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Curso de Fisioterapia em Obstetrícia MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 82 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO IV Como já é consenso entre todos os profissionais da saúde, um bom tratamento parte de uma detalhada e completa avaliação individual de cada caso, permitindo que o profissional conheça melhor seu paciente e planeje corretamente o tratamento. A avaliação da mulher gestante consiste em anamnese detalhada de sua história ginecológica e obstétrica, de aspectos da gestação atual, exame físico e, se necessário testes especiais para diagnóstico de disfunções músculo esqueléticas próprias da gestação. 1. Anamnese A anamnese é comum a todas as avaliações fisioterápicas, considerando as particularidades do público a ser atendido. Dados pessoais como nome, endereço, estado civil e idade são básicos a qualquer avaliação. Porém, na anamnese da mulher gestante, alguns dados são particularmente importantes. São eles: 1.1 Dados pessoais: Idade: a idade da mulher influencia de forma importante na segurança da gestação. Adolescentes abaixo de 14 anos e mulheres com mais de 40 anos são consideradas pacientes de risco obstétrico, devendo ser tratadas como tal por toda a equipe. Médico responsável: é de fundamental importância que a gestação seja acompanhada por um médico obstetra, e muitas vezes o contato com este profissional será necessário para garantir a segurança da mãe e do bebê nas condutas fisioterápicas. Sendo assim, é necessário obter o nome e telefone do médico responsável. Profissão: as atividades exercidas pela mulher durante a gestação deverão ser analisadas quando se elabora um plano de tratamento. Muitas queixas das gestantes são agravadas por suas atividades do dia-a-dia, como manter-se muito tempo sentada ou caminhar por muito tempo, digitar ou escrever demasiadamente, situações de estresse psicológico e físico, atividades que exijam força ou repetitivas. Fig. 1 – Mulher gestante no trabalho. Fonte: www.sciencephoto.com Estado civil: mais do que simplesmente o estado civil da mulher, é fundamental compreender a participação ou não do pai da criança na gestação. Mulheres abandonadas pelos parceiros durante a gestação muitas vezes apresentam queixas físicas resultantes de sentimentos de angústia, medo, abandono, raiva. 1.2 Anamnese História obstétrica: dados obstétricos como número de gestações, de partos e abortos e os tipos de partos anteriores devem ser colhidos com precisão, para que o fisioterapeuta tenha uma idéia das facilidades e dificuldades que a mulher poderá enfrentar durante a gestação, o parto e o puerpério. Em muitos casos esses dados são escritos abreviadamente em fichas e prontuários, da seguinte maneira: G____ P_____ A_____ 83 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 84 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Assim, se a mulher teve, por exemplo, 3 gestações, 2 partos e 1 aborto, estarão escrito em sua ficha: G3 P2 A1 Também da mesma maneira podem ser abreviados os tipos de parto sofridos pela mulher, entre parto normal(N), cesárea(C) e a fórceps (F), sendo escrito da seguinte maneira: N ___ C _____ F _____ Assim, se a mulher citada acima teve 1 parto normal e 1 parto cesárea será escrito: G3 P2 A1, N1 C1 F0 Idade gestacional: a idade gestacional deve ser relatada, preferencialmente em semanas, pois cada fase da gestação tem suas particularidades quanto às queixas, às condutas e aos objetivos da terapia. Gestação atual: é importante saber se a gestação foi planejada, se o filho é desejado pela mulher, e, em alguns casos, se a gestação apesar de não planejada foi aceita. Toda a história da gestação atual deve ser avaliada. Se houve dificuldade para engravidar, se a gravidez foi esperada ou não, sobre o risco de aborto avaliado pelo médico, sintomas referidos pela mulher no primeiro trimestre, como náuseas, vômitos ou dificuldade para se alimentar, complicações ocorridas e dores músculo esqueléticas. Gestações anteriores: é importante saber sobre os sintomas referidos pela mulher nas gestações anteriores, causas de abortos prévios, complicações ocorridas na gestação ou no parto. Doenças associadas: A mulher que apresenta doenças prévias à gestação deve ser monitorada cuidadosamente, visto que a situação da gravidez pode acentuar ou exacerbar os sintomas ou mesmo complicar as doenças. Doenças 85 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores cardíacas, vasculares, renais ou neurológicas são influenciadas de forma importante pela gestação e devem ser continuamente reavaliadas ao longo do período. Medicamentos: é fundamental conhecer os medicamentos administrados às pacientes, bem como conscientizá-la dos perigos da automedicação, principalmente no período gestacional. Qualquer medicamento deve ser de conhecimento do médico. Hábitos: Hábitos como fumo, álcool e drogas influenciam de forma negativa na gestação e devem ser conhecidos pela equipe obstétrica. Este assunto delicado deve ser abordado de forma simples e direta, sem julgamentos ou repreensões, que podem motivar a gestante a esconder este problema e dificultar o tratamento, que deve ser feito e acompanhado por especialista, e apoiado por toda a equipe. Atividade física: Tipo, freqüência e intensidade da atividade física são importantes para a prescrição do tratamento fisioterápico. Mulheres que já praticavam atividades físicas antes da gestação têm melhor condicionamento físico, flexibilidade e força muscular, portanto menos riscos de lesões. Exceção são atletas de competição, que muitas vezes têm boas condições físicas, porém têm um maior histórico de lesões que podem ser agravadas pela gravidez. Esportes de contato ou de alto impacto devem ser limitados. Mulheres sedentárias tendem a ter pior mobilidade, inclusive com prejuízo para locomoção, para dormir e para as atividades diárias, além de serem mais susceptíveis às lesões musculares. 