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Suspensões 02

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Suspensões 
 
Uma suspensão grosseira é uma dispersão de partículas sólidas insolúveis, finamente divididas (a fase 
dispersa) em um fluido (o meio dispersante). Muitas suspensões farmacêuticas consistem de um meio 
dispersante aquoso embora em alguns casos este possa ser um líquido orgânico ou oleoso. Uma fase dispersa 
com um diâmetro médio de partícula de até 1m é usualmente denominada dispersão coloidal e como 
exemplos temos as suspensões de hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio. Um sólido em dispersão 
em que as partículas têm tamanho acima de 1m de diâmetro são denominadas suspensões grosseiras. 
 
Propriedades físicas de uma suspensão bem formulada 
1. A suspensão deve permanecer suficientemente homogênea durante pelo menos o período entre a agitação 
do frasco e a remoção da dose necessária. 
2. O sedimento produzido durante o armazenamento deve ser facilmente ressuspendido através do uso de 
moderada agitação. 
3. A suspensão pode precisar de um espessante no sentido de reduzir a velocidade de sedimentação das 
partículas. A viscosidade deve ser não tão alta a ponto de dificultar a remoção do produto do frasco e sua 
transferência para o local de aplicação. 
4. As partículas suspensas devem ser de tamanho pequeno e uniforme de modo a resultar num produto 
macio, elegante e com textura livre de arenosidade. 
 
APLICAÇÕES FARMACÊUTICAS DAS SUSPENSÕES 
Muitas pessoas têm dificuldade em ingerir formas farmacêuticas sólidas e, portanto, necessitam de drogas 
dispersas num líquido. Se a droga é insolúvel ou fracamente solúvel em um solvente adequado então a 
formulação como uma suspensão é normalmente preparada. Alguns colírios também, notadamente 
hidrocortisona e neomicina, são disponíveis como suspensões devido a sua pobre solubilidade em um 
solvente adequado. 
A degradação de uma droga na presença de água pode também excluir seu uso como uma solução aquosa e 
neste caso pode ser possível sintetizar um derivado insolúvel que pode então ser formulado como uma 
suspensão. Por exemplo, cloridrato de oxitetraciclina é usado como forma farmacêutica sólida, mas em 
solução aquosa poderá sofrer hidrólise rapidamente. Uma forma farmacêutica líquida estável pode, 
entretanto, ser preparada pela suspensão do sal cálcico em um veículo aquoso adequado. 
O prolongado contato entre as partículas sólidas da droga e o meio de dispersão pode ser muito reduzido pela 
preparação da suspensão imediatamente antes do uso pelo paciente (Ball et al, 1978). Ampicilina, por 
exemplo, é fornecida pelos fabricantes tanto como base ou trihidrato misturada com os demais ingredientes 
na forma de pó ou granulado. O farmacêutico reconstitui o produto ao seu volume final usando água 
imediatamente antes de o dispensar ao paciente, designando um prazo de validade de aproximadamente 7 
dias para conservação à temperatura ambiente ou 14 dias se mantido sob refrigeração. 
Uma droga que degrada na presença de água pode ser suspensa em um veículo não aquoso. 
Fenoximetilpenicilina (Penicilina V) é disponível para uso oral como uma suspensão em óleo de coco 
fracionado e em alguns países o cloridrato de tetraciclina é disperso numa base similar para uso oftálmico. 
Alguns materiais precisam estar presentes no trato gastrointestinal numa forma finamente dividida e sua 
formulação como suspensão pode fornecer a necessária área superficial aumentada. Sólidos como caolin, 
carbonato de magnésio e trissilicato de magnésio, por exemplo, são usados para a adsorção de toxinas ou 
para neutralizar acidez excessiva. Uma dispersão de sílica finamente dividida em dimeticone 1000 é usado na 
prática veterinária para o tratamento de 'barriga inchada'. 
As propriedades adsortivas de pós finos são também usados na formulação de algumas inalações. Os 
componentes voláteis do mentol e óleo de eucalipto podem ser perdidos muito rapidamente durante o uso a 
partir de uma solução, enquanto uma liberação mais prolongada pode ser obtida se os dois agentes forem 
adsorvidos sobre o carbonato de magnésio leve antes de sua preparação como suspensão. 
O sabor de muitas drogas é mais perceptível se estiver na forma de solução do que se estiver numa forma 
insolúvel. Paracetamol é disponível tanto como solução pediátrica (elixir) e também como suspensão. A 
última formulação é mais palatável e, portanto, mais particularmente adequada para crianças. Pela mesma 
razão misturas de cloranfenicol podem ser formuladas como suspensão contendo o palmitato de cloranfenicol 
insolúvel. 
Suspensões de drogas também podem ser formuladas para aplicação tópica. Estas podem ser preparações 
fluidas como a Loção de Calamina que é destinada a deixar um pequeno depósito de agente ativo sobre a pele 
após a evaporação do meio de dispersão. Algumas suspensões têm consistência semi-sólida, por exemplo, 
pastas que contêm elevada concentração de pós dispersos, usualmente, numa base de parafina. Pode também 
ser possível suspender uma droga sólida numa base de emulsão como o Creme de Zinco. 
Suspensões também podem ser formuladas para administração parenteral objetivando controlar a velocidade 
de absorção da droga. Através da variação do tamanho das partículas dispersas do agente ativo, a duração da 
atividade pode ser controlada. Se um veículo aquoso é usado alguma difusão do produto pode ocorrer ao 
longo das fibras musculares após injeção. Com o objetivo de prolongar a atividade ainda mais, a droga pode 
ser suspensa em óleo fixo como óleo de sésamo ou araquis, e nestes casos o produto pode permanecer, após a 
injeção na forma de um glóbulo oleoso e desta forma apresentar uma pequena área superficial para os fluidos 
teciduais para a liberação da droga (Woodward, 1952). 
Vacinas, para a indução de imunidade, são muitas vezes formuladas como suspensões. Elas podem consistir 
de dispersões de microrganismos mortos como na vacina contra Cólera ou dos constituintes toxóides 
adsorvidos sobre um substrato de hidróxido ou fosfato de alumínio, como na vacina contra Tétano e Difteria. 
Deste modo um prolongado estímulo antigênico é promovido resultando num elevado título de anticorpos. 
Alguns meios de contraste para raios-X são também formulados desta forma. Sulfato de bário, por exemplo, 
para o exame do trato alimentar, é disponível como suspensão tanto para administração oral ou retal, e 
propiliodo é disperso tanto em água como em óleo de araquis para o exame do trato brônquico. 
 
FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES 
Controle do tamanho das partículas 
É necessário garantir que a droga a ser suspensa seja adequadamente dividida antes da formulação pois a 
velocidade de sedimentação das partículas suspensas pode ser retardada através da redução do seu tamanho. 
Grandes partículas, se maiores que cerca de 5m de diâmetro, podem também comunicar uma textura 
arenosa ao produto e pode causar irritação se injetadas ou instiladas nos olhos. A facilidade de administração 
de uma suspensão parenteral pode depender do tamanho e formado das partículas, sendo muito possível o 
entupimento da agulha com partículas maiores que 25m de diâmetro, particularmente se elas tiverem 
formato acicular predominando sobre o isodiamétrico. Uma faixa de tamanho de partículas pode também ser 
escolhida com o objetivo de controlar a velocidade de liberação da droga e consequentemente sua 
biodisponibilidade. 
O tamanho das partículas pode ser pequeno quando a suspensão é preparada e o crescimento de cristais pode 
ocorrer durante o armazenamento (Higuchi, 1958) particularmente se ocorrer flutuações da temperatura. Isto 
se deve ao fato da solubilidade da droga poder aumentar com a elevação da temperatura mas durante o 
resfriamento a droga pode cristalizar. Este é um problema particularmente importante para drogas 
ligeiramente solúveis como o paracetamol.Se a droga é polidispersa então os cristais muito pequenos, menores que 1m de diâmetro podem exibir uma 
maior solubilidade que os cristais maiores. Assim, os pequenos cristais podem se tornar ainda menores 
enquanto o diâmetro dos cristais maiores pode aumentar. É, portanto, vantajoso usar drogas suspensas com 
uma limitada faixa de tamanho. A inclusão de agentes tensoativos ou colóides poliméricos os quais são 
adsorvidos sobre a superfície de cada partícula podem também ajudar a prevenir isto. 
Diferentes formas polimórficas de uma droga podem exibir diferentes solubilidades, o estado metaestável 
sendo o mais solúvel. A conversão da forma metaestável em solução para o estado estável menos solúvel e 
sus subsequente precipitação pode levar a mudanças no tamanho da partícula (Callow e Kennard, 1961; 
Carless et al., 1968a, b; Pearson and Varney, 1973). 
 
O uso de agentes molhantes 
Alguns sólidos insolúveis podem ser facilmente molhados pela água e se dispersarem rapidamente numa fase 
aquosa com mínima agitação. Muitos, entretanto, podem exibir variados graus de hidrofobicidade e não ser 
facilmente molhados. Algumas partículas podem formar grandes aglomerados porosos com o líquido 
enquanto outros permanecem sobre a superfície do líquido e tornar-se aderidos à parte superior do recipiente. 
A espuma produzida durante a agitação pode ser desfeita lentamente devido ao efeito estabilizante das 
pequenas partículas na interface ar/líquido. 
Para garantir a molhagem adequada a tensaão interfacial entre o líquido e o líquido deve ser reduzida para 
que o ar adsorvido seja deslocado da superfície do sólido pelo líquido. As partículas podem então se 
dispersar facilmente através do líquido particularmente se um intenso efeito de cizalhamento é usado durante 
a mistura. Se uma série de suspensões for preparada cada uma contendo uma determinada concentração de 
agente molhante crescendo na série, então a concentração a ser escolhida será a menor capaz de produzir 
adequada molhagem. 
A seguir discutiremos mais sobre os agentes molhantes mais largamente usados em farmácia. 
 
Agentes tensoativos 
Os agentes tensoativos que possuem EHL entre 7 e 9 podem ser adequados para uso como agentes 
molhantes. A cadeia hidrocarbônica será adsorbida pela superfície hidrofóbica da partícula enquanto o grupo 
polar será projetado no meio aquoso se tornando hidratada. Deste modo, a molhagem de um sólido pode 
ocorrer devido a uma queda da tensão interfacial tanto do líquido com o sólido quanto, em menor extensão, 
do líquido com o ar. 
Muitos tensoativos são usados em concentrações de até 0,1% como agentes molhantese incluem, para uso 
oral, os polissorbatos (tweens) e ésteres de sorbitanos (spans). Para aplicação externa, lauril sulfato de sódio, 
dioctilsulfosuccinato de sódio e extrato de quilaia também podem ser usados. 
A escolha do tensoativo para administração parenteral é obviamente mais limitada, sendo os mais usados os 
polissorbatos, alguns copolímeros de polioxietileno/polioxipropileno (pluronics) e lecitina. 
Desvantagens no uso destes tipos de agentes molhantes incluem a excessiva formação de espuma e possível 
formação de um sistema defloculado que pode não ser desejado. 
 
Colóides hidrofílicos 
Nestes materiais estão incluídos a acácia, bentonita, tragacanto, alginatos e derivados de celulose podem se 
tornar um colóide protetor pelo revestimento das partículas sólidas hidrofóbicas com uma camada 
multimolecular. Isto pode conferir uma característica hidrofílica ao sólido e, portanto, promover sua 
molhagem. 
Estes materiais são também usados como agentes suspensores e podem, como os tensoativos, produzir um 
sistema defloculado particularmente se usados em baixas concentrações. 
 
