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A Historicidade de Jesus

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1. JESUS HISTÓRICO
1.1 A questão da historicidade de Jesus
No século XVIII irrompeu a razão crítica. Todo conhecimento, para ser verdadeiro, dever ser provado perante a razão (tribunal da razão). As ciências humanas também adotam esse critério (História crítica, Sociologia crítica, crítica literária). Também a Teologia passa a usar os métodos críticos. A exegese, parte da Teologia que estuda os textos bíblicos, começa a interpretar a Escritura mediante os modelos da História, da Arqueologia, da crítica literária modernas. Os Evangelhos, que tratam da vida e pregação de Jesus, não são uma biografia histórica de Jesus, mas a pregação das primeiras comunidades cristãs, um testemunho de fé. Os Evangelhos relatam a vida e a obra de Jesus que eram significativos para a fé. Os exegetas concluem que não se trata de um texto historiográfico, mas de um texto catequético. “Os Evangelhos são antes de tudo uma interpretação teológica de fatos acontecidos do que descrição objetiva e desinteressada do que foi historicamente Jesus de Nazaré.” (BOFF, 1980, p. 14)�.
Essa descoberta no século XIX, num ambiente progressivamente iluminista e ateísta, teve uma repercussão incendiária. As reações foram de um extremo a outro.
A primeira resposta extremada surgiu pelos fins do século XVIII. Assim como a fé tranqüila afirmava tudo maciçamente como histórico, agora se negava tudo: Cristo nunca existiu; ele é um mito, criado pelo inconsciente humano, ansioso de libertação, fenômeno observável em todas as religiões. Talvez se possa dizer ainda que Jesus Cristo seja a projeção originada por um movimento social de pobres e escravos, no processo de conscientização de sua alienação e no caminho da libertação social. (BOFF, 1980, p. 15).
1.2 Como sabemos que Jesus viveu?
Essa posição também deve ser posta à prova pela razão crítica. Será tarefa da História. A historiografia adotou dois critérios: primeiro, textos escritos no séc. I; segundo, de autores não-cristãos (pois os cristãos estavam sob suspeita de ideologia). Foram encontrados textos extrabíblicos entre autores romanos (Plínio, governador; Suetônio, arquivista; Claudius, imperador; Nero, imperador; Tácito, historiador; Annales, historiador), quanto na literatura judaica (historiador Flávio Josefo e a literatura talmúdica). 
A título de exemplo citamos dois desses textos.
Públio Cornélio Tácito: grande historiador do Impé​rio Romano e orador famoso (55 a 120 d.C.), escreveu nos ANNALI que para fazer cessar o boato que o in​cêndio de Roma tivesse ocorrido por vontade de Nero, este Imperador acusou os cristãos (nova seita religiosa, contrária à tradição romana), seguidores de um tal Cristo, condenado à morte por Pôncio Pilatos, no templo de Tibério César. Esta superstição, que no princípio parecia sufocada, irrompe novamente, não somente na Judéia, onde tinha origem, mas até em Roma onde afluem e se desenvolvem todas as aberrações. (GHELLER, 1994, p. 28)�.
Flávio Josefo (37-100), que foi um dos maiores historiadores ju​deus, foi para Roma no ano 70, após a destruição de Jerusalém. As suas Antigüidades Judaicas publicadas em grego, por volta de 93, designa Tiago Menor como "Irmão de Jesus", que é chamado o Cristo. Lê-se neste seu Livro: Naqueles tempos vi Jesus, um homem excepcional... que operou coisas maravilhosas... Ele era o Messias, quando sob a acusação dos nossos anciãos. Pilatos o condenou à morte na cruz, aqueles que lhe tinham dado o seu amor desde o início não cessaram de amá-lo. De fato, ele aparece para eles ressuscitado ao terceiro dia, como os santos profetas tinham predito dele, junto a outras mil coisas admiráveis. Até hoje a comunidade dos cristãos - assim se chamam os seus seguidores - continuou a prosperar. (GHELLER, 1994, p. 29).
A historiografia pode demonstrar a existência de Jesus, mas não é possível resgatar a sua biografia. Esses problemas de historicidade sempre podem ser levantados, assim como fez o historiador R. Whateley (1787-1863), contemporâneo do próprio Napoleão, tentando provar que ele não existiu. Os Evangelhos são interpretação, mas é possível evidenciar fatos que realmente aconteceram por detrás das interpretações. 
Os textos bíblicos apresentam a vida de Jesus cheia de lacunas biográficas. Sabe-se que Jesus viveu 33 anos. O primeiro Evangelho escrito (Marcos) só fala dos três anos de vida pública. Os Evangelhos de Mateus e Lucas acrescentas vagos dados sobre o nascimento e infância e um episódio aos 12 anos. Dos 12 aos 30 anos não há nenhuma informação. Por isso, não estamos diante de uma biografia histórica, mas de relatos e testemunhos significativos para a FÉ dos primeiros cristãos.
1.3 As “vidas” de Jesus
Essas lacunas na biografia de Jesus aguçam a imaginação das pessoas de todas as épocas. Foram escritas centenas de “vidas de Jesus”. Talvez a mais famosa seja Operação cavalo de tróia. É uma coletânea de oito livros do autor J. J. Benítez, que narra uma missão da USAF, das forças militares americanas, sendo que um módulo, chamado "berço", é levado ao 'passado' com a finalidade de comprovar a existência de Jesus Cristo. O filme A última tentação de Cristo (1988) foi baseado no romance de Nikos Kazantzakis, mostra os últimos anos da vida de Jesus. Na cruz tem a visão de como teria sido sua vida caso se casasse com Maria Madalena e tivesse vivido uma existência totalmente humana.
Também teólogos tinham a preocupação de reconstruir a figura de Jesus de Nazaré independente de dogmas e interpretações da fé, o Cristo da fé devia ser bem distinguido do Jesus histórico. Albert Schweitzer, então renomado teólogo e exegeta, posteriormente famoso médico em Lambarene, na África, escreveu a clássica História da pesquisa sobre a vida de Jesus, mostra o fracasso dessas tentativas. 
Cada época seguinte da teologia encontrava as suas próprias idéias em Jesus, e é só deste modo que conseguia inspirar-lhe vida. Nem eram só as épocas que se viam espelhadas nele: cada um em particular criava-o à imagem de sua própria personalidade. Não há empresa histórica mais pessoal que escrever uma Vida de Jesus. (SCHWEITZER apud BOFF, 1980, p. 17). Por isso toda a Vida de Jesus será necessariamente um pedaço da vida do próprio escritor. Haverá sempre interpretação. É um círculo do qual ninguém poderá sair. Tal fato pode ser demonstrado pelos próprios evangelistas. (BOFF, 1980, p. 17).
2. RESSURREIÇÃO – ORIGEM DA FÉ CRISTÃ
	Até a crucificação os discípulos esperavam que Jesus realizasse a expectativa judaica do Rei-Messias. Mas quem morre na cruz não pode ser o messias. Com a ressurreição se coloca a questão: quem afinal foi Jesus de Nazaré? Nesse momento começa a formulação da fé cristã.
2.1 Contextos da condenação de Jesus
a) Jesus frustra a expectativa apocalíptica e nacionalista de Reino de Deus de seus contemporâneos e discípulos.
Os discípulos todos eram judeus e o próprio Jesus sempre praticou a religião judaica e sua pregação se desenrolou nesse contexto. Os discípulos esperavam de Jesus o messias enviado para libertar Israel do domínio estrangeiro. Ele restauraria de forma milagrosa o reinado de Davi, sendo um Reino de Deus em sentido literal e “onde corre mel e leite”. Esse Reino seria a realização do sonho humano, o Paraíso definitivo, esperado para o final dos tempos. O historiador judeu Flávio Josefo (37-100) testemunha essa ansiosa expectativa: “os judeus dos anos 100 a.C. a 100 d.C. tinham como principal preocupação libertar-se de toda sorte de dominação dos outros povos, a fim de que Deus somente seja servido”. 
Em Jesus foi depositada toda essa esperança do Rei messiânico. Na semana da Páscoa de sua crucificação Jesus e os discípulos vão para Jerusalém. Ao avistar a cidade ele diz: “chegou a minha hora”. Para os discípulos, é a hora da implantação do Reino tão esperado. Ele entra em Jerusalém sendo aclamado Rei de Israel. Na cruz é colocado um cartaz com o motivo da condenação – INRI (Jesus de Nazaré Rei dos Judeus). 
O centro da pregação de Jesus foi o Reino de Deus,apenas de modo diferente como era esperado. O Reino de Deus não virá de forma fantástica, como realização do paraíso no fim dos tempos. Importa, sobretudo, que os seres humanos participem de sua construção. Não, igualmente, um reino só para o povo judeu, mas para todos os povos e nações. Abrir mão desse reino visionário, caído milagrosamente do céu, foi frustrante para os discípulos e seus contemporâneos.
b) Sua nova doutrina o indispôs com as autoridades de seu tempo:
1- Lideranças do templo:
Fariseus: Partido político-religioso que defendia fanaticamente a observância das 613 leis = 365 positivas e 248 negativas;
Escribas: Teólogos e eruditos das escrituras;
Saduceus: Grupo ultraconservador de sacerdotes e seus familiares (bem sucedidos);
2- Os Velhos: Judeus ricos e altos funcionários do Império Romano;
3- Herodianos: (da Galiléia) Partidários do Rei Herodes, que queria a independência em relação ao domínio romano;
4- Romanos: força de ocupação.
