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Matéria de Direito Previdenciário - AV1

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
PROFESSORA LETÍCIA
Bibliografia:
Wagner Balera
Marisa Ferreira dos Santos – Direito Previdenciário descomplicado
Ivam Kertzmam
Fabio Zambitti (+ didático)
Vladimir Novaes Martinez
Buscas: 
Justiça Federal – Turma uniformização 
Previdência Social
Fontes:
Lei 8.212 – custeio da previdência social
Lei 8.213 – benefícios
Dec. 3.048 – regulamenta as leis: de custeio da previdência social e benefícios
Lei 8.080/90 – institui e regulamenta o SUS
Lei 8.142/90 – regulamenta a participação da comunidade na gestão do SUS
Lei 8.742/93 – LOAS
SEGURIDADE SOCIAL
1. Conceito
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Pode ser compreendida como a técnica de proteção pela qual o Estado garante à sua população o bem-estar social. (Kerlly Huback Bragança)
Marisa Ferreira dos Santos ensina que a Seguridade Social é um instrumento de bem-estar porque garante os mínimos necessários à subsistência do indivíduo e, com isso, reduz as desigualdades resultantes da falta de ingressos financeiros, o que conduz à justiça social.
Desta forma, o sistema securitário social consagra a proteção do indivíduo contra possíveis riscos que possam ocorrer, seja através da saúde, da assistência social ou da previdência. 
1.2. Elementos Caracterizadores
Proteção: precaução contra infortúnios
Contingência: eventos futuros que podem atingi o ser humano
Necessidades: carência ou escassez do que se precisa para viver.
2. Breve Histórico
A primeira norma de Seguridade Social em favor dos pobres foi iniciativa de Caio Graco. Tal Lei obrigava o Estado a distribuir cinco medidas de trigo (44 litros) à população pobre que estivesse devidamente cadastrada.
A segunda manifestação do fenômeno de proteção social ocorreu com o mesmo teor de assistencialismo (caridade). Foi expressa com a Lei dos Pobres (Poor Relief Act), da Rainha Elizabeth I, na Inglaterra.
A terceira fórmula se expressa pela via do mutualismo, criado nas sociedades de socorros múltiplos.
A partir desses movimentos, o Poder Público resolve substituir os particulares e assumir, como tarefa sua, a proteção social.
Mas, quando surgiu a Seguridade Social?
Em 1883, a Lei do Seguro Doença, de iniciativa do Chanceler Bismarck, adotou a técnica do contrato de seguro, nos moldes do seguro privado, de teor obrigatório, sob gestão do Estado.
O Estado responde pela proteção dos trabalhadores quando vitimados pelos risco sociais.
O modelo de contrato de seguro de direito privado é reconfigurado no ambiente de direito público e se expressa no seguro social.
2.1. Evolução Legislativa no Brasil
No Brasil, a Seguridade Social passa por cinco momentos de destaque, divididos em períodos. Vejamos:
Período da Implantação
Ocorre com a Lei Eloy Chaves, Decreto Legislativo 4.682/23. Cria a Caixa de Aposentadorias e Pensões para cada empresa de estrada de ferro.
Período de Expansão – 1933 a 1959
A proteção social leva em conta as categorias profissionais.
Surgem os institutos de aposentadorias e pensões que se agrupam conforme suas respectivas categorias profissionais.
Período de Unificação – 1960 a 1977
1960 – LOPS (Lei 3.807) – Lei Orgânica da Previdência Social. Criou o Regime Geral de Previdência Social – RGPS, instituiu disciplina única e genérica para todas as categorias de trabalhadores relacionados às atividades privadas, com exceção dos trabalhadores rurais.
1963 – Instituição do FUNRURAL – Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural.
1966 – Decreto 72 – fundiu os institutos de aposentadorias e pensões, criando o INPS – Instituto Nacional da Previdência Social.
1967 – o seguro de acidentes de trabalho passa a ser monopólio estatal.
1971 – surge o PRORURAL, Programa de Assistência Social ao Trabalhador Rural.