Solventes 
Materiais como o álcool, glicerol e glicóis que são miscíveis na água podem reduzir a tensão interfacial 
ar/líquido. O solvente pode penetrar os aglomerados frouxos do pó deslocando o ar dos poros das partículas 
individuais e assim facilitando a ocorrência da molhagem pela dispersão do meio. 
 
Floculação ou defloculação? 
Tendo incorporado um agente molhante adequado é então necessário determinar se a suspensão está 
floculada ou defloculada e decidir qual estado é preferível. Se uma suspensão está floculada ou defloculada 
depende da relativa magnitude das forças eletrostáticas de repulsão e das forças de atração entre as partículas. 
Os efeitos destas interações partícula/partícula foram adequadamente abordados no Capítulo 6 mas podemos 
resumir que a incorporação de um agente molhante pode resultar numa suspensão exibindo diferentes 
características físicas daquela que não aontém aditivos além do sólido e do meio de dispersão. 
Se uma suspensão está defloculada as partículas dispersas se mantêm como unidades discretas e, desde que a 
velocidade de sedimentação depende do tamanho das partículas, a sedimentação é bastante lenta. As forças 
repulsivas entre as partículas individuais permitem então deslizar sobre cada uma outra como seu sedimento. 
A lenta velocidade de sedimentação previne o aprisionamento do líquido com o sedimento o que torna o 
sedimento muito compactado e de difícil redispersão. Este fenômeno é denominado "caking" ou "claying" e é 
a mais séria de todas as instabilidades físicas encontradas na formulação de suspensões. 
NT: "caking" ou "claying" significa a formação de um sedimento pastoso no fundo do recipiente que contém 
a suspensão, resultando em algo como um bolo ou argila, o que dá origem aos termos. 
Agregação de partículas num sistema floculado pode conduzir a uma velocidade de sedimentação muito mais 
rápida porque cada unidade é composta de muitas partículas individuais e esta é, portanto, maior. A 
velocidade de assentamento pode também depender da porosidade do agregado desde que, se poroso, o meio 
de dispersão possa fluir através bem como ao redor de cada agregado ou floculado. 
A natureza do sedimento de um sistema floculado é também muito diferente daquele de um defloculado. A 
estrutura de cada agregado é mantida após sedimentação e assim aprisionando uma grande quantidade de fase 
líquida. Embora a agregação em mínimo primário possa produzir flóculos compactos enquanto um mínimo 
secundário efeito possa produzir perda ou flóculos frouxos ou "fofos" de maior porosidade, o volume do 
sedimento final pode ainda ser grande e facilmente ser redisperso por moderada agitação. 
O sobrenadante de um sistema defloculado pode permanecer turvo por um tempo apreciável após agitação 
devido ao muito lento assentamento das partículas menores no produto. Num sistema floculado o 
sobrenadante rapidamente se torna límpido pois os flocos que se depositam rapidamente são compostos por 
partículas de todos os tamanhos (Michaels and Bolger, 1964). A figura 1 ilustra a aparência de ambas as 
suspensões (floculada e defloculada) algum tempo após a agitação. 
 
Figura 1. O comportamento de sedimentação das 
suspensões floculadas e defloculadas. Depois de uns 
poucos minutos após a preparação (a) não se percebe 
nenhuma mudança aparente quando o sistema 
defloculado é comparado com sua aparência inicial. 
Após várias horas (b), permanece pouco obvia a 
modificação exceto que a concentração de sólidos na 
camada inferior tem aumentado às custas da lenta 
sedimentação das partículas da camada superior. Existe 
já uma pequena quantidade de sedimento compacto. 
Após prolongado armazenamento (c), dependendo da 
estabilidade física do sistema, o sobrenadante fica 
límpido deixando um sedimento compacto. No sistema 
floculado em (a) existe um sobrenadante límpido com 
um distinto limite entre este e o sedimento. Em (b) já 
se tem um grande volume de sobrenadante límpido 
com um relativamente grande volume de sedimentoporoso que não se modifica mesmo com 
armazenamento prolongado (c). 
 
Com respeito às suspensões farmacêuticas grosseiras, portanto, os sistemas defloculados tem a vantagem de 
que a velocidade de sedimentação é lenta permitindo uma uniformidade da dose a ser retirada do frasco, mas 
quando a sedimentação ocorre, o sedimento é compacto e difícil de redispersar. Os sistemas floculados 
formam sedimentos frouxos que são facilmente redispersados mas com velocidade de sedimentação rápida 
deixando o risco de que uma dose inadequada seja administrada e o produto tenha aparência deselegante. 
Um sistema defloculado com uma viscosidade suficientemente elevada para evitar a sedimentação pode ser 
uma situação ideal. Não se pode garantir, entretanto, que o sistema permaneça homogêneo durante todo o seu 
período de validade. Usualmente um equilíbrio é alcançado em que a suspensão é parcialmente floculada e a 
viscosidade é controlada de modo que a velocidade de sedimentação seja mínima (Haines and Martin, 1961). 
 
Grau de floculação 
É importante garantir que o produto apresente o correto grau de floculação. Sub-floculação pode gerar 
aquelas indesejáveis propriedades que estão associadas com sistemas defloculados. Sobre-floculação pode 
ser irreversível. O produto pode expressar deselegância e sua viscosidade pode ser elevada resultando em 
redispersão difícil. Floculação controlada é usualmente alcançada pela combinação do controle do tamanho 
das partículas, o uso de eletrólitos para controlar o potencial zeta e a adição de polímeros para permitir a 
ocorrência de ligações cruzadas entre as partículas. Alguns polímeros têm a vantagem de se tornar ionizado 
num meio aquoso e pode, portanto, atuar tanto eletrostaticamente como estericamente. Estes materiais são 
também denominados polieletrólitos. 
 
