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PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 11 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS João Carlos Gomes Milko Villarroel Osnara Mongruel Gomes INTRODUÇÃO A cor não é apenas a característica de um objeto, é uma propriedade da interação da luz com a matéria. Tudo que nos rodeia gera estímulos sensoriais, que são percebidos pelos sentidos, dando lugar a diferentes percepções. A associação da luz com a matéria resulta na cor.1 A crença comum em nossa área de que “determinado objeto é de determinada cor” deixa de ser correta quando entendemos que as cores apenas existem nos cérebros dos indivíduos. É usual afirmar que a visão nas cores é conseqüência da natureza do mundo físico, uma resposta fisiológica da retina na incidência da luz nos olhos e o processamento neurológico desta resposta ao cérebro. A unificação dos processos de percepção da luz é uma visão simples da complexidade da percepção das cores.2 A informação que o sistema visual humano processa, as operações que realiza para obtê-la e a representação dessa informação são alguns dos problemas pertinentes na percepção da cor. Devido à complexidade do sistema visual, atualmente não existe nenhum modelo com- pleto que explique satisfatoriamente o processo de percepção da cor. Em relação ao estudo da visão das cores, os métodos psicofísicos de medida e avaliação da sensação da cor aportam uma informação muito valiosa para a elaboração dos modelos. Todavia, esta tarefa, em termos globais, não é fácil, menos ainda a compreensão dos aspectos da visão relacionados à percepção da cor, já que, neste caso, a influência das condições experimentais de observação é muito variada e determina em grande parte a resposta final do sistema visual frente a um estímulo. 12 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Os métodos de estudos psicofísicos aportam muitas informações e, nesse sentido, a maioria dos experimentos realiza-se mediante a igualdade das cores em campos fotométricos, que permitem controlar o valor dos parâmetros associados com os atributos psicológicos da cor e a relação com a resposta dos observadores.3 OBJETIVOS Este capítulo tem por objetivo contribuir para o entendimento da percepção da cor e dos conceitos a ela relacionados, bem como sua importância na odontologia estética reparadora. Espera-se que o leitor, ao final da leitura deste capítulo: � esteja a par de conhecimentos relacionados à óptica e à luz e de como esses aplicam- se na seleção de cores; � constitua, a partir dos conhecimentos envolvendo aspectos que fundamentam a seleção de cores, uma efetiva seqüência de procedimentos restauradores envolvendo sistemas, tanto diretos quanto indiretos, visando à recuperação da dentição natural PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 13 ESQUEMA CONCEITUAL 14 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS LUZ A luz, do latim lux-lucis, é uma onda eletromagnética capaz de ser percebida pelo olho humano e cuja freqüência determina sua cor4. O espectro eletromagnético refere-se a um “mapa” de diferentes tipos de energia de radiação e seus correspondentes comprimentos de onda, que geralmente estão divididos em seis grupos: raios gama, raios X, ultravioleta, luz visível, infravermelho e ondas de rádio (Figura 1). O espectro eletromagnético mostra uma diminuição de energia, representada da esquerda para a direita. Figura 1 – Espectro eletromagnético. Entre as ondas do espectro eletromagnético, somente as energias eletromagnéticas com comprimento de onda entre 400 e 700nm provocam uma reação fotoquímica na retina causada pela ação sobre células especializadas.5 Esse estímulo é responsável por desencadear a percepção visual das formas e cores no cérebro. Por esse motivo, não é possível distinguir os raios ultravioletas e infravermelhos com comprimentos de onda inferiores a 380nm e superiores a 760nm, respectivamente. A luz visível é a representação mais clássica do espectro eletromagnético devido à sua detecção pelo olho humano, compreendendo uma porção muito pequena do espectro em relação às outras energias. NATUREZA DA LUZ Classicamente, a natureza da luz pode ser explicada por duas teorias – a corpuscular e a ondulatória – que descrevem a luz por diferentes princípios, mas, ao serem compreendidas, são tidas como complementares. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 15 TEORIA CORPUSCULAR Até meados do século XVII, acreditava-se que a luz era formada por corpúsculos emitidos por fontes luminosas, como o sol ou a chama de uma vela. Possuía direção retilínea e atravessava objetos transparentes, o que não acontecia com corpos opacos, excitando o sentido da visão ao penetrar nos olhos. Grande parte da popularidade dessa teoria residia no prestígio científico de alguns de seus proponentes, como Isaac Newton, que havia formulado leis ópticas compatíveis com essa descrição corpuscular da luz.4 TEORIA ONDULATÓRIA Em 1660, Huygens demonstrou que as leis da óptica poderiam ser explicadas, baseando-se na suposição de que a luz possuía natureza ondulatória. Naquele momento, a teoria ondula- tória não foi aceita majoritariamente, já que não explicava mais aspectos observados sobre a luz do que a teoria corpuscular, e essa havia sido apoiada por físicos destacados como Newton. Em 1827, os experimentos sobre interferências de Young e Fresnel e outras experiências posteriores de Foucalt sobre medidas de velocidade de luz no centro de líquidos mostraram que a teoria corpuscular era pouco apropriada para explicar determinados fenômenos ópticos.4 Em 1873, produziu-se um avanço substancial na compreensão da natureza da luz a partir de estudos teóricos de Maxwell sobre campos elétricos e magnéticos. Determinou-se a teoria do eletromagnetismo, na qual se deduzia de maneira natural a existência de ondas eletromagné- ticas movendo-se na velocidade da luz, caracterizando a natureza eletromagnética. Essa teoria consolidou-se nos experimentos realizados por Hertz em 1888, sendo seu conhecimento completo no término do século XIX. Atualmente se aceita que a luz possui uma natureza dupla, que explica de formas diferentes os fenômenos de propagação da luz (natureza ondulatória) e de interação da luz com a matéria (natureza corpuscular). Essa dualidade, onda e partícula, postu- lada inicialmente para a luz aplica-se de maneira generalizada para todas partículas materiais e constitui um princípio básico da mecânica quântica.4 ÓPTICA DA LUZ E INTERAÇÃO COM A MATÉRIA A interação entre a luz e a matéria é obtida por meio dos fenômenos de reflexão, refração, difração, transmissão e absorção, que são detalhados no Quadro 1. 16 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS 1. Articule a seguinte cadeia de conceitos: Luz – espectro magnético – luz visível Quadro 1 PROPRIEDADES DA INTERAÇÃO ENTRE LUZ E MATÉRIA Reflexão Fenômeno pelo qual a superfície de um objeto pode ou não mudar a direção de um raio de luz que incide sobre ele. Um raio incidente pode ser refletido de duas formas, dependendo da regularidade da superfície. Se ela está totalmente lisa, os raios refletidos apresentarão a mesma angulação de incidência e paralelismo entre si, denominando-se reflexão especular. Porém, se a superfície é irregular, os raios refletidos apresentarão diferen- tes direções, denominando-se reflexão difusa. A maioria das superfícies produz reflexões que são uma mescla entre especulares e difusas.5 Refração Alteração de direção que sofrem os raios luminosos ao passar de um meio ao outro, onde sua velocidade é distinta. Este fenômeno é evidente quando observamos uma colher parcialmente submersa em um copo de água e ela parece dobrada se vista em todo seu comprimento.4 Difração Fenômeno que ocorre quando a luz propaga-se próximo a um objeto opaco; os raios são ligeiramente desviados devido à sua natureza ondu- latória, sendo os maiores comprimentosde onda mais difratados.6 Transmissão Capacidade da luz de atravessar um corpo transparente e ou translúcido. Após este processo, se o raio de luz não é desviado de sua trajetória, diz- se que a transmissão é regular, como ocorre nos vidros transparentes. Caso se difunda em todas as direções, obtém-se a transmissão difusa, como ocorre nos vidros translúcidos. Absorção Consiste em captar as diferentes luzes que compõem a luz branca. Em geral, os corpos não absorvem com a mesma intensidade todas as fre- qüências do espectro, ou seja, produz-se uma absorção seletiva.7 PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 17 2. Em relação à luz, assinale a alternativa INCORRETA: A) A luz é uma radiação eletromagnética. B) Apenas as energias do espectro eletromagnético que apresentam comprimento de onda de 400 a 700nm são visíveis ao olho humano. C) Os raios gama são as radiações de menor energia do espectro eletromagnético. D) A freqüência da luz determina sua cor. Resposta no final do capítulo 3. Em que medida as teorias corpuscular e ondulatória da natureza da luz são complemen- tares? 4. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, relacionando os fenômenos de interação entre luz e matéria às suas características. 1) Reflexão ( ) Capacidade da luz de atravessar um corpo transparente e/ou translúcido. 