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Gabarito da AP1.docx

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal Fluminense
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ
Disciplina: Literatura Brasileira III 
Coordenadora: Profª Flávia Amparo
AP1 – 2016.1
Aluno(a): _______________________________________________________
Polo: _______________________________ Matrícula: ___________________
Nota: _______________
Leia com atenção os textos e as questões da prova. Lembre-se do que estudou nas Unidades 1, 2, 3 e 4. Escreva as respostas de maneira dissertativa e fique atento à coerência, à coesão e à correção gramatical da sua escrita.
Questão 1: Apesar de Machado de Assis valorizar o universal, há elementos locais que situam a obra machadiana no Rio de Janeiro de seu tempo. Em um importante texto crítico, "Instinto de nacionalidade", Machado revelaria mais claramente essa alternância entre o local e o universal:
"Não há dúvida que uma literatura, sobretudo uma literatura nascente, deve primeiramente alimentar-se dos assuntos que lhe oferece a sua região; mas não estabeleçamos doutrinas tão absolutas que a empobreçam. O que se deve exigir do escritor antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço."
A partir do conto “Pai contra mãe”, diga de que modo a articulação entre o local e o universal aparece na obra machadiana. 
É importante que o aluno perceba no conto “Pai contra mãe” aspectos relacionados com a realidade local da época: a escravidão, profissões relacionadas à escravidão, como a que Candinho assume (ofício de pegar escravos fugidos), os castigos aplicados aos escravos que fugiam e a todo sistema escravocrata com seus meios cruéis de tratamento. Por outro lado, Machado trata de aspectos mais universais, que não se prendem a um contexto temporal, como a questão da sobrevivência dos menos favorecidos dentro de uma sociedade injusta, replicando a injustiça e as diferenças indefinidamente em outros contextos. A “justiça” na verdade, dentro de uma sociedade injusta, vai se coadunar com a aplicação da força do mais forte sobre o mais fraco, reproduzindo as diferenças e justificando as ações como direito do cidadão, no caso do conto, capturar a escrava foi a salvação para Candinho e sua família (Pai contra mãe), aspecto que nos faz refletir sobre as ações mais cruéis usadas para garantir um direito de “propriedade”. De outro modo, a dependência a certos modelos sociais reproduz a perda da liberdade num nível muito maior, submetendo todas as pessoas a um perfil de dependência do outro para garantia de uma suposta “liberdade de escolha”. 
(Aqui o aluno pode falar da importância da obra machadiana na análise de aspectos psicológicos dos personagens ou de aprofundamento das relações sociais não apenas como pura descrição de costumes, etc).
Questão 2: Observe o trecho abaixo, referente à Unidade 3, sobre o Romantismo: 
“O Romantismo foi um movimento de múltiplas facetas, mas seu objetivo principal pautou-se na criação uma literatura legitimamente brasileira, seja na descrição da paisagem e dos costumes locais – tanto das regiões mais exóticas e provincianas do Brasil quanto das grandes cidades –  seja no registro mais fluente da língua, se afastando da dicção castiça lusitana. A literatura passou a ter um público leitor e o escritor assumiu um papel social: o de consolidação da nacionalidade.”
Ao analisarmos a obra de Álvares de Azevedo, verificamos que o autor se distancia do projeto romântico, marcadamente nacionalista, descrito no trecho destacado, para desenvolver uma outra vertente do Romantismo. Fale sobre essa outra vertente, a partir das indagações presentes na obra de Álvares de Azevedo, que se contrapõe à afirmação acima.
Álvares de Azevedo, influenciado pela literatura alemã e inglesa, introduz o Romantismo Negro no Brasil, a partir de obras como “Noite na Taverna” e “Macário”, em que não se verifica nenhuma aproximação com a paisagem exótica do Brasil, nem com a realidade brasileira. Os personagens dessas obras encenam um clima de morbidez e de paixões amorosas subversivas, que se afastam do ideário romântico de pureza de caráter e idealização amorosa. Até os nomes dos personagens, em “Noite na Taverna”, são de origem europeia, como Claudius Hermann, Johann, Solfieri, Bertram e Gennaro. Portanto, não há nessa vertente da obra de Álvares de Azevedo nenhuma tendência nacionalista, muito menos uma abordagem voltada para a construção de um ideário nacional uma vez que são os anti-heróis que serão o foco do Romantismo Negro de Álvares de Azevedo. 
Questão 3: O texto a seguir é um fragmento de O Guarani, de José de Alencar:
“Ao tempo que isto se passava, Peri, o índio que já conhecemos, tinha chegado com o seu fardo, tão precioso que não o trocaria por um tesouro.
No valado que se estendia à beira do rio, deixou o seu prisioneiro, depois de o ter metido numa espécie de tronco que arranjou, curvando um galho de árvore. Subiu então à esplanada, e foi nesta ocasião que a moça o viu entrar na sua cabana; o que porém não pôde distinguir, foi a maneira por que saíra quase logo.
Havia dois dias que não via sua senhora, que não recebia dela uma ordem, que não adivinhava um desejo seu para satisfazê-lo imediatamente.”
Podemos afirmar que o índio, no Romantismo, apresenta-se idealizado, aproximando-se mesmo da figura do cavaleiro medieval. Retire do texto um trecho que evidencie esse fato e fale sobre a importância da idealização do indígena para o projeto nacionalista.
O trecho que evidencia a aproximação entre Peri e as características de um cavaleiro medieval é: “Havia dois dias que não via sua senhora, que não recebia dela uma ordem, que não adivinhava um desejo seu para satisfazê-lo imediatamente”. Podemos perceber no trecho a adoração que o índio possui em relação à amada, pelo tratamento dado “senhora” e pela disposição em seguir suas ordens e realizar seus desejos, traços que se aproximam da vassalagem, que é própria das figuras dos cavaleiros medievais, assim como atribui ao selvagem traços de um amor idealizado, que se apresenta como total servilismo à pessoa amada. A importância da idealização do indígena no Romantismo brasileiro pautou-se na busca por uma representação especificamente nacional, que pudesse ser tratada como símbolo de nossa nação, recuperando a figura do índio como elemento essencial da nossa primeira formação como povo e conferindo-lhe um ideário heroico.
 
