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Investigação Criminal 
A investigação precede o processo. É uma das grandes diferenças entre processo penal e processo civil. A investigação para além de ter o intuito de esclarecer a notícia de um possível delito, colhendo os elementos preliminares mínimos capazes de formar um juízo prévio de valor por parte do titular da ação, atua como filtro para evitar ações infundadas. Ou seja, apresenta-se de antemão um conjunto de dados que permita mostrar ao juiz que você tem condições de dizer o que está dizendo, ou seja, teve o cuidado de fazer uma verificação prévia. No processo civil, essa documentação do fato não é prévia, ocorre apenas na instrução. Claro que o processo penal também tem instrução, mas para a ação ser iniciada deve haver conjunto probatório que indique o acontecimento do crime. 
No poder executivo estão as principais instituições com poder investigatório criminal. 
Os principais órgãos que exercem esse fim são as polícias judiciárias – Polícias Civis (estados) e Polícia Federal (união), militares e guardas municipais. Além dessas, COAF (conselho de controle de atividade financeira), BACEN (Banco Central Brasileiro), CVM (comissão de valores mobiliários). Com função administrativa, mas aproveitamento criminal das investigações, PROCON, IBAMA, IAP, etc. 
 As judiciais atuam por meio de investigação chamado de inquérito policial ou inquérito policial federal. O delegado de polícia e delegado de polícia federal são os condutores dessa capacidade investigativa
As polícias militares, membro dos estados, podem atuar, se necessário, como força complementar às forças armadas.
As guardas municipais são de competência dos municípios, não obrigatórias, ou seja, o município cria se quiser. O prefeito é o chefe da guarda municipal.
Inquérito pessoal – natureza jurídica 
1- Não é processo. Processo pressupõe contraditório, ampla defesa, partes. No inquérito não há partes, não há alguém sendo formalmente acusado por outro. O inquérito é uma notícia de um possível delito, que precisa ser verificada. 
Não existem os princípios do contraditório e da ampla defesa, mas isto não significa que não existam exercícios de contra argumentação e de defesa. É evidente que o advogado pode, no curso da investigação, interferir juntando provas, requerendo diligências, e etc. Mas isso claramente não significa que o princípio está presente. 
Se houvesse no inquérito ampla defesa, antes de realizar um ato investigativo, o delegado teria que intimar o suspeito, o advogado do suspeito, e só então concluir suas diligências na presença deles. Caso contrário, se os princípios estivessem presentes nessa fase, porque são deontológicos (dever ser – normativos), o ato seria nulo. 
Ademais, se houvessem princípios nessa fase, não haveria sentido ter a segunda fase, que é o processo
Nele não se admite contraditório, ninguém se defende, pois teoricamente falando no inquérito não há acusação, há investigação (art. 14, CPP). No inquérito não há que se falar de acusado (réu), há o indiciado para alguns autores, mas o indiciamento só ocorre no relatório que é a última peça do inquérito. No curso do inquérito, a autoridade policial tem uma liberdade ampla para promover as diligências necessárias para resolver aquele fato: buscas e apreensões, exame de corpo delito, perícias em geral, declaração do ofendido, reprodução simulada do fato com exceção nos crimes contra os costumes, acareações, reconhecimento de pessoas e coisas, sempre que possível a apreensão do instrumento do crime, etc. O limite é a ilicitude, tudo que não for ilícito, que não atentar contra a moralidade da pessoa, nem contra a ordem pública, a autoridade pode usar para o inquérito.
2- Inquérito também é ato administrativo, ou seja, não é jurisdicional. Isso porque quem conduz não é o juiz, mas o delegado de polícia, que é membro do poder executivo
Por ser um procedimento administrativo, para se tratar de inquérito policial deve-se tratar de direto administrativo. As decisões administrativas devem ser fundamentadas sob pena de nulidade. O delegado toma decisões, naturalmente, no curso do inquérito. Uma dessas decisões é pelo indiciamento de alguém e isso, portanto, deve ser fundamentado.
4- O inquérito é procedimento administrativo preliminar preparatório da formação da “opinio delicti” do MP o da vítima. A atividade de investigação é para o titular da ação formar um juízo a respeito do caso no plano técnico, para que ele possa decidir se vai ou não exercitar a ação. 
5- O inquérito é provisório/precário em relação aos depoimentos.
É provisório em relação aos depoimentos, mas é definitivo no aspecto probatório em relação a documentos e perícias irrepetíveis. Porque o documento juntado no inquérito não muda sua característica de documento porque não foi juntado no processo. E a perícia deve ser feita na hora, existem elementos que se perdem depois, então não tem como verificar no processo.
7- O inquérito deve ser escrito ou datilografado, segundo a lei, que é da década de 1940. Hoje pode ser até filmado. Significa que deve ser registrado. 
6- O inquérito é sigiloso. O art. 20 do CPP diz que o delegado pode impor, administrativamente (sem autorização judicial), sigilo da investigação, se achar necessário. Mas a regra é de 1940, anterior à CF. A CF de 88 determina que publicidade é a regra, e não a exceção, porque o sigilo facilita abusos. A publicidade é tida como garantia. Ao mesmo tempo, deve-se dosar a publicidade, porque a mídia pode fazer uso desastroso disso.
À luz dessa questão toda e do estatuto da OAB, que garante ao advogado o acesso ao inquérito policial, a doutrina passou a dividir isso em dois momentos. Diz-se que existe um sigilo interno e um sigilo externo.
Sigilo interno= para as pessoas diretamente interessadas naquela específica investigação. Promotor, vítima, investigado e seu advogado. O sigilo interno não alcança essas pessoas, ou seja, como regra, existe publicidade interna. Súmula 14 do STF – àquilo que já está documentado no inquérito dá-se publicidade, no mínimo, interna. Às diligências em curso, ainda não documentadas, não há livre acesso. 
Sigilo externo= art. 20. Delegado pode impor sigilo para os curiosos em geral, não diretamente ligados ao processo, se achar necessário.
8- O inquérito é dispensável. Ele não é condição necessária para a ação. Não é o único nem o necessário procedimento investigativo para o exercício da ação, apesar de ser o principal. 
Notitia Criminis
a) De cognição direta: o Estado toma conhecimento em razão da sua própria atividade de investigação. Está investigando um delito e no curso dessa investigação toma contato com a notícia de outro delito.
b) De cognição indireta: ou delatio criminis. É a notícia criminis dada pela vítima. Algumas ações dependem da vontade da vítima. A polícia e o MP só podem agir se a vítima autorizar – ação penal pública condicionada à vontade da vítima. A vítima faz representação. Algumas ações são de titularidade da vítima – ação penal privada. É o caso dos crimes contra a honra. Nesse caso, a vítima faz um requerimento – vítima noticia um crime e autoriza a polícia a investigar esse crime, depois é titular da ação.
Existe também requisição, que é quando o MP, juiz ou superior ao delegado requisitam a instalação do inquérito.
Representação – autorização dada pela vitima para instalar inquérito em ação penal publica condicionada.
Requerimento – autorização da vitima para instalar inquérito em ação penal privada.
Requisição – ordem para instalação de inquérito vindo do MP, juiz, ou superior hierárquico do delegado.
c) De cognição coercitiva: a autoridade policial é obrigada a tomar contato com a notícia do crime, obrigada a tomar providências. 
A grande maioria das notícias não viram inquérito policial. Por exemplo, a grande maioria dos B.Os não são investigados, por falta de estrutura policial. Há preferencia na investigação de flagrantes, etc.
