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Clínica Médica de Animais de Companhia I – Uveíte Paulo Henrique da Silva Barbosa Medicina Veterinária – UFRRJ Muitas vezes um problema ocular é secundário a um problema sistêmico. Quando examinar-se um paciente com problema ocular, deve-se fazer, portanto, um exame geral. Hipotireoidismo por exemplo tem sinal de olho seco, porém nem todo animal que tenha olho seco terá hipotireoidismo e nem vice e versa. A uveíte é a inflamação da úvea (parte vascular do globo ocular, composta por íris, corpo cilicar e coroide) como um todo. Irite e Ciclite – Inflamação da íris e do corpo ciliar Uveíte anterior ou iridociclite – combinação de irite e ciclite. Coroidite – inflamação da Coróide. Uveíte Psterior – Envolve o corpo ciliar e coroide. Na clínica, os casos mais comuns são de uveíte e uveíte posterior. Sinais Clínicos: Vermelhidão mais intensa na região do limbo (transição entre esclera e córnea). É a chamada congestão circumcorneal (Mancha Avermelhada) ou ciliar. São observados vasos profundos orientados radialmente (borda de escova). Aplicado topicamente epinefrina 1:1000 ou felinefrina 2,5% os vasos superficiais contraem-se em 15-20 segundos, alvejando a vermelhidão. O colírio anestésico é aplicado depois do teste de Schirmer e antes de medir a pressão. Neovascularização: Uma na esclera, outra na córnea (?). Glaucoma: Congestão dos vasos superficiais é muito mais extensa. Vasos grossos. Outro sinal é a midríase devido à pressão elevada. Hematoma Conjuntival: Hemorragia da conjuntiva. Bem diferente dos casos anteriores. Geralmente tem causa traumática, deve-se fazer exame de todas as camadas do óleo para tratar. Sinais clínicos da Uveíte: Dor – Fotofobia, blefaroespasmo, lacrimejamento excessivo, prolapso da terceira pálpebra, anorexia e depressão. A dor não é aliviada por anestésicos tópicos. Não pode-se dar, porém, o diagnóstico baseado somente nestes sintomas somente pois outra patologias como glaucoma e conjuntivite podem ter os mesmos sintomas. Edema corneano, Sintomas mais específicos: Precipitados ceráticos, hipópio, hifema, “flare” (Apontador de laser – verifica-se se é possível observar o feixe de luz por todo seu trajeto. Se possível, é positivo), membrana ciclítica. Se achados, sabe-se então que o animal tem ou teve uveíte. Não se faz a drenagem de um hipópio ou um hifema, por exemplo, porque isso geraria outro processo inflamatório, o que agravaria o prévio processo inflamatório do animal – uveíte. Miose, congestão dos vasos da íris (íris rubeosis), hiperpigmentação da íris, o prolapso da terceira pálpebra, diminuição da PIO, edema de retina, exsudato e descolamento de retina (esses três últimos em casos de coroidite, ou seja, quando a coroide também está afetada). Diagnósticos Sinais Clínicos; Exame biomicroscópico com lâmpade de fenda para detectar os sinais iniciais de uveíte, como flare. Determinação da PIO Fluoresceína para descartar ceratite ulcerativa que geralmente está acompanhado de uveíte. Diagnóstico de doença sistêmica associada requer exame médico geral, muitas vezes incluindo testes complementares. – Leishmaniose, piometra, erliquiose, abscesso dentário. Uveíte causada por microrganismos: Piometra, Prostatite, Abscessos periapicais dentais. Uveíte Imunomediada: Facoclástica: liberação de proteínas em grandes quantidades; Facolítica: geralmente uma catarata em estado final de evolução e as proteínas começam a se quebrar e passar para o humor aquoso, levando à uveíte. Liquefação do cristalino. Síndrome uveodermatológica nos cães (VKH) Outras Doenças Auto-imunes: Pênfigo, lúpus, etc. Uveíte Traumática Lesões penetrantes ou não Centese da câmara anterior Cirurgia intra-ocular O depósito de fibrina na câmara anterior e baixa pressão intra ocular podem ser os sinais mais evidentes. Cerca de 25% dos casos de uveíta ficam sem conhecimento da causa etiológica da doença. Uveíte associada com doença sistêmica em cães: Hepatite infecciosa canina, cinomose, leptospirose, brucelose, toxoplasmose, leishmaniose, dirofilariose, borreliose, criptococose. Uveíre associada com doença sistêmica em gatos: Complexo FeLV, Peritonite Infecciosa Felina, tuberculose, criptococose, toxoplasmose, FIV. Toxoplasmose Aumento de 4 vezes do título de IgG num período de 2-3 semanas. Título de IgM aumenta logo no início da infecção – um valor maior que 1:64 é considerado diagnóstico para infecção ativa. Gatos com doenças concomitantes como FIV e FeLV que afetam a produção de anticorpos podem ter títulos negativos para toxoplasma. A detecção de antígenos de T. gondii circulantes pelo ELIZA pode ser extremamente útil nesses casos. Uveíte Tóxica Praticamente todo o agente tóxico que penetre no olho pode causar uveíte: uso terapêutico de mióticos, como a pilocarpina e a fisostigmina. Atropina tópica provoca uma diminuição da permeabilidade da barreira hemato-ocular alterada. Uveíte de Origem Desconhecida A etiologia permanece indeterminada em 25 a 50% dos casos. Nestes pacientes a terapia é direcionada para o controle da inflamação e prevenção do agravamento das lesões e complicações. Tratamento Tratar as doenças sistêmicas associadas. Controlar a inflamação ocular. Corticosteróides: Colírios (1 gota, 4 ou mais vezes ao dia) Acetato de Prednisolona 1% Dexametasona 0,1% Subconjuntival: Acetonato de Tramcinolona 4-6mg Metil-prednisolona 3-10mg Corticosteróides Sistêmicos: Predinisolona: 0,5 – 2mg/kg/dia (cão) ou 1-3mg/kg/dia (gato). Anti-inflamatórios Não Esteróides Ácido Acetilsalicílico: 10mg/kg/2x dia (cães) Gatos: Evitar Flunixin meglumine: 1-2mg/dia até 3 dias consecutivos (cães) Pegar o resto nos slides Midriáticos Tópicos Início 4x dia, não usar com PIO aumentada) Atropina 1% - Cuidado em equinos pois pode causar cólica. Tropicamida 1% - Efeito de 6 a 8 horas.
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