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Psicose Apresentação Slide

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PSICOSE
“ Se não somos capazes de perceber que há um certo grau, não arcaico devendo ser posto em algum lugar no nível do nascimento, mas estrutural, no nível do qual os desejos são, propriamente falando, loucos, se para nós o sujeito não inclui em sua definição, em sua articulação primeira, a possibilidade da estrutura psicótica, então não passaremos nunca de alienistas.”
 J.Lacan, Seminário: A Identificação,
 2 de maio de 1962
“ Não é louco quem quer”. Lacan escreveu este enunciado na sala de plantão e, ele pode ser lido como “ Só é louco quem pode. ”
Tereza Dubeux
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PSICOSE
INTRODUÇÃO
 Estas frases lacanianas prenunciam a postura psicanalítica diante da loucura: abordar a psicose como algo específico e determinado, que tem sua lógica e seu rigor. 
 Trata-se de considerar a psicose como uma estrutura clínica diferente da neurose e da perversão, sendo a referência ao Édipo e à castração o divisor de águas entre esses campos clínicos.
 
 Não há uma definição propriamente psicanalítica da psicose. Coube à psicanálise o esforço de esclarecer os mecanismos psíquicos que levam à psicose, através de suas elaborações teóricas. 
Tereza Dubeux
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PSICOSE
 INTRODUÇÃO
 Para a psicanálise, em especial na abordagem lacaniana, a psicose é uma estrutura clínica na qual não há inscrição do significante primordial, o Nome-do-Pai, responsável por interditar a relação dual mãe-bebê, operando um corte cujas conseqüências são: o reconhecimento da incompletude tanto do bebê quanto da mãe, e o direcionamento do seu caminhar guiado pelo desejo.
 O sujeito psicótico é aquele fora-dos-discursos, do laço social. O psicótico não faz laço, Ele vive em uma outra realidade para além daquela socialmente estabelecida.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
INTRODUÇÃO
 O sujeito dito louco não se reconhece como louco e entende o seu comportamento como perfeitamente normal e explicável em função de seus delírios que se apresentam, para ele, com um caráter de veracidade incoercível.
 Em virtude de sua estrutura, ele cria uma nova realidade para dar conta do que lhe ocorre intrapsiquicamente. 
 Freud propõe ser a psicose fruto de um distúrbio na relação do ego com o mundo externo, cujo resultado ressoa sobre a dinâmica de o sujeito ser invadido por um real de acontecimentos que ele concebe como verídico, mas que os outros não conseguem perceber. São construções delirantes que visam dar um sentido subjetivo as idéias, sentimentos e percepções que o invadem.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
 INTRODUÇÃO
 Em resumo, a psicose é um processo de defesa que se desenvolve no lugar, e em vez de, uma simbolização não realizada. Trata-se de uma organização da subjetividade na qual Freud vê uma forma específica de perda da realidade com regressão da libido para o eu e, eventualmente a construção de um delírio como tentativa de cura, de reconstrução da relação com a realidade.
 Esse novo lugar em que vai se constituindo o saber da psicose, coloca gradativamente o sujeito à margem da realidade, bem como do grupo social. Por conta disto, o psicótico é banido da sociedade e pode ser levado a instituições psiquiátricas cujo objetivo versa, predominantemente, sobre a reinserção social do psicótico.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
INTRODUÇÃO
 A psicose não é um fenômeno novo, pelo contrário, foi constatado há anos, sendo tratado de diversas formas ao longo dos tempos. Apesar de se tratar de um fenômeno antigo, nem a sociedade, nem a comunidade científica, nem a rede de saúde mental do território e nem a família, no particular, estão preparadas totalmente para dar conta dessa problemática. 
 A clínica das psicoses é um campo que demanda acentuado investimento dos profissionais, inclusive pelo estreitamento do limiar normal x patológico, o que pode mobilizar naqueles que não estejam bem trabalhados para este tipo de serviço. Esta questão do normal e do patológico remete à escolha por uma concepção de diagnóstico.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
 INTRODUÇÃO 
 Para a psicanálise, a identificação das estruturas clínicas tem um papel central, em função da influência que elas exercem na direção do tratamento. Desde o início, o profissional deve chegar a algum diagnóstico, uma vez que isso o ajuda em termos do lugar que ele deve ocupar frente ao seu cliente e da melhor forma de conduzir o tratamento. 
 Essa questão do diagnóstico não é simples, visto que a psicanálise não adota uma visão determinista, classificatória como a que resulta de diagnósticos feitos em outros campos do saber, a exemplo da medicina e mais especificamente, da psiquiatria. A psicanálise compreende que o diagnóstico tem apenas uma dimensão potencial, hipotética, que só pode ser confirmada no a posteriori.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
INTRODUÇÃO 
 As estruturas clínicas são formas de organização defensiva do psiquismo para atuar no mundo frente à falta e à castração. São o modo singular encontrado pelo sujeito para lidar com esses fatos essenciais da vida humana.
 É importante ressaltar uma diferença fundamental entre a psicanálise e a psiquiatria, no que se refere ao diagnóstico e às estruturas clínicas: 
 A psiquiatria leva em consideração o quadro sintomatológico apresentado pelo paciente para definir o seu diagnóstico. Por exemplo, se há ou não presença de delírios, alucinações, alterações do curso do pensamento, a expressão afetiva, etc., sem, contudo, singularizar ou se utilizar de elementos interpretativos que subjetivem os fenômenos naquele sujeito específico.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
INTRODUÇÃO
 A psicanálise preocupa-se com o fator topológico: uma espécie de organização e lugar que o sujeito ocupa perante seu desejo e perante à falta, uma vez que se configura a partir da relação que o sujeito trava com a função fálica, enfatizando sempre a vivência singular e subjetiva.
 O critério de distinção no que se refere à hipótese diagnóstica é que para a psiquiatria é a presença de sintomatologias agrupadas que, por si só, direcionam sua hipótese diagnóstica. A única possibilidade de obter algo que se assemelhe ao que pode ser chamado de cura neste campo do saber, implica a remissão dos sintomas. É significativo o fato de predominar, neste saber, o olhar para a patologia, deixando de lado o sujeito em questão e a sua singularidade.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
INTRODUÇÃO
 A psicanálise, por sua vez, traz justamente a questão do sujeito como fator central, defendendo que a sintomatologia não é suficiente para a determinação da estrutura clínica, tendo em vista que o mesmo sintoma pode surgir em diversas estruturas. Existem outros fatores que influenciam, os quais se organizam a partir da especificidade da configuração de seus elementos.
 A psicose é vista como a expressão mórbida da tentativa desesperada que o eu faz para se preservar, para se livrar de uma representação inassimilável que, à maneira de um corpo estranho, ameaça sua integridade. Que
mecanismos são estes que isolam o sujeito da realidade, levando-o à psicose? Qual a relação dos elementos edipianos nas psicoses?
Tereza Dubeux
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PSICOSE
 PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE
 Na perspectiva freudiana, a psicose é, inicialmente, pensada a partir de reflexões sobre o conflito defensivo em ação sobre a sexualidade. 
 Considera necessário investigar os mecanismos atuantes na dinâmica relacional do sujeito com o mundo externo sob a ótica de uma rejeição radical para fora da consciência nos casos de confusão alucinatória ou ainda uma espécie de projeção originária da recriminação para o exterior.
. Para Freud, ocorreria uma rejeição violenta da representação inconciliável para fora do eu. O eu expulsaria uma idéia que se tornou intolerável para ele, por ser demasiadamente investida e, com isso, separava-se também da realidade externa da qual essa idéia é a imagem psíquica. 
 
Tereza Dubeux
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PSICOSE
PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE
 Desta forma, o eu fica impotente e, às cegas, amputa uma parte de si mesmo. Isto significa que uma representação psíquica, já demasiadamente investida pelo eu, fica privada de qualquer significação. 
 A partir de sua primeira teoria das pulsões e de sua primeira tópica, Freud retoma a questão sob o ângulo da relação entre os investimentos libidinais (sexuais) e os investimentos das pulsões do ego (interesse) no objeto. 
 Seu primeiro estudo sobre a psicose, o caso Schreber, se dá sob esta ótica. Nesse momento inicial, ele denomina a psicose de neurose narcísica em função de um mecanismo parecido, o narcisismo, descrito por ele anteriormente, em que predomina a retirada da libido do mundo externo e seu direcionamento para o ego.
 
