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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL FACULDADE DE DIREITO TEORIA GERAL DO PROCESSO Tema 20: DOS ATOS PROCESSUAIS. Da publicidade. Das nulidades. Da indeclinabilidade da forma. Teoria das nulidades. Efeitos. P U B L I C I D A D E D O A T O Um dos princípios que incidem no processo moderno, como fator de legitimidade, é o da publicidade. Os atos processuais são públicos, excetuando-se apenas aqueles praticados nas lides que correm em segredo de justiça, por força da lei que assim recomenda. Trata-se aí, de um resquício do processo medieval, e especialmente do processo canônico que procurava resguardar da publicidade as ações de natureza matrimonial e de família. Correm em segredo de justiça, os processos que tal exija o interesse público e os que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. Por isso, o direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos, fica restrito às partes e a seus procuradores (art. 155, e parágrafo único). “Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos : (casos já enumerados acima). CPC. Parágrafo único: O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.” “Art. 5º, LX - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;” CF DA NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS A dogmática dos atos cometidos no processo, tema que enfrenta as maiores dificuldade e complexidade, fonte inesgotável de questionamentos doutrinários, encontra na legislação pátria, desde o Regulamento 737 e especificamente no Código Nacional de 1939, artigo 273 e seguintes, até o artigo 279, e no código vigente nas disposições componentes do Livro I, arts. 243 “usque” 250, (de consulta obrigatória do aluno) adequada sistematização, afastado o rigor das nulidades por vícios formais que serviam como meio desleal de procrastinação do curso procedimental das ações judiciárias. Na época em que predominou o praxismo, como herança do processo formulário romano, a forma dos atos apresentava-se como fator inafastável para validade e segurança dos direitos. Cabia, por isso mesmo, a qualquer momento, a argüição de nulidade dos atos formalmente imperfeitos, como meio legitimamente aceito para retardar a prestação jurisdicional, uma vez que da declaração de nulidade do ato decorria, necessariamente, o desfazimento dos atos seguintes, ainda que entre estes não houvesse qualquer dependência nem prejuízo das partes. Sob esse ângulo, e em determinado momento, bem avisa a Exposição de Motivos do Código de 1939, in verbis : “O terceiro ponto, finalmente, é relativo às nulidades, que sempre foram o instrumento da chicana, das dilações e dos retrocessos processuais. Os males do processo tradicional foram agravados com um enxame de nulidade, a que os litigantes sempre recorreram insidiosamente quando lhes faltavam os recursos substanciais com que apoiar as suas pretensões. A nulidade tinha um caráter puramente técnico ou antes, sacramental. Era a sanção das violações das regras do processo em atenção exclusivamente ao espírito de cerimonia e de formalidade, ainda que de tais violações não decorresse nenhum prejuízo para as partes e os atos praticados fossem absolutamente aptos a finalidade a que o processo os destinava”. Atropelava-se a marcha do processo, fazendo-o retroceder, sem que a imperfeição formal do ato determinasse qualquer prejuízo ao direito das partes. INDECLINABILIDADE DA FORMA Contudo, “inconcebível é a idéia de processo sem a de uma forma qualquer pela qual aquele tenha um modo visível de existir ”, como bem adverte João Monteiro. A indeclinabilidade da forma, para a expressão dos atos jurídicos, é tão importante quanto a necessidade da própria Justiça como fator de tutela dos direitos das pessoas e atuação da vontade concreta da lei. A forma dos atos processuais assegura a regularidade do processo como instrumento investigador da verdade e tutela do direito das pessoas com justiça. Sendo o processo essencialmente um instrumento, não há como esconder-se que se materializa por via da forma dos atos praticados pelos sujeitos processuais. No curso do procedimento, a atividade das partes, do juiz e auxiliares, subordina-se a certas condições de tempo e meio de expressão que configuram a forma de manifestação de vontade daqueles sujeitos. Por isso mesmo, já se ensinava que “a justiça é concreta, e não abstrata, assim como os atos de declaração da vontade só têm existência visível e efetiva depois que, por meio de sua expressão externa, se fazem conhecer no mundo dos fenômenos jurídicos, assim só por meio da forma pode existir o processo ”. Sobre esse mesmo ponto repetia Rezende Filho : “ A forma processual, com efeito, é indeclinável, pois constitui a exteriorização do ato processual ”. Daí, porém, não deve a lei, objetivando a segurança do processo, caminhar para sacramentar a forma, sem considerar a sua finalidade, minimizando outros princípios fundamentais do processo como instrumento de garantia dos direitos e da atuação do ordenamento jurídico. Surge desse confronto a necessidade da teorização sistemática das nulidades. TEORIAS DAS NULIDADES Admitiu-se no