Agentes floculantes 
Em muitos casos, após a incorporação de um agente molhante não-iônico, uma suspensão pode se encontrar 
defloculada tanto devido a redução da tensão interfacial sólido/líquido ou devido a camada hidrfílica 
hidratada ao redor de cada partícula formando uma barreira mecânica à agregação. O uso de um agente 
tensoativo iônico para molhar o sólido pode produzir ambos os tipos de suspensões. Se a carga sobre a 
partícula for neutralizada então a floculação pode ocorrer. Se uma elevada densidade de carga é comunicada 
às partículas suspensas então o resultado pode ser a defloculação. 
Se for necessário para a suspensão ser convertida de um estado defloculado para floculado, que pode ser 
conseguido pela adição de eletrólitos, tensoativos e/ou polímeros hidrofílicos. 
Eletrólitos. A adição de um eletrólito inorgânico a uma suspensão aquosa pode alterar o potencial zeta das 
partículas dispersas e se este valor for reduzido suficientemente a floculação pode ocorrer. 
A regra de Schultz-Hardy diz que a habilidade de um eletrólito em flocular partículas hidrofóbicas depende 
da valência do seu contra-íon. Apesar de mais eficientes, íons trivalentes são menos usados que os eletrólitos 
mono e divalentes porque estes são geralmente menos tóxicos. Se polímeros hidrofílicos, que são 
normalmente carregados negativamente, forem incluídos na formulação eles podem ser precipitados na 
presença de íons trivalentes. 
Os eletrólitos mais largamente utilizados são sais sódicos, acetato, fosfato e citrato e a concentração 
escolhida é aquela que produz o desejado grau de floculação (Martin, 1961; Hiestand, 1964). Deve-se tomar 
muito cuidado para não adicionar excesso de eletrólito ou pode ocorrer uma mudança de carga sobre cada 
partícula assim formada, gerando novamente um sistema defloculado. 
Tensoativos Agentes tensoativos iônicos podem causar a floculação pela neutralização da carga sobre cada 
partícula resultando assim num sistema defloculado. Tensoativos não iônicos podem, é claro, ter pouco efeito 
sobre a densidade de carga da partícula, mas podem, devido a sua configuração linear, ser adsorvidos sobre 
mais que uma partícula e assim formar uma estrutura floculada frouxa. 
Agentes floculantes poliméricos Amido, alginatos, derivados de celulose, tragacanto, carbomeros e silicatos 
são exemplos de polímeros que podem ser usados para controlar o grau de floculação. Suas moléculas com 
cadeias lineares e ramificadas formam uma rede tipo gel com o sistema e ficam adsorvidos sobre a superfície 
das partículas dispersas levando assim a um estado floculado. Embora alguma sedimentação possa ocorrer, o 
volume sedimentado é grande e usualmente se mantém assim por um considerável período. 
Deve-se tomar cuidado para garantir que, durante a preparação, a mistura não seja excessiva pois isto pode 
inibir a formação de ligações cruzadas entre as partículas adjacentes e resultar na adsorção de cada molécula 
de polímero sobre apenas uma partícula. Se isto tiver que ocorrer então um sistema defloculado pode resultar 
devido a formação de uma barreira hidrofílica ao redor de cada partícula inibindo a agregação. Uma elevada 
concentração de polímero pode ter um efeito similar se toda a superfície de cada partícula for coberta. É 
essencial que áreas sobre cada partícula suspensa permaneçam livres de adsorbato para que ligações cruzadas 
possam se formar após o produto ser agitado. 
Como estes materiais poliméricos também podem modificar a viscosidade das suspensões, maiores detalhes 
sobre o seu uso são dados na próxima seção. 
 
Reologia das suspensões 
Uma suspensão farmacêutica ideal deve exibir uma elevada viscosidade aparente sob baixa taxa de 
cizalhamento para que, em repouso, as partículas suspensas tenham tanto uma velocidade de sedimentação 
lenta ou, preferivelmente, permaneçam permanentemente em suspensão. Sob altas taxas de cizalhamento 
como aquelas causadas por moderada agitação do produto, a viscosidade aparente deve baixar 
suficientemente para o produto ser retirado facilmente do seu recipiente. O produto, se destinado ao uso 
externo, pode então ser espalhado facilmente sem excessiva força de arraste mas não deve ser tão fluido que 
possa escoar livremente sobre a pele. Se destinado a injeção, o produto deve passar facilmente através da 
agulha sob apenas moderada pressão aplicada ao êmbolo da seringa. Isto poderá então ser importante para a 
viscosidade aparente inicial ser reformada após um curto período de tempo para manter uma adequada 
estabilidade física (Hiestand, 1964). 
Um sistema floculado, em parte, preenche estes critérios. Em alguns sistemas de comportamento 
pseudoplásticos ou plástico a estrutura apresentada progressivamente quebra sob cizalhamento. O produto 
então apresenta a reversibilidade desta perda de estrutura dependente do tempo, que é denominada tixotropia. 
Um sistema defloculado, entretanto, pode exibir um comportamento newtoniano devido a ausência de 
alguma estrutura e pode então, se elevada concentração de fase dispersa estiver presente, exibir dilatância. 
Embora um sistema floculado possa exibir um grau de tixotropia e plasticidade, a menos que uma elevada 
concentração de fase dispersa esteja presente, isto pode não ser suficiente para evitar rápida sedimentação, 
particularmente se um tensoativo ou um eletrólito estiver presente como um agente floculante. Nestes casos 
um agente suspensor pode ser usado o que pode melhorar a viscosidade aparente do sistema. 
Materiais adequados são os polímeros hidrofílicos que exercem seu efeito pelo aprisionamento das partículas 
sólidas dispersas na sua rede tipo gel, prevenindo a sedimentação. A baixas concentrações muitos agentes 
suspensores podem ser usados para controlar a floculação e deve-se considerar que se elevadas quantidades 
são usadas para melhorar a viscosidade o grau de floculação pode ser alterado. 
 
