Gestão Tecnológica da School of Management da Universidade de Bocconi – Milão/Itália O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 46 O ABC DO PETRÓLEO E GÁS: O potencial do Grande ABC no fornecimento de produtos e serviços à Cadeia de Petróleo e Gás 47 Desafios são uma constante na indústria de O&G. O cultivo à superação de desafios e a busca incessante de implementação de soluções tecnológicas e de negócios inovadores contribuem para o alcance dos objetivos da companhia. Esses desafios são oriundos da atual estratégia tecnológica e agrupados em três grandes eixos: Expansão dos limites, Agregação de valor e diversificação dos produtos e Sustentabilidade. Expansão dos limites – compreende as linhas de pesquisa voltadas para a expansão dos negócios convencionais da PETROBRAS: exploração e produção de O&G em novas fronteiras exploratórias como o pré-sal; sistemas submarinos de produção; otimização da produção; estudo de reservatórios não convencionais; processamento, refino e produção de combustíveis e derivados de óleos do pré-sal e flexibilização do parque de refino e transporte e logística necessários para essas atividades. Agregação dos valores e diversificação de produtos – inclui os projetos voltados para ampliar a diversidade de fontes de energia e diversificar a carteira de produtos oferecidos pela PETROBRAS. Compreende a constante busca da qualidade e desempenho dos combustíveis, lubrificantes e produtos especiais; as tecnologias para a petroquímica, amônia e ureia visando à transformação em insumos industriais de alto valor; o aprimoramento constante de biocombustíveis e bioprodutos, além do desenvolvimento da termoeletricidade e de novas fontes de energias renováveis. Sustentabilidade da indústria de energia – direciona os projetos de P&D voltados para a sustentabilidade em todos os processos e produtos da PETROBRAS. As pesquisas compreendidas aqui são transversais aos projetos desenvolvidos nos outros dois eixos, uma vez que o objetivo permanente é mitigar possíveis impactos negativos, que podem ser neutralizados, ou mesmo transformados em resultados ambientais e econômicos positivos, com a conversão de resíduos e emissões em insumos que gerem valor para a indústria. A gestão de águas, efluentes, emissões de CO2 e outras, da biodiversidade, além dos projetos de aprimoramento da eficiência energética e operacional e integridade, segurança e confiabilidade, estão neste eixo. Mecanismo legal de financiamento e o novo Modelo de Relacionamento As parcerias entre empresas e universidades foram encorajadas com o estabelecimento da obrigação de investimento em P&D por meio da Lei 9478/97, que introduziu a flexibilização do monopólio estatal no setor de O&G. Essa lei estabeleceu um novo marco para a indústria e criou a Agência Nacional de Petróleo (ANP), responsável pela regulamentação do setor, e previu o investimento compulsório
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