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ALIMENTAÇÃO NEONATAL 2016 1. INTRODUÇÃO O potencial de desempenho zootécnico do frango de corte depende da qualidade do pintinho no alojamento. Essa qualidade é influenciada por fatores como a idade da matriz, incubação e período pós-eclosão. Normalmente, 20 a 30% dos pintainhos estão eclodidos 12 horas antes do início do processo de retirada do incubatório. Se considerados o tempo e o acesso à primeira alimentação na granja, a real duração de jejum torna-se ainda maior. Quando se adiciona a essa permanência no nascedouro um tempo médio de 12 horas entre procedimentos (vacinação + sexagem + manuseio), espera na planta e transporte até a granja, observa-se que os pintainhos são alojados variando de 1 a 3 dias desde sua eclosão. Durante esse período, os pintainhos estão desprovidos de água e de ração, a sofrerem, em menor ou maior grau, um processo de desidratação que se inicia 2 horas após a eclosão dos ovos. Esse processo pode prejudicar o desempenho final do frango de corte (AGOSTINHO et al., 2012). A incubação artificial de ovos permitiu que a avicultura chegasse a grandes volumes de produção, porem causou uma situação em que as aves recém-nascidas perderam a capacidade de alimentar-se por conta própria após a eclosão. Assim, o atraso neste recebimento de nutrientes e micro-organismos benéficos limita o desenvolvimento fisiológico neonatal do pintainho. Com isso, o desempenho zootécnico no final do ciclo produtivo fica prejudicado, além de afetar negativamente a formação e maturação do sistema imune, comprometendo a habilidade das aves em reagir contra patógenos. No estado selvagem, o pintainho recém-nascido adquire sua microflora intestinal basicamente da mãe, por vias diretas ou indiretas. Os pintainhos provenientes de incubadoras comerciais não têm essa oportunidade e ficam suscetíveis a todo tipo de contaminação microbiana que, geralmente, são patogênicas (PRODUÇÃO ANIMAL, 2013). 2. DESENVOLVIMENTO O conceito de dieta neonatal pode ser descrito como o alimento fornecido aos pintainhos logo após o período de eclosão até que estes sejam transportados e alojados em galpões de criação. O fornecimento imediato de um suplemento nutricional, através da chamada dieta neonatal, ainda no incubatório nas primeiras horas de vida do pintainho, resulta em aves com maior capacidade de expressar seu potencial genético de crescimento e sanidade. Além disso, é vantajoso para o crescimento corporal, para a conversão alimentar e para a uniformidade do lote. Aves, alimentadas imediatamente após a eclosão, utilizam as reservas do saco vitelino mais rapidamente, o que contribui para uma absorção mais rápida da gema. O desenvolvimento do intestino também é mais rápido, quando os pintos são arraçoados imediatamente após a eclosão. Desse modo, os neonatos não somente suplementam as reservas nutricionais da gema, mas também passam a colonizar seu trato gastrointestinal com microorganismos benéficos. (AGOSTINHO et al., 2012) Esta dieta neonatal tem como objetivo oferecer nutrição e hidratação, sendo composta de uma mistura balanceada de vitaminas, minerais, aminoácidos, carboidratos e micro-organismos vivos (probióticos), para favorecer a formação de uma microbiota saudável e equilibrada, para ser usada como colonizadores intestinais via alimento, água bebida no incubatório ou como primeiro alimento no alojamento. A dieta neonatal é importante para garantir o desempenho esperado da ave no campo. Assim, pode-se classificar a dieta neonatal como um substrato de forma pastosa indicado para promover a hidratação dos pintainhos recém-nascidos e estimular o desenvolvimento de sua flora digestiva. A dieta neonatal deve conter milho e soja, ingredientes comumente utilizados nas formulações para aves no Brasil, e ingredientes que disponibilizem os nutrientes e a energia requerida para esta fase. O importante nesta fase de transição é a utilização de ingredientes de alta qualidade e altamente digestíveis (PRODUÇÃO ANIMAL, 2013). Os primeiros dias pós-eclosão são críticos para o desenvolvimento e sobrevivência de neonatos. Por se tratar de um período de transição, o trato gastrointestinal, apesar de estar anatomicamente maturo, não apresenta capacidade fisiológica completamente desenvolvida para digerir e assimilar nutrientes. Vários estudos demonstram que o atraso no fornecimento e consumo de ração e água altera o metabolismo do recém-eclodido, fazendo com que haja mobilização das reservas corporais para suporte do metabolismo e do sistema termorregulador, além de retardar o amadurecimento e desenvolvimento do sistema gastrointestinal, imunológico e muscular. Deste