Período da Reestruturação – 1977 a 1988
1977 – Lei 6.439 – instituiu o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, com divisão por área de atividades e não mais por clientela), o IAPAS (Instituto de Administração Financeira da Previdência Social), o INPS e o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da PS)
Período da Seguridade Social – 1988
Constituição Federal – Constituição Cidadã
Proteção dos riscos sociais, mediante o pagamento das contribuições devidas:
a)	pela sociedade em geral;
b)	pelos trabalhadores;
c)	pelas empresas; e
d)	pelo Estado.
O Sistema de Seguridade Social, que substituiu o SINPAS, é uma unidade orgânica composta pela saúde, previdência e assistência social.
3. Seguridade Social – organização
Saúde – art. 196 a 200 CF
Assistência – art. 203 e 204 da CF
Previdência – art. 201 CF
3.1. Saúde
A CF estabelece o direito à saúde, em conjunto às Leis 8.080/90 (SUS), 8.142/90 (dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS) e 8212/91 (art. 2º).
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
 § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º;
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:
I - os percentuais de que trata o § 2º;
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias,competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência às entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Conforme enuncia o art. 196 da CF, a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Desta forma, a prestação dos servidos na área de saúde será devida independentemente de contribuição.
Para tanto, a saúde conta com políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Esse dispositivo é repetido pelo art. 2º da Lei 8212/91.
Além do acesso universal e igualitário na saúde, o art. 198 e o parágrafo único do art. 2º da Lei 8212/91 elencam outros princípios aplicáveis ao setor.
A ideia é prevenir, proteger e atender a quem quer que necessite. O cuidado com a saúde é tido como elemento fundamental no sistema de seguridade social, já que os efeitos advindos de tal proteção irradiam-se por toda a sociedade.
Objetivando prestar serviços à população, foi criado o SUS, componente essencial para a execução dos programas de prevenção, proteção e recuperação da saúde.
3.2. Assistência Social
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo à coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada à aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
Disciplinada nos arts. 203/204 da CF e no art. 4º da Lei 8212/91. É aparelhada com legislação própria – Lei 8742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social -LOAS).
O art. 203 da CF indica o caráter universalizante da Assistência Social, que será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição.
Busca incluir socialmente todos aqueles que se encontram à margem da sociedade, do nascimento à morte.
De acordo com o art. 20 da LOAS, a assistência social concede o beneficio de prestação continuada – BCP a idosos com mais de 65 anos e a deficientes cuja renda per capita familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo, que comprovem não possuir meios de arcar com a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.
3.3. Previdência Social
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
 § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
 I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; 
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos epara os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. 
§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado.
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
 § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo.
§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social.
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.
§ 1º A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos. 
§ 2º As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.
§ 3º É vedado o aporte de recursos à entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.
 § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência privada.
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada.
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4º deste artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência privada e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.
A Lei 8213/91 (Plano de Benefícios), também disciplina a Previdência Social, estabelecendo os benefícios que serão devidos aos titulares dos direitos previdenciários. É regulamentada pelo Decreto 3.048/99.
O INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social é a autarquia responsável pela concessão dos benefícios devidos a todos aqueles que estejam em situação de risco social.
O objetivo da previdência social é assegurar condições mínimas de sobrevivência aos indivíduos e não garantir seu padrão de vida. Não interessa à Previdência Social, já que sobrevive de contribuições, custear benefícios de elevado valor, superiores ao que considera razoável à sobrevivência de seus beneficiários. Daí a razão de estipular valores limites para os benefícios, que sofrem reajustes anualmente por meio de portaria interministerial (Ministérios da Fazenda e Previdência Social).
A titulo de exemplo, em 2012 o “teto”, assim chamado o valor máximo pago pela previdência a seus beneficiários era R$ 3.906,20. Este valor foi atualizado em 2013 para R$ 4.157,05 (6,15%).