2) Refração ( ) Fenômeno pelo qual a superfície de um objeto pode ou não mudar a direção de um raio de luz que incide sobre ele. Um raio incidente pode ser refletido de duas formas, dependendo da regularidade da superfície. 3) Difração ( ) Fenômeno de captação das diferentes luzes que compõem a luz branca. Em geral, os corpos não absorvem com a mesma intensidade todas as freqüências do espectro, ou seja, produz-se uma absorção seletiva. 4) Transmissão ( ) Fenômeno que ocorre quando a luz se propaga próximo a um objeto opaco; os raios são ligeiramente desviados devido à sua natureza ondulatória, sendo os maiores comprimentos de onda mais difratados. 5) Absorção ( ) Diz respeito à alteração de direção que sofrem os raios luminosos ao passar de um meio ao outro, onde sua velocidade é distinta. Respostas no final do capítulo 18 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Figura 3 – Cones e bastões da retina. VISÃO DA COR Por que o olho humano (Figura 2) é sensível precisamente a esta pequena faixa do espectro eletromagnético? As ondas que possuem menor freqüência do que a luz visível, como as de rádio, têm maior comprimento de onda, estando ao redor dos objetos, sem interagir com eles. As ondas que possuem maior freqüência do que a luz visível apresentam um comprimento de onda muito pequeno, permitindo a passagem pela matéria, como os raios X. Isso ocorre na faixa do espectro que vai do violeta ao vermelho, em que as ondas eletromagnéti- cas interagem com a matéria e nos permitem ver os objetos, suas formas, suas posições e ainda dentro dessa faixa podem determinar em que freqüência ou conjunto de freqüências reflete ou emite cada objeto, ou seja, qual sua cor.5 A cor é uma impressão puramente subjetiva, formada em uma região especifica do cérebro e decorrente de células especializadas situadas na retina: os bastões e cones. Figura 2 – Olho humano. PERCEPÇÃO VISUAL DA COR A visão da cor baseia-se na habilidade de diferenciar os diferentes comprimentos de onda que compõem o espectro. Na retina, existem células específicas sensíveis à luz, ou receptores da visão. Estes possuem a capacidade de absorver a energia luminosa, transformando-a em um sinal químico (neurotransmissor) que é interpretado em nível central. Existem dois tipos de receptores, os cones, divididos em três tipos, e os bastões (Figura 3).8 PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 19 Os cones distinguem-se segundo a sensibilidade específica a determinados comprimentos de onda da luz e são responsáveis pela visão fotópica. Cada um dos três grupos de cones presentes na retina é particularmente sensível a uma das cores primárias. Os pigmentos sensíveis nos três tipos de cones possuem picos de absorção a 430, 530 e 560nm (Figura 4). A resposta ao estímulo luminoso de cada grupo de cones é mais extensa do que o valor reportado, o que representa apenas o ápice de uma curva de sensibilidade.2 De forma simples, os cones distinguem-se em azuis, verdes e vermelhos, apesar de sua sensibi- lidade não ser restringida aos particulares comprimentos de onda do azul, verde e vermelho. Existe uma sobreposição das curvas de sensibilidade de cada grupo de cones, sobretudo entre os verdes e vermelhos; portanto, os cones verdes podem ser sensíveis de forma secundária aos comprimentos de onda da faixa vermelha e vice-versa. Porém, em todos tons de vermelho, os cones vermelhos apresentarão uma resposta melhor do que os cones verdes. Por exemplo, a luz de um objeto vermelho estimula os cones que são mais sensíveis ao vermelho. Outras cores – além do vermelho, verde e azul – são vistas quando os cones são estimulados em diferentes combinações. A percepção das cores depende da estimulação dos três tipos de cones. A luz do sol, ou luz branca, consegue esse estímulo da mesma forma, porque é uma mescla de todos compri- mentos de onda a que os cones são sensíveis, sendo o branco a percepção resultante. Portanto, apenas uma estimulação desigual dos três tipos de cones determina a percepção da cor. A sensação do branco é produzida pela combinação na mesma proporção das três cores primá- rias, e o preto é resultante da ausência de estimulação.2 Todas cores possíveis do espectro são percebidas por meio de uma mescla das três cores fundamentais – azul, verde e vermelho – em proporções diferentes, corres- pondentes à resposta específica de cada cone. Desta forma, quatro comportamentos básicos do funcionamento individual ou coletivo dos cones são relevantes:6 � ausência de estimulação dos cones permite a percepção do preto; � ondas longas estimulam os cones vermelhos, permitindo a percepção do vermelho; � ondas médias estimulam os cones verdes, permitindo a percepção do verde; � ondas curtas estimulam os cones azuis, permitindo a percepção do azul. Os cones também são estimulados por conjuntos de ondas eletromagnéticas de diferentes comprimentos, em que observamos quatro comportamentos: � cones sensíveis a ondas longas e médias estimulados ao mesmo tempo geram o amarelo; � cones sensíveis a ondas longas e curtas estimulados ao mesmo tempo geram o magenta; � cones sensíveis a ondas médias e curtas estimulados ao mesmo tempo geram o azul cian; � a estimulação dos três tipos de cones simultaneamente nas mesmas proporções gera o branco. 20 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Os bastões são muito sensíveis à luz e são os responsáveis pela visão noturna, ou visão escotópica. O sistema de bastões é tão sensível à luz que apenas um fóton o estimula, ao contrário dos cones, que requerem uma quantidade maior. Dessa forma, os bastões permitem a visão sob baixos níveis de iluminação;2 são sensíveis à luz a picos de absorção de 510nm (Figura 4); são acromáticos e possuem apenas um tipo de pigmento fotossensível, de modo que todos respondem de igual forma frente a diferentes comprimentos de onda da luz. Figura 4 – Espectro de absorção de cones e bastões. O mecanismo para visão escotópica não é capaz de definir os detalhes e limites dos objetos, nem de determinar sua cor. Os bastões permitem à visão da cor e os aspectos de como interpretar as diferenças de luminosidade.2 Os indivíduos normalmente possuem visão binocular, ou seja, imagens separadas do campo visual são formadas em cada olho, e as duas imagens fusionam-se para uma só impressão. Isso ocorre porque cada olho forma sua própria imagem com uma insignificante margem de diferença, obtendo-se um efeito estereoscópico, e a profundidade, a distância e a dureza de um objeto são apreciadas. Um objetoforma-se porque a luz, que é cor, o ilumina; a luz é cor porque um objeto que se forma a reflete. Forma e cor representam conceitos intimamente relacionados, como a relação entre a anatomia do dente e sua cor. A cor do dente reside em sua estrutura anatômica. A anatomia depende da observa- ção e da compreensão da cor. Quando uma restauração de um elemento dental ultrapassa a simples estrutura anatômica para se transformar em estética, a cor adquire uma função preponderante. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 21 5. Que fatores estão envolvidos na percepção da cor? 6. Em relação à visão da cor, é INCORRETO afirmar que: A) cada tipo de cone é sensível a um comprimento de onda específico. B) os bastões permitem a visão noturna. C) a igual estimulação dos três tipos de cones permite a visão do branco. D) os bastões são responsáveis pela visão fotópica. 7. Complete o quadro com a função específica na percepção da cor dos seguintes compo- nentes: CONES BASTONETES COR A Comissão Internacional de Iluminação (CIE) adaptou a seguinte definição para cor: “Cor é o aspecto da percepção visual mediante o qual um observador pode distinguir entre dois campos do mesmo tamanho, forma e textura, pelas diferenças na composição espectral das radiações relacionadas com a observação”. Como se pode ver, nessa definição, o conceito da cor está unicamente relacionado à percepção e, portanto, entende-se como um aspecto psicológico da visão. 22 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Figura 5 – Síntese aditiva de cores. Figura 6 – Síntese subtrativa de cores. Existem dois tipos de cores: a cor-luz ou sistema aditivo e a cor-pigmento ou sistema subtra- tivo de cor (Figuras 5 e 6). SÍNTESE ADITIVA DE CORES Um sistema de cor aditivo implica emitir luz diretamente de uma fonte de ilumina- ção. O processo de reprodução aditiva normalmente utiliza luzes vermelhas, verdes e azuis para produzir o restante das cores.1 A combinação das cores primárias em proporções iguais resulta em cores aditivas secundárias, cian, magenta e amarelo. Combinando as três cores primárias de luz com intensidade igual, se produz o branco. O espectro completo das três luzes primárias pode ser observado variando a luminosidade das mesmas. Os televisores e telas de computador são as aplicações práticas mais comuns da síntese aditiva. SÍNTESE SUBTRATIVA DE CORES A síntese subtrativa explica a teoria da mistura de tintas, pigmentos e corantes naturais para criar cores que absorvem certos comprimentos de onda e refletem outros. A cor que um determinado objeto apresenta depende da região do espectro eletromagnético que é refletida pelo objeto. Tudo o que não é cor aditiva, é cor subtrativa. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 23 A cor não é absoluta e depende da sua percepção pelos indivíduos. Ainda que a cor possa ser medida por instrumentos, estes estão apenas simulando a visão particular de um indivíduo.1 Desta forma, a percepção da cor dos objetos, materiais e pigmen- tos é o resultado da interação da luz com a matéria e está baseada no sistema subtrativo ou cor-pigmento. Quando a luz interage com um objeto, esta pode ser absorvida, atravessar a matéria ou ser refletida. A luz que em condições naturais ilumina um objeto é a branca, devido à mescla de todas as cores do espectro. Um objeto adquire determinada cor porque sua superfície está em condições de absorver determinados comprimentos de onda incidentes, refletindo um ou mais comprimentos de onda, sendo percebida como uma cor particular (Figura 7).5,9 Portanto: � um objeto branco (Figura 8) reflete todos comprimentos de onda que compõem a luz; � um objeto vermelho absorve todos os comprimentos de onda relacionados ao violeta, azul, verde, laranja e amarelo, refletindo o vermelho; � um objeto preto absorve integralmente todos comprimentos de onda da luz (Figura 8). Figura 7 – Corpo reflete comprimento de onda vermelha. Figura 8 – O corpo que reflete todas cores é bran- co. Se absorver todas co- res, é preto. A cor é um fenômeno físico da luz relacionado com os diferentes comprimentos de onda na zona visível do espectro eletromagnético, e por meio dos órgãos da visão estabelece-se uma sensação que permite diferenciar os objetos do espaço com maior precisão. Todo corpo iluminado absorve todas ou parte das ondas eletromagnéticas e reflete as restan- tes. As ondas refletidas são analisadas pelos olhos e interpretadas como cores de acordo com 24 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS os comprimentos de onda correspondentes. Porém, o olho humano apenas percebe a cor quando a iluminação é abundante.9 Antes de possuir a tecnologia necessária para valorizar ou nomear a cor, sua determinação era apenas por percepção visual. Em 1915, Albert Henry Munsell criou um sistema numérico ordenado para a descrição da cor que continua sendo o sistema de referência universal. Munsell propôs um sistema tridimensional de identificação da cor, no qual a cor é descrita em três aspectos cromáticos: matiz, croma e valor. Na atualidade é preferível falar de matiz, saturação e luminosidade, respectivamente. TRIDIMENSIONALIDADE DA COR Classicamente, o aprendizado da cor é realizado a partir do conceito da tridimensionalidade da cor, que está baseado em três atributos, sendo eles: � matiz; � croma; � valor. O matiz é definido como o nome dado à cor e proporciona a sensação transmitida ao observa- dor pelos diferentes comprimentos de onda. Ressalta-se, porém, que os matizes não reconhe- cem comprimentos de onda específicos, ou seja, não existe distinção clara onde um matiz termina e outro inicia.3,10 O matiz é considerado a primeira dimensão da cor (Figura 9). Cada cor é determinada por um comprimento de onda específico do espectro de luz visível. Na dentição permanente de indivíduos jovens, o matiz parece ser muito parecido em toda a boca. Com o passar dos anos, variações do matiz podem ocorrer devido à pigmentação intrínseca e extrínseca produzida pelos materiais restauradores, ali- mentos, bebidas, tabaco, entre outros. O croma é a intensidade do matiz ou saturação da cor, forte ou fraca. Por exemplo, o vermelho diluído em água varia segundo a proporção de água e de cor, sendo secundária a quantidade de vermelho presente.3,10 Sua existência está condicionada à existência do matiz (Figura 10). Em cada dente, a cor é mais intensa na cervical, ou seja, apresenta um croma mais alto, que diminui em direção ao terço incisal. Isso ocorre pela diminuição da espessura da dentina, já que esta é a principal responsável pela cor do dente e também por aumentar a espessura do esmalte dental, que, através do fenômeno de reflexão da luz, reduz a intensidade cromática da dentina. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 25 O valor é o grau de luminosidade de uma cor e representa sua claridade ou escuridão relati- va.3,10 Ao contrário do matiz e do croma que são propriedades cromáticas, o valor é acromático, ou seja, não está na dependência da cor. Pode ser interpretado como a quantidade de cinza (Figura 11), combinação de preto e branco, de luz e sombra presentes em um matiz. Figura 9 – Matiz. Figura 10 – Croma. Figura 11 – Valor. O valor estende-se do branco ao preto, passando por 10 graus de cinza, sendo denominado baixo quando predomina o preto, e alto quando predomina o branco. Em restaurações que apresentam valor correto, pequenas diferenças entre matiz e croma não são percebidos pelo observador; por outro lado, a não-determinação cor- reta do valor acarretará um matiz e um croma incorretos.5 26 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Isso ocorre porque o olho humano, ao contrário do que se imagina, está mais capacitado para observar o valor do que o matiz e o croma, já que a retina é composta por bastões responsáveis pela percepção da luminosidade ou dopreto e branco de uma cor. Os cones encontram-se em menor quantidade e são responsáveis pela percepção do matiz e do croma. COR-LUZ E COR-PIGMENTO A cor é uma sensação percebida pela existência e natureza da luz e pela disposição dos órgãos visuais. Do ponto de vista físico, a cor é luz branca que se decompõe em todas as cores. Ao se observar a cor de um objeto, a sensação visualizada é referente aos raios de luz refletidos do objeto e incidentes na retina humana. Se um raio de luz atravessar um prisma, na sua saída este se decompõe em diferentes cores, como vermelho, verde e azul. Um claro exemplo é o efeito do arco-íris, que é produzido quando a luz passa através das gotas de chuva que atuam como um prisma, decompondo-a. As cores que compõem a luz são classificadas em primárias e secundárias. As cores primárias são três, o vermelho, verde e azul,1,11 e a combinação adequada dessas três cores permitirá a obtenção das outras cores. Estas últimas são chamadas de cores secundárias e correspondem às cores amarelo, azul-esverdeado e violeta. Na mescla de cores primárias e secundárias, variando-se a quantidade de cada uma delas, reproduz-se praticamente a totalidade da gama cromática que o olho humano pode perceber. Existe uma distinção entre dois tipos de cor: a cor-luz e a cor-pigmento. A cor luz é não-material e se refere ao matiz propriamente dito da luz. Esta é proveniente do sol ou de fontes luminosas artificiais.1,11 A cor-pigmento é composta por tintas artificiais, como acrílicos, óleos, esmaltes, entre outros. Na prática odontológica utilizam-se evidentemente as cores matéria (cores pigmentos) ao eleger a cor de resinas compostas e pigmentos necessários para a reconstrução e caracterização de restauração estética em um dente natural; porém, é a luz não material a que incide sobre o que vemos, sobre as restaurações. A exatidão na seleção da cor é uma parte integral da odontologia restauradora, sendo muitos os fatores que influenciam sua determinação na prática clínica. A comparação da cor do dente pode ser afetada pelas condições de iluminação, pelas diferenças entre o tipo de fonte luminosa da clínica e do laboratório, pela quantidade de luz natural, pela cor das paredes, pelas roupas do paciente e pelo ângulo visual de observação do dente. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 27 8. Sobre as sínteses aditivas e subtrativas de cores, é INCORRETO afirmar que: A) a síntese aditiva promove a mistura de vermelho, azul e verde. B) os comprimentos de ondas absorvidos determinam a cor do objeto na retina. C) um exemplo de sistema aditivo é a visualização das cores pela tela do computador. D) a síntese subtrativa baseia-se na mistura de tintas e pigmentos. Resposta no final do capítulo 9. Atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às seguintes afirmativas sobre a tridimensionalidade da cor. Utilize a linha abaixo de cada afirmativa para corrigi-la, se for o caso. A) ( ) O matiz é o nome dado à cor e proporciona a sensação transmitida ao observador pelos diferentes comprimentos de onda. B) ( ) O croma é a luminosidade do matiz representada frentes a sua claridade ou escuridão. C) ( ) O valor é o grau de intensidade de uma cor e expressa-se em graus de relativa saturação da cor, forte ou fraca. D) ( ) O olho humano está mais mais capacitado para observar o valor do que o matiz e o croma. Resposta no final do capítulo 10. Diferencie cor-luz e cor-pigmento. 