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Coccidioidomicose: uma micose sistêmica

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Prévia do material em texto

Arthur Antunes Nascimento Costa 
Juliana Sousa Terada Nascimento 
Vanessa Michelly Bortoluzzi 
 
 
 
 
 
 
 
 
COCCIDIOIDOMICOSE 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado como requisito parcial de 
avaliação, referente ao sexto período do curso 
de Medicina Veterinária, da Universidade 
Federal de Rondônia. 
Prof. Dr. Igor Mansur. 
 
 
 
 
 
 
 
ROLIM DE MOURA 
2016 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA-CAMPUS ROLIM DE MOURA 
Arthur Antunes Nascimento Costa 
Juliana Terada Nascimento 
Vanessa Michelly Bortoluzzi 
 
 
 
 
 
 
 
COCCIDIOIDOMICOSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROLIM DE MOURA 
2016 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 
2. AGENTE INFECCIOSO ....................................................................................... 2 
2.1 CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA ........................................................ 2 
2.2 MORFOLOGIA ......................................................................................... 2 
2.3 CULTURA IN VITRO ............................................................................... 3 
2.4 FATORES DE VIRULÊNCIA .................................................................. 3 
3. EPIDEMIOLOGIA ...................................................................................................... 4 
4. PATOGENIA .............................................................................................................. 5 
4.1. QUADROS CLÍNICOS ............................................................................. 6 
5. DIAGNÓSTICO .......................................................................................................... 7 
5.1. DIAGNOSTICO LABORATORIAL ........................................................ 7 
5.2. TECNICAS HISTOPATOLOGICAS ....................................................... 8 
5.3. TECNICAS SOROLOGICAS ................................................................... 9 
5.4. TECNICAS MOLECULARES ................................................................. 9 
6. TRATAMENTO ........................................................................................................ 10 
7. PROFILAXIA ........................................................................................................... 10 
8. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 11 
9. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................................... 12 
 
 
 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A coccidioidomicose, também conhecida por doença de Posadas-Wernicke, 
reumatismo do deserto, febre do Vale de São Joaquim e granuloma coccidióidico, é uma 
micose sistêmica causada pelo C. immitis, fungo prevalente em regiões áridas e 
semiáridas do continente americano, sendo o sudoeste dos Estados Unidos e o norte do 
México a maior área contígua conhecida com grande prevalência. Ocorre também em 
áreas endêmicas da América Central e da América do Sul. 
 É uma doença causada pelo fungo dimórfico geofílico Coccidioides immitis e C. 
posadassi, acomete humanos e várias espécies de animais (DEUS-FILHO, 2009). 
Coccidioides spp. são da Ordem Onygenales, Classe Eurotimycetes, Filo Ascomycota e 
Reino Fungi. Crescem como micélio vegetativo hialino, formando colônias esbranquiçadas 
de aspecto algodonoso. Apresenta 3 a 4 dias de incubação, observa-se abundante 
crescimento, formando hifas hialinas, septadas e ramificadas, de 2 a 4 µm de diâmetro. A 
partir do quinto dia de cultivo formam-se artroconídios. Quando se destacam das hifas, os 
artroconídios apresentam paredes espessadas com formato em barril, medindo de 2 a 4 
µm, e geralmente são multinucleados. Em parasitismo nos tecidos de animais e em 
condições especiais de crescimento in vitro, apresentam-se em forma esferular 
endosporulante. A forma parasitária característica é a esférula, observada em preparações 
de espécimes clínicos com potassa ou em cortes histológicos de tecidos corados com HE. 
A infecção é considerada benigna, adquirida através da inalação de artroconídias, 
entretanto, é considerada de maior importância em imunossuprimidos, pois os sinais 
clínicos são mais acentuados (KAHN E et al., 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
2. AGENTE INFECCIOSO 
2.1 CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA 
 
 A Ordem Onygenales, está contida na Classe Eurotimycetes uma das quais 
compõe o Filo Ascomycota, e pertence ao Reino Fungi, sendo que, atualmente 
apresentam apenas as espécies C. immitis e C. posadasii. Esta Ordem apresenta grande 
importância, pois inclui vários fungos patogênicos primários, os quais podem ocasionar 
a doença mesmo em hospedeiros imunocompetentes e apresentam aspectos bioquímicos 
e morfológicos que lhe permitem escapar das defesas do sistema imune. Com isso, o 
Coccidioides spp. é considerado um dos patógenos mais infectantes e virulentos do grupo 
dos fungos (UNTEREINER et al., 2004). 
 