Veículos introdutórios de normas de direito previdenciário no sistema do direito positivo. Fontes formais estatais, dotadas de coercibilidade, que poderiam também ser chamadas de “legislação previdenciária”. (Iodas Deda Gonçalves)
As fontes podem ser:
Primárias: aquelas que podem inovar o ordenamento jurídico, criando direito novo, ou seja, obrigações, proibições ou permissões.
Secundárias: aquelas que se limitam a dar fiel comando ao contido nas fontes primárias. Não tem o poder de inovar o mundo jurídico.
Fontes formais primárias
Constituição Federal, Emenda Constitucional, Lei Complementar, Lei Ordinária, Medida Provisória, Decreto Legislativo e Resolução do Senado.
Fontes formais secundárias
Decreto do Executivo, Instrução Normativa, Ordem de Serviço, Portaria, Súmulas da AGU.
Constituição de 1988 como fonte:
Conceito de seguridade (art. 194)
Princípios informadores (art. 194, p. único)
Financiamento (art. 195)
Regras orçamentárias (arts. 164, XI, e 165)
Previdência complementar (art. 202)
Regras casuísticas sobre benefícios (art. 201, §§2º, 4º, 7º ...)
Regime jurídico de cada uma das subáreas da seguridade (arts. 196, 201 e 203)
Lei Complementar
Requisitos para sua edição: quórum qualificado e matéria reservada pelo texto constitucional.
Art. 195, § 4º. Novas fontes de custeio
Art. 202. Previdência complementar LC 109/201 e LC 108/01
Art. 198, § 3º Recursos para a Saúde LC 141/2012
Art. 201, § 1º Requisitos especiais para Aposentadoria
Emenda Constitucional
Limites ao poder de reforma do texto constitucional: circunstanciais, formais e materiais.
Exemplos: EC 20/98; EC 41/03 e EC 47/05.
Lei ordinária
Lei 8.213/91. Plano de Benefícios do RGPS
Lei. 8.212/91. Lei de Organização e Custeio da Seguridade Social
Lei 8.080/90. Lei do SUS
Lei 8.742/93. Lei Orgânica da Assistência Social
Medida Provisória
MP 242/05
- Alterava regras para concessão do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez.
- Eficácia suspensa por três ADI (3467, 3473 e 3505).
Rejeitada por Ato Declaratório do Senado Federal em 20/7/2005.
- 428 mil auxílios-doença concedidos
- Art. 62, § 11, CF/88: Não editado Decreto Legislativo a que se refere o § 3º até 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia de MP, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
Decreto legislativo
Internalização dos tratados internacionais:
Celebração - ratificação - promulgação
Tratados internacionais
Resolução do Senado
CF/88. Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
X – suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
Exemplo: Resolução do Senado Federal 14/95 – contribuição sobre pagamentos feitos a avulsos, autônomos e empresários antes da EC 20/98
Fontes formais secundárias - (destaques)
Decreto 3048, de 6 de maio de 1999. Regulamento do Regime Geral de Previdência Social.
Instrução Normativa: IN INSS/PRES 45, de 6 de agosto de 2010.
Súmulas da AGU
Jurisprudência
A jurisprudência desempenha papel relevante na esfera previdenciária, especialmente quando se expressa por intermédio de sumulas vinculantes do STF. 
Em matériade Juizados Especiais, usa-se também com frequência as Sumulas da Turma Nacional de Uniformização – TNU. 
Aplicação da legislação previdenciária
Aplicação da lei previdenciária no tempo: regras gerais da LICC (*norma sobre custeio)
Princípio vetor: tempus regit actum – tempo do ato rege o ato
Irretroatividade como regra. Exceção deve ser expressa.
Regimes previdenciários – noções gerais
Regime Geral de Previdência Social – RGPS – filiação obrigatória/contributividade
Regime Próprio de Previdência Social – RPPS – servidores públicos 
Previdência Complementar – ingresso facultativo/ contratualidade (fechada ou aberta)
Regime Próprio de Previdência Social – RPPS
Os regimes próprios são aqueles nos quais se enquadram os servidores públicos e os militares, desde que não estejam vinculados ao RGPS, devendo ser instituído pelo respectivo ente da federal, respeitados os ditames da Lei 8112/90 (Servidores Públicos Federais). 