28 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Figura 12 – Fluorescência dentária. A TRÍADE ÓPTICA DA COR: FLUORESCÊNCIA, OPALESCÊNCIA E TRANSLUCIDEZ Para os clínicos que praticam a odontologia restauradora estética, existem três fenômenos ópticos que, mesmo não participando diretamente do processo de geração da cor, são parte da dinâmica da luz do dente natural e, portanto, apresentam influência na cor final do dente. Entre esses fenômenos, estão a fluorescência, a opalescência e a translucidez. A fluorescência é uma importante propriedade física cada vez mais valorizada. O dente natural exposto à luz UV exibe uma fluorescência com uma faixa de emissão do espectro que vai desde o branco intenso até um azul-claro (Figura 12). A luz natural do sol, da lâmpada de alguns flashes para fotografia e de lâmpadas de luz negra contêm radiações próximas a esse comprimento de onda.12 O fenômeno de fluorescência torna-se mais evidente quando os dentes naturais são expostos à luz UV das discotecas. A maior fonte de luz UV é a luz solar, e a percepção cromática da fluorescência é fortemente influenciada por essa iluminação. O fenômeno de fluorescência vai interagir com a cor por meio do valor, fazendo com que os dentes apresentem-se mais luminosos. A fluorescência é uma característica inerente ao dente, contribui com a naturalidade e minimiza o efeito metamérico, permitindo a aparência vital do dente humano. Ela é dada principalmente pelo componente UV presente na luz do dia. Se os dentes são expostos a uma fonte luminosa com uma maior intensidade, eles serão mais brilhantes.12 A opalescência é a capacidade de um material cristalino translúcido mostrar-se azul diante da luz refletida e vermelho-alaranjado na luz transmitida (Figura 13).7 O efeito opalescente baseia-se no comportamento da translucidez do dente natural. Sob iluminação direta, os menores comprimentos de onda do espectro visível, como comprimentos de onda azuis, são PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 29 refletidos desde as finas partículas do esmalte natural, dando ao dente branco uma aparên- cia azulada. O efeito opalescente é mais visível em dentes jovens especialmente no terço incisal, onde se podem visualizar leves tonalidades azuladas ou cinzas em dentes mais adultos, enquanto os comprimentos de onda maiores, como o vermelho, são absorvidos.5 Na transiluminação, entretanto, a luz que penetra através do dente natural parece alaranjada (Figura 14), dado que os comprimentos de onda maiores são refletidos na superfície e, ao contrário, os comprimentos de onda menores são absorvidos. Esse efeito, conhecido na física óptica como Efeito Tyndall, é denominado de opalescência do dente natural. Essas tonalidades presentes devem ser reproduzidas nas restaurações, permitindo uma maior naturalidade.13 Figura 13 – Efeito azul opalescente na borda incisal. Figura 14 – Efeito opalescente vermelho-alaranjado na luz transmitida. A translucidez é a propriedade que permite a passagem de luz incidente em corpos translú- cidos, modificando sua direção; não é possível observar claramente os objetos que se encon- tram através do meio observado.4,14 Existem quatro fatores importantes a considerar em um corpo translúcido: a presença ou ausência de cor, a espessura do material, o grau de translucidez e a textura superficial (Figura 15). Em relação à cor podemos encontrar corpos translúcidos acromáticos e cromáticos. � Um corpo é translúcido acromático quando permite a passagem de luz, dispersando- a em seu interior e permitindo sua saída sem que ocorra alteração da sua cor. Isso acontece porque há a transmissão de todos comprimentos de onda através do corpo. � Um corpo translúcido cromático permite a passagem da luz, dispersando-a em seu interior e apresentando um único comprimento de onda refletido. Esse tipo de corpo apresenta uma transmissão de quase todos comprimentos de onda, com uma restrita exceção, que é refletida, dando cor a este corpo translúcido.14 30 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Figura 16 – Influência da luz ambiente na percepção da cor. A) Luz natural. B) Luz fluorescente. C) Luz incandescente. A B C INFLUÊNCIA DA LUZ AMBIENTE NA COR Geralmente, observam-se os objetos sob diferentes fontes de luz e com distintas posições, o que pode resultar em diferentes percepções de uma mesma cor (Figuras 16A, B, C). As principais fontes de luz natural são o sol, a luae o fogo, enquanto as principais fontes de luz artificial são a luz incandescente, os tubos fluorescentes e o flash fotográfico. Cada uma destas está definida por seu espectro de luz e suas temperaturas correspondentes, que são medidas em graus Kelvin (K). A escala Kelvin inicia em 0ºK, que corresponde a uma tempera- tura de -273ºC. A luz natural está geralmente entre os 5.000ºK e 5.500ºK.10 Um objeto tomará diferentes cores quando visto por diferentes tipos de luz. A luz fluorescente tende a acentuar a faixa azul (Figura 16B) do sistema de cores, enquanto a luz incandescente acentua a faixa amarelo- vermelho (Figura 16C).15 Figura 15 – O esmalte atua como difusor da luz. Outro fator que influencia a seleção das cores é o estado visual do indivíduo que está realizando esta seleção. Vários estudos têm demonstrado que os homens apresentam uma PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 31 maior propensão a anomalias visuais se comparados às mulheres. Em uma pesquisa com 670 dentistas, 9,7% dos homens e 0,1% das mulheres apresentaram anomalias visuais.5 A seleção de cor também é influenciada pela ausência de treinamento, pois já está demons- trado que um cirurgião dentista pode variar sua seleção em diferentes momentos, de acordo com sua maior ou menor experiência na percepção da cor. Diferentes pessoas interpretam o mesmo estímulo proporcionado de diferentes formas, sendo o processo de seleção de cores considerado uma avaliação subjetiva. A seleção de cor dos materiais restauradores estéticos, na maioria dos casos, é feita por comparação visual com uma escala de cores, que pode não reproduzir adequada- mente as propriedades ópticas do dente natural. As escalas de cores apresentam uma seleção limitada das cores, comparadas com aquelas encontradas nos dentes humanos. A seleção de cores não deve ser um procedimento rotineiro de comparação, e sim a realização de uma manobra que envolva a compreensão da tridimensionalidade da cor. METAMERISMO O metamerismo é um fenômeno psicofísico definido geralmente como a situação na qual duas cores coincidem sobre condições determinadas, como fonte, luz, obser- vador, geometria.16 O fenômeno no qual se baseia o metamerismo é a possibilidade de coincidência de duas cores, mesmo que a reflexão espectral dessas cores seja diferente; por este motivo, algumas coincidências de cores podem ser consideradas condicionadas. Por outro lado, se duas amostras de cores possuem o mesmo espectro de reflexão, coincidirão quando observadas nas mesmas condições.17 Dois corpos que mantêm o mesmo grau de reflexão da cor frente a fontes luminosas diferen- tes são denominados de “par isométrico”. Na prática, a tentativa de selecionar uma cor mediante uma escala de cores permite buscar a cor mais semelhante ao dente, sobre uma determinada fonte de luz. Ao mudar a fonte de luz e observar novamente, as duas amostras de cores são percebidas de forma idêntica.6 Considera-se um “par metamérico” dois corpos que possuem o mesmo grau de reflexão da cor submetida a uma mesma luz; quando muda a fonte de luz, porém, estas cores não são igualmente visualizadas. Sendo assim, as diferentes fontes de luz nos consultórios criam possíveis problemas de metamerismo, tornando-se de extrema importância possuir uma fonte de luz-dia universal de 5.500°K, que é padrão para a temperatura da cor.6 32 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Em odontologia, preconiza-se o uso de diferentes materiais estéticos que possuem suas próprias curvas de reflexão. O metamerismo é considerado uma fonte de proble- mas; entender sua causa e saber como controlá-lo tornam-se imprescindíveis no momento da seleção de cores. 11. Caracterize os seguintes fenômenos ópticos relacionados à cor: A) Fluorescência: ____________________________________________________________ B) Opalescência: ____________________________________________________________ C) Translucidez: ____________________________________________________________ 12. Sobre Influência da luz ambiente na cor, é INCORRETO afirmar que: A) a fluorescência deixa os dentes mais claros e luminosos. B) os raios refletidos azuis são característicos da opalescência. C) a opalescência está distribuída de forma homogênea em toda a superfície dentária. D) o grau de translucidez, a espessura, a presença de cor e textura superficial influenciam na cor por meio da translucidez. Resposta no final do capítulo 13. Que fatores relacionados com a luz ambiente podem influenciar na seleção de cores. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 33 14. Caracterize metamerismo e comente por que o conhecimento sobre este fenômeno óptico é importante na seleção de cores. COR NO DENTE NATURAL A cor natural do dente pode ser afetada por vários fatores e depende da espessura, da composição e da estrutura dos tecidos que o formam. Esses três fatores evoluem consideravelmente durante a vida, influenciando a cor dentária. Portanto, a cor do dente é a soma e a subtração do comportamento óptico do esmalte e da dentina.18 O matiz e a saturação identificam-se preferencialmente na dentina; o valor ou a luminosidade, no esmalte. Na composição da cor, a dentina é o tecido mais importante. Estruturalmente, ela se encontra organizada por uma rede de túbulos. A disposição dos túbulos dentinários cumpre um papel fundamental na análise óptica da dentina. Na dentina, ocorre uma difração seletiva da luz, na qual alguns raios serão refletidos, e outros, absorvidos. Essa difração produz a opacidade relativa, ou seja, a menor translucidez da dentina. Com a idade, a dentina primária evolui, formando a dentina secundária fisiológica ou outros tipos de dentina, com diferentes estrutura e composição, o que afetam as propriedades ópticas desses tecidos. Em geral, o aumento da saturação é a principal modificação perceptível que acontece na dentina (Figura 17).13 A luz dispersa filtrada pelo esmalte incidirá na dentina. Essa luz recebida do esmalte será em parte refletida e em parte absorvida pela dentina. A luz refletida e filtrada pela dentina fará seu caminho inverso e, portanto, voltará a atravessar o esmalte onde novamente será dispersa para passar para o exterior e incidir como luz na gama dos amarelos na retina do observador. 