2.2 MORFOLOGIA 
 
 O Coccidioides spp. é um fungo dimórfico, entretanto, alguns autores preferem 
descrever como bifásico e multimórfico, por apresentarem diferentes fases de 
desenvolvimento (DE HOOG, et. al., 2001). A temperatura ótima na natura e em meios 
de cultura artificiais, é de 25ºC a 30ºC, apresentam-se na forma filamentose, fase 
saprofítica ou infectante. Na fase parasitária, quando em contato com um hospedeiro ou 
quando cultivados, in vitro, em meios artificiais adequados, à temperatura próxima a 
37ºC, estes agentes sofrem mudanças morfológicas, evoluindo para forma leveduriforme. 
Apresentam micélio formado por hifas finas, hialinas e septadas, que originam os 
artroconídios, estruturas de reprodução assexuada, que medem de 2-4 µm por 3-5 µm, 
intercalados por células estéreis, desprovidas de material citoplasmático, denominadas 
disjuntoras. Na maturação, os artroconídios infectantes são liberados e os restos das 
células disjuntoras são vistos nas extremidades dos artroconídios individuais, tal 
característica é responsável por sua fácil veiculação (HUNG et al., 2002). 
A forma levedura é denominada esférula, são grandes estruturas arredondadas de 
paredes espessadas, que medem 20 até 200 µm de diâmetro quando maduras. Cada 
esférula produz um grande número de pequenos endósporos em seu interior que medem 
de 2-4 µm de diâmetro (SABOULLE et al., 2007). 
 
 
 
3 
 
2.3 CULTURA IN VITRO 
 
 Em culturas in vitro do Coccidioides spp. os fatores que são essenciais para a 
conversão de micélio em levedura são: temperatura, químico e físico, assim como, a 
presença de fatores nutricionais, aminoácidos, vitaminas, e condições apropriadas de 
oxigênio e dióxido de carbono. É considerado um processo difícil e laborioso, por 
necessitar de condições ambientais adequadas e meios de cultura específicos. Sendo 
utilizado meios sintéticos suplementados, com N-Tamol e aminoácidos aromáticos, como 
a fenilalanina, tirosina e triptofano, temperaturas próximas de 40ºC em atmosfera 
contendo 2% de CO2 (BRESLAU; KUBOTA, 1964). 
 
2.4 FATORES DE VIRULÊNCIA 
 
 O Coccidioides spp. possui fatores de virulência que lhe permite romper 
ativamente as defesas do hospedeiro que habitualmente bloqueiam o crescimento 
invasivo de outros microrganismos (MURRAY, 2010). 
 Um dos fatores de virulência é o dimorfismo, caracterizando um dos mais 
importantes, em sua patogenicidade, pois o estabelecimento destes patógenos no 
hospedeiro depende diretamente da conversão da fase filamentosa paraa fase parasitária 
leveduriforme. Essa transição de fases, resulta em uma alteração na composição da parede 
celular, nas moléculas antigênicas, bem como, na expressão de genes relacionados a 
mecanismos de virulência. Assim, em resposta a altas temperaturas e outras condições 
adversar que encontram no ambiente do hospedeiro, estes patógenos expressam vários 
genes específicos da fase leveduriforme (KLEIN, TEBBETS, 2007). 
 Um dos principais fatores de virulência especifico de Coccidioides spp. é a 
produção de um antígeno imunodominante, uma glicoproteína denominada SOWgp que 
é depositada na parede externa das esférulas. A resposta imune é modulada através da 
exposição do hospedeiro à SOWgp, na via Th2. A persistência de uma resposta imune à 
infecção, oferece uma vantagem para o patógeno por gerar o comprometimento da 
imunidade celular do hospedeiro (HUNG; XUE; COLE, 2007). Por outro lado, a 
metaloproteinase (Mep1) secretada durante o processo de diferenciação dos endósporos, 
digere a superfície celular da esférula levando a uma depleção do antígeno 
imunodominate (SOWgp), visando impedir o reconhecimento de endósporos livres pelo 
sistema imune do hospedeiro, quando estão mais vulneráveis as células fagocíticas, isso 
4 
 
