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O papel do professor de leitura em língua estrangeira O aprendizado de uma língua estrangeira moderna colabora para a formação e o desenvolvimento psicológico, social, cultural e afetivo do aluno, ampliando a visão de mundo desse aluno ao ter acesso a novos conhecimentos (informação científica, tecnológica e cultural) e permitindo o seu aprofundamento intelectual. Ao estabelecer relações com outras áreas de conhecimento, o aluno terá condições de compreender e contribuir de maneira ativa e integrada para a sociedade em que vive (TOTIS, 1991). Cabe ao professor de leitura em LE, então, a tarefa de conscientizar seus alunos da relevância do ensino de uma língua estrangeira, uma vez que o aluno será confrontado, em algum estágio de sua vida, com uma ferramenta de comunicação e estará exposto a novas descobertas e à valorização de outras culturas, numa relação como ser social, podendo, também, compreender a diferença de costumes entre os povos, adquirir uma consciência crítica sobre a própria cultura e valorizá-la (TOTIS, 1991). O aprendizado de uma língua estrangeira proporciona a alteridade e situa o sujeito falante no mundo e em seu momento histórico. Portanto, o foco do ensino de uma língua estrangeira deve basear-se em uma aprendizagem eficiente e contextualizada, que traga algo de relevante para o aluno, explore o potencial dele e o ajude a construir significado(s). Seja no contexto acadêmico ou profissional, e até mesmo no dia a dia, a habilidade linguística mais requisitada é a da leitura. A todo instante, somos expostos a signos verbais, a textos os mais variados, em suportes os mais distintos (mídia impressa, internet, livros, e-mails, mensagens de texto, tabletse-readers, smartphones, etc.). Reiteramos que a leitura é um processo de comunicação complexo no qual a mente do leitor interage com o texto numa dada situação ou contexto. Durante esse processo, o leitor constrói uma representação significativa do texto por meio da interação do conhecimento conceitual e linguístico que ele, leitor, detém com as pistas existentes nesse texto. Tais pistas auxiliam o leitor a colher amostras, confirmar, corrigir e rejeitar predições feitas em relação à mensagem. A leitura, então, envolve a formulação de perguntas apropriadas a fim de que se encontrem respostas relevantes (TOTIS, 1991). E é aí que se destaca o papel do professor de língua estrangeira. Ele deve ser o facilitador desse processo, orientando os alunos no desenvolvimento das estratégias de leitura, de forma a que os alunos se tornem independentes. Devemos ressaltar que, numa aula de ESP que priorize a habilidade de leitura, a finalidade dessa leitura deve retratar a realidade e estar contextualizada. Senão, estaremos frente a frente com uma situação artificial, que em nada contribui para a aprendizagem e a construção de significados por parte dos aprendizes. Para tanto, o professor de leitura em inglês deve utilizar materiais autênticos ou minimamente adaptados, de modo a fazer com que o aluno seja capaz de correlacionar diferentes áreas do saber e utilizar o conhecimento de mundo quando da realização da tarefa de ler. Enquanto o professor de leitura em LE estiver trabalhando com a compreensão parcial do texto (seja dos pontos principais ou de detalhes), ele deve auxiliar o aluno a lidar com essas partes por intermédio das técnicas de scanning, skimming e a predição de conteúdo a partir de elementos gráficos e hierarquia de títulos e subtítulos, por exemplo. A inferência de significados de palavras desconhecidas a partir do contexto em que estão inseridas; o reconhecimento de cognatos (ou “palavras transparentes”, comuns à língua inglesa e portuguesa via latim e grego); a predição da sequência de uma sentença ou parágrafo a partir de determinados vocábulos e o reconhecimento de relações lógicas no texto por meio do uso de conectivos e de elementos gramaticais e lexicais reincidentes no texto também são outras atividades a serem trabalhadas pelo professor de leitura em LE. Por fim, é preciso ressaltar que a língua portuguesa não deve ser banida das aulas de leitura. Muitas vezes, é por meio da língua materna que se pode verificar, com certeza, se o aluno captou, compreendeu e depreendeu uma mensagem. Há de se ter bom senso e dosar o uso do português em sala de aula, utilizando-o na tradução de palavras-chave e pequenas frasesorações presentes em determinado contexto toda vez que o processo comunicativo ficar comprometido ou travado pelo uso exclusivo da LE, no nosso caso, do inglês. Concluímos, assim, que o ato de ler envolve tanto o desenvolvimento e o reconhecimento de habilidades de linguagem (vocabulário, estrutura, discurso) quanto o de habilidades linguísticas (estratégias de leitura) (TOTIS, 1991).
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