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TRAUMATISMO DO TRATO URINÁRIO Obs.: mais importante dessa aula: trauma de rim e trauma de bexiga; trauma de ureter provavelmente não cai na prova! INTRODUÇÃO ‐ 10% de todos os traumas envolvem o trato genitourinário ‐ comumente o trauma é fechado ‐ a estrutura mais acometida é o rim ‐ lesão concomitante de outros órgãos Tipos de traumas: ‐ renal, ureteral, vesical, uretral, escrotal e peniano TRAUMA RENAL Classificação: ‐ não penetrantes ‐‐ 80 a 90% ‐‐ acidentes automobilísticos, violência pessoal, quedas, acidentes esportivos ‐ penetrantes ou abertos ‐‐ 10 a 20% ‐‐ armas de fogo, facas ‐‐ muitas lesões associadas Avaliação geral: ‐ história ‐ quadro clínico – equimoses, hematomas, hematúria, lesões em flanco ‐ condutas prioritárias: diagnósticas e terapêuticas ‐ lesões associadas ‐ necessidade de vários especialistas devido ao fato de paciente comumente ser politraumatizado Hematúria: ‐ principal sinal do trauma urinário ‐ pode ser macro ou microscópica ‐ o grau de hematúria não está relacionado necessariamente ao grau de lesão! Classificação: ‐ grau I: contusão (hematoma subcapsular sem laceração parenquimatosa) ‐ grau II: hematoma perirrenal não‐expansivo ou laceração cortical menor que 1 cm sem extravasamento urinário ‐ grau III: laceração parenquimatosa maior que 1 cm sem extravasamento urinário ‐ grau IV: laceração parenquimatosa através da junção córtico‐medular e sistema coletor; com extravasamento de contraste ‐ grau V: múltiplas lacerações (rim fragmentado); avulsão da artéria renal principal ou veia renal Indicações de avaliação por imagem: ‐ trauma penetrante no flanco ou abdome ‐ trauma fechado com hematúria macroscópica ‐ trauma fechado com microhematúria e choque (PAS < 90 mmHg) Investigação: ‐ TC – melhor exame para a investigação de trauma renal ‐ urografia excretora ‐ USG ‐ arteriografia renal ‐ cintilografia renal ‐ ressonância nuclear magnética Vantagens da tomografia: ‐ diagnóstico de lesões associadas ‐ mostra extravasamento de contraste ‐ identifica presença e função do rim oposto ‐ avalia o fluxo sanguíneo para parênquima renal ‐ dimensiona com precisão o hematoma renal (caso seja optado o tratamento conservador) Tratamento: 1. do trauma fechado: ‐ na maioria dos casos é conservador, ou seja, repouso no leito, hematócrito seriado, exames de imagem seriados hidratação e analgesia ‐ contusões ‐ lacerações ‐ lesões vasculares Indicações cirúrgicas: ‐ absolutas: hematoma expansivo, hematoma pulsátil, evidência ou persistência de sangramento renal ‐ relativas: extravazamento urinário, parênquima não viavel, estagiamento incompleto, lesão vascular Obs.: apenas 2,5% dos pacientes com trauma renal fechado tem indicação de exploração renal 2. do trauma penetrante ‐ maioria: tratamento cirúrgico ‐ 80% das lesões associadas excepcionalmente: tratamento conservador Casos específicos: a) Hematoma retroperitoneal transoperatório ‐ indicação para exploração cirúrgica: necessidade de urografia excretora na sala, expansão do hematoma, mandatório: isolar o pedículo renal. ‐ Técnica operatória: ‐‐ incisão mediana transabdominal ‐‐ avaliação das vísceras abdominais ‐‐ reparo das lesões identificadas ‐‐ exploração do retroperitônio com acesso precoce ao hilo renal ‐‐ excepcionalmente: iniciar pelo retroperitônio Cirurgias: ‐ reconstrutoras ‐ se possível, é sempre a melhor opção ‐ pode ser do tipo: ‐‐ sutura renal ‐‐ nefrectomia parcial ‐‐ cirurgia de banco e auto‐transplante (retirar o rim, operar ele fora do corpo do paciente e depois reimplantál‐lo) ‐‐ nefrectomia Complicações do trauma renal: ‐ precoces: sangramento, abscesso, sepse, fístula urinária, urinoma (coleção de urina), uremia por insuficiência renal ‐ tardias: fístula arteriovenosa, hidronefrose, hipertensão arterial, cálculos, pielonefrite crônica TRAUMATISMO URETERAL Introdução: ‐ menos de 1% dos traumas urogenitais ‐ causas: penetrantes, não penetrantes e iatrogênicas Causas não iatrogênicas: ‐ arma de fogo: 95% das lesões; raramente isolada ‐ arma branca ‐ esmagamento Causas iatrogênicas: ‐ 0,5 a 1% das cirurgias pélvicas ‐ histerectomia ‐ salpingooforectomia ‐ suspensão vésicouretral ‐ cirurgias de grandes vasos e tumores ‐ ureteroscopia Tipos de lesão iatrogênica: ‐ esmagamento, avulsão, transecção, ligadura (pensando‐se que se trata de um vaso), desvacularização, queimadura, perfuração Diagnóstico tardio das lesões iatrogênicas: ‐ sinais e sintomas: dor no flanco, febre, uremia (bilateral), fístula ureterovaginal, fístula ureterocutânea Diagnóstico: ‐ urografia excretora ‐ tomografia computadorizada ‐ pielografia retrógrada ‐ dissecção ureteral ou colocação de corante como o índigo de carmim (caso esteja com o paciente aberto no centro cirúrgico) ‐ pielografia anterógrada Tratamento: ‐ cateter duplo J ‐ sutura ‐ anastomose término‐terminal ‐ ureteroneocistotomia (reimplantação do ureter) ‐ transureterureterostomia (colocar um ureter desembocando no contralateral) ‐ reconstrução pieloureteral ‐ autotransplante ‐ subbstituição com íleo ‐ nefrostomia com reconstrução tardia Resumo: ‐ ureter inferior‐ > reimplante ‐ ureter médio ‐> ureterutererostomia ou transureterureterostomia ‐ ureter superior ‐> ureterocalicostomia ‐ lesão extensa ‐> substituição ureteral/autotransplante TRAUMATISMO VESICAL Introdução: ‐ violência externa: penetrantes ou não penetrantes (fechados) ‐ iatrogênicas ‐ rotura espontânea Ruptura ‐ geralmente são traumas de grande energia, muitas vezes associados a fratura de pelve, geralmente com muitas lesões associadas. ‐ pode ser do tipo: intraperitoneal ou extraperitoneal ‐‐ lesão intraperitoneal: ocorre caso ocore uma ruptura na parte mais superior da bexiga, na cúpula da bexiga ‐‐ lesão extraperitoneal: ocorre caso ocorra uma ruptura nas porções mais laterais de bexiga ‐ o melhor exame para o diagnóstico de ruptura e a sua diferenciação entre intra ou extraperitoneal é a cistografia. Na intraperitoneal, poderá ser visto poderá ser visualizado o contraste do exame injetado na cavidade peritoneal; enquanto que na extraperitoneal, o contraste fica restrito à pelve. Causas: ‐violência externa: arma de fogo, arma branca, veículos motorizados, golpe, quedas ‐ migração interna: drenos, aparelhos intrauterinos, próteses, shunts neurocirúrgicos ‐ iatrogênicos: procedimentos endourológicos, cirurgias ginecológicas, cirurgias abdominais Epidemiologia do trauma vesical: ‐ trauma fechado: 86% ‐ veículos motorizados: 90% ‐ fraturas pélvicas: 89% Aspectos clínicos: ‐ inespecíficos (diferente do sangue ou do suco gástrico, a urina não é uma substância tão irritativa) ‐ dor supra‐púbica ‐ retenção urinária ‐ distensão abdominal ‐ diminuição do peristaltismo intestinal ‐ uro‐ascite ‐ irritação peritoneal (comumente mais tardia) ‐ hematúria macroscópica (sinal mais importante do trauma de bexiga ‐95%) Diagnóstico: ‐ o melhor exame é a cistografia ‐ uretografia (sempre importante fazer pois pode haver também uma lesão de uretra pois o