explica a capacidade do Coccidioides spp. “fugir” do sistema imunológico do hospedeiro 
(HUNG, et al., 2005). 
 Outros fatores de virulência em Coccidioides spp., incluem a indução da produção 
de níveis elevados de arginase I pelo hospedeiro e uréase; que gera uma alta concentração 
de ureia e resulta na produção de amônia contribuindo para a alcalinização, e com isso 
aumentam a sobrevivência do patógeno no hospedeiro; que contribuem causando danos 
nos tecidos do local de infecção. A arginase I concorre nos macrófagos com INOS 
(inducible Nitric Oxide Synthase) por um substrato em comum, (L-arginina) e reduz a 
concentração de oxido nítrico, levando ao aumento da síntese de ornitina e ureia no 
hospedeiro. Os derivados de L-ornitina promovem o crescimento e a proliferação do 
patógeno, pois gera um pool de monoaminas, que podem ser incorporadas e utilizadas 
pelas células parasíticas para a síntese de poliaminas (HUNG;XUE;COLE, 2007). 
 No hospedeiro o biofilme tem demonstrado um papel critico no desenvolvimento 
de uma infecção, sendo considerado um fator importante de virulência (PHILLIPS; 
SCHULTZ et al., 2012). 
 
3. EPIDEMIOLOGIA 
 
 Coccidioides spp. são fungos geofílicos que se desenvolvem em solos com 
elevada salinidade e pH alcalino, sendo habitualmente encontrados a uma profundidade 
entre 10 e 50 centímetros abaixo da superfície (LANIADO-LABORÍN, 2007). O tatu 
(Dasypus novemcinctus) desempenha um fator importante na ecologia do C. posadasii no 
Brasil (EULÁLIO et al., 2001). O tatu é uma espécie de mamífero de hábitos fossoriais, 
bastante apreciado no Nordeste como alimento, os caçadores, a fim de capturar o animal 
em suas tocas, escavam o solo, ficando suscetíveis a inalação da dos artroconídios, 
produzidos durante a fase saprofítica de Coccidioides spp. (PEREIRA JUNIOR; JORGE; 
BAGAGLI, 2003). Além disso, nos Estados Unidos, há relatos de casos de 
coccidioidomicose associado ao contato com tocas de roedores (DRUTZ; 
CATANZARO, 1978). 
 As espécies de Coccidioides são endêmicas das Américas, encontradas em uma 
faixa delimitada entre 40º de latitude norte e sul. A espécie C. imittis é restrita a região da 
Califórnia, Estados Unidos, enquanto a espécie C. pasadasii apresenta maior distribuição, 
com ocorrência nas demais zonas endêmicas, incluindo outras cidades dos Estados 
Unidos, México, América Central e do Sul (LANIADO-LABORÍN, 2007). 
5 
 
 Muitas espécies podem ser acometidas, entre elas estão: humanos; sendo que os 
caninos são significantemente afetados; equinos, onde ocorrem infecção placentária 
induzindo aborto e osteomielite; ruminantes e suínos, apresentam infecções subclínicas e 
lesões restritas aos focos nos pulmões e aos linfonodos torácicos. A maior parte das 
infecções em bovinos é contraída nos rebanhos de engorda onde existe muita poeira 
(KAHN et al., 2008). 
 