Se a notícia está relacionada a uma infração de menor potencial ofensivo (pena máxima igual ou inferior a 2 anos),em geral, não se faz inquérito policial. Se registra a notícia num termo circunstanciado, que é uma espécie de boletim de ocorrência com mais informações. Para os delitos que não são de menor potencial ofensivo, deve-se instaurar inquérito policial para apurar.
O B.O não é a peça inaugural do inquérito policial. Na cognição direta e indireta, o IP é inaugurado por uma portaria feita pelo delegado, registrado em livro próprio de registro de IPs que toda delegacia deve ter. Na portaria, o delegado deve indicar qual é o fato que será investigado. Se investigam fatos, não pessoas. Se na portaria está anotado um fato que não é ilícito penal, ou está investigando pessoa, tranca a investigação com HC. Ou seja, se investiga FATO com aparência de DELITO. Na portaria o delegado já determina diligências preliminares (ofício ao IML, intimações, etc). 
Se for flagrante delito, a peça inaugural do inquérito não é a portaria, é o auto de prisão em flagrante. Quem faz, via de regra, auto de prisão em flagrante é a PM. Antes, o policial tinha que levar a pessoa pega até a delegacia, esperar toda a lavratura do auto (demora umas 4 horas), assinar o auto e só depois poder sair. O problema é que a PM deve fazer policiamento ostensivo, ou seja, ficar na rua, não na delegacia. A regra foi mudada, portanto. A primeira providência na delegacia é ouvir o PM (condutor), fazendo o termo de ouvida do condutor. Depois, passa um “recibo do preso”, alegando que o sujeito chegou em tais condições na delegacia, etc. Depois disso, o PM é liberado. Só então faz-se o registro do restante, sem a necessidade da permanência do condutor até o final. Termos de ouvida de testemunhas, vítima, etc., e por último o interrogatório do sujeito que foi preso. 
O preso em flagrante tem direito de ser informado dos seus direitos. No auto de prisão em flagrante devem constar expressamente os direitos do preso. Deve constar que ele foi informado dos seus direitos na ocasião da prisão. Os direitos do preso são: permanecer em silêncio; contar com um advogado; contar com um familiar; saber o nome da pessoa que o prendeu. Além de integridade física e etc., é claro. A questão do advogado no Brasil é confusa: considera-se direito de contatar um advogado, mas deveria ser de ser acompanhado por um advogado no momento da prisão, exigir a presença do advogado no momento da prisão.
A prisão se constitui de etapas. O ato de detenção física na rua, quando se dá voz de prisão em flagrante, é o início, e o flagrante se consuma de fato com a lavratura do auto na delegacia. O delegado pode não lavrar auto se não há indícios suficiente de flagrante. Também existe situação de flagrante de delito de menor potencial ofensivo, no qual não se lavra auto de prisão na delegacia, mas termo circunstanciado (flagrante só se o sujeito não assina o termo). Se o sujeito se apresenta espontaneamente na delegacia, não pode lavrar auto de flagrante. 
Se não constar o termo de que o preso foi informado de seus direitos, isso gera vício formal e consequentemente a nulidade do auto de flagrante. Se o registro do flagrante é nulo, a consequência é o relaxamento da prisão em flagrante. 
Depois de lavrado o auto de prisão em flagrante a autoridade policial deve entregar ao preso um documento chamado nota de culpa, no prazo de 24h, informando ao preso quais são os seus direitos, o motivo da prisão, o nome de quem o prendeu. 
Também em 24h o delegado deve informar ao juiz, ao MP, e se o preso for hipossuficiente, à Defensoria Pública sobre a prisão. 
Sobre a audiência de custódia, a ideia é que depois de lavrado o auto de prisão em flagrante o preso fosse encaminhado à audiência com o juiz. O ideal, respeitando a celeridade, seria fazer o ato de flagrante todo perante o juiz, para não ter que repetir os atos da delegacia. De toda sorte, a audiência de custodia não é regulamentada e cada estado faz como lhe é conveniente. Ainda assim é um ato importante para concretizar os direitos e garantias do réu. 
Art. 6o do CPP dá algumas providencias que devem ser tomadas pela autoridade policial, em linhas gerais, assim que tiver conhecimento da prática da infração penal.
Sobre o inciso II, se os objetos estiverem em local privado, o delegado depende de mandado de busca e apreensão dado pelo juiz. Esse mandado deve ser o mais específico possível, quanto ao objeto que se deseja apreender e o local. Não se admitem mandados genéricos. A lei só permite que se cumpra mandado de busca durante o dia (alguns autores dizem que é do horário do nascer do sol ao por do sol. É um critério fraco. Outros autores dizem que o código civil dá um conceito de noite – das 20h até as 6h –, portanto dia é o contrário disso. Outra forma de interpretar é dizer que dia vai das 6 às 18h, que é o critério mais aceito). Pode-se iniciar o cumprimento durante o dia e avançar para além dele. O mandado de busca em apreensão em escritório de advocacia, segundo o STF, só pode ser cumprido se o advogado tiver algum envolvimento com o crime. Para que seja válida a diligência no escritório, é preciso que haja representante da OAB presente. Se o cumprimento do mandado for feito sem a presença do representante da OAB, a prova produzida é nula por vício formal
Inciso III – colher todas as provas para a investigação
Inciso IV – ouvir a vítima
Iniciso V – ouvir o indiciado (interrogatório)
Indiciamento – indicar aquela pessoa como suspeita da pratica de um ilícito penal 
Não-flagrante – indico o momento que estou convicto de que foi a pessoa
Flagrante – posso prender no momento.
Juízo de possibilidade – o que me permite a iniciar a investigação
Juizo de probabilidade – razoes que me fazem acreditar nas noticias, me fazem desconfiar.
Inciso XXI – na hora do interrogatório, se tem adv, este tem o direito de acompanhar o ato. Se for impedido, o ato é nulo e as provas obtidas por meio deste, serão nulas também.
Inciso VI – reconhecimento pessoal - não posso obrigar
Acareação – 2 ou mais pessoas divergindo sob o mesmo ponto. Coloco elas frente a frente para esclarecer as contradições. 
Não há limitação nem quantitativa, nem qualitativa. 
Inciso VII – determinar exame de corpo de delito( vestígio no plano físico do delito, pode ser um documento, uma foto, um print). Se deixar vestígio, a regra geral é, fazer uma pericia, feita por um perito oficial, uma pericia já basta. Feita por peritos não oficiais, tem que ser 2 que tenham condições de realizar a ação.
Alguns delitos dispensam pericia: quando o resultado for constatado (ictio primo oculi – a 1º vista) ex: crimes de colarinho branco, sonegação fiscal
Inciso VIII – identificação criminal 
Inciso IX – analisar o sujeito – amarrado com o art.59 CP 
Investigação pré-processual 
Inciso X – necessidade 
Art. 7º cpp – Reprodução simulada dos fatos 
Quebra de sigilo bancário, fiscal, interceptação eletrônica, requisitos:
Para fins criminais – cabimento
Crime punido como reclusão
Indícios mínimos de autoria ou participação na autoria 
Imprescindibilidade da prova
Prazo de 15 dias por +15 quantas vezes necessário.
Prazos para entregar o inquérito policial 
Indiciado solto – tem como regra geral o prazo de 30 dias. A policia não consegue cumprir no prazo de 30 dias, encaminha ao juiz, que encaminha ao promotor que da uma renovação por +30 dias, assim vai ate que aconteça alguma coisa – seja prescrição, seja finalização do inquérito. Na verdade o prazo é prescricional.
Art.109 CP- tabela de prazos, se estiver expirado esse prazo não pode mais praticar o exercício punitivo.
Trafico de drogas, tem como regra geral, o prazo de 90 dias mas também na realidade é o prazo prescricional. 