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PSICOSE
 
PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE
 Com a elaboração da segunda tópica, Freud formula as três instâncias, o Id, o Ego e o Superego, visando demonstrar o funcionamento do psiquismo. Sustenta que o Id seria a única formada desde o nascimento, consistindo em uma instância exigente, cheia de desejos e pulsões e pouco afeita a influências decorrentes do mundo externo.
 O ego estaria localizado na superfície do Id e seria direcionado para a realidade, buscando a satisfação das necessidades mediante estratégias admissíveis pelo meio social. O ego teria suas raízes fincadas no Id, recebendo dele sua energia. A função do ego seria, portanto, viabilizar a realização dos desejos, mediando-os com o mundo externo.
 
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PSICOSE
 PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE
 Já o superego surgiria da censura, em função das leis e padrões culturais do contexto no qual está inserido o sujeito. Embora derive do ego, é independente deste e finca suas raízes no Id. Inicialmente o superego, por advir de interdições da autoridade parental, manifesta-se em função do exterior, passando posteriormente, a atuar a partir do interior. O superego é moldado a exemplo do superego dos pais e carrega interdições introjetadas a partir do processo civilizatório.
 As instâncias ideais são o destino da libido narcisista e desempenham um importante papel nas psicoses, tendo em vista a predominância do narcisismo nesta patologia. É importante diferenciar o ego ideal, o ideal de ego e o superego para melhor entender a dinâmica de forças prevalentes no conflito psicótico.
 
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PSICOSE
PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE
 Em geral, a psicose implica uma severa deterioração das funções egóicas de forma a causar prejuízo no contato do sujeito com o mundo externo, com a realidade. Nesta estrutura, o Princípio do Prazer se sobressai em detrimento do Princípio de Realidade.
 Com as funções do ego lesadas , o sujeito psicótico mantém um contato restrito com o mundo exterior, como se este fosse limitado ao seu universo interpsíquico de forma que se estabelece uma dinâmica na qual parece que o mundo é só seu.
 Até então, Freud propunha que, na psicose, mediante o processo de retirada da libido de objetos e pessoas do mundo e o seu direcionamento para o eu, sem nenhuma substituição por outros na fantasia, que tal conteúdo, sendo abolido do interior do sujeito, retornaria do exterior. Quando o sujeito consegue substituir algo, o processo parece ser secundário e se daria através de construções delirantes, uma espécie de tentativa de recuperação, de cura.
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PSICOSE
PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE 
 
 O processo psicótico caracteriza-se, portanto, por dois momentos: o super-investimento pelo eu de uma representação psíquica, tornando-a, assim, incompatível com as outras normalmente investidas, e a rejeição violenta e maciça dessa representação e, por conseguinte, a abolição da realidade da qual a representação era a cópia psíquica.
 
 A esses dois momentos cabe acrescentar um terceiro que é a percepção pelo eu do pedaço rejeitado, sob a forma de delírio, ou de alucinação.
 Para Freud, o eu da psicose divide-se em duas partes: uma rejeitada e perdida, como um pedaço arrancado, e outra que alucina este pedaço como uma nova realidade.
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PSICOSE
 PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE
 
 Quando um psicótico sofre de alucinações auditivas, a voz que o insulta é um pedaço errante de seu eu.
 
 O processo psicótico começa, então, pela expulsão brutal de um pedaço do eu e culmina com a percepção alucinada do pedaço rejeitado, transformado numa nova realidade, numa realidade alucinada.
 
 No lugar de uma realidade simbólica abolida aparece uma nova realidade compacta, alucinada, que coexiste no mesmo sujeito com outras realidades psíquicas não afetadas pelo mecanismo denominado por Lacan de foraclusão e por Freud de recusa.
 
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PSICOSE
PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE
 O psicótico não é globalmente afetado por suas crises, pois, fora dos acessos delirantes, preserva uma relação sadia com o seu meio. Inversamente, o sujeito dito normal pode viver um episódio delirante, sem que por isso se deva qualificá-lo de psicótico.
 
. A marca da psicose é, justamente, o distanciamento do eu - que estaria a serviço do Id - e a realidade, cuja dinâmica do sujeito seria caracterizada pelo predomínio do Id e não do princípio de realidade sobre o eu.
 Para o psicótico e para o neurótico, o movimento retroativo é o mesmo. Exatamente como o sujeito alucinado, o analisando neurótico ouve a voz de seu inconsciente, mas a vivência é radicalmente diferente.
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PSICOSE
PERSPECTIVA FREUDIANA DA PSICOSE
 
 Enquanto o neurótico fica surpreso, admirado diante do seu inconsciente que fala através dele e que é o seu agente involuntário, o psicótico, por sua vez, repleto de certeza, tem a convicção dolorosa e inabalável de ser vítima de uma voz tirânica que o aliena.
 
 Lacan condensou a aproximação entre a psicose e o inconsciente na seguinte frase: ”o psicótico é o mártir do inconsciente, no sentido de ser sua testemunha.” De fato, quem pode atestar melhor a força irredutível e devastadora do inconsciente?
Tereza Dubeux
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PSICOSE
NEUROSE E PSICOSE
 
 Freud afirma que na totalidade dos casos , das neuroses e psicoses, o sujeito encontra-se diante da incapacidade do eu de se defender de uma representação psíquica intolerável; diferencia no entanto, seus mecanismos e efeitos sobre a estrutura clínica.
 No que se refere à perda da realidade, na neurose, o afrouxamento da relação com a realidade deve ser visto como uma reação contra o recalcamento, ou como um fracasso desta defesa. A perda da realidade é secundária ao estabelecimento da neurose, quer provenha do combate do eu contra o sintoma, quer seja constituída pela predominância da fantasia sobre a realidade, como uma espécie de compensação à parte lesada do Id. 
 
Tereza Dubeux
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PSICOSE
NEUROSE E PSICOSE
 Esse processo que Freud chama de rejeição, Lacan o toma no sentido de abolição simbólica.
 Para articular essa questão, ele diz que no começo da vida psíquica, por uma condição de anterioridade lógica, o ser do sujeito deverá ser colocado no mundo do símbolo, onde habitará. 
 Antes mesmo de nascer, o sujeito é inserido num universo simbólico onde falam dele, onde já existe um projeto parental para ele. A cadeia simbólica o antecede e ele é chamado a ocupar nela um lugar.
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PSICOSE
NEUROSE E PSICOSE
 Nessa aproximação com a linguagem, vão se constituir três campos de influência sobre o sujeito: de um lado, o simbólico, que se organiza como estrutura para dar lugar aos elementos que se ordenam na dimensão do inconsciente, representado pelo significante.
 Do outro, como função, o imaginário, que tem prevalência no nível do pré-consciente, representado pela significação; 
 E, do outro, o real, que é exatamente o discurso feito realmente na dimensão diacrônica, histórica, mas inaccessível, impossível de ser apreendido. Trata-se daquilo que existe, que produz efeitos, mas que não é nomeável.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
NEUROSE E PSICOSE
 
 Os mecanismos da neurose, o recalcado e o retorno do recalcado (o sintoma), são ambos de natureza simbólica. O retorno de uma representação ainda é uma representação que continua a fazer parte do eu. Um sintoma neurótico é um retorno da mesma natureza simbólica e está tão integrado ao eu quanto a representação recalcada. 
 
 Na neurose, o recalcado e o retorno do recalcado são homogêneos, não há perda da relação simbólica. Todo sintoma é uma palavra que se articula e que é endereçada a alguem; a relação com a realidade não é obturada por uma foraclusão.
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PSICOSE
NEUROSE E PSICOSE: Freud e Lacan
 
 Quanto à psicose, o que ocorre é efetivamente uma perda. 
 Esta perda, segundo Lacan, que não se trata da realidade externa, ou dos elementos do imaginário, mas da própria ordem simbólica. 
 