4. PATOGENIA 
 
 A coccidioidomicose é contraída por cães e gatos mediante a inalação de conídios 
infectantes produzidos na fase filamentosa saprofítica dos fungos Coccidioides spp 
(BICHARD; SHERDING, 1998). No solo, os conídios desses patógenos, podem 
facilmente serem dispersos no ar e seguir por um dos caminhos: germinar e perpetuar o 
ciclo sapróbio ou serem inalados por um hospedeiro suscetível e iniciar o ciclo parasitário, 
convertendo para fase leveduriforme (LANIADO-LABORÍN, 2007). 
 A infecção do SNC pode se instalar mediante a disseminação local proveniente 
do seio nasal/frontal ou por via hematógena. A meningoencefalite fúngica 
freqüentemente caracteriza-se por evolução lenta da disfunção neurológica (semanas a 
meses), geralmente, precedida por um período de doença inespecífica acompanhada de 
letargia e anorexia (BICHARD; SHERDING, 1998). 
 Nesta patologia, a resposta do hospedeiro tem como alvo o artroconídio e se 
caracteriza por influxo de leucócitos polimorfonucleares, que respondem a substâncias 
quimiotáxicas geradas em resposta a ativação do sistema complemento. Dentro das 
primeiras 72 horas, os artroconídios são convertidos para esférulas e estas sofrem um 
processo de espessamento da parede e compartimentação do citoplasma para formar 
múltiplos minúsculos endósporos em seu interior. A resposta inflamatória muda para uma 
infiltração de células mononucleares, que persiste em toda infecção acarretando a 
formação de granulomas (DICAUDO, 2006). 
 As esférulas quando madura sofrem ruptura, liberando os endósporos, que por sua 
vez, sofrem crescimento isotrópico e maturam progressivamente. Assim, cada um dos 
endósporos atua como um novo agente infectante, crescendo e se diferenciando em uma 
nova esférula, que é novamente capaz de produzir de 200-300 endósporos, reiniciando o 
ciclo parasitário (HUNG; XUE; COLE, 2007). As esférulas maduras podem facilmente 
se evadir da fagocitose porque são grandes demais para serem inseridas por neutrófilos, 
6 
 
macrófagos e células dendríticas. Já os endósporos recém-liberados, esférulas imaturas 
são suscetíveis a fagocitose. Embora, os estudos in vitro das interações patógeno-
hospedeiro sugiram que muitos sobrevivem a participação as células T é efetiva na defesa 
frente a Coccidioides spp. 
 Portanto, pode-se afirmar que os quadros clínicos de coccidioidomicose 
dependem diretamente da resposta imune do hospedeiro, embora a quantidade de inóculo 
e a virulência fúngica das cepas também sejam relevantes. A resposta imune via Th1, 
onde há a produção de interleucinas (IL-2, IL-12), TNF-α e IFN-γ mostra-se essencial 
para a defesa do hospedeiro frente Coccidioides spp, traçando um perfil de resistência a 
infecção por estes patógenos. Enquanto, a resposta imune via Th2, com liberação de IL-
4, IL-5, IL-6 e IL-10 pode ser correlacionada a um perfil de susceptibilidade ao 
desenvolvimento das referidas micoses (HATTON; WEAVER, 2003). 
 
4.1 QUADROS CLÍNICOS 
 
 A coccidioidomicose é uma doença primariamente pulmonar, mas que pode 
apresentar várias manifestações clinicas. A gravidade e evolução dessas micoses serão 
determinadas pela quantidade de partículas inaladas, estado imunológico do hospedeiro 
e virulência da cepa infectante. Portanto, a infecção pode ser assintomática ou apresentar-
se como uma infecção respiratória aguda e autolimitada, na maioria dos hospedeiros 
expostos, porém, em indivíduos susceptíveis também pode progredir em uma doença 
crônica e levar a disseminação atingindo outros órgãos e sistemas (COX; MAGEE, 2004). 
 A coccidioidomicose apresenta-sesob três formas clinicas: forma pulmonar 
primária, forma pulmonar progressiva e forma disseminada (DEUS-FILHO, 2009). A 
manifestação pulmonar aguda, a intensidade dos sintomas é variada, desde um estado 
gripal até um quadro de uma grave infecção respiratória inespecífica. Os sintomas são 
caracterizados por febre, tosse, dispneia, dor torácica e quadros inespecíficos de gripe. 
Essa forma geralmente é autolimitante em 30-60 dias (DEUS-FILHO, 2009). Em casos 
de imunocomprometidos, a coccidioidomicose pulmonar aguda não regride, evoluindo 
para uma pneumonia crônica. Portanto, a forma pulmonar progressiva é geralmente 
crônica e evolui a partir de infecções cujo sintomas não regrediram após dois meses. 
Podendo manifestar-se como lesões nodulares ou cavitárias; doença pulmonar 
fibrocavitária; disseminação miliar pulmonar, com manifestações clínicas e radiológicas 
inespecíficas (DEUS-FILHO, 2009). A forma disseminada é a mais grave, pois pode 
7 
 
