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O presente trabalho tem por objetivo indicar procedimentos que possam auxiliar na efetivação e facilitação do processo de inclusão do aluno X, 15 anos, portador de deficiência mental que se encontra amparado pelo MEC cursando o 1º ano do ensino médio em uma escola regular.
                     Conhecendo algumas das dificuldades tais como: Troca das letras T por D e R por L, alfabetização precária, dificuldade em sua expressão oral, comportamento por vezes impaciente e agressivo agravado pelo distanciamento por parte do corpo escolar e inexperiência da equipe de professores no trato, serão propostas ações que possam efetivar seu processo de inclusão.
                    Em síntese podemos entender que:
“O homem, na sua essência, é um ser inacabado, num processo contínuo de vir a ser, mediado pelo acesso às interações sociais”. (GADOTTI, 1999, p. 44)
                  Compreende-se então, a necessidade de auxiliar na socialização do aluno portador de Deficiência Mental, a fim de inseri-lo não apenas no espaço escolar, mas na sociedade como um todo, uma vez que a proposta não é apenas a inserção no sentido de ser posto no mesmo espaço que os demais, mas o trabalho contínuo a fim de que haja uma maior compreensão e aceitação das diferenças por parte da sociedade e comunidade escolar.
                 Segundo DE PAULA (2006, p.10), “Uma escola inclusiva se caracteriza por aceitar, respeitar e valorizar alunos com diferentes características: meninos e meninas, altos e baixos, gordos e magros, pobres e ricos, negros, brancos, índios, cegos, surdos, em cadeiras de rodas, usando lupa, usando calçado ortopédico, usando aparelho no ouvido, com doença crônica, católicos, protestantes, evangélicos e outros. É uma escola construída sobre o princípio da educação como direito de todos os cidadãos. É um objetivo a ser alcançado pela luta por uma escola pública gratuita e de qualidade.”.
               Diante da atual conjuntura legal do processo de inclusão que se encontra em andamento é justamente para que isso se torne realidade que a equipe pedagógica, corpo discente, sociedade e governo devem trabalhar.
Desenvolvimento
             Partindo dos dados obtidos a proposta inicial é solicitar que a família procure auxílio de outros profissionais para se obter um diagnóstico mais preciso das dificuldades do aluno. Consideramos o procedimento importante uma vez que os portadores de deficiência mental precisam de acompanhamento especializado e a família é crucial nesse processo podendo auxiliar ou tornar-se um entrave no desenvolvimento educacional, social e emocional do mesmo.
           É sabido que:
O aluno com essa deficiência tem uma maneira própria de lidar com o saber, que não corresponde ao que a escola preconiza. Na verdade, não corresponder ao esperado pela escola pode acontecer com todo e qualquer aluno, mas os alunos com deficiência mental denunciam a impossibilidade de a escola atingir esse objetivo, de forma tácita. (GOMES, et al., 2007)
          Considerando a citação acima, é entendido que cabe também ao profissional da educação aceitar esse saber e, partindo do diagnóstico dos demais profissionais e apoio da família, elaborar práticas pedagógicas que possam facilitar o aprendizado e socialização do aluno portador de necessidades espaciais, compreendendo que as diferenças são naturais na escola e na vida; uma vez que cada indivíduo possui uma forma própria de ver o mundo que não pode ser tida aqui como inferior ou superior, mas como um saber diferenciado que deve ser considerado e trabalhado.
O Atendimento Educacional Especializado para o aluno com deficiência mental deve permitir que esse aluno saia de uma posição de “não saber” ou de “recusa de saber” para se apropriar de um saber que lhe é próprio, ou melhor, que ele tem consciência de que o construiu. (GOMES, et al., 2007)
        Será proposta também a inserção do aluno em turno diferenciado em escola especializada que em maioria dos casos oferece aos alunos atendimento especializado – área pedagógica, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicologia, Educação Física, Artes, além de possuir uma estrutura física superior em relação à escola regular podendo assim auxiliar a família e propiciar a criação de um intercâmbio com a escola regular, para que em conjunto encontrem um ponto em comum para trabalhar com o aluno, pois ao tempo em que a escola especializada trabalha as deficiências, a regular trabalha a socialização, a fim de incluí-lo na sociedade de forma efetiva como lhe é de direito.