2.2 Ser crucificado e Ressurreição�
O sentido de ser crucificado
Através da história de 2.000 anos de cristianismo, estamos acostumados a ver na cruz o grande símbolo e sinal da Redenção. [...] Mas na época de Jesus não era assim. Nos tempos dele, a cruz era um pelourinho vergonhoso, um sinal de desprezo, um patíbulo escandaloso. Na cruz eram pregados os mais desprezíveis, que morriam desonrados e de maneira tão cruel e vergonhosa que os romanos proibiam crucificar um cidadão romano. No pelourinho da cruz eram asfixiados os escravos, os rejeitados, os fora da sociedade, que se contorciam em convulsões pavorosas, no cheiro fétido das próprias fezes e no gargarejar de seus pulmões inundados do próprio sangue. "Como um verme", diz a Bíblia com toda a crueza. De fato, para não se asfixiar, o crucificado tinha de puxar o corpo para cima com os braços pregados no madeiro, e assim soltar o ar dos pulmões. Mas a dor desse movimento era tão grande que impulsivamente deixava o corpo cair de novo. Aí então os pulmões se enchiam de ar, e não era possível expulsá-lo. Para o expelir, tornava a puxar o corpo para cima com a força dos braços e das pernas presas. E assim repetidamente. Eu sou um verme, e não mais um homem. O opróbrio dos homens e o desprezo do povo. Todos os que me vêem zombam de mim. Torcem os lábios e meneiam a cabeça... (Sl 22,7-8)
A morte na cruz era um escândalo. E não era apenas escândalo social. Era também religioso. Quem morria na cruz não ficava somente eliminado da lembrança do povo; era apagado, extirpado também da me​mória de Deus! A própria Bíblia o diz, e que os sacerdotes do templo, os escribas e o povo todo o sabia. Esses todos queriam Jesus na cruz, para que ficasse claro, diante de todo mundo, que até Deus o tinha rejeitado.
Para ficar revelado a todo o mundo que nada do que Jesus tinha dito e feito tinha aprovação do Deus Javé. Palavra de Javé: Maldito de Deus é quem pende de uma cruz! Assim lemos em Deuteronômio 21,23. E esse Jesus, agora, pendeu na cruz. O povo conhecia o texto respectivo, e os sacerdotes e os escribas o conheciam. Maldito de Deus é quem pende de uma cruz!
Será que alguém duvida da palavra de Deus? Além de toda a rejeição social, caía em cima de Jesus também a rejeição religiosa. Um crucificado era realmente eliminado, era aniquilado como pessoa. Igualmente eram aniquiladas, eliminadas, rejeitadas todas as suas obras, toda a sua mensagem.
Todos compreendiam assim a cruz na época de Jesus: um fracasso total. Um sinal de que o crucificado seria esquecido para sempre, juntamente com o que ele havia dito e feito. Por isso, depois da crucifixão, todos foram embora. Estavam convencidos de que se deixaram enganar por esse Jesus. Tudo mentira. Tudo ilusão. Deus não estava com ele. E quem não acreditava bastava abrir os livros santos da revela​ção: "Maldito de Deus..." Revelação divina, escrita na Bíblia! E quem ousa duvidar?
Essa era a situação naquela sexta-feira santa, que por si não era nada santa. Era, muito mais, um dia de fracasso e derrota total. Jamais a causa do Crucificado poderia continuar. Jamais alguém acreditaria nele, depois de tamanho sinal de derrota, confirmada até por Deus (cf. Dt 21,23). Naquela sexta-feira, a causa de Jesus estava eliminada, morta, liquidada para sempre e para todos. Certos disso, naquela noite, os seguidores de Jesus foram todos embora desiludidos, decepcionados, convencidos do próprio engano. Quem morre assim não pode ser o Messias. Quem morre na cruz é porque fracassou. Na sexta-feira da morte de Jesus, a causa dele estava eliminada, liquidada, fracassada, para todos e para sempre.
Prova sociológica da ressurreição
Então, porque a causa desse Jesus continuou? 
Eis a grande interrogação. Eis o momento em que come​ça a nossa prova sociológica da Ressurreição. A causa de Jesus continuou porque o próprio Deus tomou a iniciativa, ressuscitando Jesus.
Se a história de Jesus tivesse terminado de maneira como terminou na sexta-feira santa, ninguém mais se lembraria dele. Se a história de Jesus tivesse terminado no fracasso da cruz, teria terminado também a sua missão e a sua mensa​gem. Um crucificado não podia ser o mensageiro de Deus! É a própria Bíblia que o afirma: Maldito de Deus é quem pende de uma cruz! (Dt 21,23).
Tal era a situação diante dos olhos humanos. Ninguém, naquela época, ninguém mesmo, jamais teria a coragem de continuar a mensagem de alguém comprovadamente fracassado diante de todo o mundo. Se havia alguém capaz de transformar um tal fracasso, se alguém ainda podia transformar e mudar tal situação, esse alguém só podia ser o próprio Deus. Só Deus era capaz de reverter o desastre. Só Deus era capaz de reverter seu próprio veredicto contra os que pendem de uma cruz. E Deus assim o fez! Deus agiu! O próprio Deus irrompeu na história, ressuscitando Jesus!
Foi esse o acontecimento que mudou a ordem das coisas. Era esse o motivo pelo qual os seguidores desse Jesus voltaram a ter fé, tomaram a acreditar nele. Era por causa dessa ressurreição, e só por causa dela, que eles recuperaram a confiança. Agora, tinham a prova irrefutável. Agora, tinham a base sobre a qual era possível superar o choque da crucificação.
Aquele que estava morto foi ressuscitado por Deus. Aquele que morrera num fracasso total foi reabilitado por Deus, o único realmente capaz de realizar esse prodígio. E o sinal irrefutável dessa reabilitação era o fato de Jesus estar vivo, depois de ter sido morto.
2.3 Formulação da fé cristã
A Ressurreição colocou a questão fundamental: quem foi afinal Jesus de Nazaré? Não mais o Rei/Messias. 
A comunidade primitiva utilizou mais de 50 nomes, títulos ou qualificações para definir quem é Jesus: o título Cristo é empregado cerca de 500 vezes; Senhor ocorre 350 vezes; Filho do Homem, 80 vezes; Filho de Deus, 75; Filho de Davi, 20 vezes e assim por diante. Jesus é chamado com nomes que vão desde os mais humanos, como mestre, profeta, o justo, o bom, o santo até os mais sublimes, como Filho de Deus e Salvador e, por fim, é qualificado de Deus mesmo (BOFF, 1980, p.153-4).�
Assim, num espaço de 30 anos a fé cristã começa é elaborada a partir da Ressurreição, e passaram a reconhece-lo como o Filho de Deus, o Deus encarnado e o salvador do mundo. Formularam a fé: Jesus é o Cristo - Jesus (humano) simultaneamente o Cristo (divino). No final de tudo, após longo processo de meditação sobre o mistério que se escondia em Jesus, chegaram a dizer: humano assim como foi Jesus de Nazaré, na vida, na morte e na ressurreição, só podia ser Deus mesmo. E chamaram-no então de Deus.
3. FENOMENOLOGIA DO MORRER
3.1 Enfoque psicológico
Comportamento do moribundo em face do morrer se dá em cinco fases, de duração bastante variada.
1. Choque, incredibilidade - Ele não quer aceitar o fato como ver​dadeiro. - Se isola.
Apesar disso, pode ser que ele gostasse de falar com alguém sobre a sua morte iminente.
Regras: l. A conversa deve se realizar quando o moribundo a quer. 2. 
2. Ira, rancor, raiva, inveja - Por que logoeu? - Brigas com Deus e com o mundo. Uma fase difícil também para enfermeiras, médicos, amigos. O moribundo se compara com os outros: - Por que eu e não eles?
3. Negociação - Tentativa de prorrogar o inevitável (com "promessas"). Detrás deste comportamento se esconde muitas vezes o sentimento de culpa.
4. Depressão - Sentimento de perda irreparável. - Perda em direção do passado: saúde, amigos, profissão, finanças... (Significa grande ajuda quando acalmamos o paciente, mostrando que os problemas causados por sua doença estão resolvidos). - Perda em direção do futuro: O paciente se prepara para a perda de todas as coisas e de todos os homens que ele amou.
5. Aceitação, aprovação - O homem consente a morte. - O moribundo nesta fase está calmo, ele aceitou. 
Obs.: - As fases podem ficar paralelas, não devem se seguir neces​sariamente uma após a outra.
- Na aproximação da morte, o moribundo reage como se tivesse um sistema interno que lhe sinaliza esta aproximação.
3.2 Enfoque Clínico�
O termo "morrer", encarado do ponto de vista médico
O fim do morrer, considerado aqui como fenômeno existen​cial, é alcançado na morte. As opiniões sobre o momento preciso, em que a morte se consuma, têm divergido muito nos últimos anos, principalmente por causa da influência do aprimoramento cada vez maior da técnica no campo da medicina. Foi constatado que era pouco preciso o que até há pouco tempo era visto como a situação final, isto é, a parada cardíaca e respiratória. Hoje em dia, diferencia-se a morte de cada órgão em separado - a chamada morte orgânica.
A morte de uma pessoa estará consumada quando não forem mais registradas ondas elétricas cerebrais. Klaus Thomas diz, porém, que a "morte do homem", no sentido de morte integral do organismo humano, "não deve ser equiparada ao conceito médico de morte cerebral". Isto porque as experiências clínicas dos anos passados demonstram claramente que quase cada órgão humano tem a sua própria morte por si mesmo. Apesar de ser o cérebro uma parte essencial do ser humano, nem a sua morte pode ser interpretada como a morte de tudo o que chamamos de "corpo".