34 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS O esmalte dentário é uma estrutura cristalina, extremamente dura e é composto em 96% por hidroxiapatita e 4% por matéria orgânica e água. O esmalte é forma- do de prismas em forma de bastões com diâmetro de 5µm. Os prismas de esmalte estão dispostos em ângulo reto em relação à junção ame- lodentinária, variando de 55º a 100º entre os prismas e a superfície externa do dente. A única região em que os prismas estão perpendiculares em relação à superfície dental é nas extremidades das cúspides e nas faces proximais, não possuindo um trajeto reto da união amelodentinária até a superfície externa. Portanto, os grupos de prismas possuem uma dire- ção sinuosa, o que é conhecido como faixas de Hunter-Schreger. Devido à mudança na orientação dos prismas, cria-se uma situação de menor transmissão de luz, e, portanto, uma maior opacidade do esmalte.14 O esmalte modifica o aspecto cromático do dente mais por um jogo de luz do que pela cor propriamente dita, por meio de fenômenos de transmissão e reflexão, de translucidez e opalescência, pela espessura e pelo tipo de superfície. A propriedade de reflexão e transmissão da luz inicia no esmalte e está na dependência de sua porosidade e da orientação de seus prismas. A orientação irregular dos prismas de esmalte se traduz em um aumento na reflexão da luz, e, portanto, em uma maior opalescência do esmalte; a orientação dos prismas é regular, e a luz é transmitida mais facilmente através do esmalte, conferindo a ele uma maior translucidez (Figura 18).14 Figura 17 – Diferentes saturações da dentina. PRO-ODONTO| ESTÉTICA | SESCAD 35 SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO DA COR Diferentes círculos cromáticos têm sido desenvolvidos para a organização e estudo da cor. Isaac Newton (1642-1726) foi o primeiro a ordenar as cores, construindo um conveniente círculo cromático sobre o qual é baseada a maioria dos estudos posteriores. Os estudos de Newton significaram um grande avanço, pois possibilitaram identificar objetiva e não subjeti- vamente uma cor. Modelos de cor têm sido elaborados e apresentam diferenças na construção de círculos cromáticos correspondentes a cada modelo.4 CÍRCULO CROMÁTICO O sistema de determinação das cores de Munsell foi introduzido na odontologia por Clark em torno de 1930. Nesta área, as cores apresentam relações entre si, que podem ser representadas mediante um círculo cromático. Esse círculo cromático está baseado na subtração de cores e representa graficamente as relações entre as cores primárias, secundárias e terciárias (Figura 19).1 No sistema proposto por Munsell: � As cores primárias representam as cores fundamentais: vermelho, amarelo e azul, mais precisamente magenta, amarelo e ciano. Essas cores constituem a base do sistema cromático dentário. As cores primárias e as relações que existem entre elas constituem a estrutura básica do círculo cromático. � As cores secundárias são resultantes da mistura das cores primárias. A variabilidade quantitativa das cores primárias determinará infinitas graduações de cores. Caso ocorra a modificação do croma das cores primárias de uma mescla, conseqüentemente haverá alteração do matiz da cor secundária obtida. Em relação ao círculo cromático, as cores secundárias estão ordenadas entre as primárias.11 � As cores terciárias são produtos da mescla de uma cor primária e uma cor secundária, enquanto as cores complementares são aquelas que se opõem no círculo cromático. Figura 18 – O esmalte modifica o aspecto cromático do dente. 36 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS O sistema de Munsell possui a peculiaridade de uma cor primária sempre se contrapor a uma cor secundária, e vice versa. Quando se mescla uma cor primária com uma cor secundária complementar, produz-se um efeito de cancelamento de ambas as cores, e obtém-se o cinza. Portanto, torna-se importante a diferenciação entre o cinza resultante da mistura de duas cores complementares e o cinza oriundo da mescla entre o branco e preto, sendo esses considerados cinza complexo e cinza simples respectivamente.1,11 Por exemplo, a mistura do violeta e amarelo resulta em cinza, assim como a sobreposição do laranja e azul. Esta é a relação mais importante na manipulação das cores dentárias. Caso ocorra a mistura das três cores complementares, de forma bem calibrada, obtém-se a cor café ou marrom neutro. As cores primárias (vermelho, amarelo e azul) misturadas duas a duas produzem as cores secundárias (laranja, verde e violeta). As cores opostas no círculo cromático anulam-se entre si e produzem cinza. O dente é cor, e, portanto, deve adequar-se à linguagem da cor e ao sistema universal da cor. Esses conceitos indicam a necessidade do operador em odontologia de calibrar as cores. Na utilização de compósitos, pode-se modificar o matiz, obviamente, uti- lizando em seu trabalho o sentido artístico de criar, mesclar e estratificar a cor, modificando a gosto o matiz, o croma e o valor. Para modificar o matiz, reduzir o croma ou baixar o valor, pode-se aplicar o matiz comple- mentar sobre a cor que se deseja modificar. Quando parte de uma coroa apresenta uma cor demasiadamente amarela, por exemplo, pode-se anular essa tendência utilizando a cor comple- Figura 19 – Círculo cromático. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 37 mentar do amarelo, neste caso, o violeta. Deste modo, anula-se o excesso da cor amarela e acentua-se o matiz acinzentado, ou seja, se reduz o valor. Além do que já foi demonstrado, as cores complementares produzem um fenômeno muito útil, a “intensificação”. Quando se colocam duas cores complementares juntas, estas intensificam-se e adquirem aparentemente um croma superior. 15. Com relação à identificação das propriedades de tridimensionalidade da cor no dente natural, pode-se afirmar que: A) o matiz é mais facilmente identificável na dentina; a luminosidade e a saturação, no esmalte. B) a saturação e o matiz são mais facilmente identificáveis no esmalte; a luminosidade, na dentina. C) apenas com a observação do esmalte dentário não se tem uma fácil identificação tanto da luminosidade quanto do matiz. D) a luminosidade é mais facilmente identificável no esmalte; o matiz e a saturação, na dentina. Resposta no final do capítulo 16. Caracterize a dentina e seu papel na composição da cor no dente normal. 17. Por que o esmalte dentário modifica o aspecto cromático do dente? 38 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS 18. Comente sobre o fenômeno da intensificação como estratégia para a calibragem das cores por parte do operador em odontologia. COLORIMETRIA VISUAL E INSTRUMENTAL É prática comum descrever a cor em termos como vermelho, verde, amarelo, esverdeado, entre outros. Entretanto, isso não é suficiente para definir exatamente uma cor, por isso se faz necessário a existência de algum método que nos permita descrever com precisão as cores que observamos. Habitualmente, tem-se utilizado a comparação de amostras físicas previamente elaboradas como método mais fácil e acessível para obter uma aceitação geral da cor de um objeto. Isso ocorre com o cirurgião-dentista ao comparar os dentes com os padrões que possui, ou seja, as escalas de cores.19 As escalas de cores não são mais do que coleções de amostras coloridas utilizadas como padrões para comparações visuais da cor. Nelas, as amostras estão ordenadas por meio de um código geralmente numérico entregue pelo autor e por meio dos atributos da cor, conhecidos também como parâmetros psicofísicos da cor (matiz, croma e luminosidade). Nos consultórios odontológicos e nos laboratórios, escalas de cores são utilizadas como amos- tras para guiar para a seleção de cores mediante procedimentos restauradores e protéticos. A maioria dos fabricantes distribui suas próprias escalas de cores, que não costumam ser compa- tíveis em relação às cores com materiais de outras marcas, além de possuírem diferentes números de amostras. Por este motivo, cada vez mais, os fabricantes têm comparado suas escalas de cores com a VITA, uma escala de referência universalmente aceita e mais utilizada. MENSURAÇÃO VISUAL As escalas de cores utilizadas na Odontologia a serem discutidas nesta seção são: � Escala de cores VITAPAN Classical (VITA) � Escala de cores VITA SYSTEM 3D – MASTER® � Escala de cores Chromascop PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 39 ESCALA DE CORES VITAPAN CLASSICAL (VITA) A escala VITAPAN baseia-se no sistema de cores Munsell, constando de 16 cores classificadas em quatro grupos ou famílias. A disposição das 16 cores pode estar de acordo com as famílias de matizes (Figura 20) ou segundo o valor. As cores são classificadas por letras, que designam os matizes, e por números, para caracte- rização das intensidades ou saturações; estas, por sua vez, podem variar de 1 a 5 à medida que aumenta a intensidade e diminui o valor. As famílias estão identificadas pelas letras