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DCDiurno PenalGeral AEstefam Aula07e08 250815 MGomes

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DELEGADO CIVIL DIURNO 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
 
MATERIAL DE APOIO 
Disciplina: Direito Penal - Geral 
 Professor: André Estefam 
Aulas: 07 e 08| Data: 25|08|15 
 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1.LEI PENAL NO TEMPO 
2.APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
 
1.LEI PENAL NO TEMPO 
 
Artigo 2º do Código Penal e artigo 5º, XL da Constituição Federal. 
 
Conflitos de Leis no tempo: atinge questões já transitadas em julgado. 
Súmula 611 do Supremo Tribunal Federal. 
Dão-se quando duas ou mais leis penais, que tratam do mesmo assunto de modo distinto, sucedem-se. O conflito 
ocorrerá somente quando a lei nova entra em vigor. 
 
 Leis benéficas (lex mitior). 
 Retroagem, atingindo até a coisa julgada. 
 Espécies de leis benéficas: 
 Abolitio criminis: nova lei que descriminaliza condutas. Produz efeitos distintos: com relação aos fatos 
posteriores, exclui a tipicidade; Com relação aos fatos anteriores, extingue a punibilidade (artigo 107, III Código 
Penal). Novatio Legis in Mellius: mantém o caráter criminoso, mas lhe confere tratamento mais brando – como, 
exemplo: artigo 28 da Lei antidrogas (a doutrina chama de despenalização – mantém o caráter criminoso, sem 
impor pena privativa de liberdade). 
 
Leis Gravosas (Lex Gavior). 
 São irretroativas. 
Novatio Legis Incriminadora: criminaliza condutas. 
 Novatio Legis in pejus: é a nova lei que mantém o caráter criminoso, mas dá ao fato tratamento mais severo. 
Importante lembrar-se de dois conceitos: 
 Crime permanente: delito único cuja consumação se prolonga no tempo – como, por exemplo: 159 Código Penal. 
Crime continuado: dois ou mais delitos praticados em continuidade delitiva. 
 Em relação a estes dois institutos, a lei gravosa se aplica se entrar em vigor durante a permanência ou 
continuidade delitiva. 
 Atenção: Súmula 711 Supremo Tribunal Federal. 
 
Combinações de leis penais: 
Máxima efetividade de um Princípio Constitucional. 
 Discute-se se é possível mesclar parte da lei nova com parte da lei revogada. 
Seria possível a utilização do caput do artigo 12 com o §4º do artigo 33? 
 
 
 
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 Não, pois ela resultaria na criação de uma terceira lei (lex tertia), o que viola o princípio da separação de poderes. 
O Supremo Tribunal Federal, hoje, não admite a combinação de leis penais (RE 600.817). 
 No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 501. 
 Não cabe retroatividade benéfica – (combinações de leis penais), justamente na Lei de Drogas. 
 
Lei 6.368/76 - Artigo 12 (tráfico de drogas) - Reclusão: 3 anos a 15 anos 
 Lei 11.343/06 - Artigo 33 (tráfico de drogas) - Reclusão: 5 anos a 15 anos 
Art. 33, §4º: causa de diminuição de pena 
 Combinação – Artigo 12 e Artigo 33, §4º 
 
 
Sucessão de leis penais: 
 
Lei A/13 – Reclusão 3 a 6 anos. 
Lei B/14 – Detenção 2 a 4 anos. 
Lei C/15 – Detenção 2 a 5 anos. 
*** fato praticado em 2013, com sentença prolatada em 2015. 
Ultratividade de Lei Penal – a lei já foi revogada. 
Teremos neste caso, portanto, a aplicação de uma lei, ao mesmo tempo retroativa, porque incidente sobre fato 
anterior à sua vigência, e ultrativa, porquanto aplicada depois de sua revogação. 
Artigo 3º Código Penal – Leis Temporária e Excepcional. 
 São leis criadas para reger fatos ocorridos durante determinada situação excepcional ou período de tempo. O 
que ocorre aqui é um tipo penal que insere, dentre as suas elementares, ou uma situação excepcional, ou um 
período de tempo. 
 Exemplo: Código Penal Militar – dispõe sobre crimes militares em tempo de guerra. 
 Elementar: declaração de guerra. Outro exemplo, agora com relação a período de tempo: lei geral da copa – 
Período de tempo: fato ocorrido até 31/12/14. 
A característica delas é a ultratividade, ou seja, produzem efeitos mesmo após o término de sua vigência. Na 
verdade, não se trata do fenômeno da ultratividade, uma vez que, com o passar da situação excepcional ou do 
período de tempo estipulados na lei, ela continua em vigor, embora inapta a reger novas situações. Para os 
concursos adotar a idéia da ultratividade. 
 