Hans Küng aponta o fato de que, apesar de uma pessoa já ter sido considerada morta por diagnóstico feito com base em eletroencefalograma, "ela pode ser reanimada, por exemplo, em casos de resfriamento passivo ou de envenenamento por doses excessivas de sedativos". A partir destes dados, concluímos ser necessário distinguir claramente entre o momento da morte clínica e o da morte vital propriamente dita. Esta última é caracterizada "pela perda irreversível das funções vitais", ou, ainda, como "o estado do corpo, do qual é impossível voltar à vida". Entre o momento da morte clínica e o da morte vital há, via de regra, um espaço de tempo de aproximadamente cinco minutos, e em casos extremos este período pode ser de até trinta minutos.
Experiências e relatos de pessoas clinicamente mortas, mas reanimadas pela medicina
Nos últimos anos, grande número de pesquisas, sérias em sua maioria, têm-se ocupado de vivências relatadas por pacientes mortos do ponto de vista clínico e que, mediante esforços médicos, foram trazidos de volta à vida. Os depoimentos mais conhecidos sobre o assunto, ao lado dos estudos de Elisabeth Kuebler Ross, são os relatos de 150 pessoas que estiveram por algum tempo clinicamente mortas, e que R. A. Moody reuniu no seu livro Vida depois da vida. No prefácio, E. Kuebler Ross explica o seguinte: "A pesquisa, como a que o Dr. Moody nos apresenta no seu livro, é que nos esclarecerá muitas questões e confirmará o que tem sido ensinado há 2000 anos: que há vida depois da morte".
Esta proposição admite, de antemão, que a partir dos estudos mencionados é possível deduzir-se indícios claros do que acontece com o ser humano depois da morte e que realmente acontece algo. Partindo do ponto de vista imparcial e científico, devemos manter em mente o fato de que todos esses relatos de pessoas clinicamente mortas, que são conhecidos até hoje, tratam do que se passa aquém daquela fronteira que foi denominada aqui de morte vital. Eles todos provêm daquela zona limítrofe da vida humana existente entre a morte clínica e a morte vital. Alfred Läpple a denomina "terra de ninguém entre este e o outro mundo". Por conseguinte, todas estas experiências também não podem esclarecer o que ocorre com o ser humano depois da morte vital.
Mas, por outro lado, deve-se aceitar que, com base na semelhança da maioria dos relatos conhecidos até o presente momento, esses relatos podem, pelo menos, nos dar indicações sobre de terminadas experiências vividas durante a morte clínica, indícios estes que, dentro do contexto de nossa indagação, talvez possam ser reunidos sob a palavra-chave "vivência na morte", mas não após a morte. Se examinarmos os principais elementos dos relatos sobre o morrer, reunidos por diversos pesquisadores, notaremos so​bretudo quatro experiências básicas que se repetem freqüentemente:
- "O homem encontra-se fora de seu corpo". 
- "Aparece diante dele um caloroso espírito de uma espécie que nunca encontrou antes - um espírito de luz". 
- "Este ser pede-lhe, sem usar palavras, que reexamine sua vida, e o ajuda, mostrando uma recapitulação panorâmica e instantânea dos principais acontecimentos de sua vida". 
- "Uma ampliação do horizonte do eu humano, geralmente, ligado a um estado de felicidade".
Sem nos aprofundarmos muito na questão quase insolúvel sobre até que ponto é que se trata aqui de vivências e que já se encontram além da nossa experiência humana de vida, podemos constatar que as revelações dos relatos sobre o morrer não contradizem em absoluto o que pode ser afirmado sobre a morte com base na revelação cristã. Pelo contrário, é extremamente interessante observar que os relatos sobre o panorama da vida ressaltam que não se trata de ser julgado ou não.
O panorama da vida está antes ligado à visão de um ser de luz. R. A. Moody afirma a esse respeito: "O que é, talvez, o mais incrível elemento comum dos relatos que estudei, certamente o elemento que exerce o mais profundo efeito sobre o indivíduo, é o encontro com uma luz muito brilhante... Apesar da manifestação inusitada da luz, ninguém expressou qualquer dúvida de que se tratasse de um ser, um ser de luz... um ser pessoal... O ser quase imediatamente dirige certo pensamento à pessoa... como se fosse uma pergunta.
Entre as traduções que ouvi estão as seguintes: 'Você está pronto para morrer?' 'O que é que você fez de sua vida que possa mostrar?' e 'O que você fez com sua vida já é suficiente?' ... inicialmente, devo insistir que a questão, profunda e final como parece ser no seu impacto emocional, não é feita como uma condenação. Todos parecem concordar que o ser de luz não faz a pergunta para acusar ou para ameaçar, pois sentem todos o total amor e aceitação vindos da luz, qualquer que seja a resposta".
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4 SALVAÇÃO						 4.1 REENCANAÇÃO - RESSURREIÇÃO (Juízo Final)
	REENCARNAÇÃO (Allan Kardec)
	RESSURREIÇÃO (Judaísmo Ant. Testamento)
	RESSURREIÇÃO (Cristianismo N. Testamento)
	A morte e o depois da morte:
* Alma: A morte é a separação da alma de seu corpo; é a desencarnação da alma que “volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos que ela havia deixado temporariamente” (L. E. &149) a espera de uma nova encarnação.
	A morte e o depois da morte:
* Alma: A alma separa-se do corpo temporariamente, sendo enviada para o XEOL, onde ficará prisioneira até o dia do juízo final. O Xeol é uma grande fossa ou buraco que fica bem no centro e no fundo da terra; é a casa dos mortos.
	A morte e o depois da morte:
Alma e corpo mantém sua unidade na passagem para a outra vida. A ressurreição ou condenação definitiva já serão após a morte, visto que Jesus ressuscita ao terceiro dia após a morte. A morte é um fim-plenitude; é o nascimento para a vida definitiva. É morte, enquanto fim das limitações, da dor, do sofrimento; é nascimento, enquanto passagem para uma vida de plenitude (ressurreição) ou umaopção contra a vida (inferno).
	# Corpo: O corpo é elemento acidental no homem; ele se decompõe após a morte. Em nova encarnação a pessoa terá outro corpo.
	# Corpo: O corpo se decompõe e se mistura ao pó da terra, sendo restaurado com a alma em caso de ressurreição.
	
	Salvação: O corpo serve para purificar a alma. A perfeição é alcançada quando a alma chega ao estado de puro espírito e vai para o céu, não necessitando mais voltar a reencarnar. Com mais ou menos reencarnações todos saldarão a dívida kármica; não há inferno eterno. 
	Salvação: (Juízo final) Javé, no último dia do mundo descerá até a face da terra e proferirá o grande julgamento. Os que forem considerados justos terão sua alma chamada do Xeol e serão restaurados com seu corpo; é a ressurreição. Restaurados, irão com Javé para o Reino definitivo (céu). A ressurreição é a restauração da alma e do corpo ao estado de plena perfeição e de imortalidade. Para os injustos não haverá ressurreição. Ficarão eternamente prisioneiros no Xeol após o fim dos tempos, que será no dia seguinte ao julgamento, é o inferno.
	
Cosmologia dos babilônios
Os babilônios imaginavam o universo em seis níveis: dois firmamentos acima do céu, o firmamento das estrelas, a terra, o submundo do Apsu e o submundo dos mortos.
A terra foi criada pelo deus Marduk como uma espécie de barca flutuando sobre o Apsu. 
São dois mundos sagrados: um nos firmamentos, acima do céu, e o outro nos submundos.
	
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4.2 PURGATÓRIO - RESSURREIÇÃO �
No momento da morte - dizíamos - o ser humano, diante de Deus, reconhece a si mesmo de maneira global. Reconhece também a imensa distância que o separa desse Deus e de tudo o que podemos denominar dimensão divina, plenitude da vida, numa palavra: Salvação.
Contudo, nenhum ser humano será capaz, com seus próprios esforços, de alcançar o nível divino. Assim, com suas possibilidades desperdiçadas durante a vida, com suas culpas e pecados, em outras palavras, com as ruínas de seu plano de vida, malogrado em tantos pontos cruciais... o ser humano se encontra diante de Deus. E reconhece agora tudo o que, na realidade, Deus pretendia dele e de sua vida, e agora vê quão pouco realizou como ser humano. Todavia, já não há possibilidades de se alterar ou de melhorar alguma coisa.
É a partir dessa situação que a doutrina da Reencarnação postula a necessidade de mais uma vida, para nela ter possibilidades de alterar e melhorar o que não deu certo nesta vida. É a partir dessa mesma situação que a doutrina cristã, outra vez, tem uma proposta diferente. O ser humano não precisa recomeçar. O ser humano não precisa repetir o que já realizou, com maior ou menor sucesso: a Vida.
Quem agora age é Deus. Esse Deus que age de acordo com seus próprios parâmetros, expressos claramente nas poucas citações do capítulo anterior. Deus, assim, age neste momento, oferecendo, como presente do seu amor, tudo o que falta ao ser humano, para que este possa entrar na nova dimensão divina. Deus lhe oferece tudo de graça, porque é sua vontade declarada que todos sejam salvos. Assim podemos ler na 2a carta de Pedro (3,9): O Senhor... não quer que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se (cf. também: Rm 8,32; 11,32; 1 Cor 15,22; 2Cor 5,14-15; 1 Tm 2,6).