A, B, C e D, sendo: � A – marrom-avermelhado; � B – amarelo-alaranjado; � C – cinza-esverdeado; � D – cinza-rosado. Para a família A, correspondem 5 graus de saturação: A1, A2, A3, A4 e A5. As famílias B e C estão caracterizadas por 4 graus de saturação: B1, B2, B3, B4, C1, C2, C3 e C4, enquanto a família D apenas 3: D2, D3 e D4. Existem críticas sobre a escala VITAPAN Classical por ela possuir uma pequena gama de cores de dentes naturais, como foi descrito em muitos estudos; por isso, a distribuição e a ordem das cores são inadequadas parase adaptar eficazmente aos dentes naturais. De fato, pode-se observar que algumas cores da escala VITAPAN Classical, precisamente as B1, C1 e B2, extrapolam os limites de cores de dentes naturais estabelecidos por Miller. São vários os autores que não estão de acordo com a classificação das famílias estabelecidas pelo fabricante. Para Sproull e Milher: � A família A, “avermelhada-pálida” segundo o fabricante, está mais próxima à região alaranjada do espectro visível, devendo então ser designada de família “alaranjada”. � A família B, “avermelhada-amarelada” para o fabricante, tende mais ao amarelo e, para Milher, deveria ser denominada de “amarela”. Sendo assim, o grupo B deverá sempre aparecer mais amarelo do que o grupo A quando visto por uma luz correta. � A família C é classificada como “cinza” pelo fabricante; posto que o cinza é uma especificação acromática, não sendo considerado um matiz, alguns autores consideram essa uma má classificação. A designação correta seria “cinza-amarelado”, ou uma subfamília B. � A família D, “cinza-avermelhada” segundo o fabricante, existe um predomínio pelo laranja, devendo ser considerado como uma subfamília A e ser denominada “cinza- alaranjado”. Em resumo, quando a escala VITAPAN Classical ordena-se segundo matizes, deve- se continuar a ordem natural, ou seja, à esquerda a família A seguida de B, C e D. 40 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS A outra forma de ordenar a escala VITAPAN Classical, seguindo a escala de valor ou de Munsell, do mais claro ao mais escuro, também tem sido criticada. Segundo esta disposição, para cada cor da escala VITAPAN Classical é designado um número do 1 ao 16, correspondendo a 1 a cor de maior valor, a B1, seguida de A1, B2, D2, A2, C1, C2, D4, A3, D3, B3, A3.5, B4, C3, A4; 16 refere-se à cor de menor valor, a C4 (Figura 21). Mesmo assim, alguns estudos sobre a escala VITAPAN Classical demonstraram que a ordem das cores segundo o valor proposto pelo fabricante não é correta e varia entre as escalas. Figura 20 – Escala VITAPAN Classical ordenada por grupo de cores. Figura 21 – Escala ordenada por valor. ESCALA DE CORES VITA SYSTEM 3D – MASTER® A família de cores VITA SYSTEM 3D – MASTER® apresenta outra abordagem da seleção de cores, além de considerar as três dimensões da cor, ou seja, valor, croma e matiz (Figura 22). Este guia apresenta cinco grupos de valores ou luminosidade, de 1 a 5. Nesta concepção, os números mais baixos representam níveis de luminosidade mais altos. Dentro de cada grupo, no sentido vertical, encontra-se o croma ou intensidade, e todos os grupos apresentam três graus de intensidade, com exceção do grupo 1 que apresenta ape- nas dois graus, determinados pelos números 1, 2 e 3, e 1 e 2 respectivamente, em que os números menores são menos saturados (Figura 23). Nos grupos 2, 3 e 4, no sentido horizontal, está representado o matiz da cor, determinado pelas letras L, M e R, sendo respectivamente matiz mais amarelado, neutro e mais avermelhado (Figura 23). PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 41 ESCALA DE CORES CHROMASCOP A escala de cores Chromascop (Figura 24), da Ivoclar – Vivadent, é ordenada por famílias de matizes segundo a proposta do fabricante e também considera as três dimensões da cor. Esses grupos são identificados por números, sendo o grupo branco representado pelo número 100, o amarelo pelo número 200, o marrom-claro pelo 300, o cinza pelo 400 e o marrom- escuro pelo 500. Figura 22 – Vita System 3D – Master®. Figura 23 – Disposição da intensidade e o matiz em cada grupo. Dentro de cada grupo cromático, existem números denominados 10, 20, 30 e 40, que são dispostos neste sentido à medida que aumenta a saturação e diminui o valor; sendo assim, para o grupo cromático amarelo, temos 210, 220, 230 e 240. Este aumento numérico signifi- ca aumento do grau de saturação ou croma e respectiva diminuição do valor. Figura 24 – Escala de cores Chromascop. 42 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS 19. Complete o quadro com a caracterização e comentários sobre os seguintes sistemas de mensuração visual da cor: Sistemas de mensuração visual Características Comentários Escala de cores VITAPAN Classical (VITA) Escala de cores VITA SYSTEM 3D - MASTER® Escala de cores Chromascop MENSURAÇÃO INSTRUMENTAL Na literatura, estão descritos muitos sistemas para mensuração das cores, desde os mais simples até os mais complexos, baseando-se em adição ou subtração das cores. Basicamente, existem dois tipos de instrumentos para mensuração das cores, o colorímetro e o espectrofotômetro. Além disso, esses aparelhos podem utilizar qualquer sistema de mensuração de cores, como CIE L*a*b*, RGB, entre outros. Para determinar para cada cor uma posição em um sistema que coordene o matiz com sua saturação e luminosidade, é necessário representar as cores por meio de um sólido tridimen- sional, em que uma das dimensões determina a posição dos matizes; outra, a posição do croma ou saturação; e a terceira, o valor ou luminosidade de cada matiz. SISTEMA DE CORES DE MUNSELL Um dos modelos de cores considerados mais relevantes foi criado por Alberto Henry Munsell.13 A intenção do autor foi criar uma maneira “racional para descrever as cores”, usando uma anotação decimal clara em vez de muitos nomes de cores, o que é considerado “incorreto”. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 43 Em 1915, Munsell introduziu uma ordem de cores agrupadas ao redor de uma escala vertical central de cinzas “naturalmente crescente”, também conhecido como “árvore de cores”, devido ao seu perfil externo irregular, que possuía 15 tabelas de cores constituídas de vários centos de pequenos quadros coloridos organizados de acordo com as características de matiz, croma e valor (Figura 25). O sistema proposto por Munsell consta basicamente de três elementos-chave: matiz, valor e intensidade. Como cada cor possui essas propriedades, o sistema dispõe, ordena e especifica as cores além de mostrar sua relação. Cada elemento está descrito por sua escala.3 O matiz é quantificado de 0 a 100 e seu símbolo é a letra H; a faixa do valor é de 0 a 10 e seu símbolo é o V; a intensidade não possui numeração pré-determinada e é regida pela escala de saturação de uma cor. As cores não-representadas por amostras reais podem ser identificadas mediante números intermediários. Munsell denomina “matiz” a propriedade que permite distinguir entre diferentes cores. Na disposição básica das cores estão o vermelho, o amarelo, o verde, o azul e o púrpura, chamados de matizes principais, dispostos dentro do círculo de forma eqüidistante. Foram fixados cinco matizes intermediários: amarelo avermelhado, verde-amarelado, azul- esverdeado, púrpura-azulado e vermelho-púrpura. São, portanto, 10 matizes no total. Para simplificar sua organização, o autor designou a inicial de cada cor como símbolo para os 10 matizes; são eles: R, YR, Y, GY, G, BG, B, PB, P e RP (Figura 26).20 Figura 25 – Sistema tridimensional de Munsell. Figura 26 – Disposição dos matizes intermediários. 44 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS As cores adjacentes formam mesclas, gerando uma gama de intensidades diferentes. Por exemplo, o verde e o amarelo proporcionam toda a escala entre estes dois, ocorrendo o mesmo com todas as cores e em qualquer posição, formando desta forma um círculo cromático. O valor apresenta uma escala de 0 a 10, que varia do preto puro ao branco puro, e neste meio encontram-se os cinzas que são chamados cores neutras e não apresentam matiz. As cores que possuem matiz são denominadas de cromáticas. Essa escala é aplicável às cores cromáticas e neutras.3 O croma é a forma que este sistema apresenta para graduar uma cor; parte-se do valor cinza e agrega-se a cor, até ela chegar à sua máxima intensidade, que é a pureza da cor.Essa escala de partida e chegada é gradual e totalmente uniforme. O modelo de Munsell deixa em aberto uma infinidade de cores a criar, devido ao agregado de pigmentos; por isso, é chamado de “sistema aberto”, já que é infinita a criação de cores do começo ao fim. SISTEMA CIE L*a*b* A CIE (Comisión Internationale de l’Eclairage) propôs um modelo em 1931 como standard da medição da cor.21 Em 1976, o sistema foi aperfeiçoado e publicado como sistema de cores CIE L*a*b*, que muda a forma de notificação e representa um avanço sobre os modelos anteriores por dimensionar a totalidade do espectro visível.9 O espaço CIE L*a*b* permite especificar estímulos de cor em um espaço tridimensional considerado uniforme e possuidor de três eixos especiais: L* – eixo luminosidade; a* – eixo vermelho-verde; e b* – eixo amarelo-azul (Figura 27), cujas propriedades são apresentadas no Quadro 2. Figura 27 – CIE L*a*b*. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 45 Quadro 2 PROPRIEDADES DO ESPAÇO CIE L*A*B* O eixo vertical L* Pode oscilar entre 0 e 100, representando o plano acromático (luminosidade) do modelo. Os eixos a* e b* estão representados perpendicu- larmente a um plano horizontal ao eixo L* e são os eixos ortogonais do plano de cromacidade da cor; apresentam-se baseados no critério de cores opostas, podendo-se observar as variações entre vermelho-verde (a*) e amarelo-azul (b*).8,19 Plano a* O vermelho é apresentado por a+ > 0 e o verde a– < 0. Dessa (eixo vermelho-verde) forma, um valor positivo de a* significa que está sendo regis- trada uma cor com predomínio de vermelho, e um valor nega- tivo determina o predomínio do verde. Plano b* O amarelo apresenta b+ > 0 e o azul b– < 0. Dessa forma, um (eixo amarelo-azul) valor positivo de b* significa que a cor registrada apresenta um predomínio do amarelo, e valores negativos representam predomínio do azul. Ambos os eixos podem estar compreendi- dos entre os +120 e -120.19 Os casos a*= b*= 0 são acromáticos, e o eixo L* representa a escala acromática de cinzas que varia do branco ao preto. A pureza de uma cor é proporcional à proximidade do limite externo do diagrama; por outro lado, quanto mais baixo seu grau de saturação, mais diluído em cinza, mais próxima será sua posição em relação ao ponto neutro, ou seja, do limite inter- no.19 MODELO DE COR RGB O modelo de cor RGB utiliza um modelo aditivo, no qual vermelho, verde e azul são combi- nados de diferentes maneiras para se criar outras cores. Este modelo, normalmente, em um espaço de cor RGB, é muito utilizado em informática. Para indicar em que proporção mescla-se cada cor, determina-se um valor a cada uma das cores primárias, de forma que o valor 0 significa a não-participação na mistura. Portanto, quanto maior o valor, maior intensidade de mistura.11 Pela mistura das três cores-luz em diferentes proporções, é possível obter todas cores do espectro. Ao serem misturadas em partes iguais, se obtém o branco. Em contrapartida, o preto é percebido na ausência de cores luz. 46 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS SISTEMA RYB No modelo de cor RYB, o vermelho, o amarelo e o azul são as cores primárias, e em teoria, o restante das cores puras podem ser criadas pela mistura dessas cores, baseando-se no modelo subtrativo de obtenção de cores. O modelo RYB é utilizado geralmente em conceitos de arte e pinturas tradicionais. Ainda sendo utilizado como guia para a mescla de pigmentos, o modelo RYB não representa com precisão as cores que deveriam resultar da mistura de três cores RYB primárias.11 Em 2004, a ciência reconheceu que este modelo é incorreto; porém, continua sendo utilizado habitual- mente em arte. MODELO DE COR CYMK O modelo CYMK – proveniente do inglês cian, yellow, magenta e key (ciano, amarelo, magenta e cor-chave) – é um modelo de cor baseado na síntese subtrativa. Segundo o modelo CYMK, a mescla de partes iguais das três cores primárias (ciano, amarelo e magenta) em sua máxima intensidade resulta em preto. Contudo, se as cores primárias fossem misturadas em duplas, obter-se-iam cores secundárias correspondentes às cores primá- rias do sistema aditivo de cor.11 Neste modelo, o preto está denominado pela letra K, em vez de B, para que não se confunda com blue. 20. Discorra sobre a participação dos seguintes elementos no sistema de cores de Munsell. A) Matiz: __________________________________________________________________ B) Croma: _________________________________________________________________ C) Valor: ___________________________________________________________________ PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 47 21. Como se define a pureza ou a diluição de uma cor no sistema CIE L*a*b*? 22. Em relação aos sistemas de mensuração de cor, é correto afirmar que: A) em ambos os sistemas, Munsell e CIE L*a*b*, o valor encontra-se no eixo central. B) no eixo a* verde e amarelo, podem-se encontrar valores positivos da cor. C) o sistema de Munsell apresenta cinco matizes básicos intermediários. D) a pureza de uma cor é proporcional à proximidade do limite interno do diagrama. Resposta no final do capítulo 23. Comente sobre os outros sistemas de cor existentes: A) RGB: __________________________________________________________________ B) RYB: __________________________________________________________________ C) CMYK: _________________________________________________________________ PROTOCOLO CLÍNICO NA SELEÇÃO DA COR O tratamento restaurador, independentemente do tipo, tem como objetivo a recupe- ração parcial ou total da estrutura dentária. Em odontologia estética restauradora, é de suma importância analisar o remanescente dental, e desta forma obter a maior quantidade de informações – como base cromá- tica, textura superficial, caracterizações e formas que serão transmitidas à restauração – a fim de alcançar melhores resultados estéticos. 48 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS A forma mais usual de proceder à seleção da cor é a técnica visual manual, que se baseia na comparação de diferentes matizes entre a estrutura dentária remanescente ou adjacente e a escala de cores. Esse procedimento que parece ser simples apresenta várias dificuldades inerentes derivadas do operador, do biomaterial e do paciente. Por isso, previamente à realiza- ção da seleção da cor, devem-se considerar três fatores: o paciente, o operador e o biomaterial. Em relação ao paciente, para não criar falsas expectativas, algumas considerações devem ser observadas, tais como: � grau de exigência do paciente; � ambiente de convívio profissional e social; � colaboração do paciente. Quanto ao operador, este deve apresentar o sistema visual em bom estado, além de ter treinamento e experiência em observar as variações de cores do dente. O conhecimento do biomaterial a ser utilizado é outro fator importante, especialmente em técnicas restauradoras diretas. O biomaterial está relacionado com as escalas de cores existentes. As primeiras escalas foram confeccionadas com resina acrílica de cores únicas e com forma den- tária. Na atualidade, existem diferentes materiais de confecção específicos para cada biomaterial. As escalas mais utilizadas para cerâmicas são a Vitapan Classical (VITA), VITA SYSTEM 3D – MASTER® e Chromascop (Ivoclar-Vivadent). Também pode- mos encontrar escalas específicas para resinas compostas. Em geral, cada fabricante possui sua escala, sendo a grande maioria delas confeccionada em acrílico, com exceção de poucas marcas comerciais como Miris (Coltene) e 4 Seasons (Ivoclar- Vivadent), que possuem suas escalas em resina composta. Essa diferença pode causar discre- pâncias das cores e problemas no resultado final da restauração, culminando com insucesso da mesma. Não é recomendável a utilização de escalas de cores de um fabricante mediante a utilização de materiaisde outra marca, pois em sua grande maioria não coincidem. A escala de cores deve apresentar alguns requisitos importantes, como: � ser confeccionada com o mesmo material restaurador a ser utilizado; � permitir registrar luminosidade, matiz e croma; � apresentar diferentes espessuras. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 49 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS NA SELEÇÃO DAS CORES A iluminação inadequada de um ambiente onde se procede a seleção de cores acarretará em uma mensuração incorreta, devido à presença de várias fontes de luz neste mesmo ambien- te. Portanto, deve-se optar por uma iluminação padronizada, sendo a luz natural a fonte ideal. Se for impossível trabalhar com a luz natural, uma fonte de iluminação artificial standard seria aconselhável. Neste caso, o clínico poderia lançar mão da luz-dia – 5.500°K, por permitir um ambiente de trabalho adequadamente iluminado e com a luz uniforme, sendo mais apropriado na determinação da cor. Antes do procedimento propriamente dito, deve-se fazer a profilaxia para deixar a superfície dentária livre de qualquer pigmentação, e pacientes do gênero feminino devem remover maquiagens labiais. O profissional deve estar ligeiramente ao lado do paciente para não se interpor entre a luz incidente e o rosto do paciente. É importante lembrar que, no momento de realizar a seleção da cor, a superfície dentária deve estar úmida, pois caso contrário a desidratação produz uma tendência à opacidade e ao clareamento, prejudicando todo o procedimento. SEQÜÊNCIA CLÍNICA ESCALA VITA CLÁSSICA (VITA) A escala Vita Clássica é a mais difundida no meio odontológico e é um guia de fácil utilização e, portanto, utilizada pelos clínicos e técnicos laboratoriais em sua grande parte. Na atualidade, o uso de câmeras digitais que possibilitam a realização de fotogra- fias branco e preto permite a comprovação da seleção do valor, parâmetro impor- tante na composição das cores. Tradicionalmente, a escala Vita Clássica é constituída por quatro grupos com matizes distintos. Para a seleção da cor, primeiramente determina-se o grupo do matiz mais próximo ao do dente em questão (Figura 28). Neste caso, o grupo selecionado foi o A. 50 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Figura 29 – Comparação ao elemento dental. Figura 30 – Determinação do valor mais próximo. Figura 31 – Comparação com amostra A3. Figura 32 – Valor da mostra A3. Figura 28 – Seleção do grupo de cores. A partir da delimitação do grupo do matiz, as amostras devem ser comparadas ao elemento dental para determinar a que possui o croma e o valor mais próximos (Figuras 29 e 30). Inicialmente, foi selecionada a amostra A3 (Figuras 31 e 32), que não estava compatível com o croma e o valor, sendo, portanto, alterada para a amostra A1 (Figuras 33 e 34). Observe-se que tanto o valor quanto o croma são próximos ao dente natural (Figuras 35 e 36). PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 51 Figura 33 – Comparação com amostra A1. Figura 34 – Valor da mostra A1. Figura 36 – Valor da amostra A1 compatível ao dente.Figura 35 – Croma mais próximo ao dente. ESCALA CHROMASCOP (IVOCLAR-VIVADENT) A escala Chromascop apresenta cinco grupos cromáticos: branco, amarelo, marrom-claro, cinza e marrom-escuro. O procedimento deve iniciar pela determinação do grupo de cor compatível com o matiz do dente em questão, evitando demora, para que não se produza confusão visual. Caso o operador não consiga definir o grupo do matiz, este deve descansar por alguns segundos e repetir o procedimento. No caso da Figura 29, foi constatado que os dentes analisados enquadravam-se no grupo cromático amarelo (Figuras 28 e 29). 