paciente geralmente é politraumatizado) ‐ toque retal (no caso de homens para o toque da próstata pois pode dar indícios de lesão de uretra) ‐ exames complementares Tratamento (importante para a prova) ‐ lesões penetrantes abdominais: tratamento sempre cirúrgico ‐ lesões não penetrantes: contusão; ruptura intersticial ou ruptura extraperitoneal (isolada) ‐> passagem de cateter vesical (apenas esse ato irá fechar o buraco) ‐ presença de espículas ósseas intra‐vesicais: cirurgia ‐ ruptura intraperitoneal: ‐‐ cirurgia com exploração da cavidade abdominal ‐‐ reparo da bexiga ‐‐ drenagem ‐‐ cistostomia‐ pequenas perfurações endoscópicas: cateterismo ‐ tratamento consevador: bem raro; apenas em casos de pequenas perfurações endoscópicas (nesse caso, realizar cateterismo) Seguimento: ‐ cistografia após 2 semanas ‐ complicações: diagnóstico tardio, uro‐ascite, irritação peritoneal, sepse ‐ taxa de óbito: 12% (principalmente devido às lesões associadas, não muito pelo trauma vesical por si) TRAUMATISMO URETRAL ‐ Uretra anterior (abaixo do diafragma urogenital): pendular (parte peniana) e bulbar ‐ uretra posterior (acima do diafragma urogenital): prostática (parte que fica no interior da próstata) e membranosa (pequena porção da uretra acima do diafragma genital, distal à uretra prostática. 1. Uretra peniana: ‐ a rotura verifica‐se por choque direto ou flexão brusca (coito ou masturbação) ‐ rotura parcial interna caracteriza‐se por dor e uretrorragia ‐ rotura parcial externa – ausência de uretrorragia e presença de hematoma ao longo do trajeto uretral ‐ rotura total – hematoma e uretrorragia Tratamento: ‐ tratamento cirúrgico (uretorrafia) consiste na sutura da lesão, sendo necessária a ressecção das bordas da ferida, seguida de anastomose término‐ terminal. ‐ em alguns casos, so é necessária a colocação de sondar uretral de demora, que irá tamponar o sangramento ‐ o paciente deverá ser acompanhado em ambulatório com avaliação do fluxo urinário 2. Uretra bulbar ‐ a causa mais comum de rotura é a queda a cavaleiro (impacto no períneo) ‐ as roturas totais caracterizam‐se clinicamente por uretrorragia, hematoma perineal e impossibilidade de micção ‐ diagnóstico realizado através de uretocistografia Tratamento: ‐ a conduta é quase sempre cirúrgica através de perineotomia com esvaziamento do hematoma, hemostasia, uretorrafia término‐terminal com pontos separados de fio absorvível e sondagem uretral que deve ser mantida por aproximadamente 2 semanas. 3. Uretra posterior ‐ a rotura da uretra membranosa é a mais freqüente entre todas as roturas uretrais ‐ geralmente associadas por fraturas de bacia ‐ cerca de 5% dos homens com fratura pélvica apresentam trauma da uretra posterior ‐ 90% dos traumatismos da uretra posterior são conseqüentes à fratura da bacia ‐ o paciente na maior parte das vezes se apresenta em mau estado geral, hipotenso, com sinais de hipovolemia e choque ‐ ao toque retal, não se encontra massa prostática que está sendo substituída pelo hematoma, que desloca cranialmente a próstata e bexiga. Tratamento: ‐ melhora do quadro geral, com reposição volêmica e medidas de suporte ‐ a conduta consiste na realização de cistostomia (sonda direta na bexiga) e correção da lesão uretral em um segundo tempo ‐ as razoes para essa abordagem são a menor incidência de estenose uretral e impotência sexual ‐ a passagem de sonda uretral como tratamento primário não é factível na quase totalidade dos casos
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