Deus quer a salvação, a evolução plena da criatura humana. Deus quer a plenificação dela. E, para que possa alcançá-la, Deus lhe oferece toda a ajuda. Deus age assim no momento da morte humana. Ele estende a mão. Oferece de graça, de presente, tudo o que a pessoa humana não foi capaz de realizar. Ele quer perdoar. No momento da morte humana, Deus oferece "de graça" tudo o que falta para a criatura humana entrar na esfera divina.
Entretanto, Deus respeita a personalidade e a liberdade do ser humano. Quer dizer: Deus não o força. Não empurra a pessoa humana contra a vontade. Deus não age dessa forma. Também na morte, a criatura humana continua livre de aceitar ou rejeitar o presente que Deus lhe oferece. Aceitar ou rejeitar o presente que Deus lhe oferece na morte depende da decisão livre da pessoa humana.
Deus não força ninguém, porque ele é amor e quer amor. E amor não se deixa constranger. Amor se conquista. Estamos, assim, perante o último e grande desafio da pessoa humana. Ela precisa aceitar o presente que Deus lhe oferece. No entanto, para aceitar, precisa evoluir. Precisa mudar, em muitos aspectos, a própria personalidade. Precisa deixar de lado todo o egoísmo e orgulho que ainda marcam o seu caráter, de tal maneira que se possa realmente falar de conversão, uma última e profunda transformação e evolução da pessoa humana na morte. No primeiro encontro com Deus na morte, a pessoa humana realiza uma última e profunda conversão, através da qual evolui de tal forma que se torna capaz de aceitar tudo o que Deus lhe quer dar de presente.
A doutrina cristã propõe, assim, uma concepção original e dinâmica da morte e do primeiro encontro com Deus. É nesse momento que se desenvolve a mais profunda e decisiva atividade da criatura humana. Atividade dinâmica, pela qual essa criatura evolui de tal maneira que se torna capaz de aceitar tudo o que Deus lhe quer dar de presente. Evolução dinâmica da pessoa humana. Evolução que não se realiza através de uma repetição das dimensões de vida já conhecidas, mas dentro de uma esfera, totalmente outra, perante Deus. Evolução que não fica no nível subconsciente e oculto. Bem pelo contrário, é um processo totalmente consciente, refletido e compreendido da pessoa humana. Evolução, enfim, na qual esta pessoa humana não fica sozinha, mas em diálogo de amor com o próprio Deus.
A antiga linguagem teológica deu a essa evolução o nome de "Purgatório". O purgatório nada tem que ver com as imagens medievais de uma câmara cósmica de torturas, o nome "purgatório" designa um processo dinâmico e central, que acontece no momento exato do primeiro encontro da criatura com Deus, ao longo desse processo, a pessoa humana pode evoluir de tal maneira que possa chegar à plenitude da vida.
Visto dessa maneira, o assim chamado Purgatório se revela como o elemento mais significativo e mais importante do nosso primeiro encontro com Deus na morte. Como elementos básicos do processo de evolução que nesse momento se realiza, podemos distinguir pelo menos os seguintes aspectos:
- A pessoa humana deve ACEITAR que Deus a salve.
- Ela deve aceitar que Deus continua, nessa mesma salvação, de acordo com os critérios dele, de tal forma que a pessoa humana já não tem nenhuma possibilidade de exigir coisa alguma.
- Este fato significa que a pessoa se toma totalmente dependente de Deus e deve aceitar, sem nenhuma restrição, essa dependência.
- Assim, na morte, a pessoa se encontra perante a necessidade de se tomar pobre na presença de Deus e de assumir esse estado de pobre até suas dimensões mais profundas e íntimas.
- A partir dessa situação de dependência total diante de Deus, a pessoa deve entregar-se totalmente nas mãos dele. E entregar-se de maneira cega, irrestrita, total.
- Essa "entrega" a Deus, esse "atirar-se nas mãos de Deus" implica um ato de confiança total, ato que se assemelha a um último ato de fé em Deus.
- Essa entrega a Deus significa, ao mesmo tempo, a aceitação dos parâmetros dele.
- Entre os parâmetros de Deus, estão o amor e o perdão. A pessoa humana fica, assim, perante a necessidade de desenvolver o seu próprio amor diante de Deus e também diante de todos os seus irmãos e irmãs humanos.
- A conseqüência desse amor é a necessidade de perdoar e pedir perdão a todos os irmãos e irmãs, contra os quais a pessoa humana se tomou culpada. O poderoso deverá pedir perdão àquele a quem explorou; o opressor deverá pedir perdão a suas vítimas. Ao mesmo tempo, essas vítimas e oprimidos deverão perdoar. Cumprir esse ato de perdão pode ser tarefa muito difícil para quem na vida desenvolveu uma personalidade orgulhosa, arrogante e auto-suficiente.
Essa evolução da personalidade pode, com todo o direito, ser descrita nostermos de um último e decisivo processo de conversão. Conversão que não acontece da mesma forma com igual facilidade para todo o mundo. O grau de dificuldade na sua realização depende muito da personalidade que a criatura humana construiu durante a própria vida. Nunca podemos esquecer que na morte não somos seres amorfos, indefinidos e não estruturados. Na morte, todo ser humano é exatamente a personalidade que construiu de si mesmo durante a vida. Na morte, o ser humano tem o caráter e personalidade que construiu em si mesmo no decorrer da vida.
Conforme a estrutura dessa personalidade, a última evolução e transformação do ser humano, na morte, pode ser mais ou menos difícil, mais ou menos dolorosa. Em linguagem tradicional, essa última evolução chama-se "Purgatório". No entanto, esse Purgatório não tem nada que ver com uma câmara de tortura ou estágio de punição. Assim ele era apresentado, em tempos idos.
A realidade é outra. A realidade do assim chamado Purgatório é um dinâmico e profundo processo evolutivo do ser humano. Processo que toda pessoa haverá de percorrer em grau muito variado, conforme a estrutura de sua personalidade. Processo que não consiste absolutamente na repetição de parâmetros já conhecidos da vida. Bem ao contrário, é um processo dinâmico que se realiza em dimensões novas, nunca antes vividas, agora abertas para novos horizontes e para Deus. Essa é a perspectiva nova, entusiástica e fascinante da fé cristã. Purgatório é o processo evolutivo do ser humano na morte. Tal processo não consiste na repetição de parâmetros já conhecidos dentro de outra vida humana. Bem pelo contrário, é um passo para a frente, um passo para dimensões novas, nunca antes vividas. Dimensões abertas para o novo, abertas para Deus.
5. IGREJA DE CRISTO
5.1 Origem do conceito Igreja
A palavra Igreja vem ao grego: EKKLESIA, assembleia, reunião. 
a) A EKKLESIA dos gregos: Assembleia do povo. Era a assembleia dos cidadãos livres. Ela tinha apenas um caráter político. Foi a Assembleia Democrática que administrou a cidade de Atenas de 510 a. C. a 404 a. C. Seus membros deveriam ser atenienses no mínimo de três gerações e livres das atividades manuais. Livre era quem tinha um patrimônio suficiente (família, propriedade e escravos) para se dedicar às atividades livres. Essa “igreja” dos gregos tem pouco em comum com o que hoje entendemos por esse conceito, apenas a congregação de seus membros em forma de assembleia.
b) No Antigo Testamento: A GAHAL de JAHWEH (YHWH – 4 letras) Assembleia do Povo de Deus. Gahal significa a organização do povo judeu em forma de assembleia, tendo Deus como centro. Foi Deus quem reuniu os escravos israelitas saídos do Egito e os constitui como seu Povo. Aqui a assembleia passa a ter um caráter político-religioso. É ao mesmo tempo a nação de Israel e a religião judaica. Deus lhes dá os dez mandamentos e com eles os constitui como nação, como seu Povo.
c) No Novo Testamento: EkkIlesia é a assembleia do povo de Deus na sua união com Cristo. O cristianismo surge pelo ano 30, mas ainda sob o abrigo do judaísmo. A separação se dá no ano 50, onde também muda o caráter da assembleia. Passa a ser a assembleia que reúne os que professam a mesma fé em Jesus Cristo. A Igreja cristã passa a ter um caráter exclusivamente religioso. Não há mais os laços comuns da mesma nação, pois a maioria dos cristãos já era de outras nações. 
5.2 Igrejas cristãs�
a) Igreja Primitiva
- Judeu-cristãos: Do ano 30 a 35 formou-se a comunidade de Jerusalém, onde todos eram judeus e continuaram a cumprir a lei judaica. No sábado à noite reuniam-se em suas casas para celebrar a ceia em memória da morte e ressurreição de Jesus.
- Judeu-cristãos e gentios: Do ano 35 a 50 formaram-se comunidades cristãs em várias regiões a partir da dispersão da comunidade de Jerusalém no ano 35. Surgem fiéis não judeus (gentios), mas esses tinham que se tornar judeus (prosélitos) para abraçar a fé cristã.
- Cristãos: No ano 50 acontece a separação do judaísmo. A partir desse ano não era mais obrigatório tornar-se judeu para ser cristão. Os judeu-cristãos continuaram a cumprir a lei judaica até o ano 70, separação definitiva.
b) Cismas Cristológicos
O imperador Constantino convocou um Concílio ecumênico (Reunião dos bispos de todas as províncias) na cidade de Nicéia em 325. A principal questão foi a definição da fé que Jesus é simultaneamente humano e divino (união essencial).
- Arianismo: Ario defendeu a doutrina que Jesus não é Deus, mas a primeira das criaturas, super humana, acima do homem e logo abaixo de Deus Pai. Em 325, no concílio de Nicéia, sua doutrina foi condenada. Ario e seus seguidores separam-se, dando origem ao arianismo.