Diz ele: “Aquilo que é foracluído no plano simbólico, retorna de fora sob a forma de real”. Verifica-se que há uma alteração de consistência: o que é foracluído e o que retorna não são constituídos da mesma argila, o que sai é simbólico , o que retorna é real. 
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PSICOSE
NEUROSE E PSICOSE
 No que se refere aos mecanismos da psicose, o repúdio ou a abolição da representação intolerável, aquilo que é repudiado e o que retorna são de naturezas profundamente heterogêneas.
 A imagem repentina e alucinada não tem nenhuma das propriedades simbólicas de uma representação: é captada pelo eu sem nenhum afeto e percebida com a nitidez de uma realidade inegável, mas que lhe é estranha.
Tereza Dubeux
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PSICOSE
NEUROSE E PSICOSE
 Na psicose, a perda da realidade é primária, constituindo a própria doença. O desligamento parcial da realidade é o mais freqüente, servindo de preâmbulo ao desligamento total. 
 O segundo tempo da psicose tem um caráter de reparação: o delírio aparece como uma peça que é posta no lugar em que, inicialmente, produziu-se uma rachadura na relação do eu com o mundo externo.
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PSICOSE
PERSPECTIVA LACANIANA DAS PSICOSES
 O conceito lacaniano de inconsciente foi forjado a partir da compreensão psicanalítica do fenômeno psicótico.
 Fortemente influenciado pela idéia de automatismo mental defendida por seu mestre, Clérambault, Lacan articulou o inconsciente com os fenômenos de automatismo mental do delirante que leva o sujeito a produzir uma sucessão de pensamentos, palavras e atos que lhe escapam.
 
 
 
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PSICOSE
PERSPECTIVA LACANIANA DAS PSICOSES
 O ser falante, psicótico ou não, é um ser falado: falado por um Outro presente em nós, que nos transcende para além do nosso querer e do nosso saber consciente. 
 É assim que fala o inconsciente: escapa ao sujeito, para voltar a seu ouvido e surpreendê-lo. O psicótico alucinado, às voltas com vozes acusadoras, as ouve com a dupla certeza de que elas vêem de fora e só se dirigem a ele. 
 A partir de 1953, Lacan explica as psicoses segundo duas leis: a primeira, explicita a primazia do simbólico sobre o imaginário ao dizer que é o significante que explica, como causa, as significações.
 
 
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Este significante fundamental é o Nome-do-Pai. Só este significante introduz a exclusão recíproca que é a diferença entre as gerações e o interdito do incesto.
 A segunda lei sustenta que na falta deste significante, há proliferação de significações que visam suprir esta falta. Essas significações funcionam como muletas imaginárias que, por um tempo, possibilita ao sujeito compensar a ausência deste significante. 
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PSICOSE
 
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Lacan retoma os pontos de vista freudianos sobre o narcisismo, que alicerça a sua concepção da psicose, e o mecanismo da foraclusão para construir a sua teoria do fracasso da instalação da metáfora paterna como fundamento de todo o processo psicótico.
 O narcisismo não é apenas a libido investida sobre o próprio corpo, mas uma relação imaginária, central nas relações inter-humanas: ama-se no outro o que existe nele de identificação erótica, ao mesmo tempo em que, como todo processo de diferenciação, de desligamento, implica uma tensão agressiva.
 
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Para que seja possível compreender nos psicóticos a formação, ou não, da imagem do eu, efeito do estádio do espelho, é preciso situar o ponto de partida num tempo anterior ao nascimento do sujeito.
 A sua história não começa com ele, ela o precede, e esse período prévio é fortemente responsável por aquilo que será seu futuro. 
 Todo sujeito vem ocupar um lugar no mito familiar: esse mito, cuja importância é demonstrada pelo lugar que ocupará na fantasia fundamental, designa-lhe um papel na tragicomédia de sua
vida, que determina, de antemão, os discursos que começam a ser dirigido não a ele, mas ao personagem que ele encarna na cena familiar, e que tenderão a constituí-lo como sujeito.
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Esta é a primeira ambigüidade fundamental que o discurso impõe ao homem: ele traz um nome escolhido em função desse lugar no qual sua subjetividade se encadeia (nome pelo qual é chamado e não seu nome legal).
 Ao mesmo tempo, é o discurso, que é o lugar da fala, nesse início, alienante por definição, que testemunha a inserção daquele sujeito, numa cadeia significante, única condição de sua inserção simbólica.
 
 A análise de psicóticos obriga o analista a interrogar sobre a essência desse Outro, desse lugar da fala, a fim de decifrar porque o sujeito só pôde responder a esse discurso pela alienação. O ego do psicótico está engolfado numa falha, numa brecha real no Outro ( a mãe ).
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Lacan formula a constituição do Édipo em três tempos lógicos. No primeiro tempo lógico, a mãe seria o Outro absoluto, que a tudo detém, domina e governa, e o bebê estaria identificado ao falo, cuja equivalência simbólica (bebê-falo) já havia sido indicada por Freud. 
 Neste âmbito, a mãe seria a personagem principal da maternagem do bebê, é quem acalenta, quem sacia todas as suas necessidades e atribui significações a elas. O bebê torna-se a concretização do desejo da mãe. Tanto a mãe atribui a ele este estatuto, quanto ele próprio se coloca nesse lugar, respondendo a este chamado.
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 
 No segundo tempo lógico do Édipo, ocorreria a instituição da simbolização por parte do bebê. Isto é confirmado tanto pela capacidade da criança de representar a mãe no jogo do carretel – o famoso fort – da freudiano, como também pela utilização de fonemas e balbucios, ensaio de palavras num momento ainda remoto do desenvolvimento. Tais aspectos marcam a entrada da criança no mundo da linguagem, do simbólico.
 
 Com a possibilidade da criança simbolizar a mãe, esta atinge o estatuto de signo, em detrimento do de objeto primordial de onde até então respondia. A linguagem atua, assim, enquanto mediação simbólica que vem cortar a imediatez da dualidade da relação mãe-bebê.
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Esta mediação, no entanto, não se dá por si só. É necessário que haja intervenção de um terceiro que venha barrar o desejo da mãe, bem como o do filho, e que introduza a lei da interdição, operando um corte na reintegração da criança por parte da mãe, e impedindo que o bebê continue a responder do lugar de objeto de desejo materno.
 É então que a instância paterna atua como metáfora, cuja incidência deve advir no próprio discurso da mãe, ou seja, o significante Nome-do-Pai, evocado no discurso materno, implica que o desejo da mãe se encontra dirigido também para outro lugar e que ela própria é submetida a uma lei.
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 O significante Nome-do-Pai não apenas demarca uma lei para a mãe, mas perpassa o discurso materno e atinge a criança que se apercebe que também ela está submetida a uma lei. O Nome-do-Pai é o significante que viabiliza a simbolização da mãe.
 Em suma, num primeiro tempo lógico, a mãe ocupa o lugar de Outro absoluto e, em seguida, o Nome-do-Pai vem interditar esse Outro onipotente, instalando a lei em seu lugar, mediante uma nova configuração, permitindo a entrada da criança no simbólico. O falo, que ocupava o lugar de objeto imaginário do desejo da mãe, atinge o estatuto de significante do desejo do Outro e, a partir de então, inscreve-se a castração no Outro e o inconsciente se constitui barrado.
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Neste contexto, a metáfora paterna convoca a significação do falo no imaginário do sujeito, contudo, o fato do falo assumir o caráter de significante se dá ao preço do desaparecimento do mesmo. Sendo assim, a castração simbólica tem como conseqüência seu surgimento no imaginário enquanto falta.
 O significante do falo permite ao sujeito conferir significações aos seus significantes, bem como se situar no universo simbólico e na partilha dos sexos como homem e como mulher. O sujeito sai, assim, de um lugar, no qual ele estava identificado ao falo, para uma posição de falta-a-ser, na qual será confrontado pela dialética não mais do ser ou não ser o falo, mas do ter ou não tê-lo.
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 O terceiro tempo lógico proposto por Lacan remonta ao declínio do Complexo de Édipo, no qual o sujeito, o menino, por exemplo, assumiria a posição de ter o falo, podendo se apropriar de várias significações de seu pênis, provisoriamente confundido com o falo.
 A inscrição do significante Nome-do-Pai propicia o advento do significante do desejo, baliza a entrada do sujeito no simbólico e o desenrolar de sua cadeia significante no inconsciente, que remete a questões referentes à existência e ao sexo. 
 
