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Doença de Chagas

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1 INTRODUÇÃO
A doença de Chagas é uma enfermidade que acomete as Américas Central e do Sul por causa da precariedade de alguns lugares onde a população não tem o mínimo de conforto para viver. Foi descoberta pelo médico Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas no início do século XX. Chagas foi enviado para comandar uma campanha de combate à malária, porém em seus estudos constatou a presença de um parasita flagelado no sangue de algumas de suas coletas, um novo tipo de tripanosoma com cinetoblasto grande e com grande movimentação (Neves et al, 2005)
Nesse episódio, Chagas buscou o protozoário em animais e pessoas onde os ambientes eram infestados por um triatomídeo mais conhecido como “barbeiro” ou “chupão”, esses insetos buscam casas de pau ou de barro, canaviais para se alojarem. (Murray, Rosenthal, Pfaller, 2010) 
Prosseguiram-se as análises, então foi descoberto que a infecção era causada por um tripanosoma que parasitava o inseto, e só então tornou-se possível apresentar o ciclo da infecção, o agente etiológico, o depósito animal dos parasitas, o transmissor e as formas de transmissão. Também foi descoberto que a doença tinha três fases: a fase Sintomática, Assintomática e Crônica (Dias e Neto, 2011).
Diante desses fatos e com o avanço da ciência foram desenvolvidos métodos diagnósticos para essa doença, levando os cientistas a buscarem um tratamento eficaz. Confirmou-se também que a prevenção da doença era a melhor forma de evitá-la, levando em consideração que as melhorias das habitações e saneamento básico adequado seriam indispensáveis. (Kropf, 2005) 
	
PROBLEMA DE PESQUISA
O que é a Doença de Chagas? 
SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA
O tema abordado foi escolhido com o intuito de esclarecer dúvidas acerca da doença de Chagas, como forma de contágio, ciclo da doença e suas consequências, tratamento e prevenção. 
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
Compreender a Doença de Chagas
1.3.2 Objetivo Específicos
	- Compreender o ciclo da Doença de Chagas.
- Compreender a prevenção da Doença de Chagas
- Conhecer as síndromes clínicas causadas pela doença de Chagas
- Conhecer o tratamento da doença de Chagas
1.4 JUSTIFICATIVA
A Doença de Chagas não é amplamente abordada. Existem muitas pesquisas e estudos científicos relacionados a ela, porém tudo ainda muito limitado. Sabe-se o seu ciclo e as formas de transmissão, porém não se tem uma vacina que a cure. 
	No ser humano a doença é contraída quando a fêmea do barbeiro se alimenta, deste modo acontece o contágio se ela estiver infectada. Depois que ingere o sangue, ela urina e defeca liberando assim a forma contagiosa do Trypanosoma cruzi. Também há outras formas de contágio como, por exemplo, via oral, congênita, transfusão sanguínea, transplante de órgãos. Contudo, existe tratamento para a fase aguda e controle para a fase crônica, prolongando assim os dias de vida das pessoas que adquirem a parasitose. Sua prevenção seria basicamente a melhoria das moradias das pessoas menos favorecidas e, cuidado no manuseio de alimentos e a conscientização da população.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Doença de Chagas é uma parasitose que atinge seres humanos e outros animais, comprometendo principalmente o coração e o aparelho digestivo. No início do século XX, Oswaldo Cruz, diretor do Instituto de Manguinhos no RJ, enviou, recém-formado em medicina, Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas para liderar os trabalhadores numa campanha de combate à malária em Minas Gerais. Em suas pesquisas, Chagas descobriu um tripanosoma diferente que se encontrava parasitando um inseto conhecido como “chupão” ou “barbeiro”. Prosseguindo em suas investigações, na miúda cidade de Lassance, se instalou em um vagão de trem e, mesmo em nível precário, num laboratório improvisado com o apoio de apenas um microscópio, Chagas obteve o resultado de uma nova espécie de protozoário. Dando continuidade nas suas análises, ele conseguiu apresentar o ciclo da infecção, o agente etiológico, o depósito animal dos parasitas, o transmissor e as formas de contágio e, por isso seu nome foi dado à doença em sua homenagem (Neves et al, 2005).