Modificadores da viscosidade 
Os seguintesmateriais são aqueles mais largamente usados para a modificação da viscosidade das 
suspensões. 
 
Polissacarídeos 
Goma acácia (goma arábica) Este material é muitas vezes usado como agente espessante para suspensões 
preparadas extemporaneamente. Acácia não é um bom agente espessante e seu valor como um agente 
suspensor é largamente devido a sua ação como colóide protetor. Ele é portanto útil nas preparações 
contendo tinturas de materiais resinosos que precipitam pela adição de água. É essencial garantir que 
qualquer resina precipitada seja bem coberta pelo colóide protetor antes que qualquer eletrólito (que deve 
estar bem diluído) seja adicionado. Acácia não é muito satisfatório como agente suspensor para pós densos e 
é muitas vezes combinado com outros espessantes como no Pó de Tragacanto Composto que contém acácia, 
tragacanto, amido e sacarose. Infelizmente, mucilagens de acácia se tornam acidas durante o armazenamento 
devido a atividade enzimática e também contém uma enzima oxidase que pode causar deterioração de 
agentes ativos susceptíveis a oxidação. Esta enzima pode, entretanto, ser inativada por aquecimento. 
Devido a pegajosidade da acácia esta é raramente usada em preparações para uso externo. 
Tragacanto Este produto pode formar soluções aquosas viscosas. Suas propriedades tixotrópicas e 
pseudoplásticas fazem deste um melhor agente espessante que a acácia e pode ser usado em produtos tanto 
para uso interno como externo. Assim como a acácia este é principalmente, ainda que não exclusivamente, 
usado para preparações extemporâneas de suspensões de curto prazo de validade. Tragacanto é estável numa 
faixa de pH entre 4 e 7,5 mas leva vários dias para ser hidratado completamente após dispersão em água. A 
máxima viscosidade desta dispersão não é, portanto, atingida antes deste período. Sua viscosidade é também 
afetada pelo aquecimento tanto do pó como da mucilagem e muito cuidado deve ser tomado durante o 
armazenamento. Existem vários graus de qualidade deste produto disponíveis e apenas a melhor qualidade é 
adequada para uso como agente suspensor farmacêutico. 
Alginatos Ácido algínico, um polímero do ácido d-manurônico, é preparado do KELP e seus sais tem 
propriedades suspensoras semelhantes às do tragacanto. Mucilagens de alginato não devem ser aquecidas 
acima de 60ºC pois pode ocorrer despolimerização com consequente perda de viscosidade. São mais viscosas 
imediatamente após a preparação após o que esta decresce até um razoavelmente constante valor após cerca 
de 24 horas. Exibe uma máxima viscosidade numa faixa de pH entre 5 e 9 e a baixo pH o ácido é precipitado. 
Alginato de sódio (Manucol) é o material mais largamente usado nesta classe, mas é aniônico e pode ser 
incompatível com materiais catiônicos e com metais pesados. A adição de cloreto de cálcio para a dispersão 
de alginato de sódio pode causar a formação de sal de cálcio com um grande aumento da viscosidade. Vários 
graus de viscosidades diferentes são comercialmente disponíveis. 
Amido Amido é raramente usado por si só como agente suspensor, mas é um dos constituintes do Pó de 
Tragacanto Composto, e também pode ser usado com carboximetilcelulose sódica. Amidoglicolato de sódio 
(Explotab, Primojet), um derivado do amido de batata, tem sido avaliado para ser usado na preparação de 
suspensões extemporâneas (Farley and Lund, 1976). 
 
Celuloses solúveis em água 
Vários derivados da celulose são disponíveis os quais podem ser dispersos na água e produzir soluções 
coloidais viscosas adequadas para uso como agentes suspensores (Davies and Rowson, 1957, 1958). 
Metilcelulose (Celacol) Este é um polissacarídeo semi-sintético de fórmula geral: 
[C6H7O2(OH2)OCH3]n 
e é produzido pela metilação da celulose. Vários graus são disponíveis dependendo do seu grau de metilação 
e do tamanho da cadeia. Cadeias mais longas resultam numa solução de maior viscosidade. Por exemplo uma 
solução a 2% de metilcelulose 20 exibe uma viscosidade cinemática de 20cS (2 x 10-5m2s-1) e metilcelulose 
4500 tem um valor de 4500cS (4,5 x 10-3m2s-1) na mesma concentração. Devido a estes produtos serem mais 
solúveis em água fria que em água quente, eles são muitas vezes dispersos em água aquecida e então por 
resfriamento sob constante agitação uma solução viscosa opalescente clara é produzida. As metilceluloses 
não são iônicas e, portanto, estáveis numa larga faixa de pH de 3 a 11 e são compatíveis com muitos aditivos 
iônicos. Por aquecimento destas dispersões, as moléculas de metilcelulose se tornam progressivamente 
desidratadas e eventualmente gelificam a cerca de 50ºC e retornam a sua forma original pelo resfriamento. 
Hidroxipropilcelulose (Hiprolose). Este composto tem hidroxietil no lugar dos grupos metil ligado a cadeia 
de celulose. Tem a vantagem de ser solúvel tanto em água quente como fria e não gelificar por aquecimento. 
Por outro lado, exibe as mesmas propriedades que a metilcelulose. 
Carboximetilcelulose (Carmelose) Este material pode ser representado pela fórmula: 
[C6H10-xO5(CH2COONa)x]n 
onde x representa o grau de substituição, usualmente cerca de 0,7 que age afetando a solubilidade. A 
viscosidade da solução depende do valor de n que representa o grau de polimerização. O sufixo numérico dá 
uma indicação da viscosidade da solução a 1%. Por exemplo uma solução a 1% de carboximetilcelulose 
sódica 50 tem uma viscosidade de 50cP (50mPa.s). Este material produz soluções claras tanto em água 
quente como fria e são estáveis numa faixa de pH entre 5 e 10. Sendo aniônicos, é incompatível com cátions 
polivalentes e o ácido pode ser precipitado sob pH baixo. A esterilização por aquecimento tanto do pó como 
da mucilagem pode reduzir a viscosidade e isto deve ser levado em consideração durante a formulação. É 
largamente usado em concentrações de até 1% para produtos uso oral, parenteral ou externo. 
Celulose microcristalina (Avicel, Microcel) Este material consiste de cristais de dimensões coloidais que se 
dispersam rapidamente na água (mas não são solúveis) para produzir géis tixotrópicos. É largamente usado 
como agente suspensor muitas vezes associado com carboximetilcelulose sódica (8 a 11%) para ajudar a 
dispersão e para atuar como colóide protetor (Battista e Smith, 1962; Walking e Shangraw, 1968). As 
propriedades reológicas destas dispersões podem ser aperfeiçoadas pela incorporação de um hidrocolóide, em 
particular carboximetilcelulose, metilcelulose e hidroxipropilcelulose, os quais podem também estabilizar a 
dispersão contra o efeito floculante do eletrólito adicionado. 
 