modo, o fornecimento das dietas neonatais dentro do incubatório e durante o transporte visa disponibilizar nutrientes ao animal o mais rápido possível, evitando que o animal permaneça períodos prolongados (até 72 horas) sem alimento ao longo do trato digestório, evitando estado de desidratação, retardo no crescimento, menor resistência a doenças e mortalidade (PRODUÇÃO ANIMAL, 2013) Os nutrientes da gema são insuficientes para os requerimentos dos pintainhos mesmo ao primeiro dia de vida e que a alimentação precoce favorece tanto a reabsorção da gema quanto o aproveitamento dos nutrientes nela presentes. A interação entre nutrição balanceada e uma flora microbiana saudável durante a fase neonatal também beneficia o desenvolvimento dos sistemas digestivo e imune (DALMAGRO, 2013). O atraso no recebimento de nutrientes e microorganismos benéficos pós- eclosão limita o desenvolvimento fisiológico neonatal e, consequentemente, o desempenho zootécnico durante todo o ciclo produtivo. Além de prejudicar a performance, esse atraso também afeta negativamente a formação e maturação do sistema imune, comprometendo a habilidade das aves em reagir contra patógenos e responder aos programas de vacinação. Adicionalmente, a capacidade de deposição muscular é diretamente influenciada pelos nutrientes recebidos durante a fase neonatal. Pode-se afirmar que os efeitos no crescimento muscular estão relacionados com a proliferação e atividade das células satélite nos primeiros dias após eclosão. As células satélite são capazes de proliferar, diferenciar-se e juntar-se à fibras musculares existentes, ou então de se fundirem entre si para formar novas fibras. A musculatura de frangos pode ser permanentemente reduzida se houver inibição da agregação de novos núcleos às fibras musculares durante o desenvolvimento inicial das aves. Portanto, oferecer aos pintainhos um alimento nutricionalmente balanceado durante a fase neonatal favorece a proliferação e a atividade das células satélite, o que por fim se reflete em maior capacidade de deposição muscular nos frangos de corte (DALMAGRO, 2013). 3. CONCLUSÃO Conclui-se que as práticas de nutrição e colonização direcionadas ao período neonatal favorecem o desenvolvimento precoce das estruturas corporais, resultando em aves com maior capacidade de expressar seu potencial genético de crescimento e sanidade. Com base nesse panorama, os Programas de Nutrição e Colonização Neonatal surgem atualmente como ferramentas de fácil implementação para otimizar o desempenho produtivo e sanitário das aves durante todo o ciclo produtivo. Por outro lado, nem todos os incubatórios ou produtores de aves utilizam a dieta neonatal. Infelizmente, esta dieta ainda é utilizada por um número restrito de produtores, por se tratar de uma nutrição de baixo consumo e, muitas vezes, não ter a sua logística de produção viabilizada.REFERÊNCIAS AGOSTINHO, Tarcísio Simões Pereira et al. Desenvolvimento de órgãos do trato gastrintestinal e desempenho de frangos de corte arraçoados na fase pré- alojamento. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 13, n. 4, 2012. Disponível em: <http://revistas.ufba.br/index.php/rbspa/article/viewArticle/2519>. Acesso em: 20 mar. 2016. ALMEIDA, J. G. et al. Efeito do jejum no intervalo entre o nascimento e o alojamento sobre o desempenho de frangos de corte provenientes de matrizes de diferentes idades. Archives of Veterinary Science, v. 11, n. 2, p. 50-54, 2006. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Fabiano_Dahlke/publication/259785816_EFEI TO_DO_JEJUM_NO_INTERVALO_ENTRE_O_NASCIMENTO_E_O_ALOJAMENT O_SOBRE_O_DESEMPENHO_DE_FRANGOS_DE_CORTE_PROVENIENTES_DE _MATRIZES_DE_DIFERENTES_IDADES/links/00b4952de65f1a6f53000000.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2016. DALMAGRO, Marcelo. Por que implementar um programa de nutrição e colonização neonatal? Produção Animal: Avicultura, Campinas: Mundo Agro Editora, n. 78, ano VII, p.26-27, nov. 2013. Mensal. Disponível em: <http://www.revistadoavisite.com.br/web/pub/avisite/index2/?numero=78&edicao=18 11>. Acesso em: 20 mar. 2016. MATTÉ, Fabrizio; SOUZA, Igor P. Dias. Influência da Nutrição Neonatal no desenvolvimento do Sistema Gastrointestinal de frangos de corte. AVEWORLD, ed. 66, p. 102-104, out. 2013. Mensal. Disponível em: <https://www.magtab.com/leitor/808/edicao/6615>. Acesso em: 12 abr. 2016. PRODUÇÃO ANIMAL: Avicultura. Bem nutridos desde o nascimento. Campinas: Mundo Agro Editora, n. 73, ano VII, p.16-21, jun. 2013. Mensal. Disponível em: <http://www.avisite.com.br/revista/2013/junho/edicao.php>. Acesso em: 17 mar. 2016.
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