- Nestorianismo: Nestório, patriarca de Constantinopla, defendeu a doutrina que Jesus tem duas naturezas, humana e divina, mas as duas naturezas são separadas. No Concílio de Éfeso (431) Nestório foi deposto como patriarca, gerando a separação, que deu origem ao nestotianismo.
- Igrejas não calcedônicas: O concílio de Calcedônia (451) condena as ideias monofisistas, que defendem apenas a natureza divina de Jesus, negando sua natureza humana, reafirmando a natureza humana e divina. As igrejas não calcedônicas são: a Igreja Ortodoxa Copta ou Egípcia, a Igreja Ortodoxa Síria, a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja Ortodoxa da Etiópia.
c) Cisma do Oriente (1054)
A disputa política entre o Império Romano do Ocidente e o do Oriente provocou a primeira grande divisão do cristianismo. Em 1054, o patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, temendo que sua autoridade fosse considerada menor do que a do papa declara-se independente de Roma. Tentativas de conciliação entre as duas igrejas foram feitas, mas a divisão foi permanente, apesar das semelhanças de doutrina e de culto.
RAMO ORTODOXO
A Igreja Ortodoxa subdividiu-se e as principais são:
- Igreja Ortodoxa Russa, Igreja Ortodoxa Grega e Igreja Ortodoxa Romena.
RAMO CATÓLICO
- Igreja Católica Romana
Igreja católica Romana é o maior agrupamento cristão isolado. Os católicos romanos descendem da Igreja Católica ocidental da Idade Média, que mantém sua tradição desde os apóstolos, tronco do qual os grupos cismáticos se separaram por discordarem das verdades da fé, definidas e ratificadas pelos concílios. Considerada a igreja fundada pelo próprio Cristo, delegando a Pedro a tarefa de conduzir o povo cristão na fé. Pedro, portanto, foi o primeiro papa, e seus sucessores – os papas – são a autoridade máxima da Igreja. 
d) Cisma do Ocidente (séc. XVI)
RAMO PROTESTANTE
O ramo protestante ou evangélico fragmentou-se em três sub-ramos: luterano, calvinista e anglicano. Os sub-ramos, por sua vez, subdividiram-se em um grande número de igrejas.
LUTERANOS
Martinho Lutero em 1517 publicou as 95 teses, insurgindo-se contra a venda de indulgências e outros erros da Igreja Católica Romana de então deu início à Reforma Protestante. A nova doutrina pregada por Lutero afirmava que a Bíblia é a única regra da fé. 
- Igreja Evangélica de confissão Luterana no Brasil (IECLB)
Os luteranos que vieram para o Brasil como imigrantes no início do século 19, em 1824 para o RS.
- Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) 
Luteranos que foram para os EUA promoveram uma reforma no luteranismo. A partir de desentendimentos entre a comunidade luterana no Brasil, houve a intervenção de pastores vindos dos Estados Unidos, dando origem à Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em 1904.
RAMO CALVINISTA
- Igreja calvinista
O calvinismo é uma modificação do luteranismo feita por João Calvino em 1536. Ele criou uma república calvinista em Genebra. Para Calvino, a Bíblia é a norma da fé e o principal alimento da vida cristã é a oração. Calvino pregou ainda que as boas obras e a riqueza são sinais da salvação – por isso os calvinistas buscam a prosperidade.
- Igreja Presbiteriana
O presbiterianismo representa o calvinismo introduzido na Inglaterra. Seu criador foi John Knox, ex-sacerdote que aderiu ao protestantismoem 1546. Em relação à doutrina, os presbiterianos aceitam a Bíblia, mas entendem que a verdadeira igreja começou com Calvino.
RAMO ANGLICANO
O anglicanismo surgiu em 1534, por decisão do rei Henrique VIII, da Inglaterra. Ele queria que o papa Clemente VII anulasse seu casamento com Catarina de Aragão. Diante da recusa, criou a Igreja Anglicana. O anglicanismo se dividiu em várias igrejas. As que aceitam as normas fixadas pelo rei Eduardo VI (1553), são chamadas de Igrejas CONFORMISTAS. 
- Igreja Anglicana
As que não aceitaram as normas e a intromissão do Estado na igreja: 
NÃO CONFORMISTAS:
- Igreja Batista
A Igreja Batista surgiu na Inglaterra em 1612 com Thomas Helwys, adotando o batismo por imersão (razão do nome Batista) e sofreram modificações nos Estados Unidos. No Brasil, estabeleceram-se a partir de 1882. Pregam que somente a fé salva.
- Igreja Metodista 
Surgiu em 1729 de um movimento liderado por John Wesley, para reavivar o fervor religioso da Igreja Anglicana. Ele aceitava a doutrina de que a palavra de Deus é suficiente para a salvação, mas afirmava que a interpretação individual é criadora de erros. No Brasil, os metodistas estabeleceram-se a partir de 1939 e se dedicaram ao ensino.
- Igreja Adventista
O batista Guilherme Müller é o fundador da Igreja Adventista, em 1831. Ele e seus seguidores acreditavam que o mundo acabaria em 1844. Por isso esperavam o advento da vinda de Deus. O mundo não acabou, e os adventistas dividiram-se em diversos grupos. O mais conhecido são os Adventistas do Sétimo Dia, que pregam que o sábado é o dia consagrado a Deus.
- Testemunhas de Jeová
Movimento fundado em 1872 pelo protestante Charles Russel e consolidado por Joseph Rutherford. As testemunhas de Jeová não se consideram religião e afirmam que todas as religiões são coisas do demônio, assim como o são também os governos e o comércio. Acreditam que existe um número de pessoas escolhidas que serão salvas e que habitarão o céu.
- Mórmons
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons) foi fundada pelo norte-americano Joseph Smith em 1830. Ele afirmava ter tido uma visão do profeta Moroni, que era filho de Mórmon. Moroni escreveu um livro (em plaquetas de ouro) e Joseph Smith as traduziu. Para os mórmons, o livro de Moroni tem a mesma autoridade da Bíblia, porque Jesus teria estado nos EUA pregando depois de ressuscitar.
RAMO PENTECOSTAL
As igrejas pentecostais surgiram nos EUA de dissidências das igrejas batistas, metodistas e outras. Chegaram ao Brasil em 1910 por meio de missionários suecos. São chamados pentecostais porque acreditam na comunicação direta com o Espírito Santo (referência ao Dia de Pentecostes narrado na Bíblia), o que permite a cura de doentes, a glossolalia, o exorcismo e a crença no fim dos tempos próximo.
- Pentecostais: * Assembléia de Deus * Igreja do Evangelho Quadrangular * Congregação Cristã * Igreja Brasil para Cristo * Deus é Amor
RAMO NEOPENTECOSTAL
Por falta de qualquer tipo de centralidade, as igrejas pentecostais deram origem a diversas igrejas classificadas como neopentecostais (estima-se que existam mais de mil denominações). Dissidentes das igrejas pentecostais criaram e continuam a criar novas igrejas. As diferenças entre elas são menos doutrinárias e mais de costumes. As neopentecostais são mais liberais que as pentecostais.
- Neopentecostais: * Universal do Reino de Deus * Ministério da Comunidade Cristã * Sara Nossa Terra * Renascer * Internacional da Graça de Deus
6. HISTÓRIA DA IGREJA�
6.1 A IGREJA NO MUNDO ANTIGO
Origem da Igreja
A igreja de Cristo iniciou em Jerusalém, no dia de Pentecostes, no fim da primavera do ano 30, cinquenta dias após a ressurreição do Senhor Jesus, e dez dias depois de sua ascensão ao céu. Pois, antes, na vida pública de Jesus, os discípulos esperavam que ele fosse o Rei-Messias, libertador de Israel, como esperado na tradição judaica da época.
Na cidade de Jerusalém e arredores formou-se a primeira comunidade cristã, 120 membros. Todos eram judeus e para um gentio ser aceito deveria antes tornar-se judeu (prosélitos). Jesus não deixou uma doutrina, nem culto, nem comunidade organizada. Eles continuaram a cumprir a lei judaica, a frequentar a sinagoga nos sábados, e à noite reuniam-se em suas casas para celebrar a ceia em memória da morte e ressurreição de Jesus. 
No ano 35 houve perseguição à comunidade de Jerusalém e, com a morte de Estêvão, a comunidade se dissolveu. Esses membros fugiram para as mais diferentes regiões, começando novas comunidades cristãs e, agora, também entre os fiéis estão não judeus. A separação do judaísmo vai se dar no ano 50, mas os judeu-cristãos continuavam cumprindo a lei judaica e os gentios não tinham a obrigação de cumprimento da lei. A separação definitiva se dá no ano 70 com a destruição de Jerusalém. 
Com a expansão das comunidades fora da estrutura da religião judaica, os cristãos tiveram que rapidamente buscar uma organização própria, tomando estruturas de culto e de organização já existentes e lhes deram um sentido cristão. O culto se estruturou a partir do rito de ceia pascal judaica e da liturgia da palavra da sinagoga. Mais tarde as comunidades cristãs foram organizadas a partir do modelo de organização do Império Romano (províncias, dioceses, paróquias – concílio, sínodo). A nova religião difundiu-se no interior do Império Romano, particularmente nas cidades da parte oriental. No início do século IV os cristãos constituíam aproximadamente 15% da população do império. 
A Igreja e Império Romano 
O Império Romano foi uma instância favorável para os cristãos nos primeiros anos. A lei da liberdade de culto facultava-lhes a proteção legal (desde que não recusassem os cultos oficiais) e a possibilidade de poderem circular livremente nos domínios do Império permitiram a sobrevivência e a rápida expansão do cristianismo.