Silicatos hidratados 
Aqui estão três importantes materiais denominados bentonita, silicato de alumínio e magnésio e hectorita, e 
pertencem a um grupo denominado argilas montmorilonitas. Hidratam prontamente, absorvendo até 12 vezes 
seu peso de água particularmente em temperatura elevada. Os géis formados são tixotrópicos e, portanto, tem 
propriedade suspensora útil. Assim como os materiais de ocorrência natural eles podem estar contaminados 
com esporos e isto deve ser lembrado quando da consideração de um processo de esterilização e quando 
escolher um sistema conservante (Barr, 1964). 
Bentonita. Esta tem a fórmula geral: Al2O3.4SiO2.H2O É usada na concentração de até 2 ou 3% em 
preparações para uso externo como a loção de calamina. Como este produto pode conter esporos patogênicos 
deve ser esterilizado antes do uso. 
Silicato de alumínio e magnésio (Veegum). Está disponível como flocos ou escamas insolúveis que se 
dispersam e incham rapidamente na água pela adsorção da fase aquosa na sua estrutura cristalina. Vários 
graus são disponíveis diferenciando-se no tamanho das partículas, demanda ácida e na viscosidade das suas 
dispersões. Pode ser usado tanto internamentecomo externamente na concentração de até 5%, e é estável 
numa faixa de pH entre 3,5 e 11 (Escabi e DeKay, 1956). As dispersões de Veegum/água podem exibir 
tixotropia e plasticidade com elevado valor de rendimento, mas a presença de sais pode alterar estas 
propriedades reológicas devido ao efeito floculante de seus contra-íons positivamente carregados. Alguns 
graus, entretanto, têm uma maior resistência à floculação que outros. 
Este material é muitas vezes combinado com agentes espessantes orgânicos como a carboximetilcelulose 
sódica ou goma xantana para promover valores de rendimento, grau de tixotropia e para controlar a 
floculação (Huycke, 1950; Wood et al., 1963; Ciullo, 1981). 
Hectorita. Este material é similar a bentonita e pode ser usado na concentração de 1 a 2% para uso externo 
(Mascardo e Barr, 1955). Também é possível a obtenção de hectorita sintética (Laponitas) que não exibe a 
variabilidade entre lotes ou nível de contaminação microbiana associada com produtos naturais e que 
também pode ser usada internamente. Assim como outras argilas é muitas vezes vantajosa a inclusão de uma 
goma orgânica para modificar as propriedades reológicas (Neumann e Sansom, 1970). 
 
Carboxipolimetileno (Carbômero, Carbopol) 
Este material é um copolímero do ácido acrílico e alil-sacarose totalmente sintético. É usado na concentração 
de até 0,5% principalmente para aplicações externas, embora alguns graus podem ser administrados 
internamente. Quando dispersos em água formam soluções ácidas pouco viscosas que, quando tem o pH 
ajustado para valores entre 6 e 11, se tornam altamente viscosas (Meyer e Cohen, 1959). 
 
Dióxido de silício coloidal (Aerosil, Cab-O-Sil, Tyxosil) 
Quando disperso em água este produto finamente dividido pode se agregar formando uma rede 
tridimensional. Pode ser usado na concentração de até 4% para uso externo (Beckerman e Schumacher, 1961) 
mas também tem sido usado para espessar suspensões não aquosas. 
 
Aditivos da formulação 
Tampões 
A inclusão de tampões pode ser necessária com o objetivo de manter a estabilidade química, controlar a 
tonicidade ou garantir a compatibilidade fisiológica. Deve ser lembrado, entretanto, que a adição de 
eletrólitos pode ter profundos efeitos sobre a estabilidade física das suspensões. 
 
Modificadores de densidade 
Através do exame qualitativo da lei de Stoke pode ser observado que se a fase contínua e a fase dispersa 
tiverem a mesma densidade a sedimentação não irá ocorrer. Pequenas modificações para a fase aquosa de 
uma suspensão pela incorporação de sacarose, glicerol, propilenoglicol podem ser realizadas, mas, devido 
aos diferentes coeficientes de expansão, isto só pode ser feito numa pequena faixa de temperatura. 
 