 Na psicose, a inscrição do Nome-do-Pai não se instala e o sujeito fica colado à mãe que continua a ocupar o lugar de Outro absoluto.
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 A operação do Nome-do-Pai é o fenômeno que propicia a significação fálica que, por sua vez, permite a significação do desejo da mãe: o falo é o significante do desejo materno.
 Como no sujeito psicótico não se inscreve este fenômeno, é possível pensar que ele não deseja, pois não se reconhece em falta, permanecendo eternamente submetido à fantasia de uma completude e aos caprichos e desejos de sua mãe, como um apêndice da mesma.
 Não se trata apenas de não reconhecer o Nome-do-Pai, e sim de sua exclusão. Não é algo que o psicótico nega, pois até para negar é preciso que haja um reconhecimento, como se dá com o perrverso.
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Esse processo de exclusão do Nome-do-Pai recebe o nome de foraclusão, tornando-se o mecanismo por excelência da psicose.
 A foraclusão equivale à abolição da lei simbólica, favorecendo, no psicótico, distúrbios no mundo dos discursos. O que ele fala, é. Não faz metáfora, o significante vem colado à palavra e assume um estatuto de verdade absoluta em contraponto à dúvida inerente ao neurótico.
 O psicótico assume eternamente uma posição estrutural de objeto de uso e de gozo do Outro – não barrado – em função da não inscrição do significante do Nome-do-Pai. 
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PSICOSE
A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Para adquirir o estatuto de sujeito, sujeito da linguagem, do inconsciente e do desejo é preciso pagar um preço ao valor do Édipo e, a partir de então, estar fadado a cumprir a sentença da falta, da castração simbólica. Não pagar este preço de comprometimento simbólico leva ao campo das
psicoses.
 Em função da falha no advento da metáfora paterna, em decorrência da foraclusão do Nome-do-Pai, uma série de problemas acontecem na vida do psicótico. Dentre eles, as alterações psíquicas que, em grande parte, decorrem de alterações da percepção ou do pensamento. Seriam as alucinações e os delírios comuns aos transtornos psicóticos. 
Tereza Dubeux
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 A relação mãe-filho não espera o parto para acontecer: o ponto de partida dessa relação remonta ao momento em que começa sua história biológica, na fecundação. Esse momento é definidor do lugar que a criança ocupará, enquanto objeto de desejo, no inconsciente materno.
 
 O início da gravidez coincide com, ou acentua, a instalação de uma relação imaginária na qual a criança não é representada pelo que é na realidade, um embrião em vias de desenvolvimento, mas por um corpo imaginado, um corpo completo e unificado, dotado de todos os atributos necessários para isso.
 
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 É sobre essa imagem, suporte imaginário do embrião que se despeja a libido materna. Durante a gestação, há, portanto, de um lado, no nível biológico, esse lento devir que transforma a célula em ser humano. Por outro lado, no plano relacional, essa célula, desde o começo, é representada pelo corpo imaginado que acompanha e precede a criança.
 
 A possibilidade dessa primeira inserção da criança no imaginário materno enquanto “corpo imaginado”, testemunha o fato de que a mãe pôde simbolizar seu discurso em torno de um significante correspondente à ordem humana na qual ela própria se insere, mas que reconhece como lhe sendo pré-existente e independente de sua própria existência.
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Essa dimensão histórica materna é indispensável para que o sujeito seja reconhecido como um elo que vem se inserir numa cadeia significante da qual ele é o fim e cujo prosseguimento ele tem que garantir.
 
 A mãe do psicótico não é alguém que faz a lei, ela é a lei. Esse tipo de mães poderiam ser chamadas de fora de lei e não de mães fálicas. 
 
 Mulher fálica é um sujeito para quem o falo e fazer a lei são duas entidades indissolúveis: é porque se identifica com o homem que a possui, que ela entra em conflito de rivalidade com ele, tentando impor-lhe sua lei. No entanto, no plano social, essas mulheres são hiper- rígidas: reconhecem a lei fálica e procuram apropriar-se dos emblemas reconhecidos por essa lei.
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 
 Com as mães de psicóticos, as coisas são de uma ordem completamente diferente: jamais aceitaram as regras do jogo e nem os compromissos correspondentes. Elas estipulam suas próprias regras.
 
 Se elas não são psicóticas, se suas defesas lhes permitem um tipo de aparente adaptação ao real, por outro lado, a própria ahistoricidade delas, sua má inserção social, suas exclusão na ordem da lei é algo sempre presente.
 
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 
 É possível, e provável, que o filho seja fator desencadeante de uma brusca descompensação ao nível das suas defesas (o que explicaria porque é justamente na relação com seus filhos que se concretiza aquilo que nelas é da ordem de uma perversão ao nível da lei). 
 
 Por outro lado, o filho lhes permite tamponar essa mesma brecha fazendo do corpo da criança o escudo que acolhe e fixa qualquer erupção do recalcado mal contido.
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 
 Esse tipo de mulher é a única que tem uma relação com a criança real enquanto embrião.
 O embrião é a testemunha de que a mãe é a lei, de que não tem nenhuma simbolização possível, fálica ou não, nem nenhum emblema através do qual seja possível reconhecê-la e nomeá-la. 
 
 Não tem outro ponto de referência a não ser a de uma onipotência, que pretende manter através da prova de sua eficácia, a manutenção da exclusão e do não reconhecimento de tudo quanto for da ordem da lei simbólica.
 
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 O que é narcisicamente investido ao nível do embrião é o significante da onipotência materna, que marca a mãe enquanto ser humano em sua relação com a lei. 
 
 A presença dessa única relação implica para o filho uma primeira castração maciça; tudo o que, em seu corpo lembrar a contribuição paterna, é negado e anulado: em primeiro lugar, tudo aquilo que poderia fazer lembrar que ele é fruto de uma união sexual e que, enquanto ser sexuado, ele é também filho do pai.
 
 A foraclusão do Nome-do-Pai tem aqui sua origem.
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 A gravidez pode, nesse sentido, ser causa de um retorno maciço do recalcado, retorno que, se não acaba numa psicose, torna todavia, psicogênica sua relação com a criança.
 Parece existir para essas mães um tipo de impossibilidade para representar imaginariamente à criança que virá: a relação parece dar-se entre a mãe e uma massa no interior de si mesma, uma espécie de enchimento corporal, de órgão acrescentado que, nela ,e graças a ela, se desenvolve. Esse tipo de mulher é a única que tem uma relação com a criança real enquanto embrião.
 
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 Se normalmente a presença do corpo imaginário é o que permite, desde o início, um investimento libidinal da criança enquanto corpo separado, nesse caso, assistimos não a um desinvestimento do narcisismo em favor da futura criança, mas a um sobreinvestimento narcisista daquilo que é sentido como uma produção endógena, como algo que se acrescenta ao próprio corpo.
 Parece existir, para essas mães, um tipo de impossibilidade para representar imaginariamente a criança que virá. A relação entre elas parece ser entre a de uma mãe e uma massa no interior de si mesma, uma espécie de enchimento corporal, de órgão acrescentado que, nela, e graças a ela, se desenvolve. 
 
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 
 No plano da dinâmica libidinal esse “corpo real” aparece, então, como um simples prolongamento do narcisismo materno, razão porque o parto corre o risco de ser vivido como uma experiência de luto, a perda insuportável de um objeto investido narcisicamente, podendo causar uma psicose puerperal.
 
 O “corpo real” da criança não terá outro reconhecimento, ou outra razão de ser, se não permanecer testemunha da onipotência da função materna.
 Por essa razão, esse investimento só pode recair sobre aquilo que na criança é suporte e meio da demanda e jamais do desejo.
 
