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Resenha Crítica do Filme O juri

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Resenha crítica do filme – O júri
O Júri (título original “Runaway Jury” - 2003), dirigido por Gary Fleder (nascido em 19 de dezembro de 1965) é americano, diretor de cinema, roteirista e produtor. Seu filme mais recentemente concluído, Homefront, foi lançado pela Open Road Films e Millennium Films em novembro de 2013. Nos últimos anos ele tem sido um diretor de pilotos de televisão. Adaptado da Obra “O Júri” de John Grisham, o filme “O Júri”, baseado no livro de igual título de John Grisham, é um drama que relata a história da formação do Tribunal do Júri americano. A história mostra como o corpo de jurados pode ser facilmente manipulado, a fim de garantir os interesses do lado que pode, por exemplo, pagar mais pelo veredicto.
A trama é desencadeada com o assassinato do corretor Jacob Woods, um pai de família, durante um tiroteio na empresa que trabalha, sendo o assassino um ex-funcionário da empresa, que decide se vingar. Após sua demissão ele adentra o prédio com uma arma e mata onze pessoas, entre elas está o Sr. Woods. A viúva, Sra. Woods, move então uma ação contra a indústria de armas Fix Boarns Fire Arms pleiteando uma indenização pela morte do seu marido, o caso é levado ao tribunal do júri. A postulante é defendida pelo escritório do advogado Wendell Rohr, papel de Dustin Hoffman, que acredita na moral e ética para obter o sucesso da causa; do outro lado está o importante papel desempenhado pelo experiente e renomado, Rankin Fitch, papel de Gene Hackman, um consultor de júri contratado pela indústria de armas para selecionar as pessoas que compõem um júri mais favorável para o seu cliente.
Os papéis principais do filme são interpretados por John Cusack, no papel do jurado Nicholas Easter e sua namorada Marlee, interpretada pela atriz Rachel Weisz, que são as peças chaves para a virada da história. Nicholas e Marlee colocam em prática o plano para que Nicholas seja um dos jurados escolhidos com intuito de manipular os outros jurados do caso, Nicholas consegue influenciar a maioria do corpo de jurados, devido à sua capacidade de argumentação e a algumas chantagens. Nicholas e Marlee fazem chantagem para ambos os lados do processo oferecendo dinheiro em troca de influência da tendência do júri.
Sabotagem, agressões, corrupção, manipulação, marcam o filme, ao se aproximar da hora da sentença e com medo de ser derrotado, o Sr. Fitch transfere os quinze milhões de dólares pedidos por Marlee. Após a transferência do dinheiro, Nicholas recebe um aviso de Marlee e influencia seus colegas jurados para que façam a escolha correta, baseada na coerência com os fatos, não importando seus interesses pessoais ou os problemas que eles sofrem, pois devem esquecer o que acontece lá fora e agir com o coração, essa é a decisão certa a se tomar. O objetivo do casal é atingido, e os jurados condenam a indústria de armas Fix Boarns Fire Arms a pagar para Sra. Woods a quantia de U$$ 1 milhão por danos morais e mais U$$ 100 milhões por rendas futuras do fabricante.
No passado, eles também foram vítimas de um tiroteio em uma escola na cidade onde moravam e uma das nove pessoas que morreram naquele dia foi a irmã de Marlee. O caso foi levado a júri pelo município contra a uma indústria de armas, que contratou o Sr. Fitch para consultoria do júri e acabou comprando o veredicto final, levando o município à falência. Em busca de justiça, os dois jovens se infiltram no júri com o intuito de atingir mesmo a indústria de armas e o Sr. Fitch. No final, Nicholas e Marlee ainda encontram o Sr. Fitch e o aconselham a se aposentar, caso contrário levarão o comprovante de transferência do dinheiro da compra do veredicto para a polícia, denunciando todos os seus crimes e os 15 milhões de dólares transferidos serão repartidos entre as famílias das vítimas do tiroteio na escola.
O filme é uma grande demonstração de quanto pode ser falha a Instituição do Júri e nos leva a questionar sobre a real capacidade dos jurados em decidir uma causa de forma imparcial. No Brasil, quis o legislador, em face da comoção popular que normalmente acontece nos crimes dolosos contra a vida, retirar de um só a possibilidade de decisão, a respeito do destino dos acusados. Entendeu o legislador, que da Instituição do Júri se extrai um resultado melhor para a sociedade. No sistema dos E.U.A não há restrição quanto à ida ao júri, diversos casos, mesmo crimes que não são contra a vida, tem acolhida no sistema judiciário americano.
No filme, quem senta no “banco dos réus” é a indústria de armas. No Brasil, isso não seria possível, tendo em vista que no nosso sistema, somente pessoa física pode se sentar no banco dos réus. Ressalvadas as diferenças existentes entre o tribunal do júri americano e o do Brasil, a Instituição do Júri de uma forma geral, sofre diversas críticas, principalmente devido ao fato de ser formado por leigos. O filme deixa claro que são pessoas que não acompanharam as investigações, que não leram o inquérito, não tiveram acesso à leitura dos autos do processo na íntegra, que nada sabem a respeito da vida da vítima, do réu e das circunstâncias do crime e que não conhecem a lei. Tudo o que sabem é o que está sendo narrado pelo promotor e pelo advogado de defesa, o filme mostra em algumas cenas o debate entre os advogados ficando claro que é indispensável uma defesa técnica em qualquer julgamento, no Brasil a defesa técnica pode ser definida como aquela realizada por profissional habilitado, isto é, um advogado regularmente inscrito na OAB, cuja prática consista na real proteção e garantia dos direitos do acusado. Ou seja, defesa técnica não é a somente feita por um advogado, mas também capaz de produzir os efeitos desejados (Maciel, 2007).
