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TRABALHO-ATIVIDADE ESTRUTURADA OFICINA LITERARIA

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ. 
 
 
 
 
CURSO DE LETRAS – LIBRAS – LÍNGUA PORTUGUÊSA. 
 
 
 
 
Professor Tutor: Luiz Carlos de Sa Campos. 
 
 
 
 
Disciplina: OFICINA LITERÁRIA. 
(CEL 0239/3732932) 9001 
 
 
 
 
Relatório: ATIVIDADE ESTRUTURADA OFICINA LITERÁRIA. 
VIDAS SECAS. 
 
 
 
 
 
Aluna: Cláudia Rejane Freitas Zerbielli. 
Matrícula: 2020.04.25938-5 
Junho de 2021. 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE ESTRUTURADA. 
 
RAMOS, Graciliano, 1892-1953 R143v. Vidas Secas – Graciliano Ramos; posfácio de Marilene 
Felinto. 110ªed. - 110ªed. – Rio de Janeiro: Record, 2009. 
 
1.SOBRE O AUTOR. 
 Graciliano Ramos de Oliveira, nasceu no dia 27 de outubro de 1892 em Quebrangulo 
Alagoas. Filho de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos era o primogênito de 
quinze filhos, de uma família de classe média do Sertão Nordestino. Fazendo parte da 2ª fase do 
Modernismo, esse escritor foi um dos grandes precursores do Regionalismo – principal 
característica desse período. O renomado autor teve seu grande marco na sua obra "Vidas 
Secas" em que ele retrata "o social". Com características sociais, políticas, ambientais e 
psicológicas, essa publicação aborda as dificuldades da vida no sertão nordestino. 
 Além de Vidas Secas, Graciliano obteve sucesso em outras obras como "Angústia" e 
"Caetés". Com mais de 20 produções, o alagoano continuou tendo reconhecimento com 
publicações póstumas como "Cartas". 
 "Os dados biográficos é que não posso arranjar, porque não tenho biografia. Nunca fui 
literário, até pouco tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior de 
Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como coisas aparentemente 
inofensivas inutilizam um cidadão." (Graciliano Ramos em carta a Raúl Navarro, tradutor, 
nov.1937). 
 
2.VIDAS SECAS. 
2.1. O Papel do narrador. 
 O narrador é, sem dúvidas, o elemento principal do enredo de Vidas Secas. Por ser um 
livro com pouco diálogo, o discurso usado pelo autor nos permite entender os acontecimentos, 
assim como os pensamentos e sentimentos de cada personagem. Além do uso do discurso 
indireto livre, o narrador utiliza de palavras pouco rebuscadas e, algumas vezes, de expressões 
regionais para facilitar o entendimento do leitor: a palavra "Cabra" é usada várias vezes no livro 
com sentido de "Homem". 
 "...Cabra ordinário, mofino, encolhera-se e ensinara o caminho. Esfregou a testa suada e 
enrugada. Para que recordar vergonha? Pobre dele. Estava então decidido que viveria sempre 
assim? Cabra safado, mole.". (pág. 112). 
 Portanto, o grande papel do narrador em Vidas Secas é nos permitir um melhor 
entendimento do enredo. Devido ao vocabulário limitado dos personagens há pouco uso de 
diálogos na obra e, sem o narrador, teríamos apenas exclamações, resmungos, onomatopéias e 
gestos difíceis de serem interpretados. – o que chamamos de animalização. Por isso o narrador é 
tão necessário para um entendimento da obra: a ocorrência e a ordem dos fatos ocorridos são 
logicamente ordenadas por ele. 
 
2.2. A relação estabelecida entre a obra e a história. 
 Antes da publicação de Vidas Secas, em 1938, Graciliano Ramos teve que conviver em 
um período conturbado da história. Na década de 30 houveram as maiores mudanças ocorridas 
no mundo dentro dos contextos social, político e econômico. 
 Os Estados Unidos estavam em seu auge até serem atingidos pela crise de 1929 que 
levou "à quebra nos mercados acionários do mundo o que provocou uma forte queda nos preços 
internacionais das commodities." (GIULIANA VALLONE, Revista Cafeicultura, 2009, Folha 
Online). – a chamada Grande Depressão. Além da queda do PIB – Produto Interno Bruto – as 
taxas de desemprego e pobreza aumentaram. Com isso os Estados Unidos tiveram que buscar 
medidas para diminuir os efeitos da Crise de 1929 e, o Brasil, assim como diversos paises, sofreu 
as conseqüências por manter fortes relações internacionais com os EUA, a crise diminuiu as 
importações e fez com que o café brasileiro fosse desvalorizado; seu preço diminuiu 
quantitativamente. 
 "A crise arruinou a oligarquia cafeeira, que já sofria pressões e contestações dos 
diferentes grupos urbanos e das oligarquias dissidentes de outros Estados, que almejavam o 
controle político do Brasil" (WAGNER PINHEIRO PEREIRA, doutor em História pela USP e autor 
do livro "24 de Outubro de 1929: A Quebra da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão)". 
 Com isso, nasce a Revolução de 1930 levando Getúlio Vargas a assumir a Presidência da 
República. A entrada de Getúlio no governo atribui ao contexto histórico brasileiro novas 
características: o social estava ganhando ênfase. 
 A segunda fase do Modernismo nasce justamente na década de 30 e acaba recebendo a 
influência da relação do "eu" com o "mundo" – relação essa advinda de todas as conturbações da 
época. Os autores modernistas tinham, em suas obras, críticas nascidas pelas relações sociais, a 
relação entre "homem" e "ambiente" também entra em pauta. 
 Os modernistas escreviam sobre a realidade brasileira e, Graciliano Ramos não f icou de 
fora ao escrever suas obras. Vidas Secas é fruto de conturbações sociais ocorridas na "pior 
década do século XX". 
 