rapidamente atingir inúmeros órgãos e sistemas, evoluindo de forma fatal quando não 
diagnosticada e tratada a tempo. Porém, apenas 1-5% dos pacientes com a forma 
pulmonar primária evoluem com disseminação, sendo as lesões cutâneas a localização 
extrapulmonar mais comum. Lesões de disseminação também são usualmente observadas 
em ossos, articulações, sistema nervoso central, e no aparelho gênito-urinário (COX, 
MAGEE, 2004). 
 Os cães com a forma disseminada podem apresentar tosse crônica, anorexia, 
caquexia, claudicação, articulações dilatadas, febre e diarreia intermitente. Pode ocorrer 
disseminação para a pele com ulceração drenante, mas a infecção primária através da pele 
é rara. Gatos infectados com C. immitis apresentam frequentemente problemas 
dermatológicos (lesões cutâneas drenantes, massas granulomatosas subcutâneas, 
abscessos), febre, inapetência e perda de peso, e os sinais clínicos menos comuns são: 
anormalidades respiratórias, musculoesqueléticas, neurológicas e oftálmicas (KAHN. et 
al., 2008). 
 As lesões macroscópicas são representadas por nódulos discretos e de tamanho 
variável, com uma superfície de corte branco-acinzentada e firme, e se assemelham às da 
tuberculose. Sendo que os nódulos são piogranulomas compostos de células gigantes e 
epitelióides, e o centro de alguns focos pode conter exsudato purulento e microrganismos 
fúngicos (KAHN et al., 2008). Dessa forma, o uso de exames específicos que determinem 
o diagnóstico correto destas micoses é essencial para direcionar a terapia antifúngica 
adequada, principalmente em locais onde estas micoses e a tuberculose, são prevalentes 
(KAHN et al.,2008). 
 
5. DIAGNÓSTICO 
 
 O diagnóstico da coccidioidomicose é realizado através dos dados clínicos, 
epidemiológicos e laboratoriais, sendo indispensável para um diagnóstico definitivo. 
Atualmente os testes laboratoriais tem por base as técnicas micológicas, histopatológicas, 
imunológicas e moleculares (BLAIR et al., 2006). 
 
5.1. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 
 O diagnóstico micológico da coccidioidomicose é realizado através do exame 
direto, o qual é realizado pela observação ao microscópio óptico diretamente de 
8 
 
espécimes, a fim de detectar estruturas parasitárias características dos fungos 
Coccidioides spp. O exame direto for positivo, pode fornecer um diagnóstico rápido e 
apresenta um risco muito menor comparado ao isolamento em cultura. Por apresentarem 
elevada virulência, todos os procedimentos devem ser realizados dentro de cabines de 
segurança biológica (SUTTON, 2007). Na coccidioidomicose, pode ser utilizado 
amostras de escarro fresco, lavado brônquico, aspirado de medula óssea, biópsia de lesões 
ósseas e de articulações, urina e linfonodos (LACAZ et al., 2002). O diagnóstico é 
considerado positivo quando esférulas intactas ou parcialmente intactas são observadas 
(KAHN et al., 2008). 
 Pode ser realizada cultura de Coccidioides spp. não são considerados exigentes, 
geralmente são utilizados meios como: ágar BHI (Brain Heart Infusion), ágar batata 
dextrose e ágar sabourand dextrose com ou sem cicloeximida (SABOULLE, 2007). Os 
antibióticos adicionados aos meios de cultura para suprimir o crescimento bacteriano 
incluem cloranfenicol, gentamicina, estreptomicina e penicilina (ESPINEL-INGROFF; 
PFALLER, 2007). Geralmente são incubadas a 30ºC, no entanto em temperatura 
ambiente também é adequada. As colônias se desenvolvem rapidamente, em 3-5 dias 
(SUTTON, 2007). 
 