Conforme art. 40 da CF,
“Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.”
Caso o regime próprio não assegure todos os benefícios elencados no art. 40, os servidores serão filiados obrigatoriamente ao RGPS, como acontece com aqueles que exercem cargo em comissão, pois apesar de estarem no serviço público, não são efetivos.
Previdência Complementar 
O Regime de Previdência Complementar previsto no art. 202 da CF/88 se encontra disciplinado pela LC 109/01. É organizado de forma autônoma em relação ao regime geral. É facultativo e de natureza contratual, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado.
Este conteúdo será objeto de estudo no decorrer do semestre.
4. Princípios constitucionais da seguridade social (por Wagner Balera)
4.1. Gerais
Igualdade (art. 5º, caput);
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes...”
Legalidade (art. 5º. II);
“II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”
Solidariedade social (art. 3º, I);
“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;”
Inafastabilidade do controle jurisdicional (art. 5º, XXXV);
“XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”
Ampla defesa e contraditório (art. 5º, LV);
“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”
Direito adquirido (art. 5º, XXXVI); 
“XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”
Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III).
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;”
4.2. Princípios Constitucionais Próprios
Elencados no parágrafo único do art. 194 da CF.
4.2.1. Universalidade da cobertura e do atendimento (inciso I) - todas as situações que representam riscos estão compreendidas na cobertura que o sistema brasileiro de proteção social pretende proporcionar às pessoas (dimensão objetiva – o que? – universalidade da cobertura) e todas as pessoas possuem tal direito (dimensão subjetiva – quem? Universalidade de atendimento). Decorre do princípio da isonomia (art. 5º, caput, CF).
4.2.2. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais (Inciso II) – decorre do principio da isonomia. Uniformidade: diz respeito às contingências cobertas. Isto significa idênticos benefícios; mesmo rol de benefícios para urbanos e rurais e iguais serviços. Equivalência: diz respeito ao valor; à expressão econômica. O critério de apuração do valor do benefício deve ser o mesmo.
4.2.3. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços (inciso III) – a seletividade fixa o rol de prestações que serão garantidas aos beneficiários do sistema. Trata-se do momento pré-legislativo no qual o legislador fixa a prioridade na outorga de determinadas prestações. É a escolha progressiva do Plano de Proteção. Essa escolha não é livre, pois o constituinte já determinou a necessidade de proteção dos grandes riscos sociais: a morte, a doença, a velhice, o desemprego e a invalidez (art. 201 CF). Já a distributividade define o grau de proteção devido a cada um.
4.2.4. Irredutibilidade do valor dos benefícios (inciso IV) – os benefícios não podem ser reduzidos, devendo ser preservado o seu valor real (§ 4º do art. 201 da CF). A irredutibilidade expressa não apenas a manutenção do poder aquisitivo, estando atrelada, também, ao progresso econômico: havendo progresso econômico, deverão seus efeitos implicar em incremento da proteção social.
Os quatro princípios acima descritos estão relacionados aos direitos subjetivos. Os seguintes trazem a ideia dos deveres.
4.2.5. Equidade na forma de participação no custeio (Inciso V) – decorre do principio da igualdade, baseando-se na capacidade econômica dos contribuintes (art. 145, § 1º, da CF). Assim, quanto maior capacidade econômica revelar o contribuinte, maior deverá ser a quota que lhe cabe verter para o fundo social destinado a financiar as prestações. A ideia de capacidade contributiva não pode, por si só, definir a forma de participação no custeio. Isto porque envolve a ideia da progressividade, ao passo que a equidade no custeio envolve a proporcionalidade. Desta forma, quanto maiores às possibilidades de sinistro que as atividades puderem provocar, maior deverá ser a contribuição. Conforme a atividade econômica, a contribuição será maior ou menor – critério de risco. 