Indiciado preso 
Crime de competência estadual – o prazo é de 10 dias para encerrar a investigação, se quiser manter o sujeito legalmente preso. Se extrapola os 10 dias, tem uma consequência: excesso de prazo, gera um constrangimento legal, que implica na necessidade de fazer o relaxamento da prisão (relaxar decorre de uma ilegalidade- restabelece a liberdade plena do sujeito). O prazoé de 10 dias para encerrar, e o promotor tem mais 5 para oferecer denúncia. Passados esses 10 dias, ainda pode investigar, mas tem que soltar o sujeito.
Crime de competência da justiça federal – o prazo é de 15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15 por meio de decisão do juiz (pode prorrogar uma vez). Pode ter ate 30 dias pra investigar, mantendo o sujeito legalmente preso. Se extrapolar, solta o preso, e continua investigando como se fosse indiciado solto.
Trafico de drogas: a lei fala em 30 dias, podendo prorrogar por mais 30. Tanto faz se o crime é estadual ou federal, pode manter o sujeito legalmente preso por até 60 dias.
Dois tipos de prisão – flagrante + preventiva ou só preventiva. Prisão temporária: por um tempo – o juiz decreta por um prazo ja estabelecido em lei, normalmente é 5 dias e pode prorrogar por mais 5.
Prisão temporária em crime hediondo, o prazo é de 30 podendo ser prorrogado por mais 30. Lei 8072/90.
Como se conta o prazo em caso de indiciado preso? O dia da prisão é o dia 1 da contagem do prazo – leva-se em conta o dia da prisão, não importando o horário em que foi preso. A contagem é direta – não se considera dias uteis ou não.
RELATÓRIO
O delegado, na ótica dele, entendeu que a investigação esta encerrada e não tem mais o que investigar. É um relato do que foi feito no curso da investigação. Não é opinativo, é informativo. Ele tem poder para instaurar inquérito, mas não tem poder para arquivar o inquérito. Inquérito é feito para o titular da ação, normalmente o MP e excepcionalmente a vitima (não para o juiz). 
Quando o promotor recebe o inquérito policial com o relatório, vai analisar e dependendo do que tiver vai tomar uma ou outra providencia.
1. Oferecer a denúncia: o que tem no inquérito preenche as condições de ação – se ja da as condições ele deve oferecer denuncia.
2.Requisita diligências complementares:ainda não tem as condições de ação preenchidas; falta alguma coisa, mas avalia que o delegado poderia ter se esforçado um pouco mais e que ele nao fez algumas coisas, então o promotor se manifesta e devolve o inquérito ao delegado de policia e requisita diligências complementares. O próprio promotor pode complementar no próprio gabinete, mas ai o mais comum é devolver ao delegado.
3. Manifestação pelo arquivamento: o promotor avalia que ele não tem as condições de ação, mas o delegado ja fez tudo que poderia fazer e não ha mais o que fazer, ai o promotor manifesta-se pelo arquivamento.
Quem decide arquivar o inquérito policial? O delegado não pode arquivar. A discussão esta entre o MP e o juiz – quem decide? No código (art 28) esta escrito que o promotor requer o arquivamento, e o juiz decide – leitura mais tradicional.
Autores mais modernos, a partir de uma interpretação sistemática, falam que a decisão sai do MP quando a discussão do arquivamento ou nao esta relacionada a insuficiência probatória e o juiz faz um controle externo da atividade do promotor. Quando o promotor se manifesta sobre o arquivamento ele submete essa manifestação a apreciação do juiz e o juiz ou acata (ta arquivado) ou discorda. Ao discordar do promotor, a única alternativa que o código da é remeter ao procurador geral e a ultima palavra é dele. Se o procurador geral manter o arquivamento o juiz é obrigado a acatar. Quando a manifestação do promotor do arquivamento esta relacionado a causas extintivas da punibilidade (art. 107 cp) ou excludentes de ilicitude, ai exige uma decisão jurisdicional porque fará coisa julgada, não permitindo rediscussão da coisa julgada.
§  Quando a decisão e do promotor é uma decisão administrativa, permitindo o desarquivamento do inquérito. 
§  Quando a decisão é do  juiz, é jurisdicional, não permite revisão por formar coisa julgada. 
AÇÃO PENAL
Século 19, auge do racionalismo. Os autores, tentando organizar cientificamente as categorias dentro do direito. Savigny é o primeiro a dar o conceito cientifico do que se entendia por ação. Teorias:
I.   Teoria civilista ou teoria imanentista da ação: savigny tentava entender o que os romanos entendiam da “actio”; os romanos entendiam a actio como algo equivalente ao próprio direito material; imanente ao direito material. A ação é o direito material em movimento (só tem ação quem tem direito material; quem é dono da coisa tem ação, quem não é dono não tem ação).
II.   Teorias abstratas da ação: pois não são vinculadas ao direito material. É a que prevalece no processo civil, mas não serve para o processo penal.
A.    Windscheidt: faz uma critica a savigny, falando que não precisa ser dono da coisa para ter ação. Os romanos antigos entendiam a actio como os alemães do século 19 entendem a pretensão. Basta que pretenda algo em relação a coisa.
B.    Muther: criticando o windshcheidt, fala que está errado equiparar ação com pretensão, pois são coisas diferentes. Ação equivale a um direito de invocar a tutela do estado e a pretensão é o que eu quero quando facão isso. Não se confunde ação com pretensão. Quando exercita o direito de ação, acaba pretendendo alguma coisa. São coisas separadas.
C.   Degenkolb e Plosz: ação é um direito público, subjetivo e abstrato de invocar a tutela jurisdicional do Estado. É o conceito mais utilizado até hoje no processo civil. Qualquer um pode invocar a tutela do estado, tendo ou não razão.
 
A doutrina mais tradicional continua trabalhando a partir de uma teoria geral do processo unitária, que sirva para todos os ramos do processo, que é raciocinado a partir do processo civil. Não da mais para trabalhar com a teoria geral unitária, pois processo penal é diferente de processo civil. Carnelucci desenvolve essa teoria a partir de 1920, cujo núcleo está relacionado a ideia de que a razão de ser da jurisdição é a lide (lide = conflito de interesses sobre a mesma coisa, acrescida de uma pretensão resistida de lado a lado). Soluciona a lide ou de forma amigável, sem necessidade de invocar a tutela do estado, ou soluciona invocando a tutela do estado. Enquanto houver uma lide que não foi solucionada amigavelmente e o estado foi invocado, cessou a lide, acabou a jurisdição – segundo carnelucci, isso ocorre em qualquer ramo do direito, e por isso ele construiu uma teoria geral que sirva para todos os ramos do processo.
Carnelucci sofre uma serie de criticas, pois no processo penal nem sempre terá uma lide, pois nem sempre o ministério publico e o réu discordam; pode ter situações que os dois estão de acordo (logo, não há conflito de interesses), e mesmo assim a jurisdição atua (ex.: quando o réu confessa; ministério publico pede a absolvição do réu, e o juiz continua atuando).
Carnelucci diz que lide penal não é entre ministério publico e réu, mas sim uma lide entre o autor do delito e a vitima. Nem sempre terá uma vitima direta (ex.: porte ilegal de arma de fogo, trafico de drogas), e mesmo que tenha não raras vezes a vitima não quer nada contra o seu agressor, mesmo assim o estado atua, pois a vontade da vitima não interessa muitas vezes e mesmo assim a jurisdição vai atuar.
Carnelucci não conseguiu construir a teoria unitária, mas em 1941 ele muda de posição. Antes mesmo de 1941, o fascismo já estava implantado.
