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Praticado um crime ou contravenção penal surge para o Estado a punibilidade. Esta é compreendida como a possibilidade jurídica de o Estado impor uma sanção penal ao responsável por uma daquelas infrações. Direito de punir. A extinção da punibilidade significa, de regra, a impossibilidade de o Estado exercer o seu poder punitivo, mas não apaga a infração penal. Excepcionalmente, nos casos de abolitio criminis e da anistia, há eliminação da própria infração penal. Rol do art. 107 é meramente exemplificativo, pois na lei penal há outras causas (ver arts. 168-A, ,§2º; 181; 235, §2º; 236; 312, §3º; 337-A, §1º e 348, §2º), bem como em leis especiais (art.83, §4º, Lei n. 9.430/1996; arts. 520 a 522, CPP; art. 87, parágrafo único da Lei n. 12.529/2011). Atingem a pretensão punitiva ou a executória. Efeitos: -Extintivas da Punibilidade que atingem a pretensão punitiva: eliminam todos os efeitos de eventual condenação. -Extintivas da punibilidade que atingem a pretensão executória, salvo nas hipóteses de abolitio criminis e anistia, apagam unicamente o efeito principal da condenação, qual seja, a pena. I – Morte – À vista da certidão de óbito – causa personalíssima, ou seja, não se estende aos demais (coautores ou partícipes) – II – Anistia, graça e indulto. Emanada de órgãos estranhos ao Poder Judiciário, mas somente acarretam a extinção da punibilidade após acolhimento por decisão judicial. *Anistia: é a exclusão, por lei ordinária, editada pelo Congresso Nacional, com efeitos retroativos, de um ou mais fatos criminosos. Destina-se, em regra, a crimes políticos (anistia especial), mas também pode abranger, excepcionalmente, crimes comuns. Abrange fatos e não indivíduos. Ex. Lei nº 6.683/1979 concedeu anistia a todos que entre 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexos com estes. Apaga todos os efeitos penais (não será reincidente se no futuro vier a praticar algum crime). Mas não apaga os efeitos civis, de regra. Crimes Hediondos e equiparados são incompatíveis com a anistia (art. 5º, XLIII, CF). *Graça (indulto individual): Tem por objeto crimes comuns, com sentença penal condenatória transitada em julgado e visa pessoa determinada, que a solicita, ou seja, de regra deve ser provocada. É ato privativo e discricionário do Presidente da República (art. 84, XII, CF), por meio de decreto. Alcança apenas o cumprimento da pena. Mantendo, portanto, íntegros os demais efeitos decorrentes da sentença penal condenatória. Pode ser plena (extinção da pena) ou parcial (diminuição da pena). Os crimes hediondos e equiparados são incompatíveis com a graça. *Indulto coletivo: é benefício coletivo, concedido espontaneamente pelo Presidente da República, a extinguir apenas as sanções penais mencionadas no decreto presidencial. A CF não o impossibilita para os crimes hediondos ou equiparados, mas a Lei n. 8.072/1990 sim. O STF entende que a lei não fere a Constituição Federal (HC 81.565/SC). ANISTIA (fatos e ñ pessoas) INDULTO-coletivo (espontâneo) Graça – individual (solicitada) Congresso Nacional (Lei Ordinária) Presidente da República (Decreto) Presidente da República (Decreto) Delitos políticos - preponderantemente Delitos comuns Delitos comuns Extingue efeitos penais da condenação, mas não os civis Não extingue referidos efeitos – apenas cump. pena Não extingue referidos efeitos – apenas cump. pena Concedida a qualquer tempo Só com trânsito em julgado da decisão Só com trânsito em julgado da decisão III – Abolitio criminis – nova lei que exclui do âmbito do Direito Penal um fato até então considerado criminoso (ver art. 2º, CP). Apaga todos os efeitos da condenação, subsistindo apenas os efeitos civis, isto é, a obrigação de reparar o dano provocado pela infração penal. IV – Prescrição, decadência e perempção *Decadência – perda do direito de ação. Só ocorre antes da propositura da ação. Extingue o direito de punir. Só ocorre na ação penal privada ou na pública condicionada à representação. Não se suspende nem se interrompe o prazo. *Perempção – Perda do direito de ação provocada pela inércia processual do querelante, ou seja, só ocorrente nas ações penais privadas. (ver art. 60, CPP) *Prescrição – Perda do direito de punir. Pode ocorrer em qualquer fase (antes, durante ou depois da ação penal). Em qualquer espécie de ação penal. Pode ser suspensa ou interrompida. Temos: -Prescrição da pretensão punitiva (propriamente dita) -Prescrição superveniente; -Prescrição retroativa -Prescrição da pretensão executória (faz desaparecer o direito de execução da sanção penal imposta). V – Renúncia – é a manifestação de vontade do ofendido, antes de iniciada a ação penal privada, de não exercer o direito de queixa. Trata-se de ato unilateral, cujos efeitos alcançam a todos os coautores do delito (art. 49, CPP). Pode ser expressa ou tácita. VI – Perdão do ofendido - Consiste na faculdade conferida ao querelante, no curso da ação penal privada, para perdoar o querelado. É ato bilateral, pois depende de aceite. Havendo recusa não produz efeito algum. É possível a qualquer tempo, desde que não haja o trânsito em julgado da decisão. VII – Perdão judicial – Embora perfeito o delito, é possível que o juiz, diante de determinadas circunstâncias legalmente previstas (por exemplo, arts. 121, §5º e 129, §8º, CP), deixe de aplicar a sanção penal correspondente, outorgando o perdão judicial. Se opera independentemente de aceitação. Essa decisão não será considerada para efeito de reincidência. VIII – Retratação – É o ato de desdizer-se, de retirar o que foi dito. É ato unilateral, ou seja, independe de aceitação por parte do ofendido.
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