Portanto, os dois: escola comum e Atendimento Educacional Especializado precisamacontecer concomitantemente, pois um beneficia o desenvolvimento do outro e jamais esse benefício deverá caminhar linear e seqüencialmente, como se acreditava antes. (GOMES, et al., 2007)
           Segundo DE PAULA (2006, p. 12) “Uma escola, com um único método e objetivos únicos para todos os alunos está mais que ultrapassada. Ao elaborar planos de trabalho que fazem parte do Projeto Pedagógico, as escolas assumem compromisso de oferecer educação de qualidade para todas as crianças, utilizando métodos diferentes para atender às necessidades específicas dos alunos”.
         Desse modo será proposto a equipe pedagógica a elaboração e desenvolvimento de projetos voltados para o esclarecimento do tema Deficiência Mental e demais assuntos ligados à inclusão, visando educar os profissionais, discentes e funcionários da escola para uma nova realidade, uma vez que demonstram despreparo em lidar com o aluno. Dentro do projeto será proposto aos alunos a realização de debates sobre Deficiência Mental, apresentação de slides, documentários, filmes com o tema e apresentação de trabalhos em grupo e/ou individualmente.
        Considerando também que:
O aluno com deficiência mental tem dificuldade de construir conhecimento como os demais e de demonstrar a sua capacidade cognitiva, principalmente nas escolas que mantêm um modelo conservador de ensino e uma gestão autoritária e centralizadora. Essas escolas apenas acentuam a deficiência, aumentam a inibição, reforçam os sintomas existentes e agravam as dificuldades do aluno com deficiência mental.
        É preciso estudar formas de romper com o modelo de escola que ainda se alicerça em estruturas tradicionais que interferem diretamente de forma desastrosa no processo pedagógico aplicando de forma adaptativa atividades diferenciadas para alunos com algum tipo de deficiência.
Em outras palavras, ao adaptar currículos, selecionar atividades e formular provas diferentes para alunos com deficiência e/ou dificuldade de aprender, o professor interfere de fora, submetendo os alunos ao que supõe que eles sejam capazes de aprender.
       Deve-se, portanto buscar uma abordagem de igualdade nas aplicações das atividades, não apenas para o aluno portador de deficiências, mas para toda turma, ou seja, o professor propõe diversas atividades e o aluno r escolhe a de seu interesse e executa, sendo avaliado de acordo com o que lhe é compatível.
       Outro aspecto relevante é o trabalho que deverá ser realizado no sentido de incentivar o processo de letramento do aluno, no qual implícito está a ideia que:
[...] a escrita traz conseqüências sociais, culturais, políticas,econômicas, cognitivas, lingüísticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o indivíduo que aprenda a usá-la (1998: 17).
        Para facilitação desse processo, será contatada a Secretaria de Educação do município a fim de solicitar o auxílio de um apoiador, (levando em consideração que alguns deficientes têm direito a esse benefício) uma vez que seu comportamento, por vezes impaciente e agressivo dificulta o andamento da aula.
      O processo de letramento do aluno será trabalhado na busca de melhorar sua comunicação e convivência com os demais, pois se entende que a escrita traz “conseqüências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas, lingüísticas, quer para o grupo social emque seja introduzida, quer para o indivíduo que aprenda a usá-la” ((GOMES, et al., 2007 apud SOARES, 1998,p.17).
Sabendo que os alunos portadores de Deficiência Mental:
[...] vivenciam processos cognitivos semelhantes aos das crianças ditas
normais, no que se refere ao aprendizado da leitura e da escrita. Embora o ritmo de aprendizagem dos alunos com deficiência se diferencie por requerer um período mais longo para a aquisição da língua escrita, as estratégias de ensino para esses alunos podem ser as mesmas utilizadas com os alunos ditos normais.
       Caberá aos professores a criação de estratégias que possam auxiliá-lo nesse processo, bem como o trabalhar com os demais alunos aspectos relevantes sobre a deficiência mental a fim de esclarecer e quebrar paradigmas discriminatórios e preconceituosos, para que assim compreendam que a melhor forma de tratar o Deficiente Mental é com igualdade e respeito.  
 
Conclusão:
        Compreendendo que as propostas de ações não são modelos prontos e acabados e que devem sim ser analisadas, experimentadas e aplicadas de acordo com o grau de deficiência de cada um, cabe salientar que as deficiências existem e estão em toda parte, mas em se tratando de deficiência mental, (por falta de esclarecimento) a resistência torna se maior a cada dia.
       A verdade é que:
As outras deficiências não abalam tanto a escola comum, pois não tocam no cerne e no motivo da sua urgente transformação: considerar a aprendizagem e a construção do conhecimento acadêmico como uma conquista individual e intransferível do aprendiz, que não cabe em padrões e modelos idealizados.
       Mais uma das verdades que precisam ser ditas enfaticamente é que o preconceito é a maior das deficiências e não se pode deixar de frizar que falta muito à escola regular para que a inclusão aconteça efetivamente como: estrutura física, capacitação profissional, valorização do professor e principalmente uma maior conscientização a fim de se trabalhar com as diferenças deixando de lado modelos obsoletos que acabam por discriminar e excluir os alunos portadores de necessidades educacionais especiais.
     Precisa-se ainda, compreender que paradigmas existem para ser quebrados não tanto na vida quanto no âmbito escolar, onde há espaço para aprendizado, socialização e principalmente respeito ao ser humano seja ele como for e traga consigo a deficiência que trouxer.
No caso do aluno em questão a equipe pedagógica trabalhará as metodologias de acordo com o diagnóstico dos profissionais da área da saúde e em conjunto com a escola especial auxiliará na melhoria não apenas no processo de aprendizagem do aluno, mas em sua socialização e inclusão efetiva.
 
REFERÊNCIAS
COSTA, Vilze Vidotte.  O Trabalho do Pedagogo nos Espaços Educativos. São Paulo: Pearson Education, 2009.
DE PAULA, Ana Rosa.COSTA, Carmen Martini. A Hora e a Vez da Família: Em uma Sociedade Inclusiva. Brasília: SEESP / SEED / MEC, 2007.
GOMES, Adriana L. Limaverde. Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Mental. Brasília: SEESP / SEED / MEC, 2007.
MALTEMPI, Silvia. O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular. São Paulo: 2010. Disponível em:< http://doce-pedagogia.blogspot.com/2011/11/como-garantir-o-acesso-de-alunos-com.html > Acesso em: 28 out. 2011
SARTORETTO, Mara Lúcia. Como Avaliar o Aluno com Deficiência? 2010. Disponível em <http://assistiva.com.br/Como_avaliar_o_aluno_com_defici%C3%AAncia.pdf>
SILVA, Samira Fayez Kfouri da; RAMPAZZO, Sandra Regina dos Reis; PIASSA, Zuleika Aparecida Claro A ação Docente e a Divesidade Humana. São Paulo: Pearson Education, 2011.
STRECKER, Heidi. Comunicação e Linguagem. São Paulo: Pearson Education, 2011.
TRISTÃO, Daniela Pedrosa Fioravante. Psicologia da Educação II. São Paulo: Pearson Education, 2011.
Observando as culminâncias dos projetos ao longo dos anos pude presenciar cenas que me deixaram um tanto quanto intrigada. Quando falo observando é porque de fato, parei analisei e refleti. Hoje posto pra vocês algumas situações que ficaram em minha memória..
        A culminância do Projeto Contos de Fada é uma das ocasiões em que as escolas têm o apoio dos pais integralmente, não no sentido de apoiar os filhos, de explorar a leitura ou releitura da obra de problematizar o conto de estimular a criação de novos desenhos a  fim de explorar o potencial artístico da criança . Não, isso tudo é relegado a  segundo plano, isso tudo é dispensável diante do que os pais realmente pretendem fazer que é, vestir os filhos com as melhores roupas para assim disputarem entre si quem pode mais , quem tem a criança mais bonita, quem pode vestir o filho com a melhor roupa. Muitos dirão:-  Certamente não é um crime!
Quando uma atividade escolar, ainda que de forma indireta estimula o preconceito e a discriminação está cometendo um crime; ou na construção do saber negligencia o magistério como ferramenta da desconstrução do preconceito e da discriminação também comete um crime ético. 
“Aprender a ser cidadão é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência; aprender a usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida coletiva da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos alunos e, portanto, podem e devem ser ensinados na escola". (BR Ministério da Educação - Secretaria de Educação Fundamental. Ética e Cidadania no convívio escolar. Brasília, 2001,pg 13)
           Mas  o que se percebe no espaço escolar é que os pais, com total apoio dos professores, estão mais preocupados consigo mesmos, com seu conforto do que , de fato, com a educação de seus filhos, com seu aprendizado, com as experiências que terão e que farão diferença em seu futuro. Me parece que estamos, como pais, ajudando a fixar um padrão elitista, racista e individualista. Estamos dizendo a nossos filhos. Você vale mais , pois pode vestir-se melhor que seu colega!
          De qual modo muitos professores acabam contribuindo para que isso ocorra?
Quando em lugar de explorar o tema dentro do campo pedagógico acabam por apenas tentar agradar os pais satisfazendo sua necessidade de auto-afirmação e superioridade sobre os demais moradores da localidade.
         Muitos, por falta de competência ou de firmeza, acabam por esquecer que:
" Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo" FREIRE 2011
           E acabam corroborando de forma direta com o comportamento preconceituoso ao criar eventos que estimulam a prática da discriminação deixando de lado o fazer pedagógico da intervenção  direta na costrução do saber ético, ou seja, quando eu. enquanto educador, promovo situações ou eventos sem um planejamento metodológico que deixe claro a real intenção educacional acabo por promover apenas um desfile de moda que em nada contribui para o crescimento do todo, desfiles de moda para alguns, para aqueles quem têm condições, pois os demais apenas como observadores  sentem-se pequenos, marginalizados, excluidos, desprezados pela comunidade escolar, uma vez que não se encontram dentro dos padrões que a sociedade estabelece e que a comunidade escolar passivamente aceita e apoia. 
          Na última festa de escola que fui, no encerramento do ano passado, percebi uma mãe com uma criança da creche no colo . A criança tinha por volta de 2 anos e meio e estava visivelmente incomodada com a coroa na cabeça, ela chorava e tentava livrar-se do acessório que certamente estava machucando seu couro cabeludo, pois estava fixado com grampos. A maquiagem no rosto da criança era muito forte, muito batom, sombra, rímel, blush e o vestido para um dia de calor no sertão da Bahia era pavoroso, cheio de babados, tules e muito tecido em uma temperatura de 40° na sombra com meia e sapatilha a criança reclamava e a mãe simplesmente ignorava. A criança arrancava a coroa e a mãe colocava novamente. Por fim ela dormiu, cansada de tanto chorar e reclamar e mãe foi levar a boneca pra casa. Sim, pois boa parte dos pais trata os filhos como bonecos, não importa se está calor, não importa se a coroa machuca, não importa se maquiagem não deixa a pele da criança respirar, importa desfilar com a "boneca" para que todos possam ver que belezinha.
          Em outras ocasiões chegam as mamães com seus príncipes que não querem nada mais que empunhar suas espadas e ficarem brincando no pátio, mas não podem brincar, precisam estar impecáveis para ostentar a roupa cara que mamãe comprou.
        É um verdadeiro desfile de príncipes e princesas com a pura finalidade de deixar mamãe e papai confortáveis diante dos que podem menos.
      Por falar em desfile... 
      Quando estava estagiando em 2001 , na organização do desfile de 7 de setembro, pude ouvir coisas do tipo: 
- A filha de fulana é perfeita pra ser a Branca de Neve , a mãe dela já vai comprar a roupa e não precisamos nos preocupar e a menina parece uma princesa, é branquinha bem cuidada...
- A filha de fulana pode ser uma índia compramos sacos de estopa, fazemos uma roupinha e tá bom... Ela não tem dinheiro pra comprar nem comida.
- A filha de fulana vai ser balisa, ela tem o corpo lindo, cabelos lisos, vai ser uma linda balisa.
- A filha de fulana vai ser uma florzinha, tão fofinha , pele rosadinha , vai ficar uma fofura.
E eu fico de cá olhando e indagando...  No dia do desfile e  ajudando a vestir as crianças, eu perguntei:
- Temos mais uma roupa de florzinha, posso vestir a filha de fulano? (detalhe, filha da família mais pobre da região).
- Não, ela vai ser uma índia, a roupinha de saco de estopa está ali.
- Mas eu tenho uma flor bem aqui, dá certinho no rostinho dela.
A menina sorri,quer ser uma florzinha, mas a professora não deixa.
Ela não pode ser uma florzinha ... Ela é pobre...
          Ficou estabelecido nas entrelinhas que a ala das princesas é a dos que possuem melhores condições e que podem comprar vestidos caros , são os de pele branca, de elite de cabelos lisos. A ala dos índios vestidos de estopa, ou papel metro é a ala dos esfarrapados sociais em sua quase totalidade negros, pobres de cabelos crespos.  
           Há coisas que não precisam ser ditas, elas são vivenciadas da maneira mais podre que pode se ver. O fato de presenciar tal absurdo e nada poder fazer a respeito deixou-me frustrada e anos mais tarde pude encontrar uma frase de Freire com a qual me identifiquei profundamente e considero que deva ser a atitude de todo e qualquer professor que busca em sua profissão sua realização profissional e seu crescimento enquanto ser humano.
"Aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam"
          Sai daquele sete de setembro lembrando que desfilávamos no ínicio dos anos 90  todos com a farda da escola ... Do ponto de vista da organização de eventos pedagógicos, não tinha preto, branco, rico, pobre, bonito ou feio. Éramos todos iguais ainda que o modelo de educação não fosse o ideal, pelo menos o preconceito e a discriminação no fazer pedagógico dos eventos escolares não eram tão evidentes, por isso mesmo não eram sentidos pelo corpo discente.
         Éramos organizados por turmas e em fileira marchávamos e cantávamos o Hino Nacional... Sem banda de Fanfarra, sem super produções, mas felizes, com a clara evidência de que éramos todos iguais.
         Me enoja a forma como o preconceito, racismo vão sendo disseminados em sala de aula descaradamente através do que se cola na parede da escola do que se fala durante a leitura de um livro , do que se impõe que o aluno vista ou faça. E aqui cabe um relato que ouvi na faculdade outro dia de uma de minhas colegas
"Ao sortear para o Projeto Contos de fada uma de minhas alunas para ser uma das princesas percebi que ela ficou triste:
- Por que vc está triste?
- Pró eu não posso ser princesa... Olhe o meu cabelo... não é cabelo de princesa e eu não tenho a cor de uma princesa... Não posso me vestir com vestido de princesa!"
        No livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire (p.37) "...a prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente a democracia".
        Refletindo: Será que não estamos contribuindo para fixar ainda mais na mente das crianças um perfil elitista e estereotipado ou  na contramão da emancipação estamos reafirmando a alienação naqueles que já sofrem o preconceito?
       Será que nossos lindos painéis não retratam belas moças loiras de olhos azuis e cabelos lisos?
 E será que em nossos projetos estamos mais focados no pedagógico do que na reprodução de certo modelo "imposto" pela mídia?  
       Será que realmente estamos preocupados com a formação educacional e psicológica de nossos alunos ou estamos apenas tentando agradar seus papais que acabam por interessar-se pela escola apenas nas culminâncias de determinados projetos onde podem vestir seus filhos com as melhores roupas, sapatos, enchê-los de maquiagem e desfilar com eles na frente dos demais ,a  fim de exibir seu poder econômico?
Fica a reflexão e o lamento de uma criança que por conta de ser negra e ter cabelo cacheado aos 5 anos de idade não se sente digna de vestir uma roupa de princesa.
De quem é a culpa?
Dos pais que não estimulam nos filhos comportamento não preconceituoso.
Da sociedade que conserva um comportamento discriminatório.
Do governo que alheio a tudo isso em seu modelo mercantilista contribui para o crescimento das diferenças sociais.
E dos professores que , enquanto interventores não se posicionam eticamente de modo a criar formas metodológicas e pedagógicas de combate a tais práticas.
         Em contra partida, deixo aqui minha profunda admiração aos professores esperançosos, éticos, humanos e profissionais que, remando contra a maré, também procuram , junto com os esfarrapados sociais lutar por sua emancipação e através de sua prática pedagógica mudar o mundo a sua volta. 
É esta força misteriosa, às vezes chamada vocação, que explica a quase devoção com que a grande maioria do magistério nele permanece, apesar da imoralidade dos salários. E não apenas permanece, mas cumpre, como pode, seu dever (FREIRE).

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