Enrico Liebeman: em 1938, foge da Itália com a pretensão de vir morar na argentina e acabou ficando em São Paulo. Acaba difundindo por aqui a teoria geral unitária do Carnelucci, pois ele não pega a mudança de Carnelucci, que foi em 1941.
Ada Peregrini: final da década de 60, junto com Candido rangel dinamarco, e Antônio Magalhães são chamados para dar uma nova disciplina na USP – teoria geral do processo. Ate hoje é o livro que mais vende – teoria geral do processo.
Na década de 70 tinha a ditadura, que se aproveita de um processo penal mais autoritário, então não interessava ter professores críticos. Se alguns professores começassem com um discurso diferente, era tirado o direito dele de dar aula.
Na década de 90, passa a se permitir cursos de pos graduação com menos rigor do que antes. A partir dai começa a crescer as faculdades de direito, cursos depos graduação. Começa a se discutir a necessidade de ter uma teoria geral do processo penal (o que ta em jogo é o ser humano), em contraponto do que se tem no processo civil (quem é dono de algo), pois são diferentes.
 A Ação penal é um direito? Quem exercita, como regra, é o Estado. Estado exerce poder, não direito. Logo, é mais um poder do que um direito. É um poder-dever, pois o promotor não tem escolher, preenchida as condições da ação ele deve propor ação (principio da obrigatoriedade). É publico (mais do que o processo civil). Não é um direito subjetivo (ou é o MP ou, excepcionalmente, é a vitima). Não é abstrato, é mais concreto (não pode só narrar o fato, tem que acrescentar à petição elementos probatórios preliminares que suportem o fato narrado; prova da materialidade do crime. Deve estar provado o direito material, antes mesmo de exercitar a ação – o que disser na petição inicial não se torna verdade pela ausência de contestação do réu). Obrigatoriamente o estado tem que oportunizar ao réu o momento para ele se autodefender, se não fizer isso o processo é nulo. A revelia, no processo penal, não tem o efeito de presumir verdadeiros os fatos narrados e não segue à revelia.
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS
Classificação quanto a legitimidade ativa.
I.   Ação penal pública incondicionada: é a regra geral (maioria dos delitos) estado, Ministério Publico, é quem tem a legitimidade. Se materializa através da denuncia, e o MP se movimenta independente da vontade da vitima. Ex.: violência doméstica contra a mulher – mesmo que a mulher não queira que faça nada, o estado se movimenta.
 II.   Ação penal pública condicionada: condiciona o exercício da ação à vontade da vitima, e é o ministério publico, através da denuncia, que se movimenta, mas é condicionada à representação (autorização que a vitima, ou seu representante legal, ou as pessoas do art. 31) Depende da vitima autorizar, mas continua sendo pública. Essa representação não exige nenhum formalismo, não precisa de advogado, petição formal, basta ter documentado, de algum jeito, que a vitima quer que o estado faça alguma coisa. Normalmente a vitima vai até a delegacia de policia, apresentar uma noticia de um crime, registrado – esse registro basta como autorização. Tem um prazo de 6 meses contado a partir do dia que eu possa dizer que a vitima tomou ciência de quem é o possível autor do delito (não é necessariamente da data do crime), que se não for observado, gera decadência e gera extinção da punibilidade do autor do delito, não podendo mais se tomar providências. É possível retratar-se da representação, desde que essa retratação seja anterior ao oferecimento da denúncia. Depois que o MP oferecer a denuncia, a vitima não pode mais voltar atrás. Dentro do prazo de 6 meses a vitima pode representar e se retratar quantas vezes quiser. Art. 146 – crimes que dependem de representação a lei vai dizer.
Nos casos de violência doméstica contra a mulher, a lei Maria da penha estabelece um prazo maior de retratação, podendo ser feita até o recebimento da denúncia pelo juiz; só é valida a retratação quando feita na presença do juiz – crime de ameaça, sob pena de invalidade.
 III.   Ação penal exclusivamente privada: A legitimidade é da vítima, representante legal ou herdeiros (taxados no art. 31 CP). Começa com a queixa ou queixa crime. Não é o MP que irá agir, é a vítima através da queixa crime. Tem que contratar um advogado, fazer uma procuração, que a vitima irá outorgar ao adv, poderes específicos para este exercitar a ação penal privada. Existe esta procuração para não haver incriminação sem prova (falsa imputação) – a vítima estar ciente da mentira, o adv não saber, e a vitima imputar a responsabilidade ao adv.
Prazo para exercitar a queixa, decadencial, seis meses, contado da ciência da autoria do delito. Se não exercitar extingue a punibilidade do autor do delito.
IV.   Ação penal privada subsidiária da pública: O crime e de ação penal pública, mas por inércia do MP a vítima, representantes ou herdeiros podem tomar iniciativa. Suponhamos que o inquérito policial é encaminhado ao MP. O MP tem 15 dias para oferecer denúncia para o indicado solto e 5 para o preso. Esse prazo é dito impróprio, porque não existem grandes consequências se ele não é seguido. O que acontece se o MP não age nos 15 dias, por exemplo? A partir do 16o dia, a vítima, querendo, pode apresentar uma ação penal privada subsidiária da pública, pela inércia do MP. Isso não afasta a titularidade do MP. A partir do 16o dia, tanto a vítima quanto o promotor têm legitimidade, ou seja, passa a ser uma legitimidade paralela. Qualquer um pode assumir a titularidade da ação. A ideia é que a vítima faça uma espécie de controle externo da atividade do promotor. Na prática, o que acontece se a vítima oferece uma ação penal privada subsidiária da pública? O juiz, antes de receber a denúncia, abre vistas ao MP para ele se manifestar. Aí existem 4 possibilidades. 
o promotor toma ciência de que foi interposta uma ação pena privada e acompanha como custus legis.
 o promotor verifica que a vítima que foi muito apressada, porque não existiam as condições da ação. Nesse caso, o promotor se manifesta pela rejeição da queixa crime. 
o promotor analisa a queixa crime que foi oferecida e faz um aditamento, para arrumar alguma coisa que estava equivocada ou faltando na queixa crime. 
MP pode apresentar uma denúncia integralmente substitutiva da queixa crime subsidiária. Nesse caso, o MP reassume a titularidade. Se a vítima abandona a ação no meio do processo, o MP também assume a titularidade. Não existe perempção (sanção processual pela inércia – art. 60 CPP. Só ocorre na ação penal exclusivamente privada. Não ocorre na pública nem na privada subsidiária da pública) em ação penal pública.
V.   Ação penal personalíssima: É uma espécie do gênero ação penal exclusivamente privada. A diferença existe porque na ação penal exclusivamente privada a legitimidade é da vítima, representante legal ou herdeiros do art. 33; aqui apenas a vítima tem legitimidade, não existe a figura do representante legal ou herdeiros. Por isso, personalíssima. Existe apenas um único crime na legislação brasileira que encaixa nessa ideia, o do art. 236 do CP, crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento para o casamento. 
Quando a lei disser “depende de queixa”, a ação penal é exclusivamente privada. Quando disser “depende de queixa do contraente enganado”, é ação penal personalíssima – qnd especifica quem. Quando a lei não diz nada é ação penal pública. 
CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL
Possibilidade Jurídica do Pedido – 
Significa que posso pedir o que eu quiser, desde que a lei não faça vedação. No processo penal é ao contrário: só posso pedir o que a lei diz que é crime. Mais do que isso, no processo civil pedido é fundamental, no processo penal o pedido não muda, é sempre para a verificação de possibilidade de condenação ou não. Enquanto no processo civil pode-se resolver a lide amigavelmente, no processo penal não existe como fazer isso sem o exercício do poder jurisdicional, eu dependo da atuação da jurisdição para que seja aplicada uma pena a alguém, isso não pode ser feito de maneira privada. 