2.4. Perfil dos personagens: Fabiano, menino mais novo, Sinhá Vitória, a cadela Baleia. 
 Em muitas obras modernistas o regionalismo, assim como o social, ganhou foco. 
Graciliano Ramos nos apresenta personagens que representam o homem em seu aspecto mais 
real e natural. O "herói" – Fabiano – apresentado em Vidas Secas é problemático, mais 
diferencia-se dos românticos devido a sua "animalização". Os heróis românticos eram 
estereotipados como bravos e fortes, que buscam responder aos problemas que lhes são 
apresentados. Fabiano, no entanto, não tem a capacidade necessária para resolver os problemas, 
o que faz sofrer ao longo do livro. 
 Fabiano é o herói da obra que, ao longo da história, tenta enfrentar os problemas que o 
sertão lhe traz. É um senhor rude e ignorante, facilmente de ser enganado e manipulado. Ele está 
sempre sendo movido pela emoção e não parece raciocinar e analisar os fatos. Apesar de ser 
fisicamente descrito sendo um homem, suas ações mostram a sua animalização e o narrador, 
muitas vezes, caracteriza seus atos com os de animais. 
 "...O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se 
desengonçados. Parecia um macaco." (pág.19). 
 O próprio personagem também se caracteriza como animal e demonstra orgulho de sua 
animalização. 
 "...mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se 
na presença dos brancos e julgava-se cabra." (pág.18). 
 "...Você é um bicho, Fabiano. 
 Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades." 
(pág.19). 
 Assim como o pai Fabiano, o menino mais novo também é representado como um animal. 
A falta de caracterização do personagem, sendo denominado como "o menino mais novo" só 
reforça a ideia da animalização. Porém, esse menino vê o pai como um verdadeiro herói, um 
homem com exemplos a ser seguido; isso leva o menino a imitar cada vez mais o pai. 
 "...Naquele momento Fabiano lhe causava grande admiração. Metido nos couros, de 
perneiras, gibão e guarda-peito, era a criatura mais importante do mundo." (pág.47). 
 Ao contrário desses dois personagens, a Sinha Vitória – esposa de Fabiano e mãe dos 
meninos – apresenta mais características humanas: ela sabe fazer contas. É uma mulher mais 
culta se comparada aos outros personagens. Sinha Vitória é uma sonhadora, cheia de desejos, 
mas julgava-os inatingíveis devido as várias despesas da família e o descaso de Fabiano em fazer 
economias para realizar o maior desejo da esposa: uma cama de lastro de couro. 
 "...Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, 
tinham-se acostumado, mas seria mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como 
outras pessoas." (pág.40). 
 A grande contradição dos personagens é a cachorraBaleia. Apesar de ser um animal, há a 
"humanização" da cadela. É o personagem que apresenta as maiores sensações humanas e isso 
a faz ser mais racional que os próprios personagens humanos da obra. Ao longo de todo o enredo 
ela demonstra um raciocínio mais lógico sobre os acontecimentos e tem uma melhor análise sobre 
a vida. Enquanto o narrador atribui patas ao Fabiano, a cachorra "possui" pés. 
 "...E perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldades 
a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda." 
(pág.88). 
 Além disso, a cachorra é considerada membro da família. 
 "...Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se 
diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o 
chiqueiro das cabras." (pág.86). 
 
3.REFERENCIAS 
Grupo Editorial Record, Site Oficial do Escritor Graciliano Ramos. Biografia. Disponível em 
>https://graciliano.com.br/site/vida/biografia/> Acesso em 15 de junho de 2021, 18:10:55 
 
VALLONE, GIULIANA, Crise de 1929 atingiu economia e mudou a ordem política no Brasil. 
Revista Cafeicultura. Folha Online, 2009. Disponível em > 
https://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?mat=27265> Acesso em 15 de junho de 2021, 
21:05:10

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