A partir do ano 54 d.C. já temos notícias da presença de cristãos em Roma. Consta que, no ano 32, o Imperador César Tibério apresentou um Projeto-de-Lei, propondo ao Senado que Jesus fosse aceito no Panteon (um templo onde todos os deuses romanos tinham um altar). Seria o mesmo que tornar Jesus um deus oficial em Roma. Entretanto, o Senado vetou este Projeto, por dois motivos bem concretos:
1°) Tratava-se de um deus muito recente (sem tradição). 
2°) Seria um deus importado e o seu culto não teria caráter pátrio.
O "Veto do Senado" decretava aos cristãos: Non licet essere vos. Com isto, os cristãos se tornam ilícitos em Roma. Por isso mesmo, em toda a futura legislação anticristã e mesmo nas perseguições, sempre aparece este "Veto", como base jurídica de toda a argumentação.
A partir da presença dos cristãos, houve um conflito aberto: os cristãos se negavam aos cultos oficiais e, por isso, podiam ser perseguidos e enquadrados como "ateus", isto é, gente que não segue e não cultua os deuses do Império. E, na concepção do Império, o ateísmo era considerado crime de lesa majestade divina. E, no caso de se negarem ao culto que se deveria prestar ao Imperador, considerado deus, a partir de Cláudio (42-54 d.C.), falava-se em crime de lesa majestade imperial. Diante destes crimes, comuns entre os cristãos, acontecem as diferentes perseguições. Entre todas as perseguições, algumas merecem destaque:
• Perseguição de Nero, ano 64 a 68
Na noite de 21 de julho do ano 64, começou o incêndio de Roma, onde mais do que a metade da cidade foi destruída. Nero estava em Anzio, fazendo planos sobre a futura capital que iria construir, a Neríade. Ao saber do Incêndio, volta e começa a socorrer os flagelados, abrindo as reservas de trigo e distribui pão com fartura. Mas, nas próprias filas de distribuição, em Roma, surgi​ram rumores de que Nero teria sido o autor do incêndio. Então, diz o Historiador Tácito, Nero para abafar estes rumores acusa os cristãos, como responsáveis pelo incêndio. Manda perseguir os cristãos e abre os seus jardins para apresentar espetáculos de circo: cristãos são atirados às feras,muitos são crucificados e outros são queimados vivos, para iluminar a escuridão da noite.
Esta perseguição se estende, com interrupções, até o dia 27 de outubro do ano 68, quando Nero se suicidou. Com esta morte, terminou uma das mais cruéis perseguições que ceifou milhares de vidas, já que o historiador Eusébio fala em ingens multitudo, uma grande multidão, entre ele o primeiro Papa, Pedro, e o grande Apóstolo Paulo.
• Perseguição de Diocleciano (303-311)
É a perseguição mais cruel que houve em todos os tem​pos. Atinge todo o Império, especialmente a parte oriental. Milhares de mártires, isto é, pessoas que deram a sua vida por causa da fé. Os modos de matar eram os mais cruéis possíveis e imagináveis. O plano de Diocleciano e de toda a Tetrarquia (Governo de 4 homens), era de acabar com o cristianismo. Entretanto, o fato é que durante todo este tempo de perseguições, o número de cristãos aumentava cada vez mais. E, ao final de três séculos de perseguições, 15% do Império Romano tinha abraçado a fé. Neste contexto, consagrou-se a frase de Tertuliano: Sangue de mártires é semente de novos cristãos.
As perseguições acabaram oficialmente com o Edito de Tolerância, assinado, em 30 de abril de 311, por Galério, já substituto de Diocleciano. Acontece que Galério se deu conta que não adiantava obrigar os cristãos a adorar os deuses romanos. Então, já muito doente, Galério assina o Edito de Tolerância, talvez no desespero de uma doença terrível que o levaria à morte, já a 05 de maio do mesmo ano. Toda a argumentação deste Edito de Tolerância se baseia no direito que tem o Deus dos cristãos de ser adorado.
No ano 313 o imperador Constantino, favorável aos cristãos, concedeu a liberdade de culto e iniciou uma política benévola em relação a eles. Com o imperador Teodósio I, em 380, o cristianismo tornou-se religião oficial do Império Romano.
6.2 A IGREJA NO MUNDO MEDIEVAL E AS REFORMAS
Constituição da cristandade
Em 476 caiu o Império Romano no Ocidente, que foi invadido por uma série de povos germânicos, alguns deles arianos, outros pagãos (cultos à natureza). O trabalho da Igreja foi de evangelizar e contribuir para civilizar estes povos; de conduzi-los a uma nova civilização, que podemos denominar Cristandade. A idéia da cristandade foi unir cultura e fé; sociedade e religião; um processo de cristianização da cultura. Produziu-se um pensamento religioso, uma arte sacra, uma sociedade aos moldes da fé cristã. São três os elementos constitutivos da Idade Média: o mundo romano, o mundo germânico e a Igreja. A clássica cultura greco-romana e o elemento jovem do mundo germânico foram fundidos, pela Igreja, numa civilização cristã. No Ocidente, a Igreja, forçada a viver no continente europeu, tornou-se a civilizadora do mundo ocidental, legando-lhe a cultura clássica e a fé cristã. Essa ação adquiriu especial força no séc. VI com o surgimento dos mosteiros beneditinos. A volta dos mosteiros trouxe maior tranqüilidade, cultura e prosperidade e forte ação missionária em todo continente. 
Aliança Igreja/Estado
Toda a Idade Média foi uma luta pela hegemonia entre o poder es​piritual e político. Nunca um prevaleceu sozinho. Revezavam-se periodicamente e numa relação de mútua interferência nos poderes. No final do séc. VIII institucionalizou-se o poder temporal do papado (Estados Pontifícios), que surgiram para suprir o vazio de poder na Itália pelo desinteresse do poder imperial bizantino. No natal do ano 800 restaurou-se o Império no Ocidente (Sacro-Império Romano), com a coroação de Carlos Magno. Assim nasceu um estado católico com aspirações universais, com uma forte sacralização do poder político. O séc. X foi o “século de ferro” do papado. Foi um período de forte influência dos reis e senhores feudais na nomeação dos cargos eclesiásticos, especialmente dos papas. No séc. XI, com a reforma gregoriana, o papado recuperou amplos espaços em relação ao poder político. 
No ano de 1054, o patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, fez a separação definitiva dos gregos da Igreja Católica (cisma do Oriente). Com a transferência da sede do império para Constantinopla (476), os orientais também queriam a sede da Igreja na nova capital do Império. Além disso, influenciou para o cisma, a forte interferência dos imperadores romanos do oriente na vida da Igreja. O cisma entre Oriente e Ocidente se consolidou, mas o próprio Império no Oriente caiu em 1453, com a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos (muçulmanos).
O afrontamento entre o papado e o império nos séculos XII e XIII motivou o enfraquecimento das duas instituições. O império reduziu-se na prática a um estado alemão; o papado entrou em notável crise: de 1305 a 1377 a sede do papado transferiu-se de Roma para Avinhão, sul da França, depois regressando a Roma. Em 1378 surgiu a situação incômoda de dois papas ao mesmo tempo e depois três (Roma, Avinhão e Pisa). É o episódio que começa a preparar o grande cisma do Ocidente no séc. XVI.
Alta Idade Média e as reformas na Baixa Idade Média
A Alta Idade Média corresponde ao período de 476 ao ano 1.000. A principal característica desse período é o feudalismo. O sistema feudal surgiu no Império Romano do ocidente no séc. V no período das invasões dos povos germânicos. Os reis (suseranos principais) doavam terras aos senhores feudais (suseranos) em troca de segurança. Os senhores, por sua vez, concediam glebas de terras aos servos (vassalos). O vassalo oferece ao suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. Os servos pagavam vários tributos aos senhores, tais como: corveia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidade (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal). A sociedade feudal era hierarquizada. A nobreza (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (alto a baixo clero) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos e pequenos artesãos. 
A Baixa Idade Média se estende do ano 1.000 até 1453, queda de Constantinopla. A sociedade feudal, que concentrou as posses e os direitos nas mãos de poucos, entrou em forte crise com o surgimento do mercantilismo e da burguesia (1200...). A seu tempo, a hegemonia papal começou a manifestar-se com o Papa Gregório VII (1073-1085) e atingiu o maior poder com Inocêncio II (1198-1216). Os bispos e os abades dos grandes conventos, dotados em geral de ricas possessões e de muitos direitos, estavam ameaçados pelos mesmos perigos. O clamor por uma renovação da Igreja e por uma configuração cristã da vida e do mundo, de acordo com o espírito do Evangelho deu origem a uma série de movimentos de reforma. 
São Francisco de Assis (1182-1226) e São Domingos (1170- 1221) - fundadores das ordens religiosas dos Franciscanos e dos Dominicanos, respectivamente - foram os santos mais expressivos da Idade Média e procuraram contrapor suas experiências de reforma evangélica aos abusos da Igreja e da sociedade medieval. Propõem uma reforma da Igreja e da sociedade, quer dizer, uma reforma da Cristandade. Os mosteiros se tornaram centros de paz, onde viajantes, pobres e enfermos encontravam abrigo. Os hospitais de hoje tiveram aí sua origem. Enfim, um grande contingente de pessoas, excluídas da sociedade feudal decadente, era acolhido nos mosteiros. Sob o ponto de vista religiosa não há mais privilégios hierárquicos, todos são irmãos e vivem num espírito de pobreza. Os monges se dedicaram a agricultura, ao cuidado da saúde, à pregação e muitos se tornaram professores. A quase totalidade das universidades e escolas medievais foi criada nas abadias e mosteiros. Nas universidades existiam quatro faculdades voltadas para: arte, teologia, lei e medicina. Havia sete artes liberais: gramática, retórica e lógica (Trivium) e aritmética,geometria, música e astronomia (Quadrivium). Os monges missionários se tornaram grandes pregadores e renovaram a fé cristã. A escolástica foi um reflorescer da cultura e do espírito da Cristandade.