Para Doutrina Moderna - Não se fala em possibilidade jurídica do pedido, mas em tipicidade aparente ou criminosidade aparente. Deve-se avaliar, se vou imputar um fato a alguém, se esse fato na sua aparência é criminoso. É melhor falar em criminosidade porque pode ser típico, mas não antijurídico, por exemplo. Em outras palavras, não posso imputar um fato que não seja crime. 
Interesse de Agir – 
No processo civil, binômio utilidade e necessidade. Aparece quando não consigo resolver a lide amigavelmente.
Para Doutrina Moderna - Não se fala em interesse de agir, mas em verificação de punibilidade concreta. Isso porque existem casos em que não pode mais punir, hipóteses extintivas de punibilidade (art. 107 CP), como morte do agente, prescrição, etc. Perde-se, na linguagem civilista,o interesse do estado em agir
Legitimidade da Parte
Para Doutrina Moderna - persiste como condição da ação. Não pode o MP propor ação em crime de ação penal exclusivamente privada, por exemplo
Justa Causa 
Afrânio Silva Jardim é o pioneiro em falar de justa causa como condição da ação. Justa causa é a necessidade de verificação de um lastro probatório mínimo que de suporte ao fato narrado na denúncia ou na queixa. Na hora de descrever o fato, deve haver o cuidado de verificar se há base probatória para dizer o que diz. Não pode inventar nada na narrativa fática, senão falta justa causa, uma das condições da ação. É mais do que materialidade e autoria, é ter condições de provar tudo o que está dizendo. 
Essas condições são chamadas condições genéricas da ação. Existem casos em que se fazem necessárias condições particulares, chamadas condições de procedibilidade ou condições específicas da ação. 
Um exemplo clássico disso é a representação: além de todas as condições, deve-se verificar se a vítima representou, senão não posso agir. A lei diz se o crime exige ou não exige representação. 
A doutrina dá também como exemplo a requisição do ministro da justiça em alguns crimes, por exemplo crimes contra a honra do presidente da república, dependem de requisição do ministro da justiça. 
Essas condições específicas estão esparsas na legislação. Acontece no 236, por exemplo: só pode mover a ação se tiver sentença cível de anulação do casamento. 
Art. 7o do código penal trata da extraterritorialidade da lei penal brasileira. Traz hipóteses e também condições específicas para o exercício da ação. 
Sentença declaratória de falência + esgotamento da esfera administrativa-fiscal = condições objetivas de punibilidade. Alguns autores dizem que não existem, mas são vozes isoladas. A maioria da doutrina admite essa categoria. Os que admitem divergem quanto ao conceito. Alguns dizem que é um elemento a mais que tenho que verificar no conceito analítico de crime para dizer se o crime existe (além de conduta, tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade, deve haver punibilidade). Outra corrente diz que o crime existe sem isso, só não se pode punir antes de verificar se a condição está presente. 
A nova lei de falência diz expressamente que a sentença declaratória de falência nos crimes falimentares é condição objetiva de punibilidade. Isso significa que os crimes falimentares só existem se o juiz declarar a falência da empresa. A lei expressamente diz que a prescrição do crime só começa a ocorrer a partir da sentença declaratória de falência. 
O STF fez a mesma interpretação para os crimes contra a ordem tributária. O então min. Nelson Jobim diz que os crimes contra a ordem tributária só existem quando se esgota a esfera administrativa-fiscal. Hoje isso é súmula vinculante (24, acho). A súmula fala em lançamento definitivo do crédito tributário. 
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE DA DENÚNCIA OU DA QUEIXA – 41 CPP
A denúncia e a queixa, segundo o art. 41, devem contar
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Rol de testemunhas – indicação do momento, não é pressuposto de validade, se não arrolar, não acontece nada.
Classificação do crime – indicar o art. de lei que o fato se amolda
Se o promotor errar, pode fazer a emendatio libelli, não gera inépcia.
Pressuposto de validade – identificação da pessoa, o ideal é a indicação mais completa possível. Influencia no prazo prescricional.
Sem citação o processo fica suspenso, máxima informação possível – classificação completa.
A exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias (circun, do latim, círculo; stancias, do latim, estar. Logo, estar ao redor de algo é uma circunstância) 
A qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo.
Existem circunstâncias essenciais e acidentais do fato. Na narrativa do fato, as essenciais devem estar presentes, porque dizem respeito à caracterização do delito. Essas são, em geral, as descritas no tipo do crime – sem aquilo, o crime não está presente. Mas podem ser do momento do fato, que influenciam de maneira essencial na caracterização de crime ou não. 
Como fazer isso? Existe um “macete”. Na hora de narrar o fato, deve-se responder mentalmente algumas perguntas:
Quando? É importante para analisar prescrição. Dia, mês, hora. O promotor não pode inventar nada. Ou tem os dados e diz, ou não tem e não inventa. Exige-se um mínimo balizador temporal, se não sabe o dia, o mês, no mínimo o ano. Senão não tem como calcular prescrição. Se não sabe nem o ano, tem que investigar melhor. Se só sabe o ano, calcula-se a prescrição a partir de 1o de janeiro do ano, de forma a favorecer o réu.
Onde? O ideal seria descrever precisamente o local. Isso nem sempre é possível. Há casos em que não se tem nem ideia de onde ocorreu o crime. Por exemplo, falsificação de documento. Não pode inventar. Denuncia falando que o local é absolutamente ignorado. A ideia de se dizer onde ocorreu o crime é para verificar a competência territorial do juiz. Se disser que o local é absolutamente ignorado o juiz vê as regras do código, tem uma que diz que se não tem o local do delito, vale o endereço do réu.
Quem? Nome do sujeito. Outro pressuposto de validade do art. 41 é a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo. É possível denunciar sem o nome, se houver outros meios para identificar. Na delegacia, se o sujeito não diz o nome, pode tirar foto e pegar as impressões digitais. Se descobre a qualificação depois, faz aditamento da denúncia.
Fez o quê? Ajuste do tipo ao caso concreto. Tipo subjetivo e objetivo. Usar o verbo do tipo. Ou a conduta se ajusta no verbo do tipo e há crime, ou não se ajusta e não há crime. Não pode usar sinônimo do verbo. Se a lei diz subtrair, usa subtrair. Não usa o nome juris do crime, não diz furtou, diz subtrair para si ou para outrem. Não diz que praticou furto, diz que subtraiu. Não diz que pegou, diz que subtraiu. Deve-se ver também se não há causa de atipicidade, por exemplo, furto de uso (não causa prejuízo para a vitima, não tinha o ânimo de permanecer com a coisa). Na hora de descrever o fato, deve estar preocupado com a conduta ser, de fato, um crime. Se o crime é culposo, tem que descrever a modalidade de culpa e o que caracterizou o risco não permitido. 
De que forma? Ajuste do tipo ao caso concreto. Tipo subjetivo e objetivo. Ler acima. 
Contra quem? Nome da vítima. 
Por quê?
No contexto dessa narrativa, deve-se estar preocupado com o tipo objetivo e o tipo subjetivo
COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA FUNCIONAL, ou foro por prerrogativa de função, ou foro privilegiado, ou ainda “ratione personae”: analisa antes das outras, porque se tiver, o processo vai direto para o tribunal.
O primeiro passo é, diante da notícia de um fato em tese delituoso, ver se tem alguém envolvido no caso como autor, coautor ou partícipe que tenha foro por prerrogativa de função, ou seja, prerrogativa de ser julgado nos tribunais. 