52 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Figura 29 – Caso inicial.Figura 28 – Seleção do grupo de cores. Figura 30 – Mostra 230 apresenta baixo valor. Figura 31 – Mostra 210 foi selecionada. Na seqüência, determina-se a saturação e o valor, comparando as amostras da escala com o remanescente dentário ou com os dentes adjacentes. Dentro de cada grupo, a saturação aumenta no sentido da esquerda para a direita e o valor no sentido contrário, ou seja, da direita para a esquerda. Experimenta-se com o número 230, mas se apresenta um valor baixo e alta saturação. No presente caso, o número determinado foi o número 210, correspondente a uma saturação baixa e alto valor dentro do grupo amarelo (Figura 31). Existe também um código feito pelo fabricante para uma melhor comunicação entre o clinico e o técnico laboratorial; neste caso é o 2A. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 53 ESCALA VITA SYSTEM 3D – MASTER® A seqüência para determinação da cor com a escala VITA SYSTEM 3D – MASTER® difere da escala Chromascop, pois se inicia com a determinação do valor, compa- rando com o remanescente dentário ou com os dentes adjacentes. A escala VITA SYSTEM 3D – MASTER® apresenta cinco níveis de luminosidade, variando de 1 (mais claro) a 5 (mais escuro) (Figura 32). Determinado o valor, dentro do grupo selecionado – neste caso o grupo 1 (Figura 33) –, procura-se a intensidade ou saturação no sentido vertical da escala, sendo o mais inferior com maior saturação (Figura 34). A mostra selecionada neste caso foi a 1M1, menos saturada e de alto valor (Figura 35). O grupo 1 só apresenta um matiz a M. Figura 32 – Escala de cor com 5 níveis de claridade. Figura 33 – Seleção da claridade. Figura 34 – Determinação da intensidade. Figura 35 – Mostra selecionada. 54 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS Na tentativa de simplificar o processo de seleção de cores, os fabricantes continuamente desenvolvem escalas de cores de seus respectivos materiais. Entretanto, essa atitude apresenta resultados inconsistentes por várias razões: � a quantidade de cores das escalas não é consistente com as cores dos dentes naturais; além disso, as escalas de cores são confeccionadas a partir de materiais restauradores que nem sempre apresentam uma cor uniforme, e com variações entre um mesmo fabricante, proporcionado por um controle inadequado na produção; � a precisão das escalas de cores é um pré-requisito relevante na criação de restaurações estéticas e naturais na realização de procedimentos restauradores por meio de sistemas diretos ou indiretos; � considerações ópticas também devem ser lembradas, pois a percepção humana da cor é subjetiva e está na dependência da fonte de luz, da superfície do objeto e de características individuais do observador. Para o sucesso na determinação e na transferência da cor para a reprodução estéti- ca da dentição natural, o clínico deve estar atento aos fatores que influenciam na percepção e seleção da cor para que como resultado final obtenha-se uma sensação agradável do que se visualiza. Ressalta-se, mais uma vez, a necessidade de treinamento do operador com o uso da técnica que mais se ajusta ao sistema restaurador. CONCLUSÃO Este capítulo teve por objetivo revisar aspectos relevantes da percepção e transmissão da cor, sua composição e os meios para sua mensuração. Diante do que foi relatado, é de extrema importância que o clínico possua esses conhecimentos em relação às características e ao comportamento óptico da luz, para que consiga lograr com sucesso uma percepção agradável de procedimentos restauradores, por meio de sistemas tanto diretos quanto indiretos na recuperação da dentição natural. A reprodução das cores é predominantemente feita por meio de critérios subjetivos; entretanto, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas, como sistemas de avaliação cromática digital e utilização de colorímetros digitais para uma reprodução de cores mais prática e fiel, caracteri- zando um grande avanço na odontologia restauradora. Mesmo diante da evolução tecnológica, a percepção e reprodução da cor ainda estão baseadas na capacidade de observação e experiência do operador para obter amaior informação do remanescente dentário, que será transmitida mediante técnica aos materiais dentais, resultando em restaurações naturais e imperceptíveis. PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 55 24. Resuma os aspectos práticos na seleção das cores apresentados neste capítulo. Com base em sua prática, há algum outro apontamento a ser considerado? 25. A partir dos casos apresentados, complete o quadro com as características e os procedi- mentos envolvidos nas seguintes seqüências clínicas: Características Procedimentos Observações Escala VITAPAN Clássical (VITA) Escala Chromascop (Ivoclar – Vivadent) Escala VITA SYSTEM 3D – MASTER® 26. Por que razões as escalas desenvolvidas pelos fabricantes para facilitar a seleção de cores apresenta geralmente resultados inconsistentes? 56 ESTUDO DA COR PARA APLICAÇÃO EM RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS 27. Resuma quais foram as contribuições deste capítulo para a sua prática. RESPOSTA ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 2 Resposta: C Comentário: O espectro eletromagnético refere-se a um “mapa” de diferentes tipos de ener- gia de radiação e seus correspondentes comprimentos de onda, que geralmente estão dividi- dos em seis grupos: raios gama, raios X, ultravioleta, luz visível, infravermelho e ondas de rádio. O espectro eletromagnético mostra uma diminuição de energia representada da es- querda para a direita. Atividade 4 Chave de respostas: 4; 1; 5; 3; 2 Atividade 6 Resposta: D Comentário: Os bastões são os responsáveis pela visão noturna, ou visão escotópica. Os cones são os responsáveis da percepção das cores e da visão fotópica. Atividade 8 Resposta: B Comentário: Um corpo iluminado absorve seletivamente alguns comprimentos de ondas e reflete as restantes. As ondas refletidas são as que estimulam as células fotorreceptoras da retina transformado-as em estímulos neuroquímicos. Atividade 9 Chave de respostas: A) V; B) F – O croma é a intensidade do matiz ou saturação da cor, forte ou fraca; C) F – Valor, na tridimensionalidade da lua, refere-se ao grau de luminosidade de uma cor e representa sua claridade ou escuridão relativa; D) V PRO-ODONTO | ESTÉTICA | SESCAD 57 Atividade 12 Resposta: C Comentário: Este efeito é mais visível em dentes jovens especialmente no terço incisal, onde se podem visualizar tonalidades azuladas ou cinzas em dentes mais adultos, enquanto que os comprimentos de onda maiores, como o vermelho, são absorvidos. Atividade 15 Resposta: D Comentário: O matiz e a saturação identificam-se preferencialmente na dentina; o valor ou a luminosidade, no esmalte. Atividade 22 Resposta: A Comentário: O valor apresenta uma escala de 0 a 10 no eixo central do modelo, que varia do preto puro ao branco puro. Nesse meio, encontram-se os cinzas, que são chamados cores neutras e não apresentam matiz. O eixo vertical L* de luminosidade pode oscilar entre 0 e 100, representando o plano acromático do modelo CIE L*a*b*. REFERÊNCIAS 1. Nemcsics A. The color space of the coloroid color order system. Color Res Appl. 1987; 12:135-46. 2. Rosenholtz R, Nagy AL, Bell NR. The effect of background color on asymmetries in color search. J Vis. 2004 Mar 31;4(3):224-40. 3. Sproull RC. Color matching in dentistry. I. The three-dimensional nature of color. J Prosthet Dent. 1973 Apr;29(4):416-24. 4. Halliday D, Kenneth S, Resnick R. Óptica. In: Wiley J. Física. Cuidad de México: Editorial Con- tinental; 2002. p. 347-479. 5. Villarroel M, Jorquera C. Física óptica de la luz aplicada a los dientes naturales. Rev Fac Odont UV. 2003; 3(1):570-73. 6. Steenbecker O. Principios y bases de los biomateriales en operatoria dental estética adhesiva. Valparaíso: Universidad de Valparaíso; 2006. 7. Yamamoto M. Metal-Ceramics: principles and methods of Makoto Yamamoto. Chicago: Quintessence; 1986. 8. Ahmad I. 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