4.2.6. Diversidade da base de financiamento (inciso VI) – esse principio possui dupla dimensão: 1) diversidade objetiva: atinente aos fatos sobre os quais incidirão contribuições; 2) diversidade subjetiva: relativa a pessoas naturais ou jurídicas que verterão as contribuições. Dependerá da atividade inventiva do legislador complementar (art. 195, § 4º, c/c o art. 154, inciso I, da CF) a elaboração de novas fontes de custeio que, no futuro, serão indispensáveis à expansão do sistema protetivo.
4.2.7. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados (inciso VII): objetiva resguardar a administração do sistema com a qualidade da segurança e da moralidade. Há uma gerência quadripartite, com a participação de trabalhadores, empregados, aposentados e do Estado. A lei ordinária deverá exigir a participação da comunidade interessada nos órgãos colegiados que dirigem a previdência social.
4.3. Princípios Constitucionais Específicos
4.3.1. Solidariedade (art. 195, caput, da CF): participação obrigatória de todos os membros da sociedade, de forma direta, mediante contribuições sociais; e indireta através de tributos. Existe a solidariedade entre gerações: o indivíduo contribui para a geração que hoje necessita de proteção, para receber o benefício amanhã, quando será amparado pela geração futura.
A previdência privada adota regime diferenciado do adotado pela previdência social. Referimo-nos ao regime de capitalização, em que a solidariedade entre os participantes é mínima. O participante desta previdência verte seu dinheiro paraum fundo próprio, que será formado para a manutenção de sua aposentadoria especificamente.
	
4.3.2. Regra da contrapartida (art. 195, § 5º, da CF): há necessidade de que primeiro exista uma fonte de custeio para depois ser criado o benefício. Neste passo, a criação, majoração ou extensão de beneficio está condicionada à existência de correspondente fonte, que concorra para o custeio total. Com isso, quer o constituinte proteger o equilíbrio financeiro do sistema, elemento sem o qual não será possível o cumprimento das finalidades da seguridade social. Torna-se necessária ampla avaliação técnica e atuarial do sistema. A regra da contrapartida é componente fixo a ser considerado, assim no plano plurianual, como no orçamento da seguridade social. Nenhum seguro – e a seguridade é expressão maior do seguro – pode existir sem previsão. 
O art. 195, em seus diversos incisos, prevê as bases de financiamento que, em conformidade com a regra da contrapartida, podem ser criadas pelo legislador. No entanto, considerando que essas bases poderiam revelar-se insuficientes para a manutenção e expansão da seguridade social, o constituinte permitiu que outras fontes, no futuro, e com observância da regra da contrapartida, fossem constituídas. 
4.3.3. Principio da anterioridade e as contribuições sociais: as contribuições da seguridade social não estão sujeitas ao principio da anterioridade da lei tributária (art. 150, inciso III, alínea b, da CF), mas sim à anterioridade nonagesimal.
Este lapso temporal, que alguns denominam anterioridade nonagesimal, é de certo incompatível com o que já se afirmou aqui a respeito da necessidade absoluta de planejamento e da estruturação em etapas do orçamento da seguridade social.
DEPENDENTES
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:
 I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.
§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.
Os dependentes da mesma classe concorrem em igualdade de condições com os demais. Isto quer dizer que, havendo filhos e esposa, todos receberão o benefício na mesma cota parte. Não havendo mais beneficiários nesta classe, não podem os dependentes das demais classes pleitear o benefício. Ex.: segurado falece, deixa filhos menores e não era casado. Ao completarem 21 anos, os filhos deixam de receber e sua mãe pede o benefício. Assim, a existência de dependentes de quaisquer das classes exclui do direito às prestações os das classes seguintes.
A companheira e o companheiro, apesar da dependência econômica presumida devem comprovar a união estável. 
Em função de decisão judicial proferida na Ação Civil Pública 2000.71.009347-0, o companheiro ou companheira homossexual também fará jus a benefício previdenciário na qualidade de dependente de 1ª classe, desde que comprovada a relação de companheirismo, sem necessidade de comprovação da dependência econômica.
A maioridade considerada para fins previdenciários é de 21 anos. No entanto, o benefício previdenciário não será estendido até 24 anos em razão de estar o beneficiário cursando nível superior.