Essas regras de prerrogativa por função estão na CF ou na constituição do estado. A justificativa para a existência dessas regras é proteger determinadas funções públicas relevantes na estrutura do Estado. Proteger essas figuras de uma exposição indevida em um julgamento em primeiro grau. O processo das pessoas que titularizam essas funções iniciaria nos tribunais, TJ, TRF, STJ ou STF. É um argumento retórico. É, em verdade, para proteger quem detém o poder, por isso é apelidado de foro privilegiado, é uma mecânica de autoproteção de quem detém o poder, para que ele seja mantido.
Em análise técnica, pode-se dizer que o foro privilegiado é, na verdade, um prejuízo, porque suprime um grau de jurisdição, perde-se uma etapa de análise dos fatos. E por que funciona? Porque os tribunais não têm estrutura para instruir processo, mas parajulgar recurso. O tribunal não faz, em regra, audiência de inquirição de testemunha, de produção de provas, etc. Então quando o tribunal, na hipótese de foro privilegiado, tem que fazer a instrução, o faz muito mal e de maneira muito lenta. 
Art. 102, I da CF: competência do Supremo Tribunal Federal.
O STF julga originariamente, nas infrações penais comuns, o presidente, o vice presidente, os membros do congresso, os ministros e o procurador geral da república.
Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade (infração política) os ministros de estado, os comandantes das forças armadas, os membros dos tribunais superiores, os do tribunal de contas da união e os chefes de missão diplomática de caráter permanente.
Art. 105 da CF: competência do Superior Tribunal de Justiça.
Nos crimes comuns, governadores, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos tribunais de justiça, membros dos tribunais de contas dos estados e do DF, dos tribunais regionais federais, dos tribunais regionais eleitorais e do trabalho, membros dos conselhos ou tribunais de contas dos municípios e os do ministério público da união que oficiem perante tribunais. 
E o procurador de justiça, cargo análogo ao de desembargador na carreira do MP? É julgado pelo tribunal de justiça DO ESTADO. Isso porque o constituinte entende que o desembargador não deveria ser julgado pelos seus. Como o procurador não é membro do tribunal do estado, pode ser julgado ali.
Art. 96, III da CF: compete privativamente aos tribunais de justiça julgar os juízes estaduais e do DF, bem como os membros do MP nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da justiça eleitoral. 
Art. 29, X, CF: prefeito é julgado perante o tribunal de justiça.
Além dessas regras, existem as da constituição estadual.
Na CE do PR, prevê-se a prerrogativa de foro para deputados estaduais, que são julgados no TJPR.
O vice-governador é julgado originariamente no TJPR.
Os secretários de estado também são julgados originariamente no TJPR.
Vereador não tem foro, é no juiz de 1º grau mesmo
2.COMPETÊNCIA TERRIOTRIAL, OU “RATIONE LOCI”, OU PELO LUGAR DA INFRAÇÃO.
CPP, art. 70: a competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que foi praticado o último ato de execução.
p. 1o: se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
p. 2o: quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz o lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
p. 3o: quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Prevenção = art. 83: toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na pratica de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou queixa. É atividade do JUIZ, não da polícia. 
Art. 71 – crime continuado ( = espécie, modo, lugar, tempo, decorrem do sucesso da execução do 1º) ou permanente, em mais de uma comarca, quem julga é quem tiver o primeiro contato com o caso.
COMPETÊNCIA PELO DOMICILIO OU RESIDÊNCIA DO REU
Art.72,73: Art.73: não cabe em ação penal subsidiária da pública. Só cabe nos casos de exclusiva ação privada - o querelante pode preferir o gosto de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 
COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO 
Também chamada de competência material, "ratione materiae". Determinar qual juiz tem competência pra julgar aquela matéria. Quanto maior a comarca, mais juízes. Quanto mais juízes, maior será a divisão de competência material 
Art. 74: cada estado da federação tem uma lei estadual que disciplina a respeito da organização e divisão judiciária do estado (código de organização e divisão judiciária do estado) - vai dizer quantas comarcas tem em casa estado, quantas varas tem em cada comarca. Define competência material e territorial no âmbito de cada estado. No caso do Paraná há varas especializadas em crimes contra mulher, varas pra crimes de trânsito. Pode especializar quanto quiser, dentro da quantidade de juízes e da necessidade de especialização. Existe também varas mais generalizadas.
A lei vai definir, salvo a competência do tribunal do júri - o júri e competente para julgar os crimes dolosos contra a vida, de acordo com a constituição (ex.: homicídio doloso, aborto, infanticidio e induzimento, instigação ou auxílio ao suicidio) - tentativa também vai a júri. O constituinte reformador não poderia alterar a constituição para suprimir a competência do júri, mas se ele quiser pode aumentar (não pode suprimir pois é cláusula perros da constituição) 
Oferece a denúncia classificando o crime de uma determinada natureza e depois tem uma alteração da classificação, fazendo com que o juiz não é mais competente aí ele remete os autos pro juiz competente. (Art. 74, parágrafo 2), salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que em tal caso, terá sua competência prorrogada - essa segunda parte está vigente, mas não tem aplicação prática. Não tem nenhuma regra que defina competência originária em função da matéria.
RITO DO JÚRI - e hipóteses de desclassificação no rito do júri O rito do tribunal do júri é bifásico:
 
1 fase - mp oferece a denúncia (arrola testemunhas) -> juiz decide receber a denúncia -> determina a citação do acusado -> resposta técnica em 10 dias -> absolvição sumária (se der) -> audiência de instrução e julgamento (vítima, testemunhas do MP, depois testemunha arroladas pela defesa, interrogatório do réu, alegações finais orais - 20 minutos prorrogáveis por mais 10 -primeiro MP depois defesa)
Tem quatro possibilidades decisórias:
- pronuncia: juízo de admissibilidade da acusação, que encaminha o réu para julgamento em plenário do júri. Dá início à segunda fase do rito do júri e encerra a primeira fase. O juiz não deve julgar o caso (não deve dizer do mérito do caso), deve simplesmente analisar sem tem materialidade do crime e indícios mínimos de autoria). Se tiver provas de materialidade e indícios mínimos de autoria vai pro tribunal do júri (o povo e o juiz natural). O juiz tem que tomar cuidado na hora que for redigir a decisão, pois se tiver carência ou exagero de fundamentação pode gerar nulidade da decisão. 
Se for nula, tem que refazer a partir da nulidade, ou seja, se a decisão for nula, tem que refazer a partir dela.
A pronúncia limita a tese acusatória do MP, pois só a matéria que constar de decisão de pronúncia é que poderá ser objeto de sustentação pelo MP em plenário. Se o juiz pronuncia o réu dizendo que o crime é de homicídio simples, não reconhecendo nenhuma qualificadora, o promotor não pode sustentar nenhuma qualificadora em plenário- não existe nenhuma surpresa na defesa no que diz respeito a tese que o MP vai sustentar, pois ele já sabe uma vez que a tese do MP é limitada pela denúncia. 
Se o MP acha que é caso de qualificadora, deve recorrer ao tribunal, pra este definir - se o tribunal definir a qualificadora, ai sim o MP pode trabalhar a partir da qualificadora.
- Impronuncia: por fim ao processo, mas não julga ao mérito, logo, não equivale a uma absolvição. Pode oferecer uma nova denúncia, contra o mesmo réu e pelo mesmo fato. Na Impronuncia não tem indícios mínimos da autoria ou materialidade. 
São sete jurados, mas basta 4 pra decidir, pois decide pela maioria. 
