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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ LUÍSA VITÓRIA MOREIRA COSTA VIEIRA VIDAS SECAS Atividade Estruturada SÃO LUÍS/MA MARÇO/2016 LUÍSA VITÓRIA MOREIRA COSTA VIEIRA VIDAS SECAS Atividade estruturada solicitada pela professora Rosemary da Silva Granja da disciplina de Oficina Literária para a turma do 1º período do curso de Letras – Inglês da Universidade Estácio de Sá. SÃO LUÍS/MA MARÇO/2016 2 ATIVIDADE ESTRUTURADA RAMOS, Graciliano. 1892-1953. Vidas Secas. Posfácio de Hermenegildo Bastos – 120ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2013. 1. SOBRE O AUTOR Graciliano Ramos de Oliveira nasceu no dia 27 de outubro de 1892 em Alagoas. Fazendo parte da 2ª fase do Modernismo, esse escritor foi um dos grandes precursores do Regionalismo – principal característica desse período. O renomado autor teve seu grande marco na sua obra “Vidas Secas” em que ele retrata “o social”. Com características sociais, políticas, ambientais e psicológicas, essa publicação aborda as dificuldades da vida no sertão nordestino. Além de Vidas Secas, Graciliano obteve sucesso em outras obras como “Angústia” e “Caetés”. Com mais de 20 produções, o alagoano continuou tendo reconhecimento com publicações póstumas como “Cartas”. “Os dados biográficos é que não posso arranjar, porque não tenho biografia. Nunca fui literato, até pouco tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como coisas aparentemente inofensivas inutilizam um cidadão.” (Graciliano Ramos em carta a Raúl Navarro, tradutor, nov.1937) 2. VIDAS SECAS 2.1. O papel do narrador O narrador é, sem dúvidas, o elemento principal do enredo de Vidas Secas. Por ser um livro com pouco diálogo, o discurso usado pelo autor nos permite entender os acontecimentos, assim como os pensamentos e sentimentos de cada personagem. Além do uso do discurso indireto livre, o narrador utiliza de palavras pouco rebuscadas e, algumas vezes, de expressões regionais para facilitar o entendimento do leitor: a palavra “Cabra” é usada várias vezes no livro com sentido de “Homem”. “...Cabra ordinário, mofino, encolhera-se e ensinara o caminho. Esfregou a testa suada e enrugada. Para que recordar vergonha? Pobre dele. Estava então decidido que viveria sempre assim? Cabra safado, mole.” (pág.112) Portanto, o grande papel do narrador em Vidas Secas é nos permitir um melhor entendimento do enredo. Devido ao vocabulário limitado dos personagens, há 3 pouco uso de diálogos na obra e, sem o narrador, teríamos apenas exclamações, resmungos, onomatopeias e gestos difíceis de serem interpretados. – o que chamamos de animalização. Por isso o narrador é tão necessário para um entendimento da obra: a ocorrência e a ordem dos fatos ocorridos são logicamente ordenadas por ele. 2.2. A relação estabelecida entre a obra e a história Antes da publicação de Vidas Secas, em 1938, Graciliano Ramos teve que conviver em um período conturbado da história. Na década de 30 houveram as maiores mudanças ocorridas no mundo dentro dos contextos social, político e econômico. Os Estados Unidos estavam em seu auge até serem atingidos pela crise de 1929 que levou “à quebra nos mercados acionários do mundo o que provocou uma forte queda nos preços internacionais das commodities.” (GIULIANA VALLONE, Revista Cafeicultura, 2009, Folha Online). – a chamada Grande Depressão. Além da queda do PIB – Produto Interno Bruto – as taxas de desemprego e pobreza aumentaram. Com isso os Estados Unidos tiveram que buscar medidas para diminuir os efeitos da Crise de 1929 e, o Brasil, assim como diversos países, sofreu as consequências: por manter fortes relações internacionais com os EUA, a crise diminuiu as importações e fez com que o café brasileiro fosse desvalorizado; seu preço diminui quantitativamente. "A crise arruinou a oligarquia cafeeira, que já sofria pressões e contestações dos diferentes grupos urbanos e das oligarquias dissidentes de outros Estados, que almejavam o controle político do Brasil” (WAGNER PINHEIRO PEREIRA, doutor em História pela USP e autor do livro "24 de Outubro de 1929: A Quebra da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão) Com isso, nasce a Revolução de 1930 levando Getúlio Vargas a assumir a Presidência da República. A entrada de Getúlio no governo atribui ao contexto histórico brasileiro novas características: o social estava ganhando ênfase. A segunda fase do Modernismo nasce justamente na década de 30 e acaba recebendo a influência da relação do “eu” com o “mundo” – relação essa advinda de todas as conturbações da época. Os autores modernistas tinham, em suas obras, críticas nascidas pelas relações sociais, a relação entre “homem” e “ambiente” também entra em pauta. 