Cuidado: no concurso são consideradas ultrativas. 
 
 
Artigo 4º do Tempo do Crime. 
 
Não se refere ao inicio da contagem da prescrição. 
 Quanto ao termo inicial da prescrição aplica-se a regra do artigo 111 Código Penal – o prazo prescricional se inicia 
com a consumação do crime. O crime se considera praticado no momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado. 
 
 
 
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 Adotou-se a TEORIA DA ATIVIDADE. 
 A teoria da atividade tem relevância nos seguintes casos: 
Superveniência de lei mais gravosa; 
 Maioridade penal; 
 Circunstâncias do crime com relação à faixa etária (tanto do agente, quanto da vítima). 
Atenção: não se aplica o termo inicial da prescrição, pois, nós seguiremos o artigo 111 do Código Penal. 
 
 
2.APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
L ugar 
U biquidade 
T empo 
A tividade 
 
A regra deste artigo tem utilizado somente para regular a aplicação da lei penal nos chamados crimes à distância 
– aqueles cuja iter criminis atinge o território de dois ou mais países. 
 Para tanto, o Código Penal adotou a Teoria da Ubiquidade/Mista – o crime considera-se praticado no lugar da 
conduta ou resultado. 
Compete a Justiça Federal julgar crimes a distancia que estejam previstos em tratados internacionais. Caso 
contrário, será competência da polícia estadual. 
 É preciso notar que a regra prevista neste artigo não tem qualquer relevância para fixação do foro competente, 
que é tratado pelo artigo 70 Código de Processo Penal, sendo adotada a Teoria do Resultado. 
 
Territorialidade 
 De acordo com o art. 5º, caput, do Código Penal, “aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados 
e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional”. 
 Por haver exceções à regra, o Código Penal adotou o Princípio da Territorialidade Mitigada/Temperada. 
 Atenção: interior das embaixadas estrangeira é território brasileiro. Portanto, ressalvadas as imunidades, aplica 
se o Código Penal dentro das embaixadas estrangeira. 
 
Imunidade diplomática: tem caráter absoluto, ou seja, abrange toda e qualquer infração penal. 
Além disso, admite renúncia por parte da nação que o diplomata representa. 
 Os detentores de imunidade são: 
 Embaixadores; 
 Chefe de missão diplomática; 
 Chefes de estado e governo; 
 Representantes de organismos internacionais em missão diplomática (ONU, OEA, OIT...); 
 Núncio apostólico (“embaixador vaticano”) 
 Atingem os familiares (esposa e filhos), salvo brasileiros, e funcionários da missão (séquitos). 
 
 
 
 
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Imunidade consular: possui caráter relativo, isto é, só abrange fatos relacionados à função. 
 Também poderá ser objeto de renúncia por parte da nação que o Cônsul representa 
 
 
Artigo 7º do Código Penal: 
 
É fenômeno pelo qual a lei penal brasileira se aplica a fatos ocorridos fora do território nacional. 
 Há duas espécies de extraterritorialidade no Código Penal: 
Incondicionada (art. 7º, I, e § 1º): nossa lei se aplica aos fatos praticados no exterior, independentemente de 
qualquer condição. 
 Condicionada (art. 7º, II, e §§ 2º e 3º): aplicação de nossa lei depende do concurso de diversas condições. 
 