- Absolvição sumária: vai ocorrer quando todos os elementos de convicção permitirem dizer, sem a menor sombra de dúvida, que não foi o réu ou que foi ele amparado por uma excludente de ilicitude.
Se tiver uma pontinha de dúvida, o juiz temque se pronunciar. 
- Hipótese de desclassificação: para desclassificar todos os elementos de convicção devem permitir a leitura de que não se trata de crime contra a vida. Se tiver um pontinho de dúvida, o juiz deve se pronunciar. Se houver a alteração da classificação e não for mais crime contra a vida, a competência não é mais do júri e o processo é encaminhado ao juiz competente para julgar. 
Havendo a pronúncia, tem se início a segunda fase do rito do júri. Para que exista a segunda fase o réu tem que ser pronunciado. 
Depois da pronúncia será apresentado uma petição simples - primeiro o MP depois a defesa. Essa petição tem como finalidade requerer diligencias complementares e também é o momento para que as partes arrolem testemunhas para serem ouvidas em plenário. É possível arrolar 5 testemunhas na segunda fase (na primeira fase é até 8 para cada parte). Normalmente vai reinquirir testemunhas ouvidas já na primeira fase. 
Tem um sorteio de 25 jurados: cada juiz que atua no tribunal do júri em cada comarca do país, tem que fazer/publicar, lá pelo final do ano, a lista geral dos jurados que vai valer pro ano subsequente. Essas pessoas são o povo (pessoas que queiram participar se inscrevem). É dessa lista que o juiz vai sortear. O tribunal do júri é composto por 25 jurados e um juiz presidente. Instaura o tribunal do júri na comarca com 25 jurados, e esses 25 serão os jurados responsáveis e participarão dos julgamentos daquele mês. E desses 25 que vai sortear 7 pra cada um dos processos - 7 que compõe e júri de certeza.
Todos os casos de impedimento e suspeição valem aqui. 
Sessão de julgamento em plenário: o primeiro ato e o oficial de justiça ir até a porta do tribunal do júri e faz o apregoamento. Depois disso, o juiz faz a chamada nominal dos 25 jurados que devem estar lá - se o jurado convocado não vem para a sessão de julgamento, sem justificativa aceita, o juiz aplica uma multa. Se a justificativa do jurado for pautada por questão religiosa, ideológica ou política ao invés de aplicar uma multa, obriga a prestar um serviço à comunidade. 
Nesta chamada nominal, para que o júri aconteça, devem estar presentes no plenário pelo menos 15 (25 compõe o tribunal do júri, e 15 é o necessário para acontecer o julgamento) - se tiver menos, o juiz deve adiar a audiência. 7 jurados serão sorteados para compor o conselho de sentença.
Na hora de sortear o jurado, o juiz indaga o promotor e o adv se aceita ou não o jurado sorteado. Pode recusar 3 jurados sem dizer o motivo (3 pro promotor e 3 pro advogado). Mesmo não tendo que dar o motivo, tem que tomar muito cuidado ao fazer isso.
A partir do juramento, o júri passa a ter poder jurisdicional. Quem elabora a sentença é o juiz presidente, não o júri. Jurado julga fato, juiz interpreta direito - fixando pena e elaborando a sentença. Jurado tem competência para decidir sobre o fato - condena ou absolve. O juiz faz a fixação da pena a partir do que o jurado reconheceu e não decide condenar ou absolver. 
Feita a composição do conselho de sentença tem a instrução em plenário. 
O réu não precisa estar presente no dia do julgamento; se o réu quiser ele pode pedir a dispensa da presença dele - até 2008 era obrigatória a presença dele no julgamento. Será que é bom para a defesa que o réu esteja presente ou não? Depende. 
- a presença física do réu no plenário seria melhor, pois a ausência dele poderia ser lida como descaso. A presença dele, além de evitar isso, pode comover o jurado, pois ele pode ficar meio choroso. 
Encerrada a instrução, vai para os debates orais. 1h30min para ministério público e defesa. Feito isso, o juiz pergunta se o MP utilizará o réplica (falar por mais uma hora). Se o promotor fizer o uso da réplica, automaticamente a defesa terá direito a tréplica. O advogado não fica limitado pela pronúncia, então ele tem a ampla defesa - ele pode inovar a tese da defesa. Leitura dos quesitos e pergunta as partes se está de acordo com a ordem dos quesitos (tem que seguir a ordem prevista na lei). A redação tem que ser feita de forma clara. Estrutura de pergunta afirmativa e não negativa (ex.: o réu nao cometeu o delito? - o certo é : o réu cometeu o delito?) Na leitura das respostas do quesito o réu não estará presente.
Quesitos do tribunal do júri b 
I.   Materialidade
II.   Autoria
III.   “O jurado absolve o acusado?”
Tese de desclassificação: O réu agiu com dolo de matar? A resposta só afasta a possibilidade de ser um crime contra a vida  - se a resposta for não cessa a competência do jurado, e passa ao juiz presidente que irá definir qual é o crime à desclassificação própria do rito do júri (cessa a competência e remete para o juiz presidente).
Se a principal tese não for uma tese de desclassificação, deve fazer a pergunta antes do terceiro quesito. Ex.: tese de legitima defesa
Desclassificação impropria: define o crime e não cessa sua competência. 
Juiz presidente elabora a sentença, volta para o plenário para leitura em voz alta, e encerra.
 
5.COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
Quando tem mais de um juiz com idêntica competência material e territorial, vai saber qual vai julgar a partir da distribuição (sorteio).
 
6.COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
I.   Conexão: pressupõe uma coisa conecta a outra; mais de uma coisa. Um crime conexo/ligado a outro crime. Conexão é mais de um crime, necessariamente.
A.    Conexão intersubjetiva: conexão entre pessoas, entre sujeitos. É mais de um crime, com mais de uma pessoa.
1. Por simultaneidade: duas ou mais infrações praticadas ao mesmo tempo por varias pessoas reunidas.
2. Por concurso: duas ou mais infrações, cometidas por várias pessoas em concurso, embora diverso tempo e o lugar.
3. Por reciprocidade: duas ou mais infrações, cometidas por varias pessoas, umas contra as outras.
B. Conexão objetiva: pratica um crime para obter a impunidade em relação a outro crime. O segundo delito foi praticado com a intenção de ocultar o primeiro delito. Ex.: crime de homicídio doloso e crime de ocultação de cadáver.
C. Conexão instrumental (conexão probatória): a prova de um crime influencia na demonstração da existência de outro crime. Ex.: furto e receptação (é o crime que alguém adquire uma coisa que é produto de um crime antecedente).
II.   Continência: uma coisa contida na outra, reúne no mesmo processo um juiz competente para julgar.
A. Por cumulação subjetiva: duas pessoas contidas na mesma infração, implica na reunião no mesmo processo.
B. Por cumulação objetiva: duas ou mais infrações contidas na mesma conduta. Art. 70 (concurso formal de crimes).
III.   Forum Attractionis
A.    Crime doloso contra a vida vai a júri. Se for conexo a um outro crime que não é doloso contra a vida, prevalecerá a competência do júri (vai para o júri julgar os crimes).  
B.    Concurso de jurisdições da mesma categoria
1. Prepondera a de maior infração, a que tiver a pena mais grave. Ex.: se na divisão entre a comarca A e B ocorreu um furto na comarca B e um roubo na comarca A – vai ser julgado pelo juiz da comarca A.
2. Prevalecerá a do lugar que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade.
3. Prevenção: primeiro juiz que tiver contato – outros critérios.
C. No concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação.
Sumula vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. Não aplica essa sumula para deputados estaduais, em que pese a regra da competência do deputado esteja na constituição do estado. Não aplica pela regra de simetria de tratamento com deputado federal, ainda que seja crime contra a vida. 