Aromatizantes, corantes e perfumes 
O uso destes ingredientes  Capítulo 14. 
Devido a elevada área superficial das partículas dispersas neste tipo de formulação, entretanto, pode ocorrer 
adsorção destes materiais e assim reduzir sua efetiva concentração na solução. Por exemplo, quanto mais fino 
o grau de subdivisão das partículas da fase dispersa mais pálida pode se apresentar a cor do produto para uma 
mesma concentração do corante. Deve ser também imaginado que a inclusão destes agentes pode alterar as 
características físicas do sistema. Tanto a presença de eletrólitos como seu efeito sobre o pH podem 
influenciar o grau de floculação. 
 
Umectantes 
Glicerol e propilenoglicol são exemplos de umectantes adequados que são algumas vezes incorporados em 
concentração de até 5% nas suspensões aquosas para aplicação externa. São usados para evitar que o produto 
se torne ressecado após aplicação sobre a pele. 
 
Conservantes 
A seção correspondente no capítulo sobre EMULSÕES é também aplicável à formulação de suspensões. É 
essencial que um conservante adequado seja incluído, particularmente se está sendo usado material de origem 
natural. Isto é para evitar a crescimento de microrganismos que podem estar presentes na matéria-prima e/ou 
introduzidos no produto durante o uso. Alguns dos produtos naturais, particularmente se preparados para 
aplicação sobre a pele lesionada, devem ser esterilizados antes do uso. Bentonita, por exemplo, pode conter 
Clostridium tetani mas pode ser esterilizada por aquecimento do pó a 160ºC durante 1 hora ou por 
autoclavação da dispersão aquosa. Muito cuidado deve ser tomado para garantir que a atividade de qualquer 
ingrediente não seja destruída pelo processo de esterilização. 
Como na formulação de emulsões, deve-se ter o cuidado de se certificar da extensão da inativação do sistema 
conservante devido a interações com outros excipientes. Solubilização por agentes molhantes, interação com 
polímeros ou adsorção sobre os sólidos suspensos, particularmente caulim ou trissilicato de magnésio, podem 
reduzir a disponibilidade dos conservantes. 
 
Agentes adoçantes 
Capítulo 14. Elevada concentração de sacarose, sorbitol ou glicerol, que exibem propriedades newtonianas, 
pode afetar adversamente as propriedades reológicas da suspensão. Adoçantes sintéticos podem ser sais e 
afetar o grau de floculação. 
 
TESTE DE ESTABILIDADE DE SUSPENSÕES 
A estabilidade física de uma suspensão é normalmente verificada através da medida da sua velocidade de 
sedimentação, o volume ou altura final do sedimento e a facilidade de redispersão do produto. 
Os primeiros dois parâmetros podem ser determinados facilmente através da medida do volume inicial total 
ou da altura da suspensão (V0) e o volume ou altura do sedimento (V), como mostrado na figura 1. Através 
do traçado da curva de V/V0 em relação ao tempo para uma série de formulações testadas (todos os valores 
iniciais são iguais a unidade) pode-se verificar que a inclinação em qualquer ponto da linha representa a 
velocidade de sedimentação. Quando o valor de V/V0 se torna constante significa que o processo de 
sedimentação foi terminado. 
Alternativamente o valor de floculação pode ser usado, sendo este a razão entre o volume final ou altura do 
sedimento e o volume ou altura do bolo formado pela completa sedimentação do mesmo sistema que tenha 
sido defloculado. 
Tem sido realizadas tentativas para estabelecer a relação entre o potencial zeta das partículas suspensas e a 
estabilidade física, particularmente o grau de floculação, de um sistema usando um aparelho de eletroforese 
(Stanko e DeKay, 1958; Martin, 1961). 
A facilidade de redispersão do produto pode ser avaliada qualitativamente através da simples agitação do 
produto no seu recipiente. O uso de um agitador mecânico pode eliminar as variações no modo de agitar. 
Uma avaliação destes três parâmetros em elevadas temperaturas pode gerar uma indicação mais rápida do 
grau de instabilidade mas é essencial correlacionar estes resultados com aqueles obtidos das suspensões 
armazenadas à temperatura ambiente. 
 
Centrifugação 
Uma avaliação qualitativa da Lei de Stoke indica que a centrifugação poderá também ser um método 
adequado de incrementar a velocidade de sedimentação de uma suspensão, mas ainda não será sempre 
possível predizer acuradamente o comportamento de algum sistema quando armazenado sob condições 
normais a partir dos dados obtidos após este tipo de teste acelerado. O processo de centrifugação pode 
destruir a estrutura de um sistema floculado que pode permanecer intacto sob condições normais de 
armazenamento. O sedimento formado pode se tornar formemente compactado e difícil de ser redisperso 
quer a suspensão inicial esteja floculada ou defloculada (Jones e Grimshaw, 1963). Este método pode, 
entretanto, fornecer uma indicação útil da estabilitade relativa de uma série de produtos testados. 
 
Avaliação reológica 
Embora as medidas de viscosidade aparente sejam tambémusadas como uma ferramenta para avaliar a 
estabilidade física as forças envolvidas podem também destruir a estrutura de uma suspensão. Muito 
pequenas forças de deslizamento envolvidas, usando por exemplo o viscosímetro de Brookfield com 
dispositivos Helipath, podem dar uma indicação da mudança na estrutura do sistema após vários períodos de 
armazenamento. Pode ser possível combinar os resultados das técnicas de sedimentação com aquelas das 
avaliações reológicas (Foernzler et al, 1960). 
Uma medida da viscosidade aparente residual, após a quebra da estrutura da suspensão, pode ser usada como 
um procedimento rotineiro de controle de qualidade após a fabricação. 
 