A prática dos julgamentos populares demonstra ainda que o debate realizado entre as partes (promotor e defensor) é tendencioso, visando não a busca da verdade real, mas sim à vitória de sua tese, e isso é demonstrado de forma bem eloqüente nas cenas dos debates em plenário no filme em comento. A teatralização, oratória, retórica, simpatia, inteligibilidade do discurso, certamente irá influenciar a decisão de pessoas mais suscetíveis. De acordo com Fragoso apud Borensztajn (1987), a respeito da atuação do advogado e promotor lembrava que“o que se busca é a vitória, como se o plenário fosse um campo esportivo ou um teatro, onde advogados e acusadores estivessem desempenhando um papel, à custa do réu e da vítima”. Nesse aspecto também o filme faz uma excelente demonstração desse duelo existente entre os dois lados, reforçando as posições antagônicas. Para Garófalo apud Borensztajn (1867) dizia que “[...] frequentemente os advogados tudo fazem para introduzir a dúvida no espírito dos jurados, afirmando fatos completamente imaginários”.
Não raramente a imprensa divulga a liberação de maníacos, psicopatas que levados ao Tribunal do Júri são absolvidos de seus crimes, fortemente consubstanciados com densa matéria probatória. O carisma do defensor, às vezes, suplanta a necessidade da punição. Além de toda essa problemática existente na Instituição do Júri, o filme vai mais além, evidencia como pode ser fácil no caso dos E.U.A, para alguém competente, manipular o júri de acordo com o que lhe é conveniente, a ponto de fazê-lo tomar essa ou aquela decisão. Não se trata, apenas, da manipulação feita pelos operadores da lei (como também ocorre aqui no Brasil), mas principalmente daquela que pode ocorrer nos bastidores, organizada por um dos componentes do próprio corpo do júri. Além disso, esclarece que existe toda uma técnica na escolha das pessoas que vão compor cada júri, técnica com a qual é fácil vencer, mesmo quando não se tem razão.
O julgamento realizado pelos leigos não leva em consideração nenhuma técnica jurídica, é puramente baseado nas suas crenças, ideais, hábitos, costumes e emoções, pressupõe-se que o juiz que detém os conhecimentos necessários para analisar imparcialmente as provas produzidas no processo afim de garantir uma decisão justa, segundo o Prof. Dalmo de Abreu Dallari apud Delfimdestaca que:
No Estado Contemporâneo, o juiz independente e imparcial é requisito indispensável para a existência da sociedade democrática e para a efetiva proteção dos direitos. Além disso, o juiz é necessário para a solução pacífica e eficaz dos conflitos de direitos e para que se mantenha permanentemente a realização da Justiça como um dos objetivos fundamentais da convivência. Mais do que para os juízes, a independência da Magistratura é necessária para as pessoas cujos direitos dependem do bom desempenho de juízes e tribunais, pois sem a independência ficam comprometidas a imparcialidade e a confiabilidade das decisões judiciais” (1995, p. 12).
No Brasil o devido processo legal e o direito à ampla defesa são garantias constitucionais, que permitem que todos os cidadãos tenham assegurado, independente do crime cometido, o direito à tutela jurisdicional, que é realizada por meio do processo.
Nesse sentido Almeida nos ensina que: 
“De seu turno, a Constituição da República de 1988, no Título II, que trata dos ‘Direitos e garantias fundamentais’, a todos reconhece o direito de acesso à Justiça e a determinado modo de ser do processo (processo justo), reconhecendo, com isto, a existência de direitos a serem exercidos no âmbito do processo judicial inerentes à condição humana, isto é, de direitos fundamentais processuais” (2012)
Conclui-se assim, que o filme “O júri” nos demonstra o quão falha, frágil e corrompível é a instituição do tribunal do júri podendo inclusive ferir alguns dos princípios constitucionais elencados acima, já que os jurados que compõem o conselho de sentença são afetados pelo desconhecimento da lei e são normalmente movidos por paixões. Recomendamos à todos os operadores do direito e futuros operadores que assistam ao filme pois, ele nos leva a refletir sobre questões relacionadas à credibilidade de um julgamento decidido por leigos e à falta de ética no mundo jurídico para se alcançar o que se quer, sem medir as consequências e sem primar pela verdadeira justiça.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Cleber Lúcio de. Anotações sobre a efetividade da jurisdição e do processo. Revista dos Tribunais. v. 101, n 919, p. 317-335, 2012.
BORENSZTAJN, David. A busca da verdade no tribunal do júri. Revista dos Tribunais. v. 618, p. 420-423, 1987.
Cinema e Direito. Disponível em: <https://cinemahistoriaeducacao.wordpress.com/cinema-e-direito/.> Acesso em 15 de março de 2016.
DELFIM, Márcio Rodrigo. Direito e Justiça no Estado contemporâneo. Revista dos Tribunais, v. 20, n. 79, p. 451-464, 2012.
Direito e Cinema – 55 filmes para estudantes e profissionais do Direito. Disponível em: <https://www.amodireito.com.br/2013/12/direito-e-cinema-lista-de-filmes-para.html.> Acesso em 15 de março de 2016.
MACIEL, José Fábio Rodrigues; AGUIAR, Renan. História do Direito. São Paulo: Saraiva, 2007.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto,
2003.
O JÚRI. Direção: Gary Fleder, Produção: Christopher Mankiewicz, Gary Fleder. New Regency Pictures, Estados Unidos, 2003. 127 min, Colorido.

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