-  A quem se aplica essa sumula, no caso do PR: secretários de estado e ao vice governador.
Juiz de direito ou promotor de justiça estadual cometendo um crime federal, será julgado no tribunal de justiça do estado (não desloca a competência) – entende-se que a regra é de competênciaabsoluta.
Ex autoridades: até 2001 o supremo tinha uma sumula dizendo que ex autoridade não tem prerrogativa de foro. Em 2001 cancelou-se essa sumula e implicou a transferência de todos os processos a esse respeito para o primeiro grau. Quando o supremo cancela essa sumula, o presidente era o Fernando Henrique, que iria deixar de ser presidente em mais ou menos 1 ano. Tinha vários processos contra ele de probidade administrativa, que é matéria civil e não da prerrogativa de foro. Fernando Henrique encaminha uma proposta de emenda constitucional para ampliar a prerrogativa de foro para probidade administrativa e que ex autoridade tivesse prerrogativa de foro. Ex-autoridade hoje não tem prerrogativa de foro.
D.No concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta: justiça eleitoral somente, pois trabalhista não julga crimes e militar separa os processos. Quando tem homicídio doloso e crime eleitoral conexos: a tendência é separar os casos nessa situação.
 No concurso entre a jurisdição comum e a militar, prevalece a militar
A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461
Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobreviver o caso previsto no art. 152
Art. 366
Art. 80= será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em
Circunstâncias de tempo ou lugar diferentes,
Art. 81: Chamado doutrinariamente de “perpetuatio jurisdicionis” (= prorrogação de competência): dois crimes conexos no mesmo processo – um crime eleitoral e um crime comum: quem julga os dois é a justiça eleitoral: se o juiz absolver o crime eleitoral, ele vai julgar o outro mesmo assim.
P. único: no caso do júri, se tiver um caso conexo, o jurado julga junto; se foi afastado do júri, o crime conexo segue a do principal, caso seja desclassificação própria. Se for desclassificação imprópria, teve a desclassificação, mas não alterou sua competência, então ele julga os dois crimes.
Se tiver duas comarcas vizinhas, e o crime de furto foi cometido na comarca A e o crime de roubo na comarca B, então furto é atraído para a comarca B. Se os promotores não sabiam da conexão entre os dois crimes e ofereceram duas denuncias, uma em cada comarca, e no meio do processo vem a informação que são conexos, o juiz da comarca B deverá avocar (= chamar) o processo da comarca A, juntando os dois processos. Se o juiz da comarca A não manda o processo, pois acha que ele é o competente, há um conflito positivo de competência (= dois juízes querendo julgar o mesmo caso), e quem resolve é o tribunal de justiça. Se quem perceber que o caso conexo é o juiz da comarca A, este remete os autos para o juiz da comarca B. Se o juiz da comarca B diz que a competência não é dele, há um conflito negativo de competência(= dois juízes não querendo julgar) – quem resolve é o tribunal de justiça.
Se for um juiz de competência estadual e outro de competência federal, ou um juiz do paraná e outro de outro estado, a solução é dada pelo STF.
Se há conflito de promotores (= conflito por atribuição), pode ser negativa ou positiva e a solução é dada pelo procurador geral de justiça.
Se for um conflito de atribuições entre os ministérios públicos, a princípio é o procurador geral da república, mas pode mudar.
Se um dos processos já tiverem sentença, e essa sentença for condenatória, há um recalculo da pena na fase de execução – aplica a regra do crime continuado
VIII.Competência da Justiça Federal:
 • Crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas federais. Ressalvada a competência da justiça Militar e da Justiça Eleitoral. 
• Crime federal atrai para si, em casos de crime federal conexo com crime estadual. Entretanto, em todas as contravenções penais, a competência será estadual, mesmo que haja interesse concreto e direto da União. Se houver um crime federal conexo com contravenção penal, vai haver separação dos processos: crime federal, para a justiça federal e contravenção penal na justiça estadual. Entretanto, pode haver uma contravenção em Justiça Federal: em casos de prerrogativa de foro.
 • Os crimes previstos em tratados ou convençõe internacionais, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro ou reciprocamente. A Polía Federal pode investigar crime, mas vai ser reportada a Justiça Estadual. 
• Há incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualuqer fase do inquérito ou processo o incidente de deslocamento de competência.
 • Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei contra a sistema financeiro nacional e a ordem econômico-financeira. Crimes contra a economia popular é de competência Estadual - crime de cadeia, pirâmide. 
• Quando a embarcação for destinada a nevegar em alto mar, ela será um navio e crime a bordo de navio é de competência Federal. 
• Crime praticado por ou contra índio só será federal se houver, no caso concreto, um interesse coletivo indígena.
 EXEMPLOS E POSSIBILIDADES 
I. Um prefeito do interior do Paraná, que desvia verba pública do município, ele vai ser julgado no TJ de seu estado. Se ele for auxiliado por um funcionário da prefeitura, que não tem prerrogativa de foro, será ele atraído e julgado pelo TJ também. Esse prefeito viaja para Natal e briga com alguém num bar, matando-o. Ele vai a júri {crime doloso contra a vida} ou vai ser julgado no TJ? 
A regra do juri está na Constituição e é uma regra geral, a regra da competência em relação ao prefeito está também prevista na Constituição e é uma regra especial. Entre uma regra geral e uma regra especial, prevalesce esta, ou seja, ele vai ser julgado pelo TJ do seu estado, pois o que prevalesce é que ele é um prefeito do estado do Paraná, portanto, será julgado aqui.
 Se o prefeito tivesse ido para Natal junto com o funcionário supracitado, e cometido um crime doloso contra a vida, nesse caso o funcionário não iria ser julgado no TJ com o prefeito. A regra de atração de foro está no CPP e a regra geral do juri está na Constituição, a qual prevalescerá, pois está acima na hierarquia de normas. Agora, o prefeito foi para Brasília a trabalho e acaba matando matou um funcionário público federal no exercício da sua função - há interesse da união, ou seja, vai ser julgado pelo TFR de sua região {Tribunal Feredal Regional} {se ele é prefeito do Paraná, vai ser na 4ª região}. 
II. Um deputado estadual que desvia verba pública, vai ser julgado no TJ do seu respectivo estado. Mas, se ele matar dolosamente alguém, ele vai ser julgado pelo STF e não para juri ou TJ. {Súmula 721 STF = Súmula vinculante 45 - a competência constitucional do tribunal do juri prevalesce sobre a competência constitucional do estado de prerrogativa de foro por função dos deputados estaduais}. Isso não se aplica aos deputados estaduais, por causa da simetria de tratamento com os deputados federais, em que pese a competência pra o deputado estadual esteja prevista na constituição estadual. No caso do Paraná, essa súmula se aplica aos secretários de estado e ao vice-governador. 
III. Até 2001 o Supremo dizia, por meio de súmula, que ex-autoridade mantinha prerrogativa de foro. E, formalmente, cancelou essa súmula, em 2001 mesmo; baixando os processos para primeiro grau. Quando o Supremo cancela essa súmula, o presidente FHC queria ampliar essa matéria de prerrogativa de foro para improbidade administrativa {entra com uma PEC de fazer existir a prerrogativa de foro para ex autoridade e incluir a prerrogativa de foro pra improbidadeadministrativa}. E conseguiu, mas houve uma ADIN em relação a isso. Então, voltou para primeiro grau. Hoje, ex autoridade não tem prerrogativa de foro, entretanto, há projeto pra mudar a Cosntiuição e instituir, de novo, a prerrogativa de foro.

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