passado remoto, como já explicado, a teoria do absolutismo da forma, adotado no processo romano à época do formulário e no direito francês coevo, que determinava a nulidade dos atos praticados com a preterição da forma prescrita na lei, sacrificando com esse rigor o fim aos meios. Contrapondo-se a esse sistema, surgiu o da equidade que atribuía ao juiz o poder de decidir, em cada caso, com equidade, a nulidade ou validade do ato com defeito formal. Rezende Filho, examinando criticamente o sistema da equidade, adverte : “summus jus summa injuria”, querendo assim considerar os perigos conseqüentes do excesso de arbítrio concedido ao Juiz. O sistema esposado pelo Código de 1973, ajustado ao que já se delineava no Código Nacional de 1939, buscou a confrontação equilibrada dos princípios da indeclinabilidade da forma e o da economia processual, em perfeita harmonia com os princípios da causalidade, da instrumentalidade ou da finalidade, do interesse e do prejuízo, destacando o princípio da economia (simplicidade e segurança jurisdicional) sobre os demais princípios que legitimam o processo. Sendo o processo dinâmico em sequência dos atos procedimentais, a nulidade de um ato atinge os subsequentes. Como bem coloca Jonatas Milhomes, o princípio da causalidade pode ser enunciado assim : “A nulidade do ato processual contamina todos os subsequentes, que dele dependem, que se possam considerar por ele causado”. O princípio da casualidade está consignado no art. 248 do Código: e distingue pela circunstância de que a preterição da forma legal só cabe ser motivo de anulação do ato quando este não tenha atingido o fim O princípio da instrumentalidade ou da finalidade se distingue pela circunstância de que a preterição da forma legal só cabe ser motivo de anulação do ato quando este não tenha atingido o fim a que se destina. O princípio do interesse e do prejuízo podem ser conjugados, proibindo a anulação do ato, quando faltar interesse legítimo à parte que a tenha argüido, nem será repetido, nem se lhe suprirá a falta, quando não acarretar prejuízo à parte, ou tenha sido por esta praticado. O princípio da economia impõe a preclusão do direito de invocar a nulidade do ato quando este não tenha sido exercido na primeira oportunidade dada à parte, que poderia argüiro vício; impõe também ao Juiz, ao declarar a nulidade, apontar os atos que tenham sido contaminados pelo vício determinante da anulação; nem deve, por outro lado, anular o ato quando puder, no mérito, julgar a causa em favor da parte que a nulidade poderia aproveitar. Bem analisados os dispositivos do Código, atinentes às nulidades, vale de logo apontar a regra maior contida no art. 154, prescrevendo que : “Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial”. Complementando a inteligência deste dispositivo, o art. 243 regra : “Quando a lei prescrever determinada forma, sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa”. Aduzindo, em seguida o art. 244 : “Quando a lei prescreve determinada forma, sem cominação de nulidade, o Juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade”. E F E I T O S No que respeita ao princípio da causalidade, no art. 248, dispõe : “ Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subsequentes, que dele dependem; todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras, que dela sejam independentes”. E, adiante, no outro, o 249, verbis : “O Juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados”. Contudo, o “ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”, o mesmo ocorrendo “quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade ...” ( §§ 1º e 2º). Por tudo isso, “o erro de forma do processo acerreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser aproveitados ... ” - art. 250. “As citações e intimações serão nulas, quando feitas sem a observância das prescrições legais”, reza o art. 247, atendendo ao princípio do art. 214, quando, determina imperativamente : “Para validade do processo é indispensável a citação inicial do réu”. As citações e intimações são indispensáveis à validade do processo. Assim, esse vício visceral anula o processo tanto por inexistência como por falta de observância da forma prevista na lei. Entretanto, a falta de citação válida pode ser suprimida pelo comparecimento espontâneo do réu, tanto para responder à ação, como argüir a nulidade do ato citatório ou a sua falta. _________________________________________________________ APOSTILA ELABORADA PELOS PROFºS MÁRIO MARQUES DE SOUZA E LUIZ SOUZA CUNHA. AUTORES CITADOS E CONSULTADOS José Frederico Marques Manual de Direito Processual Civil 1º Vol. - 13ª Edição Moacyr Amaral Santos Direito Processual Civil Brasileiro 1º Vol. - 15ª Edição Antonio Carlos Araújo Cintra Teoria Geral do Processo Ada Pellegrini Grinover Volume Único - 9ª Edição Cândido R. Dinamarco Atenção: A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica. Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno. Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores. Atualizada em 07/05/07_dsn/: �PAGE � �PAGE �4� TGP_p20_Dos atos processuais_Publicidade
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