5.2. TÉCNICAS HISTOPATOLÓGICAS 
 
 Em exames histopatológicos é obtido através da identificação de fungos 
Coccidioides spp. em sua fase leveduriforme. Para a visualização adequada das 
preparações histológicas utiliza-se colorações próprias para fungos, como Gomori-
Grocott e ácido periódico de Schiff (PAS), e outras colorações como hematoxilina-eosina 
(HE) e Giemsa, também podem ser utilizadas (AIDÉ, 2009). É realizada a partir de 
tecidos ou líquidos de biópsias de lesão tegumentar, pulmonar, osteoarticular, cerebral ou 
de outros materiais suspeitos e em necropsia. Nas amostras positivas são visualizadas 
esférulas em diferentes estágios de maturação, com endósporos em seu interior 
(SAUBOLLE; MCKELLAR; SUSSLAND, 2007). O tecido inflamatório é constituído de 
granulomas, com a presença de células gigantes tipo Langhans, plasmócitos e linfócitos 
(COX; MAGEE, 2004). 
 
 
 
9 
 
5.3. TÉCNICAS SOROLÓGICAS 
 
 São ferramentas auxiliares ao diagnóstico da coccidioidomicose, sendo que as 
técnicas adotadas apresentam diferentes níveis de sensibilidade e especificidade 
(SAUBOLLE; MCKELLAR; SUSSLAND, 2007). 
 As técnicas atualmente disponíveis para medir a resposta sorológica na 
coccidioidomicose incluem ensaios imunoenzimáticos (EIAs), imunodifusão (IMDF) e 
fixação do complemento (CF). A resposta sorológica inclui a produção de anticorpos IgM 
e IgG. Os anticorpos IgM tornam-se mensuráveis logo no início da fase aguda, entre 1 e 
3ª semana de infecção. A classe de anticorpos IgG reage no final do processo infeccioso, 
tornando-se mensurável entre 2 e 28ª. Esta classe pode permanecer por vários meses e 
está relacionada ao prognóstico da infecção (SABOULLE, 2007). 
 A técnica de fixação do complemento detecta anticorpos tardios do tipo IgG nas 
formas progressivas e disseminadas da coccidioidomicose, onde os títulos de anticorpos 
geralmente correlacionam-se diretamente com a gravidade do caso. A imunodifusão pode 
ser aplicada na detecção de anticorpos IgM e IgG, mas eles exigem longos períodos de 
incubaçãp (4 dias) para diminuir a ocorrência de falsos negativos (SABOULLE, 2007). 
Os ensaios imunoenzimáticos estão disponíveis para a detecção de IgM e IgG, e são 
aparentemente mais sensíveis do que os outros métodos, entretanto, podem apresentar 
menor especificidade de EIA, IMDF, e FC com soro de pacientes, com cultura positiva, 
durante a fase aguda da doença, mostrou que a sensibilidade global dos testes 
imunológicos é de apenas 82%. Portanto, a sorologia negativa não descarta a 
coccidioidomicose, especialmente na fase inicial da infecção (SAUBOLLE; 
MCKELLAR; SUSSLAND, 2007). 
 
5.4. TÉCNICAS MOLECULARES 
 
 O teste de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é o mais utilizado, e muitas 
vezes está associado à hibridização de ácidos nucléicos. Diferentes alvos têm sido 
utilizados nas reações de PCR para a identificação de Coccidioides spp., dentre os mais 
utilizados podemos citas a região ITS (internal transcribed spacer) DNA ribossomal 
(DNAr) (EISENBERG et al., 2013). 
 