Questão 4: Em Joaquim Manuel de Macedo há o projeto de trazer elementos de nossa nacionalidade a partir, não de um passado histórico remoto, mas por meio da descrição do quadro social da época aliado a um novo gênero narrativo (o feuilleton). Destaque como no fragmento a seguir de A Moreninha (1844) como o autor consegue caracterizar personagens e paisagens do Segundo Reinado.
Manhã de sábado
[...] No entanto, Augusto pagou, despediu o seu bateleiro, que se foi remando e cantando com os seus companheiros. Leopoldo deu-lhe o braço, e, enquanto por uma bela avenida, orlada de coqueiros, se dirigiam à elegante casa, que lhes ficava a trinta braças do mar, o curioso estudante recém-chegado examinava o lindo quadro que a seus olhos tinha e que, par anão sermos prolixos, daremos ideia em duas palavras. A ilha de... é tão pitoresca como pequena. A casa da avó de Filipe ocupa exatamente o centro dela. A avenida por onde iam os estudantes a divide em duas metades, das quais a que fica à esquerda de quem desembarca, está simetricamente coberta de belos arvoredos, estimáveis, ou pelos frutos de que se carregam, ou pelo aspecto curioso que oferecem. A que fica à mão direita é mais notável alinda; fechada do lado do mar por uma longa fila de rochedos e no interior da ilha por negras grades de ferro, está adornada de mil flores, sempre brilhantes e viçosas, graças à eterna primavera desta nossa boaTerra de Santa Cruz. De tudo isto se conclui que a avó de Filipe tem no lado direito de sua casa um pomar e no esquerdo um jardim. [...]
	
O Sarau
	Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem o que fazer. O diplomata ajusta com um copo de champagne na mão, os mais intricados negócios; todos murmuram e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando, um sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. (Fonte: MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. Rio de Janeiro: Sol90, 2004. p. 15/88.)
Resposta: O romance de Joaquim Manuel de Macedo traz a paisagem romântica sob o signo do mistério e da evasão, a natureza pitoresca enseja as meditações do indivíduo ao mesmo tempo em que favorece o elogio à terra brasileira rica e majestosa. O romancista também consegue fazer o registro da sociabilidade da época como um cronista que percorre os mais diferentes ambientes captando os personagens e comportamentos desta sociedade. No trecho selecionado são apresentados ao leitor os participantes comuns do sarau, suas reações e os elementos que o compõem: música, jogos e bebidas estrangeiras (écarté/ champagne) demonstrando hábitos advindos da cultura francesa, considerada uma das mais sofisticadas naquele período.
Boa prova!

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