Rotação da temperatura 
Através da exagerada flutuação da temperatura que qualquer produto esteja submetido nas condições normais 
de armazenamento pode ser possível comparar a estabilidade física de uma série de suspensões. Ciclos 
consistindo do armazenamento por várias horas a temperatura de cerca de 40ºC seguido pelo resfriamento 
tem sido usado com sucesso. De modo similar as flutuações normais da temperatura podem ser usadas mas 
numa frequência aumentada de apenas uns poucos minutos em cada extremo. Este método de testar a 
estabilidade de modo acelerado é particularmente útil para a avaliação do crescimento cristalino (Carless e 
Foster, 1966). Medidas do tamanho das partículas é normalmente realizada microscopicamente, por difração 
de laser ou pelo uso de contador Coulter. É importante, é claro, garantir que a suspensão esteja defloculada 
para garantir que cada partícula esteja sendo medida e não os flóculos. 
 
PREPARAÇÃO DE SUSPENSÕES 
É importante garantir, inicialmente, que o pó a ser suspenso esteja num adequado grau de subdivisão de 
modo a permitir adequada biodisponibilidade, mínima velocidade de sedimentação e impalpabilidade. 
Para preparações extemporâneas de suspensões numa pequena escala a droga pulverizada pode ser misturada 
com o agente suspensor e parte do veículo usando gral e pistilo. Pode também ser necessário, neste estágio, 
incluir um agente molhante para ajudar a dispersão. Outros ingredientes solúveis devem então ser dissolvidos 
numa outra porção do veículo, misturado com a suspensão concentrada e então ter o volume completado. 
É muitas vezes preferível, particularmente numa grande escala, fazer primeiro uma dispersão concentrada do 
agente suspensor. Isto é melhor realizado pela adição do material lentamente ao veículo enquanto mistura. 
Misturadores adequados podem ser tanto hélice de empurrar ou espalhar, ou do tipo turbina. Este estágio é 
importante sendo necessário garantir que os aglomerados do agente suspensor sejam completamente 
destruídos. Se isto não acontecer, a superfície de cada aglomerado pode gelificar e, portanto, manter o pó 
internamente seco. Agitação muito vigorosa, entretanto, pode destruir a estrutura polimérica do agente 
suspensor, e então pode ser melhor usar de moderada agitação e então deixar a dispersão em repouso até que 
a completa hidratação tenha ocorrido. Isto pode ser instantâneo ou pode, como a goma tragacanto, levar 
várias horas. Se o agente suspensor é agitado com um dos ingredientes solúveis com a água, como a sacarose, 
pode ajudar na dispersão. 
A droga a ser suspensa é então adicionada da mesma forma com o agente molhante. Para drogas muito 
hidrofóbicas a molhagem pode ser facilitada pela agitação sob pressão reduzida. Isto tem a vantagem 
adicional de desaerar o produto e, portanto, melhorar a aparência. Outros ingredientes podem agora ser 
adicionados, preferivelmente dissolvidos numa porção do veículo, e o conjunto levado ao volume final. 
Finalmente a homogeneização poderá garantir uma completa dispersão da droga e a produção de uma 
preparação elegante e suave. 
É também possível, no entanto muito menos usado, suspender uma droga insolúvel pela sua precipitação de 
uma solução. Isto pode ser conseguido tanto por dupla decomposição ou, se for uma base ou ácido fraco, pela 
modificação do pH da sua solução, ou pela precipitação da droga de um veículo miscível com a água pela 
adição de água. Este método pode ser útil se a droga precisa estar estéril mas é degradada se aquecida ou 
irradiada. Uma forma solúvel da droga é dissolvida num veículo adequado, esterilizada por filtração e então 
precipitada para formar uma suspensão. 
Em circunstâncias normais suspensões aquosas podem ser autoclavadas por tanto tempo quanto seja 
permitido de modo a não afetar adversamente a estabilidade física e química da preparação. 
 
BIODISPONIBILIDADE DE DROGAS SUSPENSAS 
Após a administração de suspensões, a droga, que está prontamente num estado molhada, é apresentada aos 
fluídos gastrointestinais numa forma finamente dividida. Deste modo a dissolução ocorre imediatamente. A 
velocidade de absorção da droga na corrente sanguínea é, portanto, usualmente mais rápida que para a 
mesma droga em formas farmacêuticas sólidas, mas não tão rápida quanto uma solução. A velocidade de 
liberação de uma droga de uma suspensão é também dependente da viscosidade do produto. Quanto mais 
viscosa a preparação, mais lenta é a liberação da droga. Muito cuidado, portanto, deve ser tomado para 
garantir que as características físicas da suspensão não mudem pela sua adição a um meio ácido se isto puder 
afetar a liberação da droga. 
Devido a velocidade de liberação de um agente ativo de uma suspensão ser usualmente mais lenta que a 
liberação de uma solução, as drogas são muitas vezes formuladas como suspensão para injeção 
intramuscular, intra-articular ou subcutânea com o objetivo de prolongar a liberação da droga. Isto é muitas 
vezes denominado terapia de depósito. Penicilina V, por exemplo, que é normalmente solúvel na água, pode 
ser sintetizada na forma de um sal insolúvel (procaína). Após injeção intramuxcular como suspensão a 
velocidade de liberação é suficientemente lenta para manter adequado nível sanguíneo por até 24 horas. Um 
efeito prolongado adicional pode também ser obtido pela inclusão de estearato de alumínio como agente 
gelificante nesta formulação. Se a droga é suspensa num óleo, o qual, após injeção, pode permanecer como 
um glóbulo oleoso, a liberação da droga pode ocorrer mais lentamente que de uma suspensão aquosa quando 
o produto pode se difundir através das fibras musculares assim aumentando a área de contato. 
Preparações de liberação prolongada formuladas como suspensões para uso oral não são muito comuns mas 
um exemplo é a mistura de fentermina sobre uma resina de troca catiônica que é suspensa em veículo aquoso. 
Após ingestão a droga é lentamente liberada por troca de íons presentes no fluido gastrointestinal. Uma das 
principais dificuldades na formulação deste tipo de produto é garantir a ausência de íons em qualquer 
ingrediente.