 
10 
 
6. TRATAMENTO 
 
 Geralmente é uma doença autolimitante, mas se existirem sinais respiratórios 
crônicos ou doença multissistêmica, terapia antifúngica a longo prazo é necessária.Na 
infecção disseminada, o tratamento de 6 a 12 meses, é comum. Cetoconazol (10 a 30 
mg/kg/dia) ou itraconazol (10 mg/kg/dia) é comumente utilizado no tratamento de cães 
com coccidioidomicose. Pode ser utilizado fluconazol (2 a 3 mg/kg/dia), mostrou-se 
eficaz em macacos. Em equinos, o tratamento da osteomielite coccidioidomicótica tem 
tido sucesso com a administração de itraconazol (2,6 mg/kg b.i.d., por 6 meses) e a 
anfotericina B é utilizada quando se trata de formas graves de coccidioidomicose ou 
quando se observa resistência aos demais fármacos (KAHN et al., 2008). 
 A anfotericina B é o único representante de uma família de aproximadamente 200 
antibióticos macrolídeos poliênicos que apresenta atividade clínica contra várias espécies 
patogênicas de fungos (MANDELL; PETRI, 2003). Sua atividade antifúngica depende 
da sua ligação ao ergosterol presente na membrana plasmática fúngica, formando poros 
na sua estrutura. Portanto, o mecanismo de ação da droga causa aumento na 
permeabilidade da membrana, levando ao extravasamento de vários compostos de baixo 
peso molecular do citoplasma (MANDELL; PETRI, 2003). 
 Os antifúngicos azólicos agem inibindo uma enzima que faz parte do sistema 
enzimático do citocromo P450, a 14-α-demetilase, alterando a biossíntese do ergosterol 
da membrana plasmática fúngica e acúmulo de 14-α-metilesteróis (MANDELL; PETRI, 
2003). Tais compostos podem alterar a estrutura das moléculas dos fosfolipídios e 
prejudicar as funções de alguns sistemas enzimáticos, tais como ATPases e a cadeia de 
transporte de elétrons (MANDELL; PETRI, 2003). 
 Atualmente novas drogas têm demonstrado eficácia, in vitro e in vivo, no 
tratamento de coccidioidomicose, tais como, voriconazol e caspofunfina (PARK et al. 
2006). 
 
7. PROFILAXIA 
 
 Embora existam vários estudos, ainda não há vacina eficaz. Atualmente, vem 
sendo testadas vacinas baseadas em extratos totais de esférulas, entretanto, não mostraram 
eficácia, e estudos mais recentes com antígenos recombinantes apresentaram resultados 
11 
 
experimentais promissores. A coccidioidomicose não é contagiosa, não havendo 
necessidade de isolar os pacientes (DEUS-FILHO, 2009). 
 
8. CONCLUSÃO 
 
 Neste contexto podemos concluir que o Coccidiodes spp., é um fungo de grande 
importância, pois é capaz de instalar a doença mesmo em pacientes imunocompetentes, 
pois apresenta fatores de virulência que o auxiliam a “enganar” o sistema imunológico do 
hospedeiro, impedindo assim, a ação das células fagocitárias. 
 As espécies susceptíveis são os mamíferos em geral, sendo assim, pode infectar 
diversas espécies animais, e até o homem. Na veterinária, pode ocasionar casos leves que 
são assintomáticos; até quadros graves disseminados, comprometendo o sistema 
respiratório, neurológico e tegumentar. Os animais infectados podem apresentar diversos 
sinais clínicos, tais como, depressão, demência, ataxia, fraqueza, déficits nervosos, perda 
de peso e pneumonia crônica. 
 Quanto ao tratamento, o Coccidioides spp. é sensível a fármacos como, fluconazil, 
itraconazol, cetoconazol, anfotericina, voriconazol e caspofunfina. Como se trata de uma 
micose, é necessário um tratamento prolongado e difícil de 6 a 12 meses. A profilaxia é 
difícil, pois trata-se de um fungo geofílico e não existe vacinação contra a 
coccidioidomicose. 
 
12 
 
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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