Renascimento (1300-1500)
O crescimento da riqueza dos mosteiros levou à indisciplina, ao luxo, à ociosidade e à imoralidade. Com as escolas criadas pelas catedrais e mosteiros, os leigos retomaram as rédeas da cultura e, agora, contra a igreja; é a crise da cristandade. O Renascimento é o renascer do humanismo e da cultura clássica; é retornar às origens da cultura para antes que tivesse sido cristianizada. “A Divina comédia” (1303), famosa obra de Dante, marca o despertar pela literatura na Itália. Esse renascer da cultura laica é seguido por uma série de grandes pintores e arquitetos, que curiosamente serviam a própria Igreja. As grandes basílicas foram construídas nesse período. Se a arte medieval “vestia o santo”, agora se “despia o santo”, é a arte do protesto, o que revela a crise da cristandade.
A Igreja não estava preparada para enfrentar uma crise de civilização urbana, secular e leiga. A Igreja, privada de toda influência política, perdeu também a inspiração cultural. A vida eclesiástica encontrava-se manifestadamente numa fase de certezas abaladas e de fermentações múltiplas. Enquanto alguns cristãos piedosos procuravam um refúgio numa mística profundamente interior, o individualismo crescente trouxe consigo uma onda até então desconhecida de crítica acirrada contra as situações da Igreja.
Em todos os níveis eclesiásticos, percebia-se a necessidade de uma reforma, recriava-se, porém, perante uma intervenção realmente profunda. No meio de toda a florescente riqueza externa da religiosidade, a Igreja, como instituição, encontrava-se fortemente esclerosada. O clamor pela reforma da Igreja na cabeça e nos membros atin​giu no século XIV uma intensidade até então desconhecida.
No período outonal a Igreja conheceu o Grande Cisma Ocidental (governo contemporâneo de dois papas), o relaxamento moral, os escândalos dos papas renascentistas e a ausência de reforma oficial. Tudo isso minou-lhe a autoridade moral e preparou a Reforma protestante do século XVI. 
6.3 A IGREJA NO MUNDO MODERNO
	Constituição da modernidade
A Idade Moderna revelou um homem consciente de suas capacidades e que procurava construir uma civilização progressivamente secular, calcada no valor do indivíduo e da ciência. 
A queda de Constantinopla (1453) e a descoberta da América marcam o início de um novo tempo no continente europeu. A cultura moderna vai buscar sua autonomia não mais calcada no pensamento religioso. A Igreja, mergulhada na sua maior crise (cisma no ocidente), volta-se para dentro de si mesma, para a questão religiosa. A cristandade foi se fragmentando com a separação entre cultura e fé; separação entre sociedade e religião. Além disso, as reformas provocaram a chamada confessionalização, em que algumas regiões da Europa ficaram divididas em dois campos: o católico e o protestante. O modelo de civilização cristã entra em crise definitiva; a Igreja vai perdendo progressivamente o espaço na vida cultural, social e no poder político.
O período das descobertas iniciou a colonização européia em outras partes do mundo. A Igreja aproveitou este fenômeno histórico para difundir o Evangelho em outros continentes e ali realizar o esforço de constituir uma nova civilização cristã, já que na Europa esse modelo estava em franca crise.
Martinho Lutero (1483-1546)
A Reforma foi essencialmente a obra de Martinho Lutero. Sua denúncia, 31/10/1517 contra o escandaloso tráfico das indulgências para a re​construção da basílica de São Pedro, em Roma, encontrou forte eco entre as populações germânicas. Mas a rápida propagação e fortalecimento do movimento reformista só foram possíveis porque durante a Baixa Idade Média já se tinham formado os pressupostos para isso. Causa principal foi a omissão e o retardamento de uma renovação oportuna da Igreja. A Igreja evangélica pode dispensar o sacerdócio hierárquico em troca do sacerdócio comum dos fiéis. Nesta Igreja a fonte de toda a autoridade era Deus, que se manifestava na Bíblia, interpretada pela mesma Igreja. A reforma é a luta mais apaixonada de toda a história da Igreja para atingir a verdadeira figura do cristianismo. Nem Lutero, nem qualquer outro dos reformadores mais importantes pensavam na fundação de uma nova Igreja: o que visavam era reformar a Igreja no espírito do evangelho. A intenção de Lutero era reformar a Igreja para salvar a cristandade.
O Iluminismo
O Iluminismo representou o rompimento violento da tradição cristã e a procura de caminhos espirituais totalmente humanos e racionais, independentes de qualquer autoridade religiosa ou política. Apenas a razão era validada e constituiu-se em centro de todos os esforços para a maioridade humana: o homem se determina livremente e procura um desdobramento de todas as suas forças e recursos internos realizando a sociedade, o mundo e a vida de acordo com sua própria concepção.
A Igreja, embora fortalecida pela Reforma tridentina, teve que enfren​tar duras lutas contra o Estado iluminista que lhe impunha um domínio ab​soluto estabelecendo-a como simples departamento estatal, promotora e defen​sora de sua ideologia. O poder régio absoluto não apenas escapava da tutela eclesiástica, mas subtraía-se também à fonte popular. "O direito divino dos reis" tornava-os senhores absolutos do Estado e com direito de privilegiar as classes da nobreza às custas do povo.
O Iluminismo, aos poucos, fez germinar as idéias democráticas de liberdade, igualdade e fraternidade que se impuseram violentamente na Revolução Francesa à ordem social feudalista. Os "Direitos do Homem" inscritos na Constituição Americana (1783) e na Constituição Francesa (1789) - direito à igualdade, à fraternidade e à liberdade - são valores evangélicos, nascidos de ideologia cristã, mas, concretamente, são tematizados no Iluminismo e na Revolução Francesa.
A queda do Estado monárquico e absolutista atingiu também a Igreja, identificada com as estruturas político-sociais da época. A Revolução Francesa despojou a Igreja de todos os seus bens. Ela gozava de isenção de impostos, mas administrativa o monopólio escolar e assistencial de toda a Europa cristã. Isso, porém, não a isenta da acusação de riqueza e de domínio. Além disso, era uma Igreja internamente dividida entre nobreza e pobreza. O clero proveniente das classes nobres se adonava de todos os cargos administrativos e rendosos, aliás, cargos de confiança política (Igreja de Estado), e o clero de posição social inferior vivia na pobreza e sem recursos de cultura teológica e de espiritualidade.
A Igreja do Estado iluminista era uma Igreja incapaz de enfrentar os questionamentos da civilização secular.
A Igreja na América Latina
As descobertas (1492) portuguesas e espanholas deram à Igreja Católica um novo campo de expansão. Ela podia, inclusive, iniciar uma nova civilização como fizera na Europa medieval com os povos germânicos. A íntima união de Igreja e Estado, o impulso missionário originado da Reforma católica do século XVI e a consciência messiânica dos povos ibéricos... foram os elementos fundamentais da evangelização latino-americana.
O tratado de Tordesilhas (1494) foi um acordo entre Espanha e Portugal na divisão territorial para a colonização das novas terras. Mas de fato vingou na colonização a estratégia da ocupação das terras. A terra é de quem a ocupa. Portugal, em 1.500, contava com uma população de um milhão de habitantes. Era impossível ocupar a vasta extensão de terras com colonos portugueses. O projeto missionário tinha razão de fundo fazer do índio um cidadão português, para ocupar as terras. Os missionários, impulsionados com a expectativa de construir uma nova civilização cristã, serão os executores do projeto missionário, por sua vez administrado pelos governos das sesmarias. O trabalho na missão consistia no aprendizado da língua portuguesa, na adesão ao catolicismo,na fixação à terra, morando nos aldeamentos, e na aquisição do hábito de trabalho em horas seguidas. Com essas características o índio seria reconhecido por outras nações como a presença de Portugal nos territórios da colônia.
O mesmo modelo de colonização e evangelização é seguido pela Espanha, onde se reafirma a aliança Igreja e Estado. O Estado, favorecido, com o privilégio do Padroado, levou a sério a tarefa missionária, mas o cristianismo foi imposto sem qualquer chance de adaptação e respeito pela cultura local. Os missionários estavam duplamente amarrados: pelo integrismo do catolicismo rígido e uniforme, nascido do Concílio de Trento e pela censura política na qualidade de funcionários de Estado.
Não obstante estas limitações, é admirável o surgimento de figuras proféticas como Bartholomeu Las Casas, Torríbio de Mogrovejo, Mons. Valdivieso e outros que denunciavam a exploração dos indígenas como contrária ao Evangelho e procuravam uma melhor adaptação ao espírito e características culturais dos mesmos. 
No Brasil, a sorte não foi diferente no que diz respeito à evangelização. Merece citação o trabalho jesuíta nas reduções, onde o indígena, sem ser subtraído completamente de seu meio ambiente, era educado na fé cristã com maior soma de respeito por sua cultura e por seus costumes. O aspecto político-eclesiástico também não foi muito diferente do que aconteceu nos restantes países latino-americanos - Lei do Padroado, controle estatal, sacerdotes patriotas, etc... - mas a vinda da família real para o Brasil e a posterior proclamação da Independência facilitou o relacionamento da nova nação com a Santa Sé. Esta reconheceu imediatamente a independência e conferiu ao Imperador todos os privilégios concedidos aos reis de Portugal. Atritos entre Igreja e Estado surgirão na célebre "Questão religiosa" em 1874/75 provocada pelos bispos reformistas, que lutavam por uma liberdade maior da Igreja em assuntos eclesiásticos. 