O regulamento da Previdência Social enumera no art. 17 as situações em que o dependente perderá esta qualidade. 
PERÍODO DE GRAÇA, QUALIDADE DE SEGURADO E SUA PERDA
Como já vimos, a filiação é o vinculo que se estabelece entre o segurado e a Previdência Social, constituindo uma relação jurídica da qual decorrem direitos e obrigações para ambas as partes.
Vimos também que o ato formal pelo qual se dá a apresentação do interessado ao INSS, denomina-se inscrição. 
Assim, manter a qualidade de segurado significa manter o direito à cobertura previdenciária prevista na Lei 8213/91. E a regra geral é de que o segurado mantém essa condição enquanto contribuir para o custeio do RGPS.
Há situações em que a qualidade de segurado é mantida, com ou sem limite de prazo, independentemente do pagamento de contribuições. É o que se denomina período de graça. Nessas hipóteses, taxativamente previstas no art. 15 da Lei 8213/91, o segurado, por manter essa condição, faz jus a toda a cobertura previdenciária durante o período de graça. Vejamos o art. 15:
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social.
Transcorrido o período de graça sem que o segurado volte a pagar contribuições destinadas ao custeio do RGPS, opera-se a perda da qualidade de segurado, com a consequente perda de toda e qualquer cobertura previdenciária para o segurado e seus dependentes. Exceção: nos casos de aposentadoria por idade, especial, tempo de contribuição e pensão por morte, se o segurado já havia cumprido os requisitos para alcançar os benefícios mencionados, a perda da qualidade de segurado não é óbice à concessão do benefício. 
Para readquirir a qualidade de segurado, depois de cessado o período de graça, deverá o segurado providenciar o recolhimento da contribuição relativa ao mês imediatamente posterior ao do final do prazo até o qual permaneceu vinculado ao regime. Exemplo: se o período de graça terminou em outubro, deverá o segurado proceder o recolhimento da contribuição no mês de novembro.
CARÊNCIA
Carência é número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências. É período durante o qual o segurado contribui, mas não tem direito a determinadas prestações. Tratando-se de previdência social, o sistema é contributivo, e o período de carência se justifica em razão da necessidade de manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, o que, aliás, caracteriza todo e qualquercontrato de seguro.
O período de carência é computado a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de competência das contribuições pagas. Exemplo: se o segurado paga a contribuição da competência fevereiro, no mês de março, conta-se o período de carência a partir do dia 1º de fevereiro.
Havendo a perda da qualidade de segurado, as contribuições pagas até então serão computadas para efeito de carência depois que o segurado retornar ao regime. Porém, para recuperar a carência é necessário cumprir pelo menos 1/3 das contribuições necessárias para alcançar o benefício que necessitar. 
Exemplo: segurado pagou 4 contribuições. Deixou o regime e perdeu a qualidade de segurado. Reingressou e pagou mais 7 contribuições. Solicitou auxílio-doença. Será negado, uma vez que, apesar de ter recuperado as contribuições pagas para efeito de carência, somou 11 contribuições e não reuniu o número mínimo para a concessão do auxílio-doença, que requer 12 contribuições mensais. 
Quando abordarmos os benefícios em espécie, trataremos sobre a carência necessária para cada um. Necessário frisar, porém, que há benefícios onde a carência é dispensável. São eles: pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família, auxílio-acidente, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez se originários de acidente de trabalho ou de alguma patologia elencada no artigo 26, conforme segue:
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
 I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;
III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei;
IV - serviço social;
V - reabilitação profissional.
VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
Ainda imperioso lembrar que a carência será contada nos moldes do art. 27:
Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições:
I - referentes ao período a partir da data da filiação ao Regime Geral de Previdência Social, no caso dos segurados empregados e trabalhadores avulsos referidos nos incisos I e VI do art. 11;
II - realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, no caso dos segurados empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo, referidos, respectivamente, nos incisos II, V e VII do art. 11 e no art. 13. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

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