4 Os modernistas escreviam sobre a realidade brasileira e, Graciliano Ramos não ficou de fora ao escrever suas obras. Vidas Secas é fruto de conturbações sociais ocorridas na “pior década do século XX”. 2.4. Perfil dos personagens: Fabiano, menino mais novo, Sinha Vitória, a cadela Baleia Em muitas obras modernistas o regionalismo, assim como o social, ganhou foco. Graciliano Ramos nos apresenta personagens que representam o homem em seu aspecto mais real e natural. O “herói” – Fabiano – apresentado em Vidas Secas é problemático, mas diferencia-se dos românticos devido à sua “animalização”. Os heróis românticos eram estereotipados como bravos e fortes, que buscam responder aos problemas que lhes são apresentados. Fabiano, no entanto, não tem a capacidade necessária para resolver os problemas, o que o faz sofrer ao longo do livro. Fabiano é o herói da obra que, ao longo da história, tenta enfrentar os problemas que sertão lhe traz. É um senhor rude e ignorante, facilmente de ser enganado e manipulado. Ele está sempre sendo movido pela emoção e não parece raciocinar e analisar os fatos. Apesar de ser fisicamente descrito sendo um homem, suas ações mostram a sua animalização e o narrador, muitas vezes, caracteriza seus atos com os de animais. “...O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.” (pág.19) O próprio personagem também se caracteriza como animal e demonstra orgulho de sua animalização. “...mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria- se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.” (pág.18) “..._Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho...” (pág.19) Assim como o pai Fabiano, o menino mais novo também é representado como um animal. A falta de caracterização do personagem, sendo denominado como “o menino mais novo” só reforça a ideia de animalização. Porém, esse menino vê o pai como um verdadeiro herói, um homem com exemplos a ser seguido; isso leva o menino a imitar cada vez mais o pai. 5 “...Naquele momento Fabiano lhe causava grande admiração. Metido nos couros, de perneiras, gibão e guarda-peito, era a criatura mais importante do mundo.” (pág.47) Ao contrário desses dois personagens, a Sinha Vitoria – esposa de Fabiano e mãe dos meninos – apresenta mais características humanas: ela sabe fazer contas. É uma mulher mais culta se comparada aos outros personagens. Sinha Vitória é uma sonhadora, cheia de desejos, masjulgava-os inatingíveis devido às várias despesas da família e o descaso de Fabiano em fazer economias para realizar o maior desejo da esposa: uma cama de lastro de couro. “...Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinham-se acostumado, mas seria mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como outras pessoas.” (pág.40) A grande contradição dos personagens é a cachorra Baleia. Apesar de ser um animal, há a “humanização” da cadela. É o personagem que apresenta as maiores sensações humanas e isso a faz ser mais racional que os próprios personagens humanos da obra. Ao longo de todo o enredo ela demonstra um raciocínio mais lógico sobre os acontecimentos e tem uma melhor análise sobre a vida. Enquanto o narrador atribui patas ao Fabiano, a cachorra “possui” pés. “...E perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés...” (pág.88) Além disso, a cachorra é considerada membro da família. “...Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três...” (pág.86) 3. REFERÊNCIAS Grupo Editorial Record, 2016. Site Oficial do Escritor Graciliano Ramos. Biografia. Disponível em <http://graciliano.com.br/site/vida/biografia/> Acesso em 29 mar 2016, 12:16:45 VALLONE, GIULIANA. Crise de 1929 atingiu economia e mudou a ordem política no Brasil. Revista Cafeicultura. Folha Online, 2009. Disponível em <http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?mat=27265> Acesso em 29 mar 2016, 23:41:13.
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