2. Exame Físico 2.1 Antropometria Peso e altura são características importantes a serem avaliadas na mulher grávida. Sabe-se que mulheres com estrutura óssea muito pequena têm dificuldades para realizar o parto normal, bem como mulheres obesas têm maiores chances de desenvolver doenças como hipertensão, diabetes mellitus gestacional e lesões do sistema esquelético. É importante também saber qual foi o ganho de peso desde o início da gestação, e se necessário, a prescrição do tratamento pode incluir um maior gasto calórico para prevenir um ganho excessivo, que pode prejudicar todo o organismo da mulher e promover alterações estéticas indesejáveis como flacidez, estrias e celulite. 2.2 Sinais vitaisA freqüência cardíaca e respiratória e a pressão arterial devem ser verificadas não somente no momento da avaliação, mas a cada início e fim de atividade física que possa alterar estes sinais. Para isso, a mulher pode ter uma carteirinha à parte, onde estes dados serão acompanhados a cada sessão de fisioterapia. 2.3 Postura Como visto anteriormente, a postura é obrigatoriamente alterada no período gestacional, como adaptação do corpo a esta situação. Assim, avaliar a postura cuidadosamente irá possibilitar ao fisioterapeuta acompanhar as mudanças ocorridas naturalmente, prevenindo e tratando exacerbações. A avaliação postural deve ser realizada na vista anterior, lateral e posterior, com atenção especial para as curvaturas da coluna, protusão de ombros e cabeça e alargamento da base. A postura dinâmica também deve ser avaliada durante a marcha. Fig. 2 – Avaliação postural da gestante. Fonte: arquivo próprio 86 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 2.4 Edema/varizes Alterações circulatórias venosas e linfáticas são comuns nas gestantes, causados pelo aumento da concentração de líquidos corporais e alterações circulatórias. A avaliação consiste em realizar o teste de cacifo, avaliar coloração e textura da pele, questionar sobre o aparecimento de varizes, dores e edema ao final do dia. 3. Testes especiais Os testes especiais devem ser realizados quando é necessário confirmar um diagnóstico funcional. Existem testes específicos para cada diagnóstico, aqui listaremos apenas alguns aplicáveis à obstetrícia, mas o conhecimento dos testes especiais em geral é fundamental para qualquer avaliação fisioterápica. 3.1 Teste de Thomas Este teste destina-se a avaliar a presença de contratura em flexão do quadril. O termo contratura refere-se sempre a um fenômeno patológico onde este músculo está em estado de encurtamento, invadido por tecido fibroso. O paciente é colocado em decúbito dorsal e realiza-se a flexão máxima dos quadris; com isto, desfaz-se a inclinação pélvica e a lordose lombar que normalmente acabam por mascarar estas contraturas em flexão. Em seguida, mantemos um quadril fletido e estendemos aquele que desejamos testar: quando há contratura em flexão, o quadril não estende completamente e o ângulo formado entre a face posterior da coxa e a mesa de exame corresponde à contratura em flexão existente. Fig.3 - Teste de Thomas. Fonte: Volpon, 1996 87 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 3.2 Teste de Phalen O túnel do carpo é formado no punho por um assoalho e parede compostos pelos ossos do carpo e fechado, anteriormente, pelo ligamento transverso profundo do carpo. Neste canal passam 8 tendões e o nervo mediano. Na síndrome do túnel do carpo, ocorre compressão do nervo mediano neste nível. O quadro geral é de dor e parestesia irradiados na área sensitiva do mediano. No teste de Phalen, solicita-se que o paciente faça flexão volar aguda do punho, geralmente forçando uma mão contra a outra, pela face dorsal (Figura 7). Em caso positivo, surgirá dor e/ou formigamento na área do mediano. Fig.4 - Teste de Phalen. Fonte: Volpon, 1996 4. Modelo de ficha de avaliação: FICHA DE AVALIAÇÃO DE PACIENTES - OBSTETRÍCIA DATA AVAL.:____________________AVALIADOR: _____________________ DADOS PESSOAIS: NOME: _____________________________________________________ ENDEREÇO: ________________________________________________ TELEFONES: _______________________________________________ IDADE:________________NASC:________________NATUR.:_________ EST. CIVIL:___________________ PROFISSÃO: ___________________ MÉDICO RESP.: ___________________________ 88 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ANAMNESE: G_____ P_____ A____ Tipos de parto: N_____ C_____ F_____ Idade Gestacional: ________ semanas Gestação atual - Planejada: ______ Desejada: ______ Aceita: ______ ComplicaçõesGestacionais (atual e anteriores): Queixas: Patologias: Medicamentos: Tabagismo: __________ Etilismo: __________ Narcóticos: __________ Ativ. Física (tipo, freq): Movimentos Fetais: EXAME FÍSICO: PA:___________________ FC:__________________ FR:__________________ Peso:______________ Altura:_____________ ↑ Peso na gestação:___________ Alterações Posturais: Edema/ Alt. Circulatórias / Varizes: Testes especiais: OBSERVAÇÕES: OBJETIVOS: CONDUTA: -------------- FIM DO MÓDULO IV ----------- 89 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 90 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BARACHO E. Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecologia e aspectos de mastologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. BRINKMAAN L. A linguagem do movimento corporal. São Paulo: Summus Editorial, 1989. CALAIS-GERMAIN B. Anatomia para o movimento. São Paulo: Manole, 1992. Vol 1 e 2. CAMARGO, M. 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