2.1 O CICLO DO PROTOZOÁRIO T. cruzi
O ciclo do protozoário no inseto (Triatoma infestans) conhecido como “barbeiro” se inicia quando ele pica um mamífero infectado com o protozoário (T. cruzi). Dessa forma ele contrai as formas tripomastigotas sanguíneas que migram para a parte interior do estômago. Nesse novo lugar, os tripomastigotas se diferenciam em formas epimastigotas e esferomastigotas. As formas são digeridas pelo estômago, porém as formas sobreviventes (geralmente formas epimastigotas) quando vão para o intestino multiplicam-se continuamente por divisão binária e colam nas membranas perimicrovilares. Prosseguindo, os epimastigotas desgrudam da membrana e seguem para o reto do inseto, onde se diferenciam de epimastigotas em tripomastigotas metaciclícos, e dessa forma poderão ser eliminados no próximo repasto do inseto (Neves et al, 2005)
A Doença de Chagas é contraída quando a fêmea do barbeiro, que é hematófaga, pica um mamífero para se alimentar, deste modo acontece o contágio do hospedeiro vertebrado se ela estiver infectada. Depois que ingere o sangue, ela urina e defeca liberando assim a forma contagiosa do Tripanosoma cruzi que são os tripomastigotas metaciclícos que exibem grande motilidade. Assim que o local da picada é coçado, o parasito pode ser levado para a região danificada da pele ou ele pode se locomover para uma região revestida por uma mucosa e adentrar atingindo a corrente sanguínea, de tal modo que poderá invadir vários tipos de células como macrófagos, células musculares, células epiteliais e neurônios causando a infecção. (Murray, Rosenthal, Pfaller, 2010)
2.2 SíNDROMES CLÍNICAS
A doença de Chagas possui a fase aguda, a fase assintomática e a fase crônica. A formação de uma superfície eritematosa e endurecida no lugar da picada é um dos primeiros sinais, apontado como chagoma. Também há o aparecimento de um edema ao redor dos olhos ou da face que é chamado de sinal de Romaña. (Murray, Rosenthal, Pfaller, 2010)
A fase aguda é mais frequente em crianças com menos de 5 anos de idade e comum a ação aguda que atinge o SNC. Seus sintomas são febre, calafrios, mal-estar, edema (sinal de Romaña), hepatomegalia e poderá aparecer, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas. (Neves et al, 2005.).
Posteriormente, os que sobrevivem à fase aguda entram na fase assintomática que poderá durar de 10 a 30 anos. Ela é chamada de indeterminada (latente), porque apesar de não ter sintomas (eletrocardiograma normal, coração, esôfago e cólon normais) os exames sorológicos ou parasitológicos apresentam positividade. (Neves et al, 2005)
	Depois de um longo período assintomático, chega a fase crônica onde o parasito revela-se. Decorrido o tempo, as sintomatologias pertinentes com o sistema cardiovascular (onde tem-se miocardite), digestivo (dilatação e aumento do esôfago), cardiodigestivo, SNC que é resultado da destruição das células nervosas, começam a se manifestar. Por causa do parasito poderá ocorrer insuficiência cardíaca congestiva (ICC), megaesôfago e megacólon, e manifestações neurológicas como alterações psicológicas, perda de memória, alteração de comportamento. (Murray, Rosenthal, Pfaller, 2010)
2.3 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO
Os mecanismos de transmissão da doença de Chagas são variados, podendo ser através do vetor (hospedeiro invertebrado, barbeiro), por meio de transfusão sanguínea, transmissão congênita, acidentes de laboratório, coito, transmissão via oral e através de transplante. (Neves et al, 2005).
A doença de Chagas é considerada uma questão social. A transmissão pelo vetor (hospedeiro invertebrado) se dá quando o inseto infectado com o T. cruzi se alimenta. Ao mesmo tempo em que se alimenta o inseto também defeca e, se os parasitos que estão contidos em suas fezes conseguirem adentrar no corpo poderá causar a infecção. (Galvão, Cleber, 2014)
Outro mecanismo de transmissão é a transfusãosanguínea e/ou transplante de órgãos, onde pessoas contaminadas doavam sangue ou órgãos e contaminavam outras pessoas. Porém, este método já não é tão efetivo para a proliferação dos parasitas, porque antes de qualquer doação são feitos exames de sangue e parasitológicos que detectariam a presença do T. cruzi, no entanto, a necessidade do paciente é que dará a última palavra (Neves et al, 2005; Dias e Neto, 2011).
Um outro tipo de transmissão é a congênita, que acontece quando os amastigotas têm ninhos na placenta onde podem liberar a formar tripomastigota que poderá chegar à circulação fetal. (Neves et al, 2005)
A transmissão por acidentes de laboratório acontece quando o profissional manuseia o material contaminado com o T. cruzi sem equipamento de proteção individual (EPI) ou com equipamentos inadequados. Os parasitos podem adentrar numa mucosa ou na pele lesionada e causar a infecção. (Dias e Neto, 2011).
Outra forma também estudada é a do coito, no entanto não comprovada na espécie humana. Em pesquisas foi diagnosticada a presença do protozoário em menstruações de mulheres chagásicas e sêmen de cobaias (Dias, Neto, 2011).
A transmissão via oral se dá pelos alimentos contaminados pelas fezes, urina ou até mesmo pela trituração do triatomíneo infectado. Além dessas, outra forma de contágio via oral é a amamentação. Os alimentos que oferecem mais risco são os seguintes: açaí, caldo de cana, carne de caça crua ou mal passada e o leite materno de uma mãe infectada com o parasita. A infiltração do parasito, em todos estes casos, pode sobrevir através da mucosa da boca íntegra ou lesada (Dias, 2006).
