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PENAL II: Resumo de Medidas de Segurança

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MEDIDAS DE SEGURANÇA 
A medida de segurança corresponde a um meio, encontrado pelo Estado, de assegurar 
que os inimputáveis que praticam ato ilícito recebam o respaldo de que necessitam para 
não voltarem a cometer delitos, preservando, assim, o bem-estar social e do próprio 
agente em questão. 
Sabe-se de antemão que o inimputável não pode ser considerado culpado 
criminalmente, devendo ser absolvido conforme a norma contida no art. 26 caput do 
Código Penal. Assim sendo, será a ele aplicada a Medida de Segurança, razão pela 
qual dizemos que a Medida de Segurança difere-se da Pena, pois esta tem caráter 
punitivo, enquanto aquela preza pela cura do indivíduo. 
Para que a cura seja efetivamente possível, o Estado conta com dois tipos de Medidas 
de Segurança, quais são a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, 
também conhecida como medida detentiva, ou a sujeição do indivíduo a tratamento 
ambulatorial, chamada de medida restritiva. 
Já há alguns anos, a classe médica vêm se opondo ao tratamento de internação 
daqueles portadores de doença mental. Assim sendo, a medida detentiva só vem sendo 
aplicada nos casos considerados mais graves, em que o convívio do indivíduo com seus 
familiares e com a sociedade representa um alto risco de periculosidade, tanto para 
terceiros, quanto para ele próprio. O juiz, ao absolver o agente e aplicar a Medida de 
Segurança como forma curativa, deverá optar pelo melhor tratamento a ser realizado. 
O prazo do cumprimento da Medida de Segurança é, por lei, indeterminado, devendo 
persistir enquanto houver necessidade de tratamento. Porém, este entendimento acaba 
por dar espaço para períodos muito longos de internação, podendo durar, inclusive, até 
a morte do paciente, o que pode ser interpretado, inclusive, como algo inconstitucional, 
haja vista que, no Brasil, é expressamente proibida a pena com caráter perpétuo. Diante 
disso, a doutrina estabeleceu que, se a lei não determina um limite máximo, o intérprete 
é quem deve fazê-lo. Além disso, é necessário que o intérprete tenha em mente que a 
medida de segurança não pode ultrapassar o limite da pena abstratamente cominada 
ao delito, conforme preleciona a Súmula nº 527 do STJ. 
O art. 97 do Código Penal estabelece que os tratamentos da Medida de Segurança 
serão por tempo indeterminado, e prosseguirão enquanto não for averiguada, por meio 
de perícia médica, a cessação da periculosidade do agente. Em razão disso e, nos 
moldes do art. 175 da LEP, normatizou-se como ocorrerá a perícia médica dos 
pacientes, ficando estabelecido que esta deverá ocorrer de um em um ano, ou a 
qualquer tempo, se assim determinar o Juiz da Execução. 
Na desinternação, o paciente deixa o tratamento no Hospital de Custódia (detentivo), e 
passa ao tratamento ambulatorial (restritivo). Também pode ocorrer de, após a perícia 
médica, ser constatado que o agente está completamente curado do mal que o afligia, 
e então ocorre a liberação: não há mais a obrigação de prosseguir com o tratamento. 
Contudo, é válido ressaltar que tanto a desinternação como a liberação, terão sempre 
caráter condicional, podendo o agente retornar a seu tratamento se, antes do decurso 
de um ano, voltar a praticar algum fato que indique a persistência de sua periculosidade 
(Art. 97, §3º, Código Penal). 
No caso específico dos semi-imputáveis, reconhece-se que estes devem ter sua pena 
privativa de liberdade reduzida de um a dois terços, de acordo com o Art. 26 do Código 
Penal. Como preconiza o Art. 98 do Código Penal, em alguns casos, o condenado 
necessita de especial tratamento curativo, podendo a pena privativa de liberdade ser 
substituída pela internação ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de um a três 
anos. 
O Art. 96, parágrafo único, trata da relação entre extinção da punibilidade e a aplicação 
da medida de segurança. Segundo a referida norma, quando se extingue a punibilidade, 
por qualquer que seja as hipóteses, não se impõe medida de segurança. Nesse 
contexto, convém dar uma atenção especial à prescrição, já que trata-se de uma causa 
de extinção de punibilidade. Assim sendo, prescrito o prazo do agente, a medida de 
segurança não é mais aplicável. 
O internado por Medida de Segurança deverá ficar em estabelecimento hospitalar para 
tratamento, não sendo permitido que seja recolhido a uma cela de delegacia ou a uma 
penitenciária, mesmo que seja por falta de vagas em estabelecimento hospitalar próprio.

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