6.4 A IGREJA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
O século XIX esteve sob o signo da Revolução, dos Movimentos de Libertação e da incipiente industrialização. A Igreja, após os grandes vexames sofridos da Revolução francesa e de Napoleão Bonaparte, experimentou um crescimento sensível na estima geral, mesmo de não católicos. Conheceu um verdadeiro progresso espiritual.
Movimentos de libertação
Embora boa parte do clero estivesse ligado a movimentos libertários nas colônias, o Papa demonstrou perplexidade diante dos movimentos liberais. Privado dos Estados Pontifícios (1870), o papado permaneceu em estado de defesa. Faltou-lhe coragem de avançar afoitamente pelos caminhos da moder​nidade. A Igreja, diante do mundo, se isolou, e não obstante, aos poucos, despertou uma forte vida intelectual católica, especialmente, na Alemanha, na Franca, na Inglaterra e na Itália. No campo intelectual desenvolveram-se a filosofia e teologia neo-escolásticas, na política a organização dos católicos em partidos para reivindicarem e defenderem os próprios direitos.
O Concílio Vaticano I (1870) representou um fortalecimento interior da Igreja e um despojamento exterior. Leão XIII (1878-1903), recolhendo a herança de Pio IX (1846-1878), pôde iniciar uma gradativa abertura ao mun​do da cultura, da política e da questão social.
A Questão Social
A industrialização liberal encaminhou o mundo para o progresso material e econômico, mas agravou profundamente a "Questão Social". Enormes massas populares viviam marginalizadas, com salários miseráveis e desprovidas de qualquer segurança. A política de não intervenção, defendida pelo liberalismo econômico, possibilitava toda a espécie de ganância capitalista e de menosprezo pela justiça social.
Os esforços para estabelecer uma justiça social cristã no mundo operário não foram obra da Igreja oficial. Cristãos realizaram individualmente grandes empreendimentos para superar esta situação injusta. A doutrina social da Igreja, em nível oficial e universal, começou a aparecer com a "Rerum Novarum" de Leão XIII, em 1891. Este atraso levou a Igreja á perder a massa operária em favor do marxismo violento e radical e do socialismo anticlerical.
Pio XI continuou a obra de Leão XIII publicando "Quadragésimo Ano" (1931), João XXIII, com "Mater et Magistra" (1961) e Paulo VI com "Populorum Progressio" (1967) (cf. 7.4.3).
	A Renovação da Igreja
No século XX surge um novo e forte movimento de renovação com o Concílio Vaticano II, em 1962 - 1965. A Igreja tenta restaurar o espírito ecumênico, afetado pela Reforma Luterana e Contra-Reforma do Concílio de Trento. Além disso, a Igreja necessita abrir mão do seu conservadorismo e adaptar-se ao mundo Moderno.
A partir desse Concílio vão surgir as correntes conservadora e pro​gressista. Na América Latina vão conflitar a Teologia Tradicio​nal e a Teologia da Libertação.
A Teologia Tradicional tem uma atitude básica de resguardar o patrimônio dogmático da Igreja no processo de renovação. Por isso é conservadora. 
A Teologia da Libertação (inclusão social) vai usar a mesma forma de fazer teologia. O que vai mudar é o enfoque, a preocupação central. A principal preocupação não será a conservação do quadro dogmático, mas uma preocupação pastoral: a realidade humana onde a Igreja exerce a sua missão. 
7 O FENÔMENO DA BÍBLIA
7.1 O livro da Bíblia
O nome Bíblia
	A palavra Bíblia vem do grego BIBLOS, que significa "livro". Dessa raiz semântica usa-se o diminutivo BIBLION e a sua forma plural BÍBLIA = "livrinhos". Essa expressão diz bem a aparência externa do livro, pois trata-se de um conjunto de 73 livros em um único volume. É uma pequena biblioteca condensando livros de pequena extensão.
O número dos livros (cânon)
	Bíblia se divide em duas grandes partes: o Antigo Testamento (textos sagrados antes de Cristo) e o Novo Testamento (textos sagrados cristãos). 
	O número de livros da Bíblia são ao todo 73 no cânon católico. Nas bíblias católicas o Antigo Testamento compõe-se de 46 livros e o Novo Testamento de 27 livros. No Antigo Testamento existe uma diferença no número de livros em relação à Torá. Na Torá são 39 livros e no cânon católica 46. O cânon aceito pela Igreja católica inclui 7 livros, escritos por judeus, em língua grega e fora da Palestina. Os textos que compõem a Torá são escritos em hebraico e, em alguns trechos, em aramaico (língua irmã do hebraico) e que foram escritos na Palestina. 
	O cânon (termo grego = regra, norma) católico foi organizado no séc. IV d. C., com seus 73 livros. As bíblias evangélicas têm 7 livros a menos. No séc. VI Lutero fez a tradução da Bíblia para a língua alemã. Para a sua versão do Antigo Testamento utilizou o texto da Torá. Portanto não inclui os 7 livros escritos em grego, aceitos pelo cânon católico. Estes livros são: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Baruque, Sabedoria e Eclesiástico. A parte do Novo Testamento contém os mesmos 27 livros das bíblias católicas e foi todo ele escrito em grego. Por razões óbvias, no judaísmo não constam os textos do Novo Testamento, pois Jesus não é reconhecido como Messias, como os cristãos o reconhecem, do que trata, essencialmente, o Novo Testamento. 
	Existem ainda os livros apócrifos. Na realidade são livros que não foram utilizados no culto público. Esse foi o critério utilizado na constituição do cânon. Em geral são elaborações lendárias ou apocalípticas dos livros da Bíblia ou, ainda, tradições populares. O termo apócrifo significa escondido.
O material utilizado 
	A escrita original foi feito em três tipos de material. A cerâmica foi utilizada para a escrita junto à arte de fazer vasos e tijolos de argila. Porém, as tabuletas de argila ocupavam muito espaço e facilmente podiam ser quebradas. Outro material usado foi o papiro, feito da fibra de uma planta que cresce às margens do rio Nilo no Egito. A dificuldade sobre esse material era de que necessitava ser importado. O material mais utilizado foi o pergaminho, feito com couro de ovelha. Esse nome deve-se a cidade de Pérgamo, onde essatécnica foi criada.
7.2 Como foram escritos os textos
	Os textos bíblicos, em sua maioria, num espaço territorial do Oriente Médio, a Terra Prometida. Na época de Abraão (2000 a. C.) essas terras eram chamadas de Canaã. Depois que seus descendentes as ocuparam foi chamado de Israel e mais tarde de Palestina.
	Em torno de 1200 a. C. acontece a saída do Egito. No deserto do Sinai Moisés leva o seu povo a estabelecer uma grande Aliança com Deus (Javé). O selo dessa Aliança são os Dez Mandamentos. Os Dez Mandamentos só foram escritos pelo ano 1000 a.C., junto com as 613 leis complementares. Esse livro é o livro dos Juízes. O último livro da Bíblia a ser escrito é o Apocalipse de João, pelo ano 100 d. C. Os livros da Bíblia não estão em ordem cronológica. Por exemplo, o livro dos Gêneses foi escrito depois e, alguns textos do mesmo livro, em épocas diferentes. Ao todo a Bíblia levou 1100 anos para ser escrita.
	A autoria dos textos sempre é uma questão complexa. Em geral, os que escreveram os textos não os criaram de forma original, apenas passaram para a tradição escrita o que já de há muito tempo vinha de uma tradição oral. Pode-se dizer, assim, que os textos foram antes falados e, depois, escritos. 
7.3 A interpretação dos Textos Bíblicos
	O problema da interpretação dos textos bíblicos é complexo. Os conteúdos dos textos são eminentemente religiosos. O que se quer passar é uma mensagem de Deus para os homens. Por isso, não podemos ler os textos bíblicos como sendo uma explicação sobre os fenômenos naturais. Não se trata de ciência. As referências aos fenômenos da natureza e, principalmente, a origem do mundo são enredos (sem preocupação lógica) para transmitir uma mensagem catequética. Além disso, os estilos literários são de diversa ordem. Por isso, não podemos ler a Bíblia como uma narrativa histórico-crítica. Vejamos as narrativas da criação e do fim dos tempos.
� BOFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador. Petrópolis: Vozes, 1980.
� GHELLER, Erinida. Cultura Religiosa vol. 2. POA: EDIPUCRS, 1994.
� Texto extraído do livro: BLANK, Renold. Reencarnação ou Ressurreição. São Paulo, Paulus, 1995.
� BOFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador. Petrópolis: Vozes, 1980.
� Texto extraído do livro: BLANK Renold J. Nossa vida tem futuro. São Paulo: Paulus, 1991.
� Texto extraído do livro: BLANK, Renold. Reencarnação ou Ressurreição. São Paulo, Paulus, 1995.
� Baseado no livro: WILGES, Irineu. Cultura religiosa: as religiões no mundo. Vol. 1 E. d. 11. Petrópolis: Vozes, 2000.
� Textos extraídos e ampliados dos livros: GHELLER, Erinida. Cultura Religiosa vol. 2. POA: EDIPUCRS, 1994. 
ITCR. Religião e cristianismo. POA: PUCRS, 1977.
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