2.4 DIAGNÓSTICOS LABORATÓRIAL
A presença do Tripanosoma cruzi pode ser comprovado por meio de exames laboratoriais, por exemplo, o esfregaço sanguíneo que permite melhor visualização dos parasitas; cultura de sangue ou biópsia(linfonodos, fígado) onde é possível visualizar as circunstâncias do organismo no estágio amastigota; hemocultura; xenodiagnóstico que é utilizado quando se quer detectar o parasita na fase crônica. (Neves et al, 2005; Murray, Rosenthal, Pfaller, 2010)
 TRATAMENTO E PREVENÇÃO
	O tratamento na fase aguda se faz pela administração de fármacos (NIFURTIMOX, ALOPURINOL E BENZONIDAZOL) que podem curar totalmente ou reduzir a probabilidade de cronicidade; na fase crônica não há cura, pois os danos são irreversíveis podendo ser usado tratamento paliativo. (Dias e Neto, 2011).
A Doença de chagas é uma enfermidade de questão social, onde os menos favorecidos são os mais afetados, porém algumas medidas podem ser adotadas como dedetização, saneamento básico, vigilância em banco de sangue, controle da transmissão congênita, melhoria das habitações, proteção de para janelas e portas (telas), fiscalização de indústrias e locais que produzem alimentos (açaí, caldo de cana) que sejam vulneráveis a contaminação pelo parasita; higiene alimentar (Kropf, 2005).
	
3 METODOLOGIA -
Foi realizado um trabalho caracterizado como uma pesquisa de revisão bibliográfica. Esse estudo teve como suporte metodológico a investigação da literatura relacionado ao tema em questão.
3.1 COMO A PESQUISA FOI FEITA
Foram utilizadas as seguintes bases de dados: Google Acadêmico e Scielo. Foram escolhidos devido à enorme quantidade de trabalhos publicados com o tema: Doença de Chaga. Também foram utilizados livros didáticos. 
3.2 COMO AS INFORMAÇÕES FORAM PRODUZIDAS
A partir dos dados levantados, começou-se a análise e síntese dos artigos e dos livros. Assim, iniciou-se uma leitura exploratória, objetivando a identificação e o reconhecimento do que interessavam à pesquisa. Posteriormente, realizamos uma leitura seletiva para separar os textos que seriam usados no estudo. 
3.3 COMO AS INFORMAÇÕES FORAM ANALISADAS
Foi realizada uma leitura analítica e interpretativa do material selecionado com o intuito de conferir um significado mais amplo aos resultados encontrados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Doença de Chagas atinge as Américas Central e Sul, nos países em desenvolvimento. O estudo do tema revelou que as pessoas mais atingidas pela enfermidade são aquelas que estão em situação de extrema pobreza, com condições precárias de moradia. A falta de saneamento básico e higiene no manuseio de alguns alimentos são fatores que contribuem para o aparecimento da doença. 
Forem apresentadas medidas de combate e controle da moléstia, como por exemplo, a substituição de casas de pau-a-pique ou barro por casas de alvenaria, fiscalização e atenção no manuseio de alimento que estejam suscetíveis ao inseto, dedetização, exames parasitológicos para diagnóstico da doença.
Contudo, foi notada a falta de interesse pela doença, à qual só atinge as camadas mais baixas da sociedade. A doença foi descoberta nó século XX, tem-se o agente transmissor, todas as informações necessárias para que fosse criada uma possível cura, no entanto doença de pobre não é interessante enquanto o rico estiver seguro. 
REFERÊNCIAS
Carlos Pinto Dias, João. Notas sobre o Trypanosoma cruzi e suas características bio-ecológicas, como agente de enfermidades transmitidas por alimentos. Centro de Pesquisas René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, MG. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, jul-ago, 2006. 
Carlos Pinto Dias, João. e Amato Neto, Vicente. Prevenção referente às modalidades alternativas de transmissão do Trypanossoma cruzi no brasil, Vol: 44: Suplemento II, 2011.
GALVÃO, C., org. Vetores da doença de chagas no Brasil. Curitiba: Sociedade Brasileira de Zoologia, 2014, 289 p. Zoologia: guias e manuais de identificação series.
Neves et al, Parasitologia Humana 11ª edição, editora Atheneu 2005. CIDADE
Patrick R. Murray, Ken S. Rosenthal, Michael A. Pfaller, Microbiologia Médica 6ª edição, editora Mosby – um selo editorial Elsevier, 2010. Rio de Janeiro.
Simone Petraglia Kropf. Ciência, saúde e desenvolvimento: a doença de Chagas no Brasil, 2005. Tempo, Rio de Janeiro, nº 19, pp. 107-124.

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