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 O cuidado com o estado dos órgãos, o bom andamento das funções que ela controla, lhe asseguram a onipotência.
Antes de ser um corpo despedaçado, a criança é um corpo feito de pedaços, pois só assim pode continuar como testemunha da lei materna: separada da mãe espacialmente, permanece indissoluvelmente ligada a ela ao nível daquilo que é da ordem da funcionalidade.
 Neste contexto, só a metáfora paterna convocaria a significação do falo no imaginário do sujeito, permitindo o corte com esta relação dual com a mãe.
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A PERSPECTIVA LACANIANA DA PSICOSE
 A constituição do sujeito humano é inerente à relação com a sua imagem. Essa imagem é a base da formação do seu eu.
 Assim, por um lado, a imagem lhe permite diferenciar sua própria imagem da imagem do outro; por outro lado, evita a luta erótica, ou agressiva, provocada pelo conflito não intermediado de um com o outro, no qual a única escolha possível é “ele, ou eu”. 
 
 Nessa ambigüidade essencial, em que pode estar o sujeito, a função do terceiro é a de regular essa instabilidade fundamental do equilíbrio imaginário com o outro. 
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A ESTRUTURA PSICÓTICA E O EGO ESPECULAR
 
 O encontro com o ego especular, antes de mais nada, é descrito por seu caráter jubilatório: aquilo que surge no espelho é essa imagem na qual me vejo com o corpo inteiro, independente, corpo que domino até poder fazê-lo desaparecer e renascer para mim e para o Outro.
 Ao assumir o corpo imaginário como minha imagem, investindo sobre ele a minha libido, ele se torna meu ego ideal, suporte de meu narcisismo. A partir daí, será ele que terá que me assegurar que meu corpo existe como outra coisa independente e não apenas um continente de necessidades vindas de outro lugar.
 O que permite esse reconhecimento é o movimento através do qual a criança se volta para aquele que a sustenta para pedir o seu consentimento. Através do viés do reconhecimento do Outro, a criança se reconhece. 
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A ESTRUTURA PSICÓTICA E O EGO ESPECULAR
 Desde o início, a criança foi reconhecida como corpo imaginário, por esta razão ela pode reconhecer no ego especular seu ego ideal. O ego especular já é um objeto cobiçado por ser investido pela libido materna.Transforma-se, então, em ego ideal (objeto do narcisismo primário). É preciso considerar que essa imagem do ego ideal é ilusória pois, nesta época, a criança ainda é imatura em sua motricidade e depende do Outro para poder perceber-se como inteira.
 Com o psicótico passa-se outra coisa: o que ele vê no espelho o deixará para sempre siderado de terror, pois o que lhe aparece é seu corpo tal como em sua realidade é visto pelo Outro: conjunto muscular mantido unido, pelos braços que o aprisionam ou o sustentam: o que se desenha no espelho é ela mais o Outro, porém o Outro enquanto agente da castração e ele como lugar dessa castração.
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A ESTRUTURA PSICÓTICA E O EGO ESPECULAR
 O que o espelho lhe remete, indefinidamente, é ele enquanto lugar da castração. É preciso acrescentar que aquilo que se reflete no espelho enquanto ego especular, fecha, para sempre, para o psicótico, toda possibilidade e toda via de identificação.
 A foraclusão desse mecanismo essencial é o que estruturalmente caracteriza o fenômeno psicótico enquanto tal. Qualquer relação imaginária com o Outro, por se apoiar sobre o ego especular, se torna impossível e como toda assunção do desejo pressupõe a identificação do eu com seu ego especular, será o desejo que estará para sempre interditado para o psicótico: é essa dialética insolúvel que está na base dessa relação com o seu real.
 
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A ESTRUTURA PSICÓTICA E O EGO ESPECULAR
 
A partir desse momento, o sujeito terá duas percepções possíveis:
 a nível da demanda percebe uma dimensão de realidade bruta, que nega ao objeto qualquer significação libidinal, chocando-se com ele e reconhecendo-o ao modo de um cego; 
 ou percebe exclusivamente seu valor significante, mas esse valor é tal que não pode ordenar a realidade que o cerca, de qualquer modo que seja.
 
 A psicose ensina que na falta do significante, o real emerge plenamente em sua condição de estar fora do processo de significação. O mundo aparece como estranho e o sujeito fica colocado numa relação contígua à própria cadeia significante.
 
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A ESTRUTURA PSICÓTICA E O EGO ESPECULAR
Conseqüências: 
 Não se realiza a metáfora paterna, e ao não se constituir a condição básica para o recalque primário, o psicótico se vê radicalmente impossibilitado de usar a linguagem em sua dimensão simbólica (sofre o rebote real da linguagem), tornando-se impossibilitado de negar algo no plano de um discurso onde tudo se afirma para ele.
 Outra conseqüência: o mundo deixa de ser um mundo de aparências, perde-se a representação das coisas e a imagem fornecida pelo fantasma desaparece. Estabelecem-se as condições para os fenômenos alucinatórios. 
 
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ESTRUTURA PSICÓTICA E O EGO ESPECULAR
Conseqüências ( continuação )
 
 O sujeito recebe as mensagens de forma imperativa, favorecendo os fenômenos de passagem ao ato. Cada significante se transforma isoladamente num enigma para o psicótico, podendo ter uma quantidade inumerável de significações e reproduzir os graves distúrbios de linguagem da psicose.
 Após o mergulho na loucura, começam a aparecer manifestações produtivas, que mostram a importância com que esses doentes investem nas palavras numa tentativa vã de cura e de reconstrução do mundo. Esta reconstrução, que pode se ocupar dos mais variados temas, busca dar uma significação a esse novo mundo.
 
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ESTRUTURA PSICÓTICA E O EGO ESPECULAR
 Na regressão à fase do espelho, a imagem do corpo próprio se fragmenta e modifica radicalmente a relação do sujeito com o seu corpo. Essa regressão possibilita explicar os vários fenômenos somáticos da psicose, assim como as alterações em relação ao tempo e ao espaço. 
 
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FORACLUSÃO
 
 A posição teórica de Lacan a propósito da foraclusão varia conforme os seus textos e a época de sua elaboração teórica. 
 
 A foraclusão se elabora a partir da distinção em três partes, que Lacan estabelece entre o mito da atribuição universal do pênis a todos os seres humanos (o Todo universal), a descoberta da criança de que existe pelo menos uma pessoa castrada, a mãe, que constitui uma exceção à universalidade do mito (o Um da existência) e o fato da própria falta.
 
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FORACLUSÃO
 
 Ele ressalta, portanto, três elementos, o Todo universal, o Um da existência e a falta em si. Essa tríade do Todo de uma ilusão, do Um de uma exceção e da falta, constitui uma matriz que Lacan considera segundo uma perspectiva lógica e segundo uma perspectiva edipiana.
 A primeira perspectiva define a dimensão simbólica e a segunda define a tríade pai, mãe e filho.
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FORACLUSÃO
 Quer se trate de uma ou de outra dessas perspectivas, o que está em jogo é sempre este tripé de base: o Todo, o Um e a falta, sobre o qual atuará a foraclusão. A operação foraclusiva pode incidir sobre o Todo, sobre o Um da existência ou sobre a falta. 
 Diferentemente de Lacan, Freud focalizou a foraclusão num único elemento, o da representação intolerável, que equivale ao Um da tríade lacaniana.
 
 Nos textos mais tardios, Lacan adotou uma outra posição teórica, que se converteu em sua posição definitiva, segundo a qual a foraclusão incide não sobre o Todo, mas sobre um significante que seria desenvolvida à luz do mito edipiano.
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FORACLUSÃO
 
 Esta primeira tríade simbólica do Todo, do Um e da falta, converte-se, então, na figura ternária do todo da mãe onipotente, do Um, dos significantes do Nome-do-Pai, e da falta representada pelo desejo da mãe. A foraclusão se exercerá exclusivamente sobre o significante do Nome-do-Pai.
 O Nome-do-Pai, expressão de origem religiosa, não é o equivalente ao nome patronímico de um pai em particular, mas designa a função paterna como é internalizada e assumida pela própria criança. É qualquer expressão simbólica produzida pela mãe, ou pelo filho, que represente a instância terceira, paterna, da lei da proibição do incesto.
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FORACLUSÃO
 
O Nome-do-Pai, entendido como expressão do desejo da mãe ou do desejo do filho, é qualificado por Lacan de metáfora paterna, ou seja, metáfora do desejo da criança perpassada pelo desejo da mãe. 
 O Nome-do-Pai não designa alguma coisa objetiva, localizável, nomeável, mas é qualquer expressão significante que venha ocupar o lugar da metáfora do desejo da criança ou do desejo da mãe. 
Um sintoma, um gesto, uma palavra, uma decisão, uma ação, todos são em sua diversidade, exemplos de significantes do Nome-do-Pai, sendo cada um deles uma expressão singular do desejo. O lugar do Nome-do-Pai é sempre um, mesmo que os elementos que o ocupem sejam múltiplos.
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A INJUNÇÃO – APELO AO NOME-DO-PAI
 O que define acima de tudo o Nome-do-Pai é o seguinte fato: o significante do Nome-do-Pai é a resposta sempre renovada a um apelo proveniente de um outro, de um semelhante externo ao sujeito.
 A foraclusão consiste precisamente na suspensão de qualquer resposta ao apelo dirigida a um sujeito, de ter que fornecer uma mensagem, praticar um ato ou instituir um limite.
 