Os casos de extraterritorialidade são baseados em princípios. 
 São eles: 
Justiça Penal Universal/Cosmopolita: refere-se a crimes graves cuja punição interessa a toda humanidade ou 
conjunto de nações; 
 Real da Proteção/Defesa: diz respeito à proteção de bens jurídicos nacionais de caráter público;Personalidade/Nacionalidade: refere-se à nacionalidade do sujeito: ativa (agente do crime é brasileiro) e passiva 
(vítima brasileira); 
Representação/Bandeira: refere-se a fatos ocorridos a bordo de embarcações ou aeronave brasileira privada no 
exterior, quando ali não forem julgados. 
 
Atenção: Principio do “non bis in idem”. 
** Condicionada a impedir a dupla punição. 
 
Incondicionada Condicionada 
Crimes contra a vida ou liberdade do 
Presidente da República - Real 
Crimes em que o Brasil obrigou-se a reprimir 
em tratados internacionais – Justiça Penal 
Universal 
Crimes contra o patrimônio ou fé pública da 
pessoa jurídica de direito público - Real 
Crimes praticados por brasileiros – 
nacionalidade ativa 
Crimes praticados por funcionário público 
contra a administração pública brasileira - 
Real 
Crimes a bordo de embarcações ou 
aeronaves - Bandeira 
Crime de genocídio, se o agente é brasileiro 
ou domiciliado no Brasil – Justiça Penal 
Universal 
Crime praticado por estrangeiro contra 
brasileiro – nacionalidade passiva 
 
 
 
Extraterritorialidade Incondicionada 
 Artigo 8º Código Penal. A aplicação da lei brasileira ao crime cometido no estrangeiro independe de qualquer 
condição. Nessas hipóteses, aplica-se a lei brasileira ainda que o agente tenha sido condenado ou absolvido no 
 
 
 
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estrangeiro pelo fato (exceção no princípio non bis in idem). Sendo assim, a pena cumprida no estrangeiro será 
descontada (se de mesma natureza) ou atenuará (se diferentes) a pena brasileira. 
 
Extraterritorialidade Condicionada 
A aplicação da lei brasileira é, na verdade, subsidiária, e fica condicionada ao programo cumulativo de 
determinadas condições: 
 Entrar o agente em território nacional brasileiro; 
 Ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
 Não ter sido o agente absolvido ou, se condenado, não ter comprido pena no país em que o crime foi praticado; 
Não estar extinta a punibilidade, nem no Brasil, nem no país em que o crime foi praticado; 
 Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição. Vale lembrar que, caso o 
agente tenha cumprido pena no estrangeiro, o Brasil não poderá processá-lo pelo mesmo crime (respeito ao 
princípio non bis in idem). 
 
Eficácia da Sentença Penal Estrangeira – artigo 9º Código Penal. 
Estabelece as hipóteses em que a sentença penal estrangeira precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de 
Justiça, nos termos do art. 105, I, i, da Constituição Federal, com redação da EC n. 45, de 08.12.2004, para que 
produza efeitos no Brasil. São as seguintes: 
 Para obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e outros efeitos civis; 
 Para sujeitá-lo a uma medida de segurança; 
 Para que o STJ possa homologar, é necessário que nossa lei preveja os mesmos efeitos na situação abordada pela 
sentença estrangeira (sentença estrangeira compatível com o ordenamento jurídico brasileiro). 
 Atenção: 
A sentença estrangeira gera reincidência para fatos cometidos no Brasil (artigo 63 Código Penal), porém, não se 
exige homologação. 
 
 
Artigo 10 do Código Penal – Contagem de Prazo. 
 
*incluí Termo Inicial – (“dies a quo”). 
*exclui o Termo Final – (“dies ad quem”). 
 
Observação: meses e anos – Calendário comum. 
 
 
Artigo 11 do Código Penal. 
 
Frações não computáveis na pena. 
No caso de: 
Prisão – desprezar as frações de dia. 
Multa – desprezar as frações de centavos.

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