 Por isso, a foraclusão é a não vinda do significante do Nome-do-Pai no lugar e no momento em que ele é chamado a advir. 
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A INJUNÇÃO – APELO AO NOME-DO-PAI
 Diferentemente do neurótico que resolveu confiar na função paterna e está referido a um saber organizado ao redor de um pólo central ao qual se devem e se medem todas as significações, falta ao sujeito psicótico uma amarragem, uma organização centralizada do seu saber que lhe dê as significações do mundo.
 O certo é que não haverá uma significação que seja a mesma para todos os psicóticos, como a fálica é para os neuróticos.
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A INJUNÇÃO – APELO AO NOME-DO-PAI
No momento em que a injunção chega, o que era um saber para o psicótico entra em estado crepuscular, não vale mais. O sujeito, mesmo quando entra nesse estado crepuscular, fica sem nenhum tipo de significação. Para entendermos melhor:
O saber do sujeito psicótico fora de crise está organizado de uma forma específica, segundo referências imaginárias, sem uma amarragem central homóloga à função paterna na neurose.
Uma injunção não negociável bate no sujeito, exigindo que ele se refira a uma função paterna.
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A INJUNÇÃO – APELO AO NOME-DO-PAI
De repente o seu saber se crepusculariza e a forma específica desse saber aparece como falta no simbólico da instância evocada pela injunção: foraclusão, ou abolição da função paterna.
Os significantes evocados pela injunção falam no real porque a função mesma que eles são chamados a ocupar não está simbolizada pelo sujeito. O psicótico constrói a metáfora delirante, como uma tentativa de substituir a metáfora paterna. 
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A INJUNÇÃO – APELO AO NOME-DO-PAI
O desencadeamento de uma crise é relativo a uma injunção, alguma coisa chega ao sujeito fazendo um apelo a uma referência à função paterna. 
Referir-se a uma função paterna significa organizar-se como sujeito e obter sua significação de sujeito em relação a uma amarragem fixa, central, que organizaria seu saber.
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A INJUNÇÃO – APELO AO NOME-DO-PAI
Essa metáfora é considerada delirante, não pelo fato de ser inverossível, mas por uma razão estrutural, pois o lugar central dessa amarragem não está simbolizado por ser algo que não estava no saber do sujeito e que vai ficar no real.
É importante considerar que o que é foracluído é a função organizadora do Nome-do-Pai, é a amarragem enquanto tal, não é que o paciente psicótico não disponha de significantes para falar de seu pai, de sua família, que não existam significantes relativos ao quadro edípico. 
O problema é que esses significantes não têm a função de amarragem central como na metáfora neurótica.
 
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A INJUNÇÃO – APELO AO NOME-DO-PAI
 Trata-se da foraclusão de uma função: o que vai falar no Real e não está simbolizada é a função paterna. Por exemplo, o que vai produzir-se no Real, sob a forma de alucinação auditiva, é a função paterna. 
 Essa função paterna vai surgir com significantes que já estavam no saber do sujeito. O pai com o qual o psicótico vai lidar no Real para poder constituir uma metáfora delirante, não é um pai abstrato, surge a partir da constelação significante paterna inerente à sua dinâmica familiar.
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A INJUNÇÃO – APELO AO NOME-DO-PAI
 O fato de haver foraclusão do Nome-do-Pai para um sujeito psicótico não implica que não haja uma história de uma certa forma edípica, o problema é que essa história edípiana não produziu uma metáfora do tipo neurótico. Os significantes paternos dessa história fazem parte do saber do sujeito como qualquer outro significante. O que não é simbolizável é a função central desse significante. 
 
 É porque essa função central vai ser imposta pela injunção que esses significantes vão voltar para o sujeito no Real. 
 A metáfora delirante é uma metáfora para-paterna, pseudopaterna, que responde à necessidade para o sujeito psicótico de estruturar-se como o neurótico. É uma a resposta à injunção.
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A INJUNÇÃO: UM APELO AO NOME-DO-PAI
 A psicose é vista por Lacan como uma decorrência de uma contingência do acontecimento: um encontro com o Real, funcionando como uma injunção,
pode romper as significações que compensavam a falta da metáfora paterna. Por exemplo, uma paternidade, uma revelação religiosa, uma traição conjugal, um falecimento inesperado, uma falência profissional, uma derrota política, etc.
 Diante de uma nova verdade, o saber falta e a interrogação permanece suspensa. Qual vai ser a resposta psicótica a essa interrogação?
 Para que o psicótico venha dar uma resposta, é preciso haver coincidência, o encontro fortuito de duas eliminações: uma do imaginário e uma do simbólico.
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CARACTERÍSTICAS DO FENÔMENO PSICÓTICO
A Elisão ou Eliminação do Imaginário: 
 - O imaginário que servia de suporte e de ponto de referência na prepsicose falha um dia. Há uma descompensação em conseqüência de uma escolha a fazer.
A Elisão ou Eliminação do Simbólico:
 - Uma psicose se desencadeia quando a essa falha do Imaginário vem se acrescentar uma segunda pelo encontro de um outro acontecimento: o apelo a um significante de base, apelo vindo de uma autoridade dita paterna e dirigida ao sujeito.
 - Essa invocação situada no Outro, lugar dos significantes primordiais, não é recebida pelo sujeito porque está foracluída, abolida, sem afirmação possível.
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CARACTERÍSTICAS DO FENÔMENO PSICÓTICO
Uma psicose se desencadeia a partir da coincidência de dois furos: de um lado, no imaginário, e do outro, no simbólico, pela ausência de apelo ao Nome-do-Pai.
Desses furos, que é na verdade único, vai engendrar-se um desencadeamento da fala conforme dois tempos sucessivos: o da perplexidade e o da convicção.
 - Perplexidade: Falas se impõem ao sujeito como vindas do exterior sob forma de vozes, como ecos do pensamento, como enunciações de atos a cumprir ou como comentários deste. Após um acontecimento novo diante do qual o sujeito não sabe o que fazer, ele sente como se sinais lhe fossem pessoalmente dirigidos: tal frase ouvida que se repete, etc.
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CARACTERÍSTICAS DO FENÔMENO PSICÓTICO
Há intrusão do significante: isso fala sozinho, automaticamente, conforme uma sonoridade específica, com o sentimento do sujeito de que ele mesmo tem a ver com isso, isso fala para ele. O discurso interior não pára.
 - Convicção: o delírio tem por função dar resposta ao enigma: é uma tentativa de reconstrução do universo do psicótico de modo a que ele possa pelo menos viver lá de novo.
 - O delírio dá significações às vozes já que os significantes estão reduzidos à mera função de exprimi-los. No lugar onde falta a metáfora paterna vem outra metáfora: a da impregnação, a da fecundação feminina em vista da procriação de uma nova humanidade, ou qualquer outra.
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PSICOSE
CARACTERÍSTICAS DO FENÔMENO PSICÓTICO
Essas significações são atribuídas ao outro: é o outro quem tem a iniciativa, seja qual for o delírio. O outro é implicado pelo psicótico e não o inverso.
Na medida em que a um certo apelo o sujeito não pôde responder, o delírio vem recobrir a relação com o Outro por uma abundância imaginária de modo de seres que são igualmente relações com o pequeno outro. 
O outro é poderosamente afirmado, mas sob o modo da relação dual, imaginária, por uma proliferação de significações. Assim, a estrutura imaginária acaba por ser restaurada.
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PSICOSE
CARACTERÍSTICAS DO FENÔMENO PSICÓTICO
Freud, em sua análise de Schreber, faz questão de sustentar que o objeto delirante seja do mesmo sexo do psicótico.
Lacan vai dizer, no entanto, que o que Freud designa por homossexualidade é a relação com o semelhante como imagem, aquele que é conhecido. O heteros do Outro sexo escapa por definição.
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PSICOSE
DIFERENCIAÇÃO DAS PSICOSES
 NEUROSE		 PSICOSE
 HISTERIA
 pai que retorna no Real		- dificuldade de constituição
 pai enfraquecido / castrado		 do delírio
				- pobreza de alucinações
				 auditivas
				- riqueza de alucinações não
				 auditivas
 
					 
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PSICOSE
DIFERENCIAÇÃO DAS PSICOSES
 NEUROSE		 PSICOSE
 OBSESSÃO
 pai incastrado / não castrado	 - facilidade de constituição
 pai completo / sem falhas		 do delírio
				 - alucinações auditivas
				 - pobreza de alucinações não
				 auditivas
 					 
Tereza Dubeux
Na paranóia, a constelação paterna que volta no Real é o pai não castrado. Por essa razão é possível encontrar facilidade de constituição do delírio, riqueza de alucinações auditivas, riqueza de manifestações do pai no Real e escassez de alucinações não auditivas. O êxito da constituição do delírio funciona como uma defesa efetiva do sujeito, sustentando-o numa significação. As alucinações cenestésicas surgem freqüentemente no quadro paranóico como uma tentativa de sexuação do sujeito. Essas alucinações poderiam ser pensadas como alucinações auditivas na medida em que seriam manifestação de uma tentativa de sexuação Real pelo pai (efeitos de sua voz). Elas teriam a ver com a transformação do sexo do sujeito (transexualismo).
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PSICOSE
DIFERENCIAÇÃO DAS PSICOSES
 NEUROSE		 PSICOSE
 FOBIA
 pai constitucionalmente		- abandono objetal à
 insuficiente		 	 demanda do Outro (depressão)
				- excesso de significação
 pai terrificante		 	 (mania)
				- riqueza de alucinações não
				 auditivas
 					 
Tereza Dubeux
PSICOSE
MANÍACO
DEPRESSIVA
A fobia apresenta sempre duas faces. Por um lado, existe a fobia de significantes, como a dos objetos cortantes, dos animais etc. Por outro lado, as fobias do espaço, que são propriamente fobias relativas à posição de objeto do sujeito, fobias de ser punido pelo outro, aspirado no seu gozo. A referida oscilação dar-se entre um esforço para produzir um excesso de pai, esforço este que nunca se apaga, e a queda imediata desse esforço, um risco objetal que produz uma fobia de espaço ou ainda uma posição depressiva. Esse tipo de constelação paterna produziria na psicose uma oscilação entre um excesso de significação do lado da mania e um abandono objetal do lado da depressão. 
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Segundo Freud, a esquizofrenia é uma entidade clínica que se distingue, no interior do grupo das psicoses, por uma fixação numa fase muito precoce do desenvolvimento da libido; por caracterizar-se por uma desarticulação das diversas funções psíquicas e por um mecanismo particular de formação dos sintomas:
 O investimento excessivo das representações da palavra, ocasionando transtornos da linguagem e das representações de objeto, causando as alucinações.
 
 
Tereza Dubeux
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 A esquizofrenia não é um conglomerado de sintomas. Ser esquizofrênico é mais do que ter esquizofrenia. É possível dizer que a esquizofrenia se mantém um passo adiante do esquizofrênico, o qual se sente vítima passiva do que lhe acontece, como se os seus
sofrimentos viessem do exterior.
 
 A esquizofrenia não é um estado de coisas, é um acontecimento puro da irrupção de um dizer que se mantém sempre um passo adiante de tudo o que o esquizofrênico exprime, e sempre marca um passo adiante de tudo que dele pode ser dito.
 
Tereza Dubeux
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Esse passo adiante é, nesse caso, a própria estrutura: a esquizofrenia é um distúrbio da emergência, um excesso incontrolável de um dizer anárquico, que não pode se apoiar num dito.
 
 Esse passo adiante é também um não foraclusivo que furta a superfície de inscrição sob cada inscrição a vir.
 
 Esse não antecipado é a recusa de Freud ou a foraclusão de Lacan. Trata-se de uma incapacidade de impor um não pensamento no lugar do pensamento.
Tereza Dubeux
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Tanto Freud quanto Lacan dedicaram poucos trabalhos teóricos relativos à esquizofrenia.
 Foi apenas por motivos de estrutura que Freud foi levado a conservar a unidade clínica da esquizofrenia no campo das psicoses, e também para distingui-la da paranóia. Ele questionava a pertinência deste termo para designar esta patologia. 
 O mecanismo do recalcamento era visto como o mesmo nos dois casos, diferenciando o campo das psicoses do das neuroses, sendo sua característica principal o desapego da libido do mundo exterior e sua regressão para o eu (não como objeto fantasmático como nas neuroses).
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Freud distingue a esquizofrenia da paranóia por suas características: por um lado, a localização diferente da fixação predisponente e, por outro, a um mecanismo diverso do retorno do recalcado ( a formação dos sintomas).
 O que ele entende por isso?
 Inicialmente, sempre há um investimento, pelo sujeito de um objeto sexual, apego da libido ao objeto. É, em uma perspectiva fálica imaginária que o sujeito aborda a realidade; a satisfação que obtém dela, mesmo que seja sempre limitada, depende, em compensação, de determinações simbólicas inconscientes.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Quando essas determinações correspondem a uma situação de inacabamento do complexo de Édipo, de não assunção da castração pelo sujeito, desencadeia-se um conflito. 
 Freud põe em oposição o investimento do objeto sexual, pelo sujeito, a uma terceira instância, edipiana, uma referência paterna, ou seja, à própria realidade, pois são esta instância e essa referência que a sustentam, que são seus elementos organizadores.
 Esse conflito provoca um fracasso, uma frustração na realidade, obrigando o sujeito a desligar sua libido do mundo externo. O recalque permitiria esse desligamento.
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 Nesta etapa, Freud faz intervir a fixação predisponente, que constitui a dimensão passiva do recalque, que reside no fato de que um componente da libido não cumpre a evolução normal prevista, permanecendo imobilizado em uma fase infantil.
É dessa localização da fixação, variável, que irá depender a importância da regressão da libido.
 A libido, desligada do objeto pelo processo de recalcamento, fica livre e é levada a reforçar o componente da libido que ficou para trás e a romper “ os diques no ponto mais fraco do edifício”.
Freud vê nessa ruptura a manifestação do fracasso do recalque e o surgimento dos sintomas ( retorno do recalcado). 
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Essas manifestações sintomáticas, que se toma, em geral, pela doença, são, para Freud, “tentativas de cura”.
 Na esquizofrenia, levando em conta a evolução menos favorável do que na paranóia, Freud deduz que a regressão não se limita a atingir a fase do narcisismo (que se manifesta no delírio de grandeza), mas que ela vai até o completo abandono do amor objetal e o retorno ao auto-erotismo infantil.
 O segundo critério que distingue a esquizofrenia da paranóia, para Freud, refere-se à natureza do mecanismo posto em ação na formação dos sintomas.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Na esquizofrenia, a tentativa de cura não utiliza o mecanismo da projeção nem do delírio, como na paranóia, para tentar reinvestir os objetos, mas o da alucinação. Além disso, ele acrescenta, posteriormente, há o investimento excessivo nas palavras que corresponde aos transtornos de linguagem observados na esquizofrenia. Alguma dessas alterações da linguagem tais como:- confusão entre significante e significado em que se inscreve o não acesso do sujeito à ordem simbólica, como no discurso decorado e no uso inadequado de palavras que o sujeito não entende. 
 É comum também o uso de neologismos, a desorganização sintática, o caráter rebuscado e maneirista da expressão verbal e outras extravagâncias.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Lacan fez alguns progressos no estudo desta psicose, ao poder contar com os instrumentos da lingüística moderna. O progresso feito por ele, leva em conta a referência à cadeia significante e sua tese de que o inconsciente é estruturado como uma linguagem.
 Assim, a perda do poder metafórico das palavras poderia estar relacionado com uma carência fundamental , que constitui a definição da psicose: a falta da metáfora paterna. 
 De fato, só esta metáfora permite transpor as coisas da ordem real para a ordem simbólica, tornando o sujeito humano capaz de lidar com sua ausência, ou seja, com a sua presença simbólica. A esquizofrenia ilustra esse poder de irrealização
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 Perturbações no triângulo edipiano – a foraclusão do Nome-do-Pai promove a substituição do triângulo edípico por uma relação bi-polar que tende a auto-anular-se: o sujeito ocupa o lugar do pai , excluindo-o. 
 
 Tende a fundir-se e ,a confundir-se, com a mãe. É como se houvesse o desejo de ser pai de si mesmo com a própria mãe. Por essa razão, trata-se de um pseudo triângulo edipiano.
 
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A ESQUIZOFRENIA
 
 A esquizofrenia ilustra bem esse poder de irrealização pela importância da irrupção do símbolo no Real, sob a forma de cadeia rompida, alucinatória ou neológica. Lacan chega a afirmar que, para o esquizofrênico, todo símbolo é real.
Outros fenômenos identificáveis na esquizofrenia são:
 Identificação do nascimento à morte
 Prevalência da bissexualidade : não consegue situar-se frente à diferença dos sexos.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
 
Definição
 A paranóia é uma psicose que se caracteriza por um delírio sistematizado em que predomina a interpretação, e pela ausência de enfraquecimento intelectual.
Freud inclui na paranóia os delírios de perseguição, a erotomania, o delírio de ciúme e o delírio de grandeza.
 A grande contribuição da psicanálise ao estudo da paranóia foi pôr em evidência os mecanismos psíquicos que estão em jogo nessa psicose e a parte irrefutável da psicogênese na sua etiologia.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
 
Histórico
 A hipótese inicial de Freud era de que ele podia abordar as manifestações psíquicas da paranóia à luz dos conhecimentos que a psicanálise tinha adquirido sobre as neuroses, pois ele acreditava que elas decorriam dos mesmos processos gerais da vida psíquica.
 Já em 1894, Freud escrevia que as idéias delirantes deviam ser classificadas ao lado das idéias obsessivas, sendo ambas distúrbios puramente intelectuais; a paranóia situa-se ao lado do distúrbio obsessivo na qualidade de psicose intelectual.
 
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
 Continuando, ele diz que se as obsessões são atribuídas a algum distúrbio afetivo e demonstram que devem sua força a um conflito, portanto, a mesma explicação deve ser válida para as idéias delirantes.
 Freud afirma que: “essas pessoas se tornam paranóicas porque não podem tolerar certas coisas, mas é necessário ainda que seu psiquismo tenha uma disposição particular para isso”.
 Em 1896, ele descreve o desenvolvimento do processo paranóico na seguinte ordem: incidente, lembrança, desprazer, retirada da crença (desconexão) e recalque.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
 Em conseqüência desse processo, o paranóico presume que o outro imputa a ele o traço ou o desejo que ele renega.
 No ano seguinte, surge o primado da organização edipiana e, sem dúvida, a paranóia contribuiu para a descoberta desta organização na mesma medida em que a elucidação do Édipo exerceu influência sobre a análise da paranóia.
 A paranóia põe em evidência um tipo de defesa que implica a renegação da crença, a relação do sujeito com o outro. O Édipo sela essa investigação na medida em que confere a essa experiência suas dimensões normativas.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
 Em 1897, data em que ocorre a virada decisiva no desenvolvimento da psicanálise, os seguintes temas pareciam estabelecidos:
O elemento que mobiliza a projeção paranóica provém da intolerância do paranóico do fato de que os outros conheçam deles o que eles mesmos ignoram.
As características gerais dessa doença: a importância atribuída à voz, ao gesto e ao tom, traduzem a cisão entre o alter ego e a lembrança recalcada.
A paranóia é a estrutura que menos depende das determinações infantis.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
Em 1899, Freud vai se preocupar com os determinantes da ‘escolha das neuroses’. Ele começa afirmando que entre as camadas sexuais, a mais profunda é a do auto erotismo, que não tem nenhum fim psicossexual em si, e exige somente uma sensação capaz de satisfação localizada. Mais tarde, o aloerotismo (homo e hetero) toma lugar, mas o auto erotismo persiste sob a forma de uma corrente independente.
As neuroses (histeria e neurose obsessiva) são aloeróticas e se manifestam por uma identificação com a pessoa amada. A paranóia desfaz a identificação e restabelece todas as pessoas amadas na infância, cindindo o eu em várias pessoas estranhas. 
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
Por esta razão, Freud considera a paranóia como uma irrupção de uma corrente auto erótica, como um retorno a uma situação infantil, modificando a sua tese anterior.
No caso Schreber, ele evidencia três vias: a função da projeção, a homossexualidade e o papel da fixação no eu. 
 Quanto à homossexualidade, constata que o perseguidor do delírio paranóico é sempre uma pessoa amada. 
Na projeção, uma percepção interna é recalcada e seu conteúdo, após sofrer uma deformação, retorna ao consciente sob a forma de uma percepção vinda do exterior. No delírio de perseguição, a deformação consiste na transformação do afeto: o que deveria ser sentido como amor é percebido externamente como ódio.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
Essa projeção possibilita ao sujeito evitar assim o perigo no qual o colocaria a irrupção, em sua consciência, de seus desejos homossexuais. Perigo considerável, devido à fixação desses doentes na fase do narcisismo, o que faria da ameaça de castração uma ameaça vital de destruição do eu.
O delírio surge, portanto, como um meio para o paranóico assegurar a coesão do seu eu, ao mesmo tempo em que tenta reconstruir o seu universo.
Ressalta, ainda, que a projeção não desempenha o mesmo papel em todas as formas de paranóia, nem se manifesta exclusivamente no curso da paranóia.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
Sustenta que quatro tipos de funcionamento da projeção permitem distinguir os grandes tipos clínicos da paranóia: a persecutória, a de ciúmes, a erotomaníaca e a megalomaníaca, que correspondem respectivamente aos deslocamentos do verbo, do sujeito e do objeto do enunciado e à totalização da enunciação implicitamente formada pelo paciente. 
Como exemplo, ele cita o enunciado de base homossexual: “eu, um homem, amo um homem”; primeiro sua negação: “eu não o amo, eu o odeio”, depois a inversão das pessoas: “ele me odeia”.
 
No entanto, a projeção não fornece o fundamento da doença. Para chegar a ele, é preciso referir-se à interrupção do desenvolvimento libidinal que é a fixação do sujeito no eu.
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
A problemática da identificação foi reconhecida, por Freud, como móbil do processo paranóico. Essa questão remete à própria gênese da identidade, a essa matriz de identificação que é a integração num mesmo corpo, das zonas erógenas anteriormente dispersas. 
Na tentativa de entender o papel dos desejos homossexuais na gênese da paranóia, Freud propõe um estádio que a libido atravessa no curso de sua evolução do auto erotismo até o amor objetal, chamado de narcisismo. Esse estádio consiste na reunião, pelo indivíduo, das pulsões sexuais numa unidade que toma, em seguida, a si mesmo, ao seu próprio corpo, como objeto de amor antes de passar à escolha de uma outra pessoa como escolha objetal. 
Tereza Dubeux
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ALGUNS TIPOS DE PSICOSE: A PARANÓIA
É essencialmente em torno da relação erótica homossexual e de um ponto de fragilidade que se encontraria em algum lugar das fases do auto erotismo e do narcisismo que Freud fundamenta sua explicação da paranóia.
Essa referência ao narcisismo será melhor esclarecida a partir de 1914, quando ele distinguirá mais claramente a libido de objeto da libido narcisista, ao lado da qual colocará a psicose, em seu conjunto. Tanto nos esquizofrênicos quanto nos paranóicos